Vasos de Honra

sábado, 17 de setembro de 2011

O TERCEIRO MANDAMENTO




“Eu sou o Senhor teu Deus... Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar seu nome em vão” Ex.20:2, 7.

O que significa isto? Devemos temer e amar a Deus, pois Ele é nosso Legislador. “O terceiro Mandamento exige o santo e reverente uso dos nomes, títulos, atributos, ordenanças, palavras e obras de Deus” Resp. 54 do Breve Catecismo. Um nome não apenas identifica uma pessoa, mas também descreve seu caráter. A Bíblia registra: “Nabal é o seu nome, e a loucura está com ele; porque o que significa o seu nome ele é” 1 Sm.25:25. A aversão geralmente se manifesta através do abuso do nome da pessoa odiada, em conseqüência, seu caráter é difamado. Por isso, tomar o nome do Senhor em vão é um atentado contra a santidade e a unicidade do caráter de Deus; um pecado gravíssimo, “porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão”. “Conhecido é Deus em Judá; grande o seu nome em Israel”. Como? Através da majestade soberana da sua Pessoa. “Tu, sim, és terrível; se tu iras, quem pode subsistir à tua vista?” Ele é um Deus que age e executa conforme a sua própria vontade,      Sl.76:1-12.

1. As Invocações Profligadoras (destruidoras). Tomar o nome do Senhor em vão tem um efeito destruidor, que joga por terra todos os princípios de reverência; por isso, a proibição: “Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão”; e, a sentença, no caso de transgressão: “porque o Senhor não terá por inocente o que tomar seu nome em vão”. Pergunta 99. “O que Deus exige no Terceiro Mandamento?” Resposta: “Não devemos blasfemar ou profanar o santo nome de Deus por maldições ou juramentos desnecessários. Também não devemos tomar parte em pecados tão terríveis, ficando calados quando os ouvimos. Em resumo, devemos usar o nome de Deus somente com temor e reverência a fim de que Ele, por nós, seja devidamente confessado, invocado e glorificado por todas as nossas palavras e obras”.
a) O termo: “Não tomarás (não terás nos lábios, Sl.50:16) o nome do Senhor, teu Deus, em vão (sem uma boa e santa razão).” O salmista resolveu: “Os meus lábios não pronunciarão” (o nome de outros deuses, nem qualquer outra palavra que possa ferir a santidade inviolável de Deus, Sl.16:4; 19:14).
I) O nome do Senhor é profanado através do uso de palavras torpes, expressões indecentes e impróprias para os lábios daquele que foi criado à imagem de Deus. Por exemplo: Meu Deus; Senhor; formas de invocação: vai para o inferno, etc; invocação de nomes de idolatria: Nossa Senhora; Virgem, etc. Tais palavras não são manifestações reverentes de culto, porque são usadas como exclamações de surpresa, alegria ou desgosto, etc.
II) O nome do Senhor é profanado através de falsos juramentos: Juro por Deus, Prometo, quando na realidade, a pessoa não pode e nem pretende cumprir o que diz.
III) O nome do Senhor é profanado quando se faz juramentos desnecessários. Muitas vezes, o simples Sim ou Não é suficiente, Mt. 5:33-37.
IV) Este mau uso de palavras profliga a pessoa, “porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão”. Cristo advertiu: “Digo-vos que toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia do juízo: porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado” Mt. 12:36-37.
V) Como cristãos, reverenciamos o santo nome do Senhor; além de não tomar parte em tais invocações e blasfêmias difamatórias, não devemos ficar calados quando as ouvimos. “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe (indecente); e sim unicamente a que for boa para edificação” Ef.4:29.
            b) Em resumo, por causa de sua natureza elevada e majestosa, devemos usar o santo nome de Deus somente com temor e reverência, em culto verdadeiro, a fim de que Ele, por nós, seja devidamente confessado, invocado e glorificado através de todas as nossas palavras e obras.
           
2. As Invocações Profanadoras. “O juramento legal é parte do culto religioso em que o crente em ocasiões próprias e com toda solenidade, chama a Deus por testemunha do que assevera ou promete (por exemplo: batismos, públicas profissões de fé, casamentos e ordenação para o oficialato na Igreja); pelo juramento ele invoca a Deus a fim de ser julgado por Ele, segundo a verdade ou falsidade do que jura” Confissão de Fé da IPB, 22:1. Portanto, o juramento falso é especificamente profanador. Em outros pecados, a consciência da presença de Deus, como Juiz, pode estar faltando, porém, pela própria natureza do juramento, a presença de Deus é reconhecida e invocada; o seu poder para julgar e castigar é confessado. Todavia, quando se jura falsamente, tudo isso é desprezado, como se não valesse nada. Este é um pecado praticado em plena consciência, portanto, inescusável; é o epítome da irreverência, porque não treme diante das ameaças do Deus Todo-Poderoso, aquele que tem poder para lançar o culpado no inferno, Lc.12:4-5. “Só mesmo quem quer arruinar-se é que pratica tal cousa” Pv.6:32.  Pergunta 100. “Será que blasfemar o nome de Deus por juramentos e maldições (como fez o Ap. Pedro, Mt.26:74) é um pecado tão grande que Deus se ira também contra aqueles que não se esforçam para impedir e proibir tal coisa”? Resposta. “Claro que sim, pois não há pecado maior ou que mais provoque a ira de Deus do que blasfemar o seu nome. Por isso, Ele mandava castigar com pena de morte”.
            O contexto deste artigo do Catecismo pode ser entendido pelo estudo de Levítico 24:10-16. Evidentemente, um certo homem, filho de casamento misto, mãe israelita e pai egípcio, não concordou com as leis de Deus e, no processo, não apenas manifestou o seu repúdio destas normas reguladoras, mas também blasfemou o nome do Senhor e o amaldiçoou, por ser Ele o Autor desta legislação. Em nossos dias, por causa do relativismo prevalecente, o nome do Senhor está sendo blasfemado por causa do Sétimo Mandamento. Reconhecemos as dificuldades relacionadas com o problema do adultério, porém, a Igreja não pode se calar e nem concordar com essa permissividade moderna. A missão do povo de Deus é vindicar a importância e a imutabilidade das soberanas determinações do Deus Santíssimo.
            Pergunta 101. “Mas, não podemos nós, de modo piedoso, fazer juramentos em nome de Deus?” Resposta. “Podemos sim, quando as autoridades o exigirem ou quando for preciso manter e promover a fidelidade e a verdade, para a glória de Deus e o bem-estar do próximo. Pois tal juramento está baseado na Palavra de Deus e era praticado, com razão, pelos santos do Antigo e do Novo Testamento”. Exemplos: Davi, 2Rs. 1:29- 30; Paulo 2Co.1:23. Quanto à exposição de Cristo sobre os juramentos, o que Ele condena, não é o preceito em si, mas a invocação de testemunhas mudas, Mt.5:33-37. Contudo, a validade da sua conclusão permanece: “Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno” V.37. Veja também Tiago 5:12.  
           
3. As Invocações Provocadoras.  O falso juramento é muito ofensivo a Deus, porque é uma afronta à essência da sua natureza imaculada. Mas o juramento pelos deuses inventados pelos homens é especialmente provocante, porque é o desprezo do Deus vivo e verdadeiro. Pergunta 102. “Podemos jurar também pelos santos ou por outras criaturas?” Resposta. “Não, porque o juramento legítimo é uma invocação a Deus, para que Ele, o único que conhece os corações, testemunhe a verdade e nos castigue se jurarmos falsamente. Tal honra não pertence a criatura alguma”.
            Devemos lembrar as implicações envolvidas no ato do juramento: invoca-se a Deus, para que Ele, o único que conhece os corações, testemunhe a verdade e castigue o juramento falso. Convém lembrar da imutabilidade, tanto das promessas como também das ameaças prescritas por Deus. Ele cumpre a sua palavra sem qualquer retratação. “O Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão”. O pecador procura fugir das implicações dos juramentos falsos através da invocação de objetos surdos e mudos que não podem visitar e nem castigar os mentirosos. Tais invocações incluem: os santos (nomes fantasiados pela mente pervertida pelo pecado) e objetos feitos santos, tais como: o céu, a terra, Jerusalém, a cabeça humana e tantos outros amparos esfarrapados, Mt.5:33-37.
            Um Esclarecimento Importante. Quanto às invocações populares, ouvimos várias justificativas, porém, não existe desculpa alguma que possa inocentar o transgressor do Terceiro Mandamento, senão por meio de um verdadeiro arrependimento e o abandono do mau costume, que é pecado. É dito: São hábitos! Ora, hábitos são adquiridos, e tudo que é aprendido, deve ser julgado quanto à propriedade de seu uso. Maus costumes não são justificados pelo uso popular. O ladrão rouba, porque é a sua tendência e instinto perverso, porém, ninguém o inocenta por ser este o seu hábito. É dito: É algo impensado! O privilégio e a dignidade do ser humano são a sua capacidade de pensar e chegar a conclusões que enobreçam a sua pessoa. E no caso de tomar o nome do Senhor em vão, ou falar uma mentira impensada? Será que a sua degradação intelectual é tão grande que não tenha vocabulário suficiente para se expressar sem o uso irreverente de termos que pertencem à santidade de Deus? Que o temor do Senhor seja o nosso árbitro no uso das palavras que proferimos com a nossa boca. “Pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca”.  I Pe. 2:21-24.

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