Vasos de Honra

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

A LEI DE DEUS



A lei, em toda a sua abrangência, é a revelação da justiça e da santidade de Deus. “ Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom” (Rm. 7:12). Essa lei foi dada para que o homem pudesse ser semelhante a seu Criador. “Como filhos da obediência, não vos moldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pe.1:14-16). E, por ser a revelação de Deus, o Salmista podia confessar: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia!” (Sl. 119:97).

Mas, apesar da relativa simplicidade dessa revelação, sempre existiram “contendas e debates sobre a lei”, lutas para impor uma interpretação que servia os próprios interesses (Tt. 3:9). A lei não foi dada para ser discutida, foi dada para ser observada. “Se ouvires a voz do Senhor, teu Deus, virão sobre ti e te alcançarão todas estas bênçãos. (...) Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz do Senhor, teu Deus, não cuidando em cumprir todos os seus mandamentos e os seus estatutos que, hoje, te ordeno, então, virão todas estas maldições sobre ti e te alcançarão” (Dt. 28:1-68). Nesse contexto, Moisés disse: “Vê que proponho, hoje, a vida e o bem, a morte e o mal” (Dt. 30:15). A lei, portanto, foi dada para direcionar o povo no caminho em que devia andar, a fim de agradar a Deus e desfrutar de uma verdadeira comunhão espiritual com Ele.

Para entender melhor a lei e o seu propósito, é importante saber que ela atuava em três áreas diferentes: constitucional, cerimonial e moral. A parte constitucional, as leis que regiam o estado de Israel, já perdeu a sua validade, porque Israel, como país teocrático que existia no Antigo Testamento, não mais existe. A parte cerimonial, as leis que se referiam aos sacrifícios de animais e aos ritos de purificação que preparavam o povo para os atos de culto, também já perdeu o seu lugar na vida do homem, porque, quando Cristo veio, Ele cumpriu tudo o que essas cerimônias indicavam. “Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê” (Rm. 10:4). E, a parte moral, os Dez Mandamentos e a exposição dos mesmos, continua em pleno vigor, porque ela determina como o homem deve se comportar diante de Deus e diante do seu próximo. Com respeito à lei moral, Cristo declarou: “Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas; não vim para revogar, vim para cumprir”. E, em seguida, Ele mostra como se cumpre a lei moral, (Mt. 5:17-42). “O cumprimento da lei é o amor” (Rm. 13:10). Isto é: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lc. 10:27). Portanto, a nossa santidade se revela mediante a observância da lei moral, que é o nosso padrão modelar. Quando o Espírito Santo convence o pecador da sua culpabilidade, Ele aplica a lei moral à sua consciência. O Ap. Paulo descobriu a sua própria pecaminosidade porque a lei disse: “Não cobiçarás.” (Rm. 7:7). É “pela lei que vem o pleno conhecimento do pecado”. Falando negativamente, a lei não tem nenhuma provisão perdoadora para oferecer aos transgressores. A sua função é condenar o pecador. “A alma que pecar, essa morrerá”, pois, “o salário do pecado é a morte” (Ez. 18:4; Rm. 6:23). Mas, positivamente, “A lei nos serviu de aio (instrutor) para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé” (Gl. 3:24).

Quando o Novo Testamento diz que alguém está “debaixo da lei”, geralmente se refere à pessoa que ainda acredita na necessidade de obedecer aos preceitos cerimoniais, tais como “comida e bebida, ou dias de festas, ou lua nova, ou sábados” (Cl. 2:16). E, por estar “debaixo da lei”, não é possível estar “debaixo da graça” (Rm. 6:14). Quando alguém se converte, ele abandona o jugo da lei cerimonial, a fim de viver sob a “graça de Deus” (Tt. 2:11-14). A salvação não pode ser alcançada mediante a prática das obras da lei, porque ela é o dom gratuito da graça de Deus. “Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei (a observância dos ritos da lei cerimonial) e  sim mediante a fé em Jesus Cristo, também temos crido em Cristo Jesus para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois por obras da lei, ninguém será justificado” (Gl. 2:16).

Qual é o pecado principal que a pessoa comete quando confia nas obras da lei cerimonial para ser salvo? Está desprezando a suficiência da morte substitutiva de Jesus Cristo. Não é uma negação frontal da morte de Cristo, contudo, está implícito o desprezo da sua perfeição, porque ela acredita que tem que complementar o sacrifício de Cristo com as obras da lei, a fim de ser salvo. Os judaizantes do Novo Testamento asseveravam: “Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés não podeis ser salvos” (At. 15:1). E, em nossos dias: Se não for batizado por imersão, não pode ser salvo; ou, se não observar o sábado, não pode ser salvo. Mas, seja qual for o acréscimo, a pessoa está negando a suficiência do sacrifício de Cristo, aquele que é poderoso para salvar totalmente todo o que nele crê (Hb.7:25).  O Ap. Paulo declarou a consequência fatal desses acréscimos: “ De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça desligastes” (Gl. 5:4). E, desligado de Cristo, não há possibilidade de ser salvo. Outro pecado praticado pelos adeptos às obras da lei é a falta de amor. Em seu zelo de proselitismo, negligenciam a lei régia: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Tg.2:8). “Ora, o seu mandamento é este: que creiamos em o nome de seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que ele nos ordenou” (1 Jo. 3:23).

Por causa da multiplicação de seitas em nossos dias, devemos dar ouvidos à palavra apostólica: “Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina (a suficiência do sacrifício de Cristo para nos salvar) não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas. Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras más” (2Jo. 10:11).

Rev. Ivan G. G. Ross

03/12/2013

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