Vasos de Honra

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

OS PACIFICADORES


“Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5:9).


Temos observado que a humildade, o arrependimento, a mansidão e a fome espiritual, das primeiras quatro bem-aventuranças, são características inatas de todos aqueles que são regenerados pelo Espírito Santo. Nas três bem-aventuranças que se seguem, vemos o procedimento visível dos regenerados. Eles praticam a misericórdia, mantêm seu coração limpo, e, portanto, o seu andar diário é limpo, santo e irrepreensível. Agora, queremos descobrir como vivem os pacificadores.

1. O Encorajamento da Bem-aventurança. Uma alegria indizível invade o coração quando percebemos que Deus está abençoando o nosso processo espiritual. Notemos que essa benção é sempre o resultado prático de uma disposição espiritual da nossa parte. Os pacificadores também recebem a sua recompensa. Em Jesus Cristo temos, não apenas paz com Deus, mas, também, paz com o nosso próximo. Somos pacificadores que perseveram na prática do bem.

2. A Manifestação da Bem-aventurança. Os pacificadores são dotados com uma sabedoria que vem lá do alto. Veja como ela se manifesta: “ A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento. Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz” (Tg. 3:17-18). Essa sabedoria é pura diante de Deus e pacífica para com os homens. O pacificador tem a índole calma. Ele ama e promove a paz. Somos exortados a buscar a paz e a empenharmo-nos por alcançá-la, (1 Pe. 3:11b). O pacificador, com o apoio dos demais irmãos na fé, “ segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor”. (2Tm.2:22).

3. O Cumprimento da Bem-aventurança. “Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho (para praticar os princípios definidos nas bem-aventuranças) e do amor que evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos” (Hb. 6:10). O pacificador  ministra a paz a todos ao seu redor. Essas virtudes existindo em nós são as evidências da nossa filiação com Deus; e, aquele a quem essas cousas não são presentes, ainda está na escuridão, (2Pe. 1:8-9). Mas, a bem-aventurança maior é sermos chamados “Filhos de Deus”. O Ap. João, sentindo-se maravilhado com essa designação, exclamou: “ Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus” (1.Jo. 3:1).

Essas sete virtudes pertencem exclusivamente aos que são regenerados pelo Espírito Santo, e as bem-aventuranças que as acompanham são as manifestações de que Deus tem começado uma obra salvífica em nós, e que, de fato, somos filhos de Deus. Tudo começa quando cremos, biblicamente, em Jesus Cristo. “Oh! Provai e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia” (Sl. 34:8).


Rev. Ivan G. G. Ross

A VINDA DO SOBRENATURAL



Leitura: Bíblica: Mateus 1:18:21

Introdução: Podemos descrever o Natal como uma intervenção sobrenatural da parte de Deus. Em todas as áreas diferentes do nascimento de Jesus Cristo, foi Deus quem agiu soberana e sobrenaturalmente. Esses atributos divinos são facilmente percebidos através da maneira pela qual Deus toma a vida de seus escolhidos, dando-lhes uma palavra de ordem que estes acolhem com uma obediência espontânea. Assim, a vontade de Deus se realiza.

Maria foi passiva nas mãos do Senhor, confessando: “Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra” (Lc. 1:38). José, de forma semelhante, e sem qualquer questionamento, obedeceu e “fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu a sua mulher” (Mt. 1:24). Jesus, também, aceitou o desafio para ser o fiador de seu povo. Quando Deus falou sobre a futilidade do sacrifício de animais, que não podiam expiar (remover) os pecados de homens, Cristo interveio e respondeu: “Sacrifício e oferta não quiseste; antes, um corpo me formaste; não te deleitaste com holocausto e ofertas pelo pecado. Então eu (Jesus Cristo) disse: Eis aqui estou (no livro está escrito a meu respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb. 10:3-7). E, sabemos qual foi essa vontade. Cristo se apresentou para dar sua vida em resgate de muitos, (Mc. 10:45). Na história da Igreja, quantos servos de Deus, homens e mulheres, sentiram-se impelidos pela necessidade de cumprir a sua vocação, confessando: “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho” (1Co. 9:16).
Vamos sentir o poder persuasivo da vocação na vida de Maria, José e Jesus.

1. A Vocação de Maria. Quando Deus chama alguém para realizar uma obra especial, Ele geralmente dá início à sua comunicação com palavras de encorajamento; assim, Ele cria um clima de confiança e tranquilidade. Notemos como Maria se sentiu quando ouviu a saudação do anjo: “Alegra-te, muito favorecida!”.Vinda dos lábios de um anjo, essa mensagem certamente tinha um sentido especial, pois, ao ouvi-la, “Maria perturbou-se muito e pôs-se a pensar no que significaria esta saudação”. (Lc. 1-28-29). Em Israel, seguramente, havia outras virgens semelhantes a Maria; porém, entre as possíveis, Maria foi a “favorecida”, a escolhida para introduzir o “Filho do Altíssimo” ao mundo. As escolhas de Deus não são baseadas em méritos pessoais, antes, a seleção é devida à sua livre soberania. A próxima frase é carregada de confirmação e de promessa: “O Senhor é contigo”. O Senhor acompanhou a formação dessa virgem com a sua presença orientadora. E, quando chegou a hora para que ela assumisse a responsabilidade para a qual foi preparada, essa presença continuaria com ela, sustentando-a em todas as suas necessidades posteriores. A realidade dessa esperança está implícita na saudação que recebeu.

Notemos o cuidado do anjo para fortalecer a coragem da jovem: “Maria, não temas”. E, o motivo para não temer: “Porque achaste graça diante de Deus.” A tarefa que Deus nos dá é, muitas vezes, apenas parcialmente revelada, não nos é dado enxergar todos os detalhes da missão, porém, a ordem é esta: “Não temas!” O Deus que chama é o Deus que promete suprir cada uma das nossas necessidades. Qual foi a incumbência que Maria recebeu? “Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus” (Lc. 1:31). A resposta de Maria diante desse desafio foi a única possível; porque ela foi preparada soberanamente para esse fim: “Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra” (Lc. 1:38).
Em todas as vocações que Deus nos confere, há sempre uma mistura de consequências. Sim, seremos sumamente abençoados, porque Deus é galardoador dos seus servos fiéis, (Hb. 11:6). Mas, também, existem espadas que traspassarão a alma do seu servo perseverante (Lc. 2:35). Veja algumas dessas espadas cortantes: (1) José e Maria , juntamente com o recém-nascido, tinham que fugir para o Egito, a fim de escapar do decreto de Herodes para matar a criança. Quais foram os pensamentos desse casal, precisando fugir com o “Filho do Altíssimo?” (Mt. 2:13). (2) Mais um caso que podemos mencionar são as perplexidades que Maria sentiu durante o ministério público de Jesus e a oposição incansável que Ele tinha que enfrentar. Seus perseguidores zombavam dele, dizendo: “Está fora de si” (Mc. 3:21 ; Mt. 12:46-50). (3) E, não podemos deixar de mencionar a cena da crucificação; como Maria se sentiu ao ver seu inocente primogênito sendo crucificado? Percebemos que, sem compreender por completo, ela sabia que Jesus estava dando a sua vida em resgate por muitos. Maria conhecia e acreditava nas profecias messiânicas do Antigo Testamento. A Bíblia nos diz que o que Maria fez, é o que todos nós também devemos fazer em relação aos assuntos espirituais que não estamos entendendo claramente: “Maria, porém, guardava todas estas palavras, meditando-as no coração” (Lc. 2:19). É pela meditação piedosa que podemos descobrir o sentido das circunstâncias que nos afligem em dados momentos.
2. A Vocação de José. José, também, era um homem preparado por Deus, a fim de cuidar do “Filho do Altíssimo” durante os seus primeiros anos aqui na terra. E, para isso, José tornou-se um homem ponderado e justo em todas as suas reações diante de circunstâncias perplexas.
A primeira situação que ele teve que enfrentar e resolver foi a inesperada gravidez de Maria. Apesar de estar legalmente casado com ela, a união ainda não havia sido consumada, ambos se mantinham separados até o momento próprio para efetivar o casamento. José era inocente, portando, a gravidez da esposa indicaria um ato de infidelidade, de adultério. Num caso assim, a lei permitia o divórcio, a dissolução do contrato nupcial. Mas José amava Maria e não quis agir precipitadamente. A Bíblia relata a sua reação quando recebeu a notícia dessa novidade: “Mas José, seu esposo, sendo justo e não a querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente. Enquanto ponderava nestas cousas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo”. Além de tranquilizar o seu servo quanto à fidelidade de Maria, José recebeu a seguinte instrução para garantir o nome certo para essa criança: “Ela dará à luz um filho e (tu) lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.” Este homem, justo e obediente, não hesitou: “Despertado José do sono, fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu sua mulher” (Mt. 1:19-21,24).
O segundo desafio que José recebeu foi a responsabilidade de proteger a sua família do decreto de Herodes para matar “o recém-nascido Rei dos Judeus” (Mt. 2:2,16). Mas, o Senhor o orientou, dizendo: “Dispõe-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e permaneça lá até que eu te avise; porque Herodes há de procurar o menino para matar” (Mt. 2:13). Para obedecer, José teve que abandonar a segurança de seu emprego como carpinteiro e confiar na providência do Senhor para sustentá-los num país estranho. É interessante perceber como o Senhor já havia providenciado o seu sustento através das dádivas de ouro, incenso e mirra que os magos lhe entregaram, (Mt. 2:11). Deus é fiel. Ele cuida de seus servos e garante o seu sustento. Na fuga para o Egito, podemos discernir a sensibilidade espiritual que José desenvolveu mediante o seu hábito de ponderar diante do Senhor antes de agir. José estava sempre pronto para ouvir e atender às indicações do Senhor, um exemplo para cada um de nós.
Devemos mencionar um terceiro incidente. Quando Jesus tinha apenas doze anos, Ele permaneceu em Jerusalém, depois de assistir a festa da Páscoa. Os seus pais, sentindo sua falta, voltaram para a cidade, a fim de buscá-lo. Eles “o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os”. Podemos imaginar a cena. Um menino, com apenas doze anos de idade, em pleno diálogo com os homens mais eruditos no país. Quais foram os pensamentos íntimos de seus pais? Quem será que fez a pergunta: “Filho, por que fizeste assim conosco? Teu pai e eu, aflitos, estamos à tua procura”. A resposta de Jesus foi ainda mais surpreendente: “Por que me procuráveis? Não sabeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?” (Lc. 2:41-52). Durante todo esse tempo, por que José permaneceu calado? Cremos que ele estava começando a entender melhor as origens divinas desse menino. O que ele podia falar, sem causar grande escândalo? Ele preferiu voltar ao seu hábito antigo de ponderar sobre palavras e aguardar o futuro para dar as devidas revelações. Sim, José era um homem preparado por Deus para participar, como servo, nos eventos que acompanharam a vinda de Cristo para buscar e salvar pecadores.
3. A Vocação de Jesus. Uma das declarações mais instrutivas sobre a espontaneidade de Cristo para servir a Deus e dar a sua vida em resgate por muitos, são as palavras que Ele mesmo pronunciou: “Ao entrar no mundo, diz: sacrifício e oferta não quiseste; antes, um corpo me formaste” (Hb. 5:10). Podemos fazer quatro observações:
1) Na eternidade, antes da fundação do mundo, Cristo, à semelhança do Pai, era espírito, não tinha corpo físico. Mas Ele “se fez carne e habitou entre nós” (Jo. 1:14). “Pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus, antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl. 2:6-8).
2) Por que a encarnação de Cristo é tão importante e fundamental à nossa fé? Porque Deus nunca ficou plenamente satisfeito com o sacrifício de animais, pois o sangue deles não tinha poder para remover os pecados de homens; um sangue superior seria necessário, o sangue precioso de Jesus Cristo, (1Pe. 1:18-19). O corpo de Cristo forneceu esse sangue.
3) Para ser o fiador de seu povo, Cristo tinha que assumir a forma de homem, ser semelhante a ele, porém, sem pecado. Quando o homem pecou, ele usou o seu corpo e a sua alma. E, para receber o salário da sua transgressão, ele o recebe na totalidade do seu ser, corpo e alma. Quando Cristo veio para pagar a dívida de seu povo, Ele a saldou “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados” (1Pe. 2:24). Sem um corpo humano, Cristo não poderia carregar os nossos pecados e remir o seu povo. Ao falar sobre o nascimento de Jesus Cristo, José e Maria receberam, individualmente, esta instrução: “E lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles”.
4) Qual foi a recompensa que Jesus recebeu, depois de ter dado a sua vida em resgate por muitos? Primeiro, esta promessa: “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito” (Is. 53:11). E, em segundo lugar, com esse fruto ao seu lado, confessou: “Eis aqui estou eu e os filhos que Deus me deu” (Hb. 2:13). Cristo sofreu vicariamente para que que esse povo pudesse estar com Ele, em glória, para sempre, (Jo. 14:3).
Conclusão: Para que o Natal pudesse ser uma realidade, Deus preparou os servos necessários para esse fim, e, com eles, demonstrou o seu poder para usar pessoas semelhantes a nós na realização da sua boa vontade para com pecadores. Durante esse Natal, que cada um de nós possamos renovar o nosso voto de obediência. Cristo disse: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo. 14:15).

Natal de 2013

Rev. Ivan G. G. Ross

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

A LEI DE DEUS



A lei, em toda a sua abrangência, é a revelação da justiça e da santidade de Deus. “ Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom” (Rm. 7:12). Essa lei foi dada para que o homem pudesse ser semelhante a seu Criador. “Como filhos da obediência, não vos moldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pe.1:14-16). E, por ser a revelação de Deus, o Salmista podia confessar: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia!” (Sl. 119:97).

Mas, apesar da relativa simplicidade dessa revelação, sempre existiram “contendas e debates sobre a lei”, lutas para impor uma interpretação que servia os próprios interesses (Tt. 3:9). A lei não foi dada para ser discutida, foi dada para ser observada. “Se ouvires a voz do Senhor, teu Deus, virão sobre ti e te alcançarão todas estas bênçãos. (...) Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz do Senhor, teu Deus, não cuidando em cumprir todos os seus mandamentos e os seus estatutos que, hoje, te ordeno, então, virão todas estas maldições sobre ti e te alcançarão” (Dt. 28:1-68). Nesse contexto, Moisés disse: “Vê que proponho, hoje, a vida e o bem, a morte e o mal” (Dt. 30:15). A lei, portanto, foi dada para direcionar o povo no caminho em que devia andar, a fim de agradar a Deus e desfrutar de uma verdadeira comunhão espiritual com Ele.

Para entender melhor a lei e o seu propósito, é importante saber que ela atuava em três áreas diferentes: constitucional, cerimonial e moral. A parte constitucional, as leis que regiam o estado de Israel, já perdeu a sua validade, porque Israel, como país teocrático que existia no Antigo Testamento, não mais existe. A parte cerimonial, as leis que se referiam aos sacrifícios de animais e aos ritos de purificação que preparavam o povo para os atos de culto, também já perdeu o seu lugar na vida do homem, porque, quando Cristo veio, Ele cumpriu tudo o que essas cerimônias indicavam. “Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê” (Rm. 10:4). E, a parte moral, os Dez Mandamentos e a exposição dos mesmos, continua em pleno vigor, porque ela determina como o homem deve se comportar diante de Deus e diante do seu próximo. Com respeito à lei moral, Cristo declarou: “Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas; não vim para revogar, vim para cumprir”. E, em seguida, Ele mostra como se cumpre a lei moral, (Mt. 5:17-42). “O cumprimento da lei é o amor” (Rm. 13:10). Isto é: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lc. 10:27). Portanto, a nossa santidade se revela mediante a observância da lei moral, que é o nosso padrão modelar. Quando o Espírito Santo convence o pecador da sua culpabilidade, Ele aplica a lei moral à sua consciência. O Ap. Paulo descobriu a sua própria pecaminosidade porque a lei disse: “Não cobiçarás.” (Rm. 7:7). É “pela lei que vem o pleno conhecimento do pecado”. Falando negativamente, a lei não tem nenhuma provisão perdoadora para oferecer aos transgressores. A sua função é condenar o pecador. “A alma que pecar, essa morrerá”, pois, “o salário do pecado é a morte” (Ez. 18:4; Rm. 6:23). Mas, positivamente, “A lei nos serviu de aio (instrutor) para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé” (Gl. 3:24).

Quando o Novo Testamento diz que alguém está “debaixo da lei”, geralmente se refere à pessoa que ainda acredita na necessidade de obedecer aos preceitos cerimoniais, tais como “comida e bebida, ou dias de festas, ou lua nova, ou sábados” (Cl. 2:16). E, por estar “debaixo da lei”, não é possível estar “debaixo da graça” (Rm. 6:14). Quando alguém se converte, ele abandona o jugo da lei cerimonial, a fim de viver sob a “graça de Deus” (Tt. 2:11-14). A salvação não pode ser alcançada mediante a prática das obras da lei, porque ela é o dom gratuito da graça de Deus. “Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei (a observância dos ritos da lei cerimonial) e  sim mediante a fé em Jesus Cristo, também temos crido em Cristo Jesus para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois por obras da lei, ninguém será justificado” (Gl. 2:16).

Qual é o pecado principal que a pessoa comete quando confia nas obras da lei cerimonial para ser salvo? Está desprezando a suficiência da morte substitutiva de Jesus Cristo. Não é uma negação frontal da morte de Cristo, contudo, está implícito o desprezo da sua perfeição, porque ela acredita que tem que complementar o sacrifício de Cristo com as obras da lei, a fim de ser salvo. Os judaizantes do Novo Testamento asseveravam: “Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés não podeis ser salvos” (At. 15:1). E, em nossos dias: Se não for batizado por imersão, não pode ser salvo; ou, se não observar o sábado, não pode ser salvo. Mas, seja qual for o acréscimo, a pessoa está negando a suficiência do sacrifício de Cristo, aquele que é poderoso para salvar totalmente todo o que nele crê (Hb.7:25).  O Ap. Paulo declarou a consequência fatal desses acréscimos: “ De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça desligastes” (Gl. 5:4). E, desligado de Cristo, não há possibilidade de ser salvo. Outro pecado praticado pelos adeptos às obras da lei é a falta de amor. Em seu zelo de proselitismo, negligenciam a lei régia: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Tg.2:8). “Ora, o seu mandamento é este: que creiamos em o nome de seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que ele nos ordenou” (1 Jo. 3:23).

Por causa da multiplicação de seitas em nossos dias, devemos dar ouvidos à palavra apostólica: “Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina (a suficiência do sacrifício de Cristo para nos salvar) não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas. Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras más” (2Jo. 10:11).

Rev. Ivan G. G. Ross

03/12/2013

terça-feira, 12 de novembro de 2013

EMANUEL – DEUS CONOSCO



“Eis que a virgem conceberá a dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco)”, Mateus 1:23. Essa é a mensagem do Natal: Deus conosco.

Esse versículo é uma citação da profecia em Isaías 7:14, que foi dada para consolar o povo de Deus nos dias quando Jerusalém estava sendo ameaçada pelas tropas unidas dos reis da Síria e de Israel. Acaz, o rei de Judá, “tremia de medo”, mas o profeta lhe disse: “Acautela-te e aquieta-te; não temas, nem desanime o teu coração por causa destes dois tocos de tições fumegantes; (...) Isto (a invasão de Jerusalém) não subsistirá, nem tão pouco acontecerá”, Is. 7:4,7. O profeta, então, convida-o a pedir um sinal, uma indicação de que o Senhor seria fiel e daria a Jerusalém a devida proteção. Mas, Acaz, homem extremamente incrédulo, recusou a oferta. Depois de repreender o rei por causa do seu reinado opressor, o Senhor resolveu agir soberanamente: Portanto o Senhor  mesmo vos dará um sinal: “ Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel.” O Senhor tem poder para não somente livrar Jerusalém de seu perigo, mas tem poder, ainda maior, suficiente para livrar o pecador da sua condenação eterna. Portanto, a promessa de Deus para enviar o seu próprio Filho, que entraria no mundo através de um nascimento virginal (sem auxílio humano), e que continuaria sendo verdadeiro Deus, mas, ao mesmo tempo, verdadeiro homem,  porém, “sem pecado”, Is. 7:15; Hb.4:15. Embora essa profecia pertencesse ao futuro, o rei Acaz recebeu uma outra palavra para o seu consolo. O profeta, olhando para o seu filho que estava ao lado dele, disse ao rei: “Antes que este menino saiba desprezar o mal e escolher o bem, será desamparada a terra ante cujos dois reis tu tremes de medo”, v.16. Assim aconteceu dentro de dois ou três anos, 2Rs. 15:20,30; 16:9.

Estamos, agora, preparados para meditar sobre o cumprimento literal desta promessa: Deus conosco. “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei a fim de que recebêssemos a adoção de filhos”, Gl. 4:4-5. Notemos a união entre os dois nomes de Cristo. Jesus tem esse nome porque Ele salva o seu povo dos pecados deles, e isso Ele consegue fazer porque é Deus conosco, “Deus perdoador, clemente e misericordioso”, Ne. 9:17.

1 A Alternativa do Deus Conosco. Na verdade, querendo salvar pecadores, Deus não tinha nenhuma outra alternativa senão tornar-se homem a fim de poder destruir a transgressão do pecador. Como isso aconteceu? Temos que entender, pelo menos em parte, a doutrina da Trindade. Nós cremos que: “Na unidade da divindade há três pessoas, de uma mesma substância, poder e eternidade – Deus o Pai (que declara a vontade da Divindade), Deus o Filho (que executa a vontade da Divindade) e Deus Espírito Santo (que comunica a vontade da Divindade)”, Confissão de Fé, cap. 2:3. O Filho de Deus é também conhecido como “Verbo”, o que revelou a natureza do Pai, Jo. 1:18; 14:8-11. “No princípio (ainda na eternidade), era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus (...) E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e verdade e vimos a sua glória (mediante os seus milagres), glória como do unigênito do Pai”, Jo. 1:1,2,14.

O Apóstolo Paulo ensina que os salvos foram “comprados por preço”, 1Co. 6:20. O que está envolvido no pagamento desse preço? Novamente o Apóstolo responde: Jesus Cristo, “subsistindo em forma de Deus, não julgou usurpação ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz”, Fl 2:6-8. Podemos descrever esse preço dizendo: O próprio Filho de Deus se humilhou assumindo um estado e circunstâncias tão diferentes da sua eterna glória. Ele colocou de lado essa glória, a fim de tornar-se homem e viver com todas as limitações dos homens, porém, sem pecado. Por ter nascido sob a lei, Ele, juntamente com os demais homens, tinha que submeter-se à lei, prestando-lhe uma obediência imaculada. A lei exige uma obediência total, e, no caso de qualquer falha, o transgressor receberia a sentença da morte, a separação de Deus. Os homens transgrediram essa lei, portanto, a pena da morte paira sobre cada transgressor. Nesse contexto, Cristo se apresentou ao Pai como fiador do pecador, prometendo apagar toda a sua dívida para que seja salvo. O homem não obedeceu à lei, mas Cristo pagou essa falha mediante a sua obediência perfeita. Por causa dessa desobediência, o homem é condenado à morte, mas Cristo pagou essa dívida, morrendo no lugar do transgressor. Essa é a justiça de Cristo, a sua obediência a todos os pedidos da lei. Agora essa justiça é imputada a todos os que crêem na obra substitutiva de Jesus Cristo para a salvação de sua vida. “Graças a Deus pelo seu dom inefável” – o Senhor Jesus Cristo.

2. A Alegria do Deus Conosco. Devemos sentir o contraste entre a nossa vida anterior, sem Deus e sem esperança, e a vida que agora temos, justificados e salvos por Cristo Jesus. O que devemos sentir quando experimentamos o poder salvador de Cristo em nossa vida? O Apóstolo Pedro responde: “Não havendo visto (a pessoa de Jesus Cristo), amamos; no qual não vendo agora, mas crendo, exultamos com alegria indizível e cheia de glória, sabendo que temos obtido o fim da nossa fé: a salvação da nossa alma”, 1Pe. 1:8-9. O evangelho é, essencialmente, uma mensagem de esperança e de “alegria indizível”. É isso que o anjo anunciou aos pastores na noite em que o Filho de Deus chegou ao mundo: “Não temas; eis que vos trago boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo o Senhor”, Lc. 2:10-11. Que sejamos semelhantes aos pastores, “glorificando e louvando a Deus” por tudo o que Ele tem feito por nós através da sua providência – Ele mesmo sendo  “Deus conosco”.

Essa alegria que agora temos em nosso coração permanece em nós, independente de circunstâncias do momento. Os apóstolos foram açoitados por terem anunciado, incessantemente, Jesus Cristo, crucificado por causa dos nossos pecados e ressuscitado por causa da nossa justificação, Rm. 4:25. “E eles se retiraram do Sinédrio regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse nome”, At. 5:40-41. Quando o eunuco ouviu e creu no evangelho de Jesus Cristo, ele seguiu “o seu caminho cheio de júbilo”, At. 8:39. Essa é a experiência normal de todos aqueles que crêem em Jesus Cristo, porque estão experimentando o poder da sua promessa: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo (que é enganadora). Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”, Jo. 14:27. O Apóstolo Paulo nos exorta, dizendo: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos”, Fl. 4:4. Temos tantos motivos para nos alegrar, porque cremos em Emanuel – Deus conosco.

3.  A Aliança do Deus Conosco. Por que Deus amou ao mundo, a ponto de tornar-se Emanuel – Deus conosco? A resposta regressa ao livro de Gênesis, onde Deus fez uma aliança com Abraão – uma “aliança perpétua”, cheia de promessas preciosas. “ Andarei entre vós e serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo”, Lv. 26:12. Com a vinda de Cristo, o Senhor literalmente andou entre nós. Ele veio não somente para dar a sua vida em resgate por muitos, mas, também, para buscar e salvar pecadores, isto é : aplicar os benefícios  da sua morte a cada pessoa que crê. Por isso, podemos confessar: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes”, Rm. 5:1-2.

Devemos sentir a paternidade nesta aliança: “ Eu serei o vosso Deus.” Ele se comprometeu a ser o nosso Deus, a agir como o nosso refúgio e a suprir cada uma das necessidades do seu povo, Hb. 6:18 ; Fl. 4: 19. Ele anda com o seu povo, por isso, podemos lançar sobre Ele toda a nossa ansiedade, porque sabemos que cuida de nós, 1 Pe. 5:7. Cristo, como Deus conosco, é semelhante ao pastor de ovelhas, que sempre anda à frente de seu povo, dando-lhe um caminho preparado. O salmista orava: “Ensina-me Senhor, o Teu caminho e guia-me por vereda plana, por causa dos que me espreitam”, Sl. 27:11. Com essa confiança, podemos confessar: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte (tempos de grandes tristezas e perplexidades espirituais) não temerei mal nenhum, por tu estás comigo; o teu bordão (para me guiar e proteger) e o teu cajado (para facilitar a minha caminhada, especialmente nos lugares escorregadios) me consolam” – nele temos tudo o que é necessário para viver como “mais que vencedores”, Sl. 23:4; Rm. 8:37. Eis  o juramento do Senhor: “Não violarei a minha aliança, nem modificarei o que os meus lábios proferiram”, Sl. 89:34. Quando Deus enviou o Seu Filho unigênito ao mundo, a fim de providenciar salvação para pecadores, Ele estava se lembrando da sua santa aliança, Lc. 1:72.

Terminamos citando a experiência de Simeão, um “homem justo e piedoso que esperava a consolação de Israel”, quando teve seu encontro com Cristo, o seu Salvador: “Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra, porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos”, Lc. 2:25-32. Que este Natal, Deus conosco, tenha um impacto semelhante sobre a nossa vida!

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Rostos Desvendados



“E todos nós, com rosto (entendimento) desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito” (2 Co. 3:18).

Introdução: O contexto desse versículo se encontra em Êxodo 34:29-35. Moisés “esteve com o Senhor quarenta dias e quarenta noites, não comeu pão, nem bebeu água; e escreveu nas tábuas as palavras da aliança, as dez palavras (...). Quando desceu do monte, não sabia Moisés que a pele do seu rosto resplandecia, depois de haver Deus falado com ele” (Ex. 34:28-29). Parte da benção sacerdotal impetra: “O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti” (Nm. 6:25). Quando estamos em plena comunhão com Deus, seu rosto resplandece sobre nós, e o efeito é semelhante ao que aconteceu com Moisés: o nosso rosto, ou melhor, o nosso entendimento brilha com a maravilha das palavras “da aliança”, as promessas de um Salvador.

Mas a história de Moisés continua, descrevendo como os filhos de Israel reagiram ao vê-lo. “Eis que resplandecia a pele do seu rosto; e temeram chegar-se a ele”. Por que esse medo? A santidade do Senhor se manifestou, uma santidade que o povo não quis conhecer e nem adotar. Por isso, quando Moisés falava com o povo, ficou constrangido e “ pôs um véu sobre seu rosto”. Esse véu, que não deixou o povo contemplar a glória do Senhor que se manifestava mediante a proclamação da sua palavra, deve ser visto como um castigo judicial, por causa da rebelião e incredulidade deles. O profeta Isaías recebeu esta ordem: “Vai a este povo e dize-lhe: De ouvido, ouvireis e não entendereis; vendo, vereis e não percebereis. Porquanto o coração deste povo se tornou endurecido; com os ouvidos ouviram tardiamente e fecharam os olhos, para que jamais vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, para que não entendam com o coração, e se convertam, e por mim sejam curados” (At. 28:26-27). O Ap. Paulo ofereceu esta interpretação inspirada: “Mas o sentindo deles se embotaram (se insensibilizaram). Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da Antiga Aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido. Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu é retirado” (2Co. 3:14-16). Agora, podemos perceber melhor a importância do V. 18 da nossa leitura.

1. O Entendimento Desvendado. “E todos nós, com o rosto (entendimento) desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor”. O véu foi retirado do nosso entendimento quando o Espírito Santo nos converteu a Jesus Cristo.

Conversão é uma meia volta: em vez de servirmos a nós mesmos, viramos, e passamos a servir o Deus verdadeiro. Conversão é arrepender-se dos pecados, abandonando-os para que possamos praticar o que Deus tem prescrito para nós nas Escrituras Sagradas. Conversão é deixar de ser incrédulo, é deixar de confiar em nossos próprios méritos, a fim de acreditar na providência de Deus para a nossa salvação. Jesus Cristo é essa providência. Temos que reconhecer a seriedade desse ponto, porque, como Cristo afirmou: “Se não credes que Eu Sou (o prometido Messias e Salvador) morrereis em vossos pecados” (Jo. 8:24).

O Apóstolo faz referência às limitações da nossa compreensão espiritual. Vemos “como espelho”, como se estivéssemos contemplando o nosso rosto refletido na água. Reconhecemos a realidade, porém, nem sempre com a devida clareza. Contudo, apesar dessa limitação, reconhecemos “a glória de Deus”, que é a pessoa de Jesus Cristo. Através da leitura das Escrituras, podemos aumentar a nossa compreensão das verdades espirituais. Por isso, o Ap. Pedro exorta: “Desejai, ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para a salvação, se é que já tendes a experiência de que o Senhor é bondoso” (I Pe. 2:2). Não há necessidade, no início, de entender as profundezas de todas as verdades espirituais; tendo Cristo em nossa vida, temos o suficiente para desfrutar da certeza da nossa aceitação diante de Deus. A partir dessa união com Cristo, passamos a crescer na graça e no conhecimento da verdade. “Por isso, quem crê no Filho (de Deus) tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho (não lhe dando o devido reconhecimento), não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (Jo. 3:36).

2. O Entendimento Transformado. “Somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem”. Somos transformados quando nos convertemos ao Senhor: “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Cl. 1:13). Devemos saber o que significa ser transformado: “Assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as cousas antigas já passaram, eis que se fizeram novas” (2 Co. 5:17). Deixamos as práticas pecaminosas a fim de adotar uma vida santa e irrepreensível.

Essa transformação “de glória em glória”, indica um progresso espiritual. O nosso primeiro encontro com Cristo, a sua misericórdia para conosco e o perdão de todos os nossos pecados, encheram o nosso coração de glória, ou seja, a honra de sermos chamados filhos de Deus. Mas essa não é a única glória que experimentamos. Dia após dia, independente de circunstâncias negativas, somos sustentados com a graça de Deus. O Ap. Paulo, sentindo o sofrimento causado por um “espinho na carne”, porém, sustentado pela graça de Deus, podia confessar: “De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo” (2. Co. 12:9). O Salmista confessava: “ Bem-aventurado o homem cuja força está no Senhor, em cujo o coração se encontram os caminhos aplanados, o qual passando pelo vale árido, faz dele um manancial, de bênçãos o cobre a primeira chuva. Vão indo de força em força, cada um deles aparece diante de Deus em Sião” (Sl. 84: 5-7).

Mas a glória maior é o fato de que estamos sendo transformados na própria imagem de Deus. No início, fomos criados à sua imagem, mas essa glória ficou desfigurada pelo pecado. Agora, em Cristo, ela está sendo restaurada. O Ap. Paulo descreveu essa imagem em termos de justiça, retidão e o pleno conhecimento, (Ef. 4:24; Cl. 3:10). Justiça, plena aceitação diante de Deus; retidão, plena harmonia com o nosso próximo, porque não mais lhe fazemos mal. Essas duas virtudes são realidades em nossa experiência, porque, agora, em Cristo, com o entendimento desvendado, o pleno conhecimento da vontade de Deus está operando eficazmente em nossa vida. Que sejamos visivelmente transformados, “cheios do fruto da justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus” (Fl. 1:11).

3. O Entendimento Iluminado. “Como pelo Senhor, o Espírito”. Observemos a colocação dessa frase. Temos a identidade do operador dessas bênçãos. Ele é o Espírito, a terceira pessoa da Santíssima Trindade; e temos a sua posição. Ele é o Senhor, aquele que tem a competência exclusiva para aplicar a vontade da Divindade ao homem pecador. Deus quer que os pecadores arrependidos saibam que seus pecados são perdoados e que “deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus” (Jo. 1:12). “ O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm. 8:16). Devemos valorizar o dom do Espírito Santo, pois é Ele que nos capacita a adorar a Deus em espírito e em verdade. Por isso, o apóstolo nos exorta: “Enchei-vos do Espírito (sendo completamente controlados por Ele), falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos, uns aos outros no temor de Cristo” (Ef. 5:18-21). E uma palavra final: “Não apagueis o Espírito”, a nossa bem-aventurança depende da sua livre atuação, (I Ts. 5:19).

A obra de desvendar e transformar o nosso entendimento é atribuída ao Espírito Santo. Portanto, é importante perguntar: Como é que o Espírito Santo realiza essa obra? A resposta é uma só: Ele realiza todos os seus propósitos na vida do homem pela aplicação eficaz das Escrituras Sagradas ao entendimento das pessoas. O Ap. Paulo registrou a sua oração em favor dos cristãos, observando que o lugar principal onde o Espírito Santo atua está “no homem interior” do nosso ser. Ele embasou sua oração “segundo a riqueza” da glória de Deus. E, nessa confiança, pediu que os cristãos fossem “fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior”; que Cristo habitasse em seu  “coração”; que, pela fé, estivessem “arraigados e alicerçados em amor”; que pudessem “compreender, com todos os santos”, as plenitudes do “amor de Cristo, que excede todo entendimento”; enfim, que fossem “tomados de toda a plenitude de Deus” (Ef. 3:16-19). Essa oração pode ser considerada como exemplo de orar “ no Espírito” (Ef. 6:18).


Conclusão: Em nosso estado natural, sem qualquer obra regeneradora da parte de Deus em nossa vida, temos um véu invisível que embota a nossa compreensão das Escrituras Sagradas. Mas essa insensibilidade é removida quando alguém se converte ao Senhor Jesus Cristo. Assim, com o nosso entendimento desvendado, podemos progredir na graça e no conhecimento da vontade do nosso Deus. “Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação no temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fl. 2:12-13).

sábado, 26 de outubro de 2013

O PRIMEIRO AMOR



Cristo disse: “Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e removerei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas” (Apocalipse 2:4-5).

Nos Evangelhos, vemos Cristo ensinando e lançando os alicerces para a sua Igreja. No livro do Apocalipse, vemos Cristo vigiando, governando e corrigindo a sua Igreja, já estabelecida. No primeiro capítulo desse livro, vemos Cristo em toda a sua majestade, andando no meio de suas Igrejas, tomando conhecimento de tudo o que acontece na vida de seu povo. As suas palavras: “Conheço as tuas obras” são repetidas sete vezes para que possamos sentir e tremer diante da totalidade e da inerrância desse conhecimento. Seus olhos, “como chama de fogo”, vêem, não apenas os atos externos dos homens, mas, também, os pensamentos escondidos de seu coração. As palavras que saem da sua boca são como “uma afiada espada de dois gumes”, cada uma revelando a sua autoridade soberana e imperturbável. Tudo o que Ele fala às igrejas é fundamentado sobre a sua onisciência global e de acordo com os princípios de uma justiça santíssima.

No entanto, devemos fazer uma pergunta oportuna: O que é que Cristo procura em nossa vida? Sem dúvida alguma, Ele quer saber se nós O amamos como convém. Quando Jesus interrogou o Ap. Pedro, a pergunta foi esta: “Simão, filho de João, amas-me mais do que estes outros”, mais do que todos os seus outros interesses? Eis o mandamento: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento” (Lc. 10:27). Aquele que ama de verdade não pode dividir o seu coração com outros interesses. O apelo é este: “Dá-me, filho meu, o teu coração”, a totalidade da sua vida (Pv. 23:26). Nesse contexto, podemos perceber o pesar que Cristo sentiu quando disse à Igreja em Éfeso: “Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.” A Igreja tinha um amor no princípio,  mas, agora, aquele interesse inicial  fora abandonado. O que aconteceu?

1. Houve uma Excitação. Todos nós (os que são nascidos de novo) estamos lembrando da excitação (empolgação) que sentimos quando recebemos Jesus Cristo como o nosso Senhor e Salvador. Ao reconhecer que Cristo me amou e a si mesmo se entregou por mim, o meu coração se abriu para Ele, confessando: “Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb. 10:9). E, a partir desse momento, Cristo derramou sobre a minha vida “toda sorte de benção espiritual” (Ef. 1:3). Ele me levantou para que eu pudesse viver “em novidade de vida” (Rm.  6:4).

Quais são algumas dessas bênçãos? Entre as muitas, mencionamos apenas quatro:

 Primeira: A culpa dos nossos pecados foi retirada da nossa consciência. Não apenas o perdão de todos os nossos pecados, mas, também, a culpa, aquele senso de incriminação que perturba a nossa tranquilidade espiritual. “Bem aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto” (Sl. 32:1).

Segunda: A nossa natureza original foi renovada e santificada. “Tais fostes alguns de vós (praticantes de torpeza); mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1 Co. 6:11).

Terceira: Fomos recebidos na família de Deus por adoção. “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus, e, de fato, somos filhos de Deus” (1 Jo. 3:1).

Quarta: Recebemos uma herança eterna. “Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória” (Cl. 3:20-21).

Qual foi o efeito dessas bênçãos sobre a nossa vida moral e espiritual? Fomos elevados para amar sinceramente o nosso Senhor Jesus Cristo. Ele mesmo disse: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo. 14:15). E o Ap. Paulo acrescentou: “O cumprimento da lei é o amor” (Rm. 13:10). Por causa de seu amor a Cristo, o Ap. Paulo desprezou toda a sua herança de valores carnais, considerando-os “como refugo, para conseguir Cristo e ser achado nele” (Fl. 3:7-9). Apesar das tentações para vacilar em nosso amor, o nosso dever e a fonte da nossa segurança espiritual são que continuemos fiéis a Cristo. Ele é o nosso primeiro amor.

2. Houve uma Exclusão. Por alguma razão, o amor a Cristo, como prioridade na vida da Igreja, foi excluído; outras preferências assumiram o seu lugar. O texto fala de uma queda, de algo específico que aconteceu: “Lembra-te, pois, de onde caíste”. Oferecemos algumas causas possíveis dessa queda:

a) O Perigo do pecado específico, ou seja, da prática de algo que apagou o amor a Cristo. O sexo ilícito em todas as suas formas, virtual, real e pornografia é um dos pecados principais que afasta o transgressor do seu amor a Cristo. É humano pecar, porém, em vez de reconhecer e abandonar o delito, a tendência é continuar no pecado em vez de seguir fielmente a Cristo.

b) O Perigo de doutrinas estranhas. Esse foi o problema que entrou na Igreja da Galácia. Em vez de confiar em Jesus Cristo e este crucificado para alcançar a vida eterna, as Igrejas estavam sendo assediadas para regressar e confiar nas obras da lei, a fim de alcançar a certeza da salvação. Elas não deram ouvidos à advertência, “que ninguém será justificado diante de Deus por obras da lei” (Rm. 3:20). Se alguém voltar às obras da lei, a fim de ajudar na aquisição da vida eterna, além de desprezar a suficiência total do sacrifício de Jesus Cristo, está se desligando dele, (Gl. 5:1-4).

c) O perigo do mundanismo. Apesar de ter recebido Cristo com amor, “os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra e fica infrutífera” (Mt. 13:22). Cristo tem que ocupar a totalidade da nossa vida; e, quando nós O amamos, nós O seguimos espontaneamente, sem considerar o preço.

d) O perigo de desânimo espiritual. Ninguém é feito de ferro. A iniquidade está se multiplicando e chegando cada vez mais perto de nós. Crimes horríveis são praticados e ficam impunes. E, dentro da própria Igreja de Deus, existem escândalos e práticas litúrgicas que ferem os princípios bíblicos, mas os responsáveis pela pureza da Igreja não querem corrigir os erros e tudo fica por isso mesmo. Qual é o efeito dessas mudanças sobre a vida espiritual? Sentimos tentados a desistir de tudo. Cristo predisse: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” (Mt.24:12-13). Por causa da iniquidade que impera por toda parte, devemos vigiar e discernir para que não caiamos no desânimo espiritual. Que Cristo nos sustente em todas as nossas perplexidades.

3. Houve uma Exortação. Quando percebemos que o nosso amor a Cristo está se esfriando, temos que tomar medidas urgentes a fim de voltarmos ao primeiro amor. Cristo nos ensina o que devemos fazer:

a) Temos que descobrir e nomear o pecado que está causando a frieza espiritual. Como? Praticando o seguinte auto-exame: Estou praticando uma coisa que fere a santa lei de Deus? Um caso sexual? A busca de fantasias virtuais na pornografia, ou nas revistas ou internet? Tenho uma rixa contra alguém? Estou deixando de confiar na unicidade e suficiência de Cristo para me salvar, ou estou tentando ajudá-lo com obras de merecimento? Estou me envolvendo excessivamente nos interesses deste mundo, a ponto de não ter tempo suficiente para demonstrar o meu amor a Cristo através de atos devocionais todos os dias? Em vez de estar olhando firmemente para Cristo, estou perdendo tempo olhando para os acontecimentos negativos deste mundo e deixando o desânimo tomar conta do meu ser?

b) Temos que confessar o pecado causador desse esfriamento e abandoná-lo. Somos exortados: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que, da presença do Senhor venham tempos de refrigério” (At. 3:19-20). Sem a confissão e o abandono do pecado, esses “tempos de refrigério” jamais serão experimentados. 

c) Temos que reativar o nosso amor a Cristo, voltando a praticar as primeiras obras que demonstraram o nosso zelo espiritual.

Quais são as consequências de não voltarmos à prática das primeiras obras no nosso amor? Cristo responde: “Venho a ti e removerei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas”. Essa advertência não é dada para por em dúvida a certeza da nossa salvação, antes, para mostrar o perigo da presunção, uma fé sem os frutos do nosso amor a Cristo. “Aquele que diz que permanece nele, esse deve andar assim como ele andou” (1. Jo. 2:6).

Conclusão: Devemos sempre manter diante dos nossos olhos a visão de Cristo andando no meio das Igrejas, tomando conhecimento de tudo o que se passa na vida de suas Igrejas. Que Ele possa sentir que o nosso primeiro amor a Ele continua com todas as evidências de uma devoção inabalável.


domingo, 20 de outubro de 2013

O CONTENTAMENTO CRISTÃO


Leitura Bíblica: Salmo 16:1-11

Introdução: Uma das características do Salmo número dezesseis é que o Salmista fala das suas circunstâncias usando sempre a primeira pessoa do singular. O “eu” e o “tu” indicam um relacionamento intensamente particular, enquanto que o “meu” nos aponta para aquele que está recebendo todas as ricas dádivas do Senhor. Portanto, todos os cristãos podem usar essas palavras como se fossem as suas próprias reflexões. Vamos meditar sobre essas ponderações, que são tão  pessoais. O Salmista olha para quatro áreas diferentes em sua vida:

1.  Ele olha para cima, Vs 1-2. Todos nós, que cremos em Jesus Cristo, temos acesso ao trono da graça. Por isso, somos convidados: “Acheguemo-nos, portanto, confiantemente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb. 4:16). A frase “guarda-me ó Deus” indica que o salmista estava prevendo uma dificuldade e se sentindo incapaz de enfrentá-la sozinho. Mas, como homem de fé, soube que podia lançar sobre Deus toda a sua ansiedade, sabendo que Deus tem cuidado dele, (1 Pe. 5:7). Por que a prática da oração? Porque o Senhor é o meu refúgio. Ele é a minha fortaleza, a minha proteção e o meu defensor. Somos felizes porque podemos pedir e receber o auxílio do Senhor. Por isso, somos “mais que vencedores” (Rm. 8:37).

Depois de falar sobre o privilégio da oração, o Salmista faz uma confissão ao Senhor: “Tu és o meu Senhor”, o Dono da minha vida. Portanto, confesso constantemente: “Eis que estou a fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb. 10:9). Mas, por que tenho essa disposição? Porque “outro bem (outro senhor) não possuo, senão a ti somente”. Na verdade, não existe nenhuma outra disposição que é aceitável diante de Deus: “ Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou há de se devotar a um e desprezar ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Mt. 6:24). Vamos continuar olhando para cima para desfrutar dos privilégios da oração e da direção do Senhor. Que a minha vontade “não seja como eu quero, e sim, como tu queres” (Mt. 26:39).

2. Ele olha ao redor, Vs. 3-4. Ele quis tomar conhecimento do que estava acontecendo ao seu redor. Primeiro, ele viu “os santos que há na terra”. Quem são esses “santos”? São as pessoas que crêem em Jesus Cristo como Senhor; e que são nascidas de novo pelo poder do Espírito Santo. E, por causa dessa união com Cristo, passam a desenvolver uma vida santa e irrepreensível diante de todos. Por isso, são “os notáveis” que vivem na terra. A sua vida piedosa os distingue de todos os demais. Somos exortados a receber, amar e honrar tais pessoas (Fl. 2:29) Devemos agir assim porque, neles, “tenho todo o meu prazer.” Veja como o Ap. Paulo se sentiu a respeito desses “santos”: “Pois a minha testemunha é Deus da saudade que tenho de todos vós, na tenra misericórdia de Cristo Jesus” (Fl. 1:8). Que possamos valorizar, mais e mais, os “santos que há na terra”.

No entanto, em segundo lugar, olhando ao seu redor, o Salmista notou a presença de pessoas “ que trocam o Senhor por outros deuses”; o deus do materialismo, ou, até o deus da sua própria imaginação. São pessoas que buscam um deus que possa satisfazer todos os seus egoísmos. Qual é o resultado de buscar bens de outros deuses? Dores, tais como repetidas decepções, tristezas e sofrimentos físicos e emocionais. “Para os perversos (os que buscam deuses mentirosos), diz o meu Deus, não há paz” (Is. 57:21).

Após essas observações, qual foi a reação do Salmista? Ele tomou uma decisão resoluta: “Não oferecerei as suas libações de sangue”. Não participarei em seus ritos de buscar bens materiais. A ordem bíblica é esta: “Retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em cousas impuras; e eu vos receberei e serei vosso Pai, e  vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso” (2 Co 6:17-18). Mas o Salmista resolveu ainda mais: “Os meus lábios não pronunciarão o seu nome”.  Por que essa determinação? A conversa sobre os costumes de certas religiões pode despertar uma curiosidade e a tentação para experimentar o proibido. Esse foi o grande mal de Israel. É de suma importância que tomemos decisões sérias sobre questões religiosas, a fim de manter a pureza da nossa fé em Jesus Cristo.

3. Ele olha para dentro, Vs. 5-8. Olhar para dentro da sua própria vida significa discernir quais são as suas atitudes acerca das circunstâncias em que vive. O Salmista comenta sobre quatro dessas circunstâncias:

Primeira: A herança que recebeu para a sua vida. “ O Senhor é a porção da minha herança e o meu cálice”. Ao entrar na terra de Canaã, cada tribo recebeu a sua herança, uma parcela de terras, bem definidas e cercadas. No mesmo sentido, quando entramos na vida cristã, cada um recebe a sua herança, bem definida e segura: o Deus vivo e verdadeiro, que é bem melhor do que qualquer pedaço de terra. “ O Senhor é a porção da minha herança”. O Salmista gostava de confessar: “Ainda que a minha carne e o meu coração desfalecem, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre” (Sl. 73:26). Por causa da natureza da sua herança, qual foi a declaração do Salmista? “Tu és o arrimo (esteio, apoio) da minha sorte”. Sim, “bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, cuja esperança está no Senhor, seu Deus” (Sl. 146:5),

Segunda: A preciosidade dessa herança. “Caem-me as divisas em lugares amenos (agradáveis)”. Os levitas não receberam uma parcela de terra, porque o Senhor foi a herança deles. E, semelhantemente, a nossa herança não é material, antes, é espiritual, o próprio Senhor. Por isso, o Salmista podia confessar: “ É mui linda a minha herança”. Tendo o Senhor como nosso esteio, temos tudo. Por isso, vivemos plenamente satisfeitos com a nossa porção, sem nenhuma necessidade para murmurar.

Terceira: Em relação a essa herança, o Senhor me ensina como devo andar: “Bendigo ao Senhor, que me aconselha, pois até durante a noite o meu coração me ensina”. Se o Senhor é a nossa herança, devemos ter um desejo ardente para conhecer a respeito dele. Mas como? Existe uma única maneira! Temos que tomar o tempo necessário para ler e meditar sobre a sua auto-revelação, que está registrada inerrantemente nas Escrituras Sagradas. “Meditarei no glorioso resplendor da tua majestade e nas tuas maravilhas” (Sl. 145:5). Sejamos como o Salmista: “Os meus olhos antecipam-se às vigílias noturnas, para que eu medite nas tuas palavras” (Sl. 119:148).

Quarta: Nessa herança, o Senhor está comigo: “O Senhor, tenho-o sempre à minha presença: estando ele à minha direita, não serei abalado”. Por que essa confiança? Porque, quando clamo a Ele: “Ele dos céus me envia o seu auxílio e me livra (...). Envia a sua misericórdia e a sua fidelidade” (Sl. 57:3). Quando olhamos dentro do nosso coração, será que podemos dizer que as nossas atitudes, disposições espirituais, são semelhantes às do Salmista nesses quatros versículos? Que a resposta seja: Sim !

4. Ele olha para o futuro, Vs. 9-11. Querendo ou não, todos nós teremos que encarar a realidade da nossa morte, o dia quando teremos que deixar esta vida na terra e entrar na vida na eternidade. Quais são as nossas esperanças para esse evento momentoso? O Salmista fala de três realidades que o consolam:

Primeira: A morte não é necessariamente uma experiência sombria. Antes, para aqueles que têm Jesus Cristo como Salvador, é uma experiência alegre, porque, para “partir e estar com Cristo é incomparavelmente melhor” (Fl. 1:23). Por isso, confessamos: “Alegra-se, pois, o meu coração, e o meu espírito exulta; até o meu corpo repousará seguro”. Os que estão unidos com Cristo em vida continuarão unidos com Ele na morte. O apóstolo declarou confiadamente: “Nem a morte (...) poderá separar-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm. 8:38-39)

Segunda: A esperança da ressurreição do nosso corpo no Dia da Segunda Vinda de Jesus Cristo. “Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção”. Essa foi a verdade que encorajou Jesus Cristo para enfrentar a morte e morte de cruz; essa deve ser, também, a fonte da nossa esperança na hora da morte. “E ressoada a trombeta de Deus, (Cristo) descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro” (1 Ts 4:16).

Terceira: A segurança que teremos na hora da morte: “Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente”. Na hora da morte veremos o caminho aberto que nos conduzirá à presença daquele que nos amou e a si mesmo se entregou por nós, Jesus Cristo. Ao entrarmos na presença do Senhor, que é “incomparavelmente melhor” do que qualquer experiência que poderemos ter na terra, teremos a “plenitude de alegria”, e, à “destra do Senhor, delícias perpetuamente”. O céu é um lugar infinitamente melhor que a terra. Aqui, tudo é vaidade, mas lá, tudo é perfeito, glorioso e permanente. Aqueles que têm essa percepção na hora da morte terão uma transferência tranquila.


Se a nossa vida mortal estiver cheia de Deus, podemos ter certeza quanto à nossa imortalidade. “E, assim, estaremos para sempre com o Senhor” (I Ts. 4:17).

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O DIA MAU NA VIDA DO HOMEM

 
“Tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau” (Ef. 6:13).

              O que significa esse “dia mau”?  Alguns dizem que é a vida inteira do cristão. Jacó, já à beira da morte, lamentou: “Poucos e maus foram os dias dos anos da minha vida” (Gn. 47:9). Cristo advertiu os discípulos: “No mundo passais por aflições” ( Jo. 16:33). Mas este sofrimento generalizado é a porção de qualquer pessoa, afinal, todos nós somos herdeiros das conseqüências do pecado.

            Contudo, no texto citado, o Apóstolo Paulo está indicando algo bem mais específico. É um dia que se distingue de todos os demais. Ele traz uma novidade, algo que os outros dias não apresentam, males como: desastres naturais (uma enchente destruindo a propriedade); desastres materiais (a casa sendo assaltada); desastres físicos (uma doença terminal); desastre final (a chegada do último inimigo, a morte vem para ceifar mais uma vida). Seja qual for a natureza específica desse momento, ele poderá ser suavizado com o devido preparo: “Tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir (permanecer inabaláveis) no dia mau”(Ef. 6:13).  Deus já providenciou os recursos necessários para que sejamos mais que vencedores no “dia mau”.

            Vamos observar algumas características da visitação desse “dia especial”.

           
1. O “dia mau” é Inescrupuloso.
            O “dia mau” não tem pena da sua vítima. Seja qual for a natureza desse mal, ele vem para desorientar e machucar, não leva em conta os sentimentos de ninguém. 

            O dia, em si, não é pecado, ou seja, a pessoa que recebe esta visitação não se torna culpada de pecado. O pecado é sempre a transgressão da lei de Deus (1Jo.3:4). O dia mau é algo que vem sobre nós involuntariamente e sem a nossa participação. 

            Também devemos lembrar que esse dia mau, normalmente, não vem por causa de um pecado específico que estamos abrigando em nossa vida. Entendemos que, para o cristão, o dia mau vem com a soberana permissão de Deus, e é por isso que Ele está presente conosco nestas aflições: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo” (Sl. 23:4). 

            Muitas vezes, esse “dia mau” é permitido para provocar uma manifestação da sinceridade da nossa fé. Nós vamos permanecer fiéis no meio da tribulação e glorificaremos a Deus, ou negaremos a fé a fim de nos livrarmos da aflição? Lembremo-nos de Jó.

            Esse dia mau é permitido para nos fazer lembrar que este mundo é assim mesmo e, portanto, impróprio para a construção de esperanças permanentes. Abraão, sentindo a sua vulnerabilidade, “aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador” (Hb.11:10). De forma semelhante, sentindo a nossa insegurança, devemos buscar refúgio sob as assas do Deus poderoso, o Deus que envia o seu auxílio (Rt. 2:12; Sl.57:3).

2. O “dia mau” é Inevitável.

            Uma outra característica a ser abordada é que o “dia mau” é inevitável, isto é, há de chegar, independente do nosso estado espiritual. Em Eclesiastes capítulo 8, versículo 8, está escrito: “Não há nenhum homem que tenha domínio sobre o vento para o reter; nem tão pouco tem ele poder sobre o dia da morte; nem há tréguas nesta peleja”. A morte é um temido exemplo de “dia mau”. Com o nosso nascimento, ela já foi anunciada: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, depois disto, o juízo” (Hb.9:27). Devemos ter consciência da imutabilidade das determinações de Deus, porque Ele mesmo já se pronunciou: “Eu o disse, eu também o cumprirei; tomei este propósito, também o executarei” (Is. 46:11). Quando a ordem da morte é emitida, não há como resistir, temos de ir.

3. O “dia mau” é Inescusável.
            O “dia mau” é também inescusável, isto é, não há desculpas para justificar a nossa falta de preparo. Já fomos advertidos: haverá dias maus para cada pessoa, “Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau” (Ef. 6:13). Podemos meditar sobre esta necessidade em termos de dever e prudência:   

            O nosso próprio dever.  A Bíblia ensina: “A sabedoria do prudente é entender o seu próprio caminho” (Pv. 14:8).  Sabemos que dias maus nos aguardam, portanto, devemos estar preparados. A boa providência de Deus nos oferece inúmeras oportunidades para ficarmos prevenidos contra estas visitações negativas, e oportunidades são dadas a fim de serem aproveitadas. O Apóstolo Paulo exclamou: “Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?” (Hb. 2:3).

            À luz da prudência. Eis a voz das Escrituras: “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim, como sábios, redimindo o tempo, porque os dias são maus” (Ef.5:15-16). Este preparo para o “dia mau” é uma questão de prioridade. Devemos sentir uma urgência na exortação do Apóstolo Paulo: “Eis agora o tempo sobremodo oportuno, eis agora o dia da salvação” (2Co. 6:2). É muito difícil e até impossível se vestir em pleno dia mau; achando-se nu, permanecerá nu e desabrigado. Não sabemos a hora da chegada desta aflição, porém, sabemos que ela há de chegar. Portanto, devemos ser prudentes e nos preparar para aquele dia. O choro de remorso por causa de oportunidades desperdiçadas não traz nenhum auxílio e nem consolo: “Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau” (Ef.6:13).

            A própria experiência pessoal deve nos ensinar que estamos expostos a todo tipo de mal.  Contudo, apesar das duras evidências da realidade desse dia temível, percebemos que poucos se preparam. Evidentemente, é mais cômodo adiar qualquer decisão, ou esconder-se atrás de formas de mentiras, tais como: este dia não existe, é só para nos amedrontar; talvez este dia possa chegar, mas é reservado somente para os idosos, eu ainda sou muito jovem, não vou me preocupar com estes assunto por enquanto; este dia mau é o castigo de Deus para pecadores, mas eu sou crente, protegido contra tais adversidades, por isso não preciso me  incomodar com tais coisas negativas.

            O que devemos fazer para estarmos devidamente preparados? É necessário desembaraçar-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, e firmarmos todas as nossas esperanças em Jesus Cristo, porque Ele é a armadura de Deus (Hb.12:1-2). O dia mau vem como ladrão de noite: “Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição, como vêm a dor de parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão” (1Ts.5:2-3). “Mas revesti-vos do Senhor Jesus, e nada disponhais para a carne, no tocante às suas concupiscências” (Rm.13:14). 

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Como tomar posse da salvação




Leitura Bíblica: Atos 2:37-41

Introdução: É necessário que entendamos algo sobre o contexto destes versículos, e, para isto, faremos algumas perguntas:

a) Quais são as pessoas que ouviram esta mensagem? São os judeus e os prosélitos que vieram a Jerusalém a fim de assistir a Festa de Pentecostes. Entendemos que, basicamente, elas foram as mesmas pessoas que freqüentaram a Festa da Páscoa, portanto, são as mesmas que presenciaram e ajudaram na crucificação e morte de Jesus Cristo, por isso, o Apóstolo podia fazer esta acusação: “Vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos.”

b) Qual foi o assunto principal desta mensagem que elas ouviram? Foi uma exposição das profecias messiânicas do Antigo Testamento. O apóstolo demonstrou que o conhecido “ Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais ... sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o mataste, crucificando-o por mãos de iníquos.” Mas este não foi o fim da história. O Apóstolo acrescenta jubilosamente, “ao qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte; porquanto não era possível fosse Ele retido por ela.” O próprio Jesus, já ressuscitado, fez os discípulos se lembrarem do seu ensino: “Importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lc. 24:44).

c) E qual foi o apelo que o Apóstolo fez? “Esteja absolutamente certo, pois, toda a casa de Israel de que este Jesus que vós crucificaste, Deus o fez Senhor e Cristo.” Não pode haver dúvidas quanto à Pessoa, Obra e Designação de Jesus Cristo.

d) Qual foi o efeito desta mensagem sobre a consciência destes ouvintes? Cada pessoa sentiu, pessoalmente, a sua culpa pela crucificação e morte de Jesus Cristo, o imaculado Filho de Deus. E, com corações compungidos pela culpa e pelo terror do Juízo Vindouro, perguntaram: “O que faremos, irmãos?”  A nossa mensagem é a exposição da resposta que o Apóstolo lhes deu. São os quatro passos básicos que devem ser tomados, a fim de se tomar posse da salvação. “Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar. Com muitas outras palavras deu testemunho e exortava-os, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa.”   

1. A Norma do Arrependimento. “Arrependei-vos.” A melhor definição do arrependimento se encontra no Breve Catecismo da nossa Igreja: “Arrependimento para a vida é uma graça salvadora, pelo qual o pecador, tendo um verdadeiro sentimento de seu pecado e percepção da misericórdia de Deus em Cristo, se enche de tristeza e de horror pelos seus pecados, abandonando-os e volta-se para Deus, inteiramente resolvido e presta-lhe nova obediência” (Resp. 87). Uma das atividades principais do Espírito Santo é convencer o pecador da sua culpabilidade; ele tem transgredido a Santa Lei de Deus. Assim, mediante o poder do Espírito Santo, o pecador clamará ao Senhor: “pois eu conheço minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos” (Sl. 51:3-4). Quando alguém reconhece a sua culpabilidade, ele sentirá a necessidade de confessá-la. É uma determinação e uma parte inseparável do arrependimento. “ Disse, confessarei ao Senhor as minhas transgressões” (Sl. 32:5). Está implícito no ato da confissão o abandono do pecado, porque ele tornou-se nocivo e repugnante, e a volta para Deus, inteiramente resolvido e prestar-lhe nova obediência. A nossa oração é: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro em mim um espírito inabalável” (Sl. 51:10).

2. A Norma do Batismo. “E cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo.” Não é do nosso interesse discutir o modo de administrar o batismo neste momento; antes, queremos saber a razão desse conselho. Desde o Antigo Testamento, Batismo, ou, “diversas ablusões’ (Hb. 9:10), foram ritos de “purificação” (Jo. 3:25). Antes de começar qualquer serviço espiritual, o candidato teve que ser “lavado” (Ex 40:31-32). Portanto, o Apóstolo está exortando o povo acerca da necessidade de ser “purificado” antes de poder servir a Deus aceitavelmente; seus pecados têm que ser perdoados. Esta purificação é recebida somente através de uma identificação, uma união vital com Jesus Cristo. Os salvos no céu estão lá porque “lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro” Jesus Cristo, (Ap. 7:14). Devemos sentir a força das palavras do Apóstolo. Ele está acentuando a unicidade de Jesus Cristo, aquele que foi crucificado por mãos de iníquos, como o único que pode conceder aos pecadores a necessária purificação. “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At. 4:12). Não devemos nos preocupar indevidamente com ritos externos, antes, devemos fundamentar a nossa esperança espiritual em Jesus Cristo, o Autor e Consumador da nossa salvação, (1 Co. 10:12).

3. A Norma do Perdão. “Para remissão dos vossos pecados.” Antes de ser perdoado, o Salmista confessou: “Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a mão do Senhor pesava dia e noite sobre mim (esta foi a obra do Espírito Santo convencendo-o de seu pecado) e o meu vigor se tornou em sequidão de estio.” Ele sentiu alívio somente depois de confessar o seu pecado e quando soube que o Senhor o tinha perdoado, (Sl. 32:3-5). Os ouvintes da mensagem do Ap. Pedro sentiram o mesmo desespero, pois seus corações ficaram compungidos pelo peso da sua culpa, sabendo que eles mesmo foram responsáveis pela crucificação e morte de Jesus Cristo. A pergunta do Salmista  é também a nossa: “Se observares, Senhor, iniqüidades, quem, Senhor subsistirá?” (Sl. 130,3). A conclusão do Profeta foi: “A alma que pecar, essa morrerá” (Ez. 18:4). Diante da lei de Deus, o pecador está perdido. Contudo, no recôndito da consciência  de cada pessoa, existe a esperança de receber misericórdia  da parte do Senhor, por isso o Salmista podia exclamar confiadamente: “Contigo, porém, está o perdão, para que te temam ... pois , no Senhor, há misericórdia; nele, copiosa redenção” (Sl. 130:4,7). Esta foi a esperança que levou os ouvintes do Apóstolo a perguntar: “Que faremos, irmãos?” Queremos que vocês tragam ao nosso coração o que nos pode dar esperança, (Lm. 3:21). E eles não ficaram decepcionados, porque o Senhor estava conduzindo-os à salvação. O Apóstolo lhes deu esta direção: Crê no Senhor Jesus Cristo, e receberá o perdão de todos os seus pecados , pois para este fim, Ele submeteu-se à morte, tomando para si o castigo de seu povo, (Is.53:5). Em Cristo, as nossas transgressões são afastadas de nós; são apagadas e lançadas na pronfundeza de esquecimento divino, (Sl. 103:12, Is. 43:12). Sim, feliz aquele cuja iniqüidade é perdoada, (Rm. 4:7).     

4. A Norma do Espírito Santo. “E recebereis o dom do Espírito Santo.” “Tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; o qual é o penhor da herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória” (Ef. 1:13-14). Todos aqueles que crêem salvadoramente em Jesus Cristo, recebem o dom do Espírito Santo como o selo e a garantia de que são recebidos por Deus; de que seus pecados são perdoados; e de que têm a salvação. O Espírito Santo é o penhor, ou, podemos dizer, Ele é a primícia de todas as bênçãos celestiais. “Nisto conhecemos que permanecemos nele (em Deus), e Ele em nós: em que nos deu do seu Espírito Santo” (1 Jo. 4:13). Por causa deste dom, podemos confessar: “O Próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm. 8:16).

O dom do Espírito Santo, que habita na vida daqueles que crêem em Jesus Cristo , tem diversas finalidades. No momento, temos que nos limitar a um aspecto só, a saber, a nossa santificação, “sem a qual ninguém verá o Senhor”( Hb. 12:14). Fomos escolhidos, em Cristo, “antes da fundação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis perante ele” (Ef. 1:4). O padrão que Deus estabeleceu para todas as pessoas do mundo inteiro é este: “Sede santos, porque eu sou santo” (1 Pe. 1:16). A humanidade não pode ser diferente do seu Criador. O Espírito Santo foi concedido a fim de nos dar o poder para andar segundo os juízos de Deus e os observar, (Ez. 36:27). Pelo Espírito, mortificamos os efeitos negativos do corpo, (Rm. 8:13), e, pelo mesmo Espírito, reproduzimos o seu fruto em nosso procedimento diário, a saber: “Amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio”, (Gl. 5:22-23). A nossa santificação é sempre atribuída à obra do Espírito Santo, (2 Ts. 2:13). Portanto, se vivemos no Espírito, se Ele realmente habita em nossa vida, andemos também no Espírito, (Gl. 5:25).

Conclusão: Se nós precisamos chegar a um determinado lugar, ou  alcançar um objetivo específico, temos que seguir o caminho certo, sem qualquer desvio. Se desprezamos as normas, jamais chegaremos ao destino. O mesmo princípio é verdadeiro na busca da salvação. Começamos reconhecendo a nossa culpabilidade diante da Santa Lei de Deus; temos que nos arrepender do nosso pecado, confessando-o e o abandonando. Temos que crer em Jesus Cristo como o nosso único Salvador, entregando nossa vida aos cuidados dele, a fim de recebermos o perdão dos nossos pecados. Veja como a Confissão de Fé descreve este princípio: “Os principais atos de fé salvadora são: aceitar e receber a Cristo e descansar só nele para a justificação, santificação e vida eterna, isto em virtude do pacto da Graça” (Cap. 14:2) Com estes passos tomados, receberemos o dom do Espírito Santo como a garantia da nossa salvação e o Santificador da nossa vida. Sim, tomemos posse da vida eterna pela fé em Jesus Cristo.

Rev. Ivan G. G. Ross
Itajubá, 12 de Maio de 2012