Vasos de Honra

sábado, 26 de outubro de 2013

O PRIMEIRO AMOR



Cristo disse: “Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e removerei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas” (Apocalipse 2:4-5).

Nos Evangelhos, vemos Cristo ensinando e lançando os alicerces para a sua Igreja. No livro do Apocalipse, vemos Cristo vigiando, governando e corrigindo a sua Igreja, já estabelecida. No primeiro capítulo desse livro, vemos Cristo em toda a sua majestade, andando no meio de suas Igrejas, tomando conhecimento de tudo o que acontece na vida de seu povo. As suas palavras: “Conheço as tuas obras” são repetidas sete vezes para que possamos sentir e tremer diante da totalidade e da inerrância desse conhecimento. Seus olhos, “como chama de fogo”, vêem, não apenas os atos externos dos homens, mas, também, os pensamentos escondidos de seu coração. As palavras que saem da sua boca são como “uma afiada espada de dois gumes”, cada uma revelando a sua autoridade soberana e imperturbável. Tudo o que Ele fala às igrejas é fundamentado sobre a sua onisciência global e de acordo com os princípios de uma justiça santíssima.

No entanto, devemos fazer uma pergunta oportuna: O que é que Cristo procura em nossa vida? Sem dúvida alguma, Ele quer saber se nós O amamos como convém. Quando Jesus interrogou o Ap. Pedro, a pergunta foi esta: “Simão, filho de João, amas-me mais do que estes outros”, mais do que todos os seus outros interesses? Eis o mandamento: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento” (Lc. 10:27). Aquele que ama de verdade não pode dividir o seu coração com outros interesses. O apelo é este: “Dá-me, filho meu, o teu coração”, a totalidade da sua vida (Pv. 23:26). Nesse contexto, podemos perceber o pesar que Cristo sentiu quando disse à Igreja em Éfeso: “Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.” A Igreja tinha um amor no princípio,  mas, agora, aquele interesse inicial  fora abandonado. O que aconteceu?

1. Houve uma Excitação. Todos nós (os que são nascidos de novo) estamos lembrando da excitação (empolgação) que sentimos quando recebemos Jesus Cristo como o nosso Senhor e Salvador. Ao reconhecer que Cristo me amou e a si mesmo se entregou por mim, o meu coração se abriu para Ele, confessando: “Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb. 10:9). E, a partir desse momento, Cristo derramou sobre a minha vida “toda sorte de benção espiritual” (Ef. 1:3). Ele me levantou para que eu pudesse viver “em novidade de vida” (Rm.  6:4).

Quais são algumas dessas bênçãos? Entre as muitas, mencionamos apenas quatro:

 Primeira: A culpa dos nossos pecados foi retirada da nossa consciência. Não apenas o perdão de todos os nossos pecados, mas, também, a culpa, aquele senso de incriminação que perturba a nossa tranquilidade espiritual. “Bem aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto” (Sl. 32:1).

Segunda: A nossa natureza original foi renovada e santificada. “Tais fostes alguns de vós (praticantes de torpeza); mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1 Co. 6:11).

Terceira: Fomos recebidos na família de Deus por adoção. “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus, e, de fato, somos filhos de Deus” (1 Jo. 3:1).

Quarta: Recebemos uma herança eterna. “Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória” (Cl. 3:20-21).

Qual foi o efeito dessas bênçãos sobre a nossa vida moral e espiritual? Fomos elevados para amar sinceramente o nosso Senhor Jesus Cristo. Ele mesmo disse: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo. 14:15). E o Ap. Paulo acrescentou: “O cumprimento da lei é o amor” (Rm. 13:10). Por causa de seu amor a Cristo, o Ap. Paulo desprezou toda a sua herança de valores carnais, considerando-os “como refugo, para conseguir Cristo e ser achado nele” (Fl. 3:7-9). Apesar das tentações para vacilar em nosso amor, o nosso dever e a fonte da nossa segurança espiritual são que continuemos fiéis a Cristo. Ele é o nosso primeiro amor.

2. Houve uma Exclusão. Por alguma razão, o amor a Cristo, como prioridade na vida da Igreja, foi excluído; outras preferências assumiram o seu lugar. O texto fala de uma queda, de algo específico que aconteceu: “Lembra-te, pois, de onde caíste”. Oferecemos algumas causas possíveis dessa queda:

a) O Perigo do pecado específico, ou seja, da prática de algo que apagou o amor a Cristo. O sexo ilícito em todas as suas formas, virtual, real e pornografia é um dos pecados principais que afasta o transgressor do seu amor a Cristo. É humano pecar, porém, em vez de reconhecer e abandonar o delito, a tendência é continuar no pecado em vez de seguir fielmente a Cristo.

b) O Perigo de doutrinas estranhas. Esse foi o problema que entrou na Igreja da Galácia. Em vez de confiar em Jesus Cristo e este crucificado para alcançar a vida eterna, as Igrejas estavam sendo assediadas para regressar e confiar nas obras da lei, a fim de alcançar a certeza da salvação. Elas não deram ouvidos à advertência, “que ninguém será justificado diante de Deus por obras da lei” (Rm. 3:20). Se alguém voltar às obras da lei, a fim de ajudar na aquisição da vida eterna, além de desprezar a suficiência total do sacrifício de Jesus Cristo, está se desligando dele, (Gl. 5:1-4).

c) O perigo do mundanismo. Apesar de ter recebido Cristo com amor, “os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra e fica infrutífera” (Mt. 13:22). Cristo tem que ocupar a totalidade da nossa vida; e, quando nós O amamos, nós O seguimos espontaneamente, sem considerar o preço.

d) O perigo de desânimo espiritual. Ninguém é feito de ferro. A iniquidade está se multiplicando e chegando cada vez mais perto de nós. Crimes horríveis são praticados e ficam impunes. E, dentro da própria Igreja de Deus, existem escândalos e práticas litúrgicas que ferem os princípios bíblicos, mas os responsáveis pela pureza da Igreja não querem corrigir os erros e tudo fica por isso mesmo. Qual é o efeito dessas mudanças sobre a vida espiritual? Sentimos tentados a desistir de tudo. Cristo predisse: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” (Mt.24:12-13). Por causa da iniquidade que impera por toda parte, devemos vigiar e discernir para que não caiamos no desânimo espiritual. Que Cristo nos sustente em todas as nossas perplexidades.

3. Houve uma Exortação. Quando percebemos que o nosso amor a Cristo está se esfriando, temos que tomar medidas urgentes a fim de voltarmos ao primeiro amor. Cristo nos ensina o que devemos fazer:

a) Temos que descobrir e nomear o pecado que está causando a frieza espiritual. Como? Praticando o seguinte auto-exame: Estou praticando uma coisa que fere a santa lei de Deus? Um caso sexual? A busca de fantasias virtuais na pornografia, ou nas revistas ou internet? Tenho uma rixa contra alguém? Estou deixando de confiar na unicidade e suficiência de Cristo para me salvar, ou estou tentando ajudá-lo com obras de merecimento? Estou me envolvendo excessivamente nos interesses deste mundo, a ponto de não ter tempo suficiente para demonstrar o meu amor a Cristo através de atos devocionais todos os dias? Em vez de estar olhando firmemente para Cristo, estou perdendo tempo olhando para os acontecimentos negativos deste mundo e deixando o desânimo tomar conta do meu ser?

b) Temos que confessar o pecado causador desse esfriamento e abandoná-lo. Somos exortados: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que, da presença do Senhor venham tempos de refrigério” (At. 3:19-20). Sem a confissão e o abandono do pecado, esses “tempos de refrigério” jamais serão experimentados. 

c) Temos que reativar o nosso amor a Cristo, voltando a praticar as primeiras obras que demonstraram o nosso zelo espiritual.

Quais são as consequências de não voltarmos à prática das primeiras obras no nosso amor? Cristo responde: “Venho a ti e removerei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas”. Essa advertência não é dada para por em dúvida a certeza da nossa salvação, antes, para mostrar o perigo da presunção, uma fé sem os frutos do nosso amor a Cristo. “Aquele que diz que permanece nele, esse deve andar assim como ele andou” (1. Jo. 2:6).

Conclusão: Devemos sempre manter diante dos nossos olhos a visão de Cristo andando no meio das Igrejas, tomando conhecimento de tudo o que se passa na vida de suas Igrejas. Que Ele possa sentir que o nosso primeiro amor a Ele continua com todas as evidências de uma devoção inabalável.


domingo, 20 de outubro de 2013

O CONTENTAMENTO CRISTÃO


Leitura Bíblica: Salmo 16:1-11

Introdução: Uma das características do Salmo número dezesseis é que o Salmista fala das suas circunstâncias usando sempre a primeira pessoa do singular. O “eu” e o “tu” indicam um relacionamento intensamente particular, enquanto que o “meu” nos aponta para aquele que está recebendo todas as ricas dádivas do Senhor. Portanto, todos os cristãos podem usar essas palavras como se fossem as suas próprias reflexões. Vamos meditar sobre essas ponderações, que são tão  pessoais. O Salmista olha para quatro áreas diferentes em sua vida:

1.  Ele olha para cima, Vs 1-2. Todos nós, que cremos em Jesus Cristo, temos acesso ao trono da graça. Por isso, somos convidados: “Acheguemo-nos, portanto, confiantemente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb. 4:16). A frase “guarda-me ó Deus” indica que o salmista estava prevendo uma dificuldade e se sentindo incapaz de enfrentá-la sozinho. Mas, como homem de fé, soube que podia lançar sobre Deus toda a sua ansiedade, sabendo que Deus tem cuidado dele, (1 Pe. 5:7). Por que a prática da oração? Porque o Senhor é o meu refúgio. Ele é a minha fortaleza, a minha proteção e o meu defensor. Somos felizes porque podemos pedir e receber o auxílio do Senhor. Por isso, somos “mais que vencedores” (Rm. 8:37).

Depois de falar sobre o privilégio da oração, o Salmista faz uma confissão ao Senhor: “Tu és o meu Senhor”, o Dono da minha vida. Portanto, confesso constantemente: “Eis que estou a fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb. 10:9). Mas, por que tenho essa disposição? Porque “outro bem (outro senhor) não possuo, senão a ti somente”. Na verdade, não existe nenhuma outra disposição que é aceitável diante de Deus: “ Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou há de se devotar a um e desprezar ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Mt. 6:24). Vamos continuar olhando para cima para desfrutar dos privilégios da oração e da direção do Senhor. Que a minha vontade “não seja como eu quero, e sim, como tu queres” (Mt. 26:39).

2. Ele olha ao redor, Vs. 3-4. Ele quis tomar conhecimento do que estava acontecendo ao seu redor. Primeiro, ele viu “os santos que há na terra”. Quem são esses “santos”? São as pessoas que crêem em Jesus Cristo como Senhor; e que são nascidas de novo pelo poder do Espírito Santo. E, por causa dessa união com Cristo, passam a desenvolver uma vida santa e irrepreensível diante de todos. Por isso, são “os notáveis” que vivem na terra. A sua vida piedosa os distingue de todos os demais. Somos exortados a receber, amar e honrar tais pessoas (Fl. 2:29) Devemos agir assim porque, neles, “tenho todo o meu prazer.” Veja como o Ap. Paulo se sentiu a respeito desses “santos”: “Pois a minha testemunha é Deus da saudade que tenho de todos vós, na tenra misericórdia de Cristo Jesus” (Fl. 1:8). Que possamos valorizar, mais e mais, os “santos que há na terra”.

No entanto, em segundo lugar, olhando ao seu redor, o Salmista notou a presença de pessoas “ que trocam o Senhor por outros deuses”; o deus do materialismo, ou, até o deus da sua própria imaginação. São pessoas que buscam um deus que possa satisfazer todos os seus egoísmos. Qual é o resultado de buscar bens de outros deuses? Dores, tais como repetidas decepções, tristezas e sofrimentos físicos e emocionais. “Para os perversos (os que buscam deuses mentirosos), diz o meu Deus, não há paz” (Is. 57:21).

Após essas observações, qual foi a reação do Salmista? Ele tomou uma decisão resoluta: “Não oferecerei as suas libações de sangue”. Não participarei em seus ritos de buscar bens materiais. A ordem bíblica é esta: “Retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em cousas impuras; e eu vos receberei e serei vosso Pai, e  vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso” (2 Co 6:17-18). Mas o Salmista resolveu ainda mais: “Os meus lábios não pronunciarão o seu nome”.  Por que essa determinação? A conversa sobre os costumes de certas religiões pode despertar uma curiosidade e a tentação para experimentar o proibido. Esse foi o grande mal de Israel. É de suma importância que tomemos decisões sérias sobre questões religiosas, a fim de manter a pureza da nossa fé em Jesus Cristo.

3. Ele olha para dentro, Vs. 5-8. Olhar para dentro da sua própria vida significa discernir quais são as suas atitudes acerca das circunstâncias em que vive. O Salmista comenta sobre quatro dessas circunstâncias:

Primeira: A herança que recebeu para a sua vida. “ O Senhor é a porção da minha herança e o meu cálice”. Ao entrar na terra de Canaã, cada tribo recebeu a sua herança, uma parcela de terras, bem definidas e cercadas. No mesmo sentido, quando entramos na vida cristã, cada um recebe a sua herança, bem definida e segura: o Deus vivo e verdadeiro, que é bem melhor do que qualquer pedaço de terra. “ O Senhor é a porção da minha herança”. O Salmista gostava de confessar: “Ainda que a minha carne e o meu coração desfalecem, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre” (Sl. 73:26). Por causa da natureza da sua herança, qual foi a declaração do Salmista? “Tu és o arrimo (esteio, apoio) da minha sorte”. Sim, “bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, cuja esperança está no Senhor, seu Deus” (Sl. 146:5),

Segunda: A preciosidade dessa herança. “Caem-me as divisas em lugares amenos (agradáveis)”. Os levitas não receberam uma parcela de terra, porque o Senhor foi a herança deles. E, semelhantemente, a nossa herança não é material, antes, é espiritual, o próprio Senhor. Por isso, o Salmista podia confessar: “ É mui linda a minha herança”. Tendo o Senhor como nosso esteio, temos tudo. Por isso, vivemos plenamente satisfeitos com a nossa porção, sem nenhuma necessidade para murmurar.

Terceira: Em relação a essa herança, o Senhor me ensina como devo andar: “Bendigo ao Senhor, que me aconselha, pois até durante a noite o meu coração me ensina”. Se o Senhor é a nossa herança, devemos ter um desejo ardente para conhecer a respeito dele. Mas como? Existe uma única maneira! Temos que tomar o tempo necessário para ler e meditar sobre a sua auto-revelação, que está registrada inerrantemente nas Escrituras Sagradas. “Meditarei no glorioso resplendor da tua majestade e nas tuas maravilhas” (Sl. 145:5). Sejamos como o Salmista: “Os meus olhos antecipam-se às vigílias noturnas, para que eu medite nas tuas palavras” (Sl. 119:148).

Quarta: Nessa herança, o Senhor está comigo: “O Senhor, tenho-o sempre à minha presença: estando ele à minha direita, não serei abalado”. Por que essa confiança? Porque, quando clamo a Ele: “Ele dos céus me envia o seu auxílio e me livra (...). Envia a sua misericórdia e a sua fidelidade” (Sl. 57:3). Quando olhamos dentro do nosso coração, será que podemos dizer que as nossas atitudes, disposições espirituais, são semelhantes às do Salmista nesses quatros versículos? Que a resposta seja: Sim !

4. Ele olha para o futuro, Vs. 9-11. Querendo ou não, todos nós teremos que encarar a realidade da nossa morte, o dia quando teremos que deixar esta vida na terra e entrar na vida na eternidade. Quais são as nossas esperanças para esse evento momentoso? O Salmista fala de três realidades que o consolam:

Primeira: A morte não é necessariamente uma experiência sombria. Antes, para aqueles que têm Jesus Cristo como Salvador, é uma experiência alegre, porque, para “partir e estar com Cristo é incomparavelmente melhor” (Fl. 1:23). Por isso, confessamos: “Alegra-se, pois, o meu coração, e o meu espírito exulta; até o meu corpo repousará seguro”. Os que estão unidos com Cristo em vida continuarão unidos com Ele na morte. O apóstolo declarou confiadamente: “Nem a morte (...) poderá separar-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm. 8:38-39)

Segunda: A esperança da ressurreição do nosso corpo no Dia da Segunda Vinda de Jesus Cristo. “Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção”. Essa foi a verdade que encorajou Jesus Cristo para enfrentar a morte e morte de cruz; essa deve ser, também, a fonte da nossa esperança na hora da morte. “E ressoada a trombeta de Deus, (Cristo) descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro” (1 Ts 4:16).

Terceira: A segurança que teremos na hora da morte: “Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente”. Na hora da morte veremos o caminho aberto que nos conduzirá à presença daquele que nos amou e a si mesmo se entregou por nós, Jesus Cristo. Ao entrarmos na presença do Senhor, que é “incomparavelmente melhor” do que qualquer experiência que poderemos ter na terra, teremos a “plenitude de alegria”, e, à “destra do Senhor, delícias perpetuamente”. O céu é um lugar infinitamente melhor que a terra. Aqui, tudo é vaidade, mas lá, tudo é perfeito, glorioso e permanente. Aqueles que têm essa percepção na hora da morte terão uma transferência tranquila.


Se a nossa vida mortal estiver cheia de Deus, podemos ter certeza quanto à nossa imortalidade. “E, assim, estaremos para sempre com o Senhor” (I Ts. 4:17).

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O DIA MAU NA VIDA DO HOMEM

 
“Tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau” (Ef. 6:13).

              O que significa esse “dia mau”?  Alguns dizem que é a vida inteira do cristão. Jacó, já à beira da morte, lamentou: “Poucos e maus foram os dias dos anos da minha vida” (Gn. 47:9). Cristo advertiu os discípulos: “No mundo passais por aflições” ( Jo. 16:33). Mas este sofrimento generalizado é a porção de qualquer pessoa, afinal, todos nós somos herdeiros das conseqüências do pecado.

            Contudo, no texto citado, o Apóstolo Paulo está indicando algo bem mais específico. É um dia que se distingue de todos os demais. Ele traz uma novidade, algo que os outros dias não apresentam, males como: desastres naturais (uma enchente destruindo a propriedade); desastres materiais (a casa sendo assaltada); desastres físicos (uma doença terminal); desastre final (a chegada do último inimigo, a morte vem para ceifar mais uma vida). Seja qual for a natureza específica desse momento, ele poderá ser suavizado com o devido preparo: “Tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir (permanecer inabaláveis) no dia mau”(Ef. 6:13).  Deus já providenciou os recursos necessários para que sejamos mais que vencedores no “dia mau”.

            Vamos observar algumas características da visitação desse “dia especial”.

           
1. O “dia mau” é Inescrupuloso.
            O “dia mau” não tem pena da sua vítima. Seja qual for a natureza desse mal, ele vem para desorientar e machucar, não leva em conta os sentimentos de ninguém. 

            O dia, em si, não é pecado, ou seja, a pessoa que recebe esta visitação não se torna culpada de pecado. O pecado é sempre a transgressão da lei de Deus (1Jo.3:4). O dia mau é algo que vem sobre nós involuntariamente e sem a nossa participação. 

            Também devemos lembrar que esse dia mau, normalmente, não vem por causa de um pecado específico que estamos abrigando em nossa vida. Entendemos que, para o cristão, o dia mau vem com a soberana permissão de Deus, e é por isso que Ele está presente conosco nestas aflições: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo” (Sl. 23:4). 

            Muitas vezes, esse “dia mau” é permitido para provocar uma manifestação da sinceridade da nossa fé. Nós vamos permanecer fiéis no meio da tribulação e glorificaremos a Deus, ou negaremos a fé a fim de nos livrarmos da aflição? Lembremo-nos de Jó.

            Esse dia mau é permitido para nos fazer lembrar que este mundo é assim mesmo e, portanto, impróprio para a construção de esperanças permanentes. Abraão, sentindo a sua vulnerabilidade, “aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador” (Hb.11:10). De forma semelhante, sentindo a nossa insegurança, devemos buscar refúgio sob as assas do Deus poderoso, o Deus que envia o seu auxílio (Rt. 2:12; Sl.57:3).

2. O “dia mau” é Inevitável.

            Uma outra característica a ser abordada é que o “dia mau” é inevitável, isto é, há de chegar, independente do nosso estado espiritual. Em Eclesiastes capítulo 8, versículo 8, está escrito: “Não há nenhum homem que tenha domínio sobre o vento para o reter; nem tão pouco tem ele poder sobre o dia da morte; nem há tréguas nesta peleja”. A morte é um temido exemplo de “dia mau”. Com o nosso nascimento, ela já foi anunciada: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, depois disto, o juízo” (Hb.9:27). Devemos ter consciência da imutabilidade das determinações de Deus, porque Ele mesmo já se pronunciou: “Eu o disse, eu também o cumprirei; tomei este propósito, também o executarei” (Is. 46:11). Quando a ordem da morte é emitida, não há como resistir, temos de ir.

3. O “dia mau” é Inescusável.
            O “dia mau” é também inescusável, isto é, não há desculpas para justificar a nossa falta de preparo. Já fomos advertidos: haverá dias maus para cada pessoa, “Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau” (Ef. 6:13). Podemos meditar sobre esta necessidade em termos de dever e prudência:   

            O nosso próprio dever.  A Bíblia ensina: “A sabedoria do prudente é entender o seu próprio caminho” (Pv. 14:8).  Sabemos que dias maus nos aguardam, portanto, devemos estar preparados. A boa providência de Deus nos oferece inúmeras oportunidades para ficarmos prevenidos contra estas visitações negativas, e oportunidades são dadas a fim de serem aproveitadas. O Apóstolo Paulo exclamou: “Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?” (Hb. 2:3).

            À luz da prudência. Eis a voz das Escrituras: “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim, como sábios, redimindo o tempo, porque os dias são maus” (Ef.5:15-16). Este preparo para o “dia mau” é uma questão de prioridade. Devemos sentir uma urgência na exortação do Apóstolo Paulo: “Eis agora o tempo sobremodo oportuno, eis agora o dia da salvação” (2Co. 6:2). É muito difícil e até impossível se vestir em pleno dia mau; achando-se nu, permanecerá nu e desabrigado. Não sabemos a hora da chegada desta aflição, porém, sabemos que ela há de chegar. Portanto, devemos ser prudentes e nos preparar para aquele dia. O choro de remorso por causa de oportunidades desperdiçadas não traz nenhum auxílio e nem consolo: “Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau” (Ef.6:13).

            A própria experiência pessoal deve nos ensinar que estamos expostos a todo tipo de mal.  Contudo, apesar das duras evidências da realidade desse dia temível, percebemos que poucos se preparam. Evidentemente, é mais cômodo adiar qualquer decisão, ou esconder-se atrás de formas de mentiras, tais como: este dia não existe, é só para nos amedrontar; talvez este dia possa chegar, mas é reservado somente para os idosos, eu ainda sou muito jovem, não vou me preocupar com estes assunto por enquanto; este dia mau é o castigo de Deus para pecadores, mas eu sou crente, protegido contra tais adversidades, por isso não preciso me  incomodar com tais coisas negativas.

            O que devemos fazer para estarmos devidamente preparados? É necessário desembaraçar-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, e firmarmos todas as nossas esperanças em Jesus Cristo, porque Ele é a armadura de Deus (Hb.12:1-2). O dia mau vem como ladrão de noite: “Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição, como vêm a dor de parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão” (1Ts.5:2-3). “Mas revesti-vos do Senhor Jesus, e nada disponhais para a carne, no tocante às suas concupiscências” (Rm.13:14).