Vasos de Honra

sábado, 26 de maio de 2012

O Conhecimento da vontade de Deus


Há duas coisas indispensáveis na vida do cristão: Um conhecimento esclarecido de seu dever; e a prática consciente deste dever. Pode existir conhecimento sem praticá-lo, porém, não pode existir a prática de alguma coisa sem o conhecimento dela.

E Deus, como o nosso Criador, foi servido em dar-nos o conhecimento da sua vontade através dos dez mandamentos, a fim de orientar o nosso comportamento espiritual e moral.
Vamos considerar as circunstâncias nas quais estas leis foram dadas: 

1. A sua promulgação.

O povo teve de passar dois dias em preparo espiritual, em santificação, a fim de ouvir a voz de Deus. É necessário preparar os nossos corações a fim de ouvir convenientemente a palavra de Deus

2. A sua unicidade.
Os dez mandamentos são tão importantes que Deus mesmo os entregou publicamente. Não houve nenhuma outra ocasião quando Deus revelou a sua vontade desta maneira. E quando estas leis foram escritas sobre tábuas de pedra, foi a obra do dedo de  Deus. Podemos perceber que Deus deu uma honra especial a estas leis.

3. As suas fontes.
As suas fontes são o amor de Deus, um amor remidor. “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão” (Ex. 20:2).  Às vezes as manifestações divinas são temíveis, como nesta ocasião, mas é o amor de Deus que sobrepuja todas as circunstâncias. A cena da crucificação de Cristo foi terrível, porém, Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito. 

4. A sua continuidade.
Os dez mandamentos não são um plano de salvação, são uma revelação da vontade santa de Deus, e continuam assim em pleno vigor. E, para estabelecer a sua continuidade, Deus os escreveu sobre os corações de todos os que são nascidos de novo.

Os primeiros cinco mandamentos são as nossas obrigações diante de Deus e cada um é qualificado com a frase: “O Senhor teu Deus”, a qual não aparece nos últimos cinco. Os nossos pais não os nossos próximos, eles têm uma posição especial. Para a criança, os pais representam a autoridade divina. O filho que desobedece a seus pais está pecando contra Deus, recusando a autoridade em sua vida.

O Apóstolo Paulo disse que a lei é espiritual, abrangendo não somente os atos exteriores, mas também as atitudes escondidas em nossos íntimos.  A lei revela o erro do nosso comportamento. O pecado tirou de nós o nosso senso de santidade, por isso, pela lei, o Espírito Santo nos convence do pecado.

A lei nunca é passiva, ela abençoa os obedientes com promessas valiosas, mas pronuncia castigo aos desobedientes. Há muito mais do que dez pecados, porém, todos são incluídos nestes dez.

Rev. Ivan G. G. Ross

domingo, 13 de maio de 2012

A JUSTIÇA DE DEUS


 “Pois tu, Senhor, és o Altíssimo sobre toda a terra; tu és sobremodo elevado acima de todos os deuses” (Sl. 97:9)

O Salmo 97 era cantado nos dias de festa em Jerusalém. O povo cantava o seu reconhecimento da soberania de Deus, “O Senhor de toda terra”..

Devemos tentar descobrir o sentimento espiritual que o povo sentia ao subir para Jerusalém. Nesta cidade habitava o Senhor (no sentido mais concentrado e tangível), portanto, a chegada neste lugar implicava um encontro pessoal com o “Grande Rei”.

Parte deste sentimento espiritual era o reconhecimento da justiça de Deus, “Os céus anunciam a sua justiça, e todos os povos vêem a sua glória” (V6). Este é o atributo que expressa a maneira de Deus em julgar o procedimento das pessoas. Ele é imparcial. Ele dá a cada um o que lhe é devido, de acordo com a lei. Quando o Egito estava sendo julgado, Faraó chegou a confessar: “ Esta vez pequei; o Senhor é justo, porém eu e o meu povo somos ímpios” Ex. 9:27. Neste sentido, entendemos o registro em Salmo 48:10. “Como o teu nome, ó Deus, assim o teu louvor se estende até aos confins da terra: a tua destra está cheia de justiça.”

O Salmo 97  descreve o Rei e o Reino.

Este Rei e o seu domínio promovem alegria entre os povos, pois a “Justiça e Juízo são a base do seu trono.” O seu reinado é caracterizado por atos de justiça que são exatos e iguais em sua distribuição. Em todos os atos do governo de Deus, todas as suas decisões e todas as suas colocações são manifestações de justiça e de santidade.

Muitas vezes o governo de Deus é cercado por “nuvens e escuridão.” Seus propósitos não são facilmente compreendidos ou percebidos; existe sempre algo de mistério nos caminhos de Deus. Podemos pensar nas providências de Deus que têm duas expressões contraditórias. Jesus Cristo é a providência de Deus para a salvação de pecadores, contudo, para alguns, Ele é “pedra de tropeço e rocha de escândalo” O Apostolo Paulo confessou “Certamente a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus” 1 Co. 1:18. 

Podemos pensar nos espinhos que são enviados para nos esbofetear, contudo, apesar do desconforto destas providências, podemos experimentar maiores medidas da suficiência da graça de Deus, (2 Co. 12:7-10). Apesar do que sentimos na carne por causa destas providências misteriosas, o que nos sustenta é a confiança na justiça e na sabedoria de  Deus . “Justo é o Senhor em todos os seus caminhos, benigno em todas as suas obras” (Sl. 145:17). O versículo 3 é uma verdade que todos os zombadores de Deus devem ouvir: “Adiante dele vai um fogo que lhe consome os inimigos em redor”. No momento, parece tão fácil levantar-se contra o Senhor, porém, Ele virá julgar a terra; julgará o mundo com justiça, (Sl. 96:13).

 No reino de Deus não há lugar para dualismo. A unicidade da justiça de Deus necessita de condenação e de eliminação de tudo o que é falso. No dia da vinda do Senhor, serão confundidos todos os que servem imagens de escultura; serão confundidos porque uma mera imagem de escultura, algo fabricado pelas mãos humanas, não pode salvar, nem servir de refúgio no dia da manifestação da justiça de Deus. Nada, a não ser a verdadeira religião é capaz de derrubar as fortalezas da idolatria e da superstição de prestar culto às imagens. O culto a Deus através de imagens é sempre idolatria (Dt 4:12,15,16). Temível é a culpa de todos que corrompem o culto a Deus pela introdução de auxílios humanos. Devemos cultivar uma santa dependência do Espírito Santo para nos auxiliar em todas as nossas necessidades, (Ef. 3:14-19).

O Salmo começou com a exortação geral: “Regozije-se a terra, alegrem-se as muitas ilhas;” e termina com uma exortação especifica: “Alegrai-vos no Senhor, ó justos, e daí louvores ao seu santo nome.”  Piedade e alegria  sempre andam de mãos dadas. Amor a Deus e a aversão ao mal, também se acham sempre juntos. 

A manifestação da justiça de Deus é sempre motivo de intensa alegria. Vindicamos o verdadeiro e imaculado culto a Deus. “Pois tu, Senhor, és o Altíssimo sobre toda a terra; tu és sobremodo elevado acima de todos os deuses.”


Rev. Ivan G. G. Ross

sábado, 5 de maio de 2012

O NOSSO CULTO A DEUS



Leitura Bíblica:  Hebreus 12:25-29 

Introdução: Cada capítulo da Carta aos Hebreus está relacionado com aspectos do culto que devemos oferecer a Deus. Os cristãos judaicos insistiam em guardar exigências do Antigo Testamento que caducaram por causa do Advento de Cristo. Em Cristo Jesus, as representações da Lei Mosaica foram plenamente cumpridas, portanto, o culto que prestamos a Deus tem que corresponder com a nova realidade. Nos Vs. 25 a 27 da nossa leitura, o escritor dá a seus leitores uma tríplice exortação: 

a) A importância de receber a Palavra de Deus. Desde a criação, Deus tem falado aos homens, primeiro, pelos profetas, mas, agora, através de seu Filho. Esta Palavra se compõe de dois grandes princípios: O que o homem deve crer sobre Deus, e o dever que Deus requer do homem. Obediência não é optativa, é uma obrigação inalienável. Se as pessoas que recusaram as palavras dos profetas não escaparam do castigo, muito menos nós, se recusarmos a palavra de Cristo, que é infinitamente superior em autoridade. “Tende cuidado, não recuseis ao que fala.” 

b) A necessidade de reconhecer a transitoriedade das Leis cerimoniais. As instituições de Moisés serviram para preparar o povo para o Advento de Cristo. Os sacrifícios de animais apontavam para o sacrifício superior de Jesus Cristo. “Porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados.” Mas Jesus Cristo entrou na presença de Deus com o seu próprio sangue que foi derramado na cruz do Calvário, tendo obtido eterna redenção para o seu povo. Remova o primeiro para estabelecer o segundo. 

c) A imutabilidade do Novo Testamento. O sangue de Cristo foi derramado uma vez por todas. Este sangue é tão superior e eficaz que não há necessidade de repetições, como acontecia no Antigo Testamento. O texto lido fala que Deus abalou a terra, ou seja, abalou o conhecido sistema religioso como uma instituição. Por quê? Para que as coisas transitórias pudessem ser removidas a fim de que os valores eternos do Novo Testamento pudessem dar início a seu ministério. O que Cristo inaugurou é um reino inabalável que jamais terá fim. 

Com estas observações, sentimos a necessidade de perguntar: Como podemos cultuar a Deus sob as novas condições do tempo atual? Os Vs. 28 e 29 nos dão a resposta que satisfaz as necessidades imediatas. 

1. O Motivo do Nosso Culto. Os tempos de preparação já passaram; agora, podemos desfrutar de realidades que jamais passarão. “Por isso, recebendo nós um reino inabalável.” O motivo do culto neo-testamentário, que agora oferecemos a Deus, é o fruto da nossa gratidão diante desta dádiva inefável. Temos recebido um reino inabalável no qual os privilégios estão garantidos durante toda a eternidade, isto é, vivemos dentro do reino onde Deus é o Soberano Absoluto e de onde recebemos, em Cristo Jesus, toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais; a Ele manifestamos a nossa gratidão. Quais são as bênçãos principais que nos consolarão durante toda a eternidade? Através do soberano poder do Espírito Santo agindo pela pregação do Evangelho, fomos unidos a Cristo Jesus, e, nele, recebemos todas as demais bênçãos, tais como: Redenção, Justificação, Adoção, Santificação e Glorificação. O que significa estes termos? 

a) Redenção. Por causa do nosso pecado, a sentença de morte eterna pairava sobre nós, mas Cristo, através da sua morte redentora, nos libertou desta sentença. Em Cristo, temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, Ef.1:7. Agora, estamos livres da sentença da morte. 

b) Justificação, isto é: declarados inocentes diante da lei de Deus. “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” Rm.5:1. Não temos mais uma consciência acusadora. Somos perdoados. 

c) Adoção. Cristo veio “para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” Gl.4:5. E o Ap. João acrescenta: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus” 1Jo.3:1. Somos membros da família de Deus. 

d) Santificação. Em Cristo Jesus, somos santificados, isto é: “O pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” Rm.6:14. 

e) Glorificação. A morte não pode nos prender na sepultura; seremos ressuscitados e elevados para o céu, “e, assim, estaremos para sempre com o Senhor” 1Ts.4:17. As dádivas divinas estão inseparavelmente unidas uma à outra. Os que são chamados por Deus, são também justificados e glorificados, Rm.8:30. “Graças a Deus pelo seu dom inefável” 2Co.9:15: a esperança da vida eterna. 

2. O Modelo do Nosso Culto. Para que o nosso culto seja bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, ele tem que ser caracterizado com “reverência e santo temor”. Estas duas frases são de suma importância em nosso culto a Deus. 

a) Reverência. É o reconhecimento de um Ser Superior. Vivemos diante de Deus, confessando a sua supremacia absoluta. Ele é muito mais elevado em majestade do que qualquer ser humano. No Livro de Ester, lemos que Mordecai recusou reverenciar Hamã, isto é, “Mordecai não se inclinava, nem se prostrava diante de Hamã” Et.3:5. Por quê? Porque Hamã era um mero homem e não podia receber aquela reverência e culto que pertence exclusivamente a Deus. Semelhantemente, os três amigos de Daniel foram convocados para reverenciar “a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor levantou,” isto é, eles tinham que se prostrar e adorar a imagem, algo que estes homens, tementes a Deus, não podiam fazer. Por quê? A lei do Deus vivo e verdadeiro ordena: “Não farás para ti imagem de escultura,... Não as adorarás, nem lhes darás culto” Dn.3:1-19; Ex. 20:4-5. Para estes homens, Deus era tão sublime, que não se atreveram a transgredir a sua lei, antes, preferiram enfrentar a fornalha de fogo ardente. Portanto, quando cultuamos a Deus com reverência, estamos revelando o nosso reconhecimento da sua superioridade, uma atitude que nos constrange a obedecê-lo em tudo; não com um servilismo legalista, antes, com uma espontaneidade que exclama: 

“Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia” Sl.119:97. O nosso culto é uma manifestação de amor e de gratidão. 

b) Santo temor. Esta frase é semelhante à de reverência, porém, com este acréscimo: o medo. Reconhecemos não apenas a sua superioridade, mas também a sua santidade inacessível. Quando nós percebemos esta pureza imaculada, de necessidade, sentimos a nossa imundícia espiritual. Quando Isaías viu a santidade do Senhor, sentiu medo, a ponto de exclamar: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros” Is.6:5. Semelhantemente, o Ap. Pedro, quando reconheceu a Divindade de Cristo, “prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador” Lc.5:8. Por que esta reação de medo? O Senhor é tão puro de olhos, que não pode ver o mal e permanecer passivo. Ele tem que agir e castigar o transgressor. Não temos razão para temer? Mas o temor do cristão não é aquele pavor do incrédulo, antes, é um santo temor, um sentimento filial que o faz respeitar e obedecer a Deus. “Agrada-me fazer a vontade de Deus”, Sl.40:8. 

c) Para servir a Deus, isto é, oferecer-lhe o devido culto, como Ele mesmo tem preordenado. E, para que este culto seja aceitável, ele tem que ser realizado em plena dependência da graça de Deus. Não podemos confiar em nossa própria capacidade, antes, temos que reter, temos que segurar esta graça, porque sem ela, o nosso culto seria carnal e, portanto, inaceitável diante de Deus. 

3.O Monarca do Nosso Culto. Quem é este Grande Rei, que temos que servir com reverência e santo temor? Ele é o “Senhor dos Exércitos” Zc.14:16-17. Ele é o “Rei das Nações”, justo e verdadeiro em todos os seus caminhos. Ap.15:3. 

A descrição de Deus como “fogo consumidor”, ou, “fogo que consome” Dt.4:24, é quase sempre, usada no contexto de deveres religiosos, e no caso de desobediência, o prometido castigo. Quando Moisés queria reforçar as suas exortações à obediência, dizia: “Sabe, pois, hoje, que o Senhor, teu Deus, ... é fogo que consome, e os destruirá como te prometeu o Senhor” Dt.9:3. No Novo Testamento, a ênfase é a mesma: 

“Quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho do nosso Senhor Jesus” 2Ts.1:7-8. 

Os versículos do nosso texto se referem ao culto que devemos prestar a Deus e como este ato deve ser observado. Portanto, as seguintes perguntas devem ser feitas: O culto que oferecemos ao Senhor é direcionado pela graça de Deus, ou é um mero ato humano? O culto que praticamos reflete a nossa total obediência ao que o próprio Deus prescreveu na Bíblia? As nossas atitudes durante o culto revelam reverência e santo temor? Estas perguntas devem ser respondidas honestamente, “porque o nosso Deus é fogo consumidor.” Ele visita os transgressores da sua lei, Ex.20:5. Portanto, esforcemo-nos para que o nosso culto seja “de modo agradável a Deus.” O anseio do nosso coração deve ser: “As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração, sejam agradáveis na tua presença, Senhor, rocha minha e redentor meu!” Sl.19:14. 


Itajubá, 20 de Fevereiro de 2008. 
          Rev. Ivan G. G. Ross.