A lei, em toda a sua abrangência, é a
revelação da justiça e da santidade de Deus. “ Por conseguinte, a lei é santa;
e o mandamento, santo, e justo, e bom” (Rm. 7:12). Essa lei foi dada para que o
homem pudesse ser semelhante a seu Criador. “Como filhos da obediência, não vos
moldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo
contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós
mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque
eu sou santo” (1Pe.1:14-16). E, por ser a revelação de Deus, o Salmista podia
confessar: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia!” (Sl.
119:97).
Mas, apesar da relativa simplicidade
dessa revelação, sempre existiram “contendas e debates sobre a lei”, lutas para
impor uma interpretação que servia os próprios interesses (Tt. 3:9). A lei não
foi dada para ser discutida, foi dada para ser observada. “Se ouvires a voz do
Senhor, teu Deus, virão sobre ti e te alcançarão todas estas bênçãos. (...)
Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz do Senhor, teu Deus, não cuidando
em cumprir todos os seus mandamentos e os seus estatutos que, hoje, te ordeno,
então, virão todas estas maldições sobre ti e te alcançarão” (Dt. 28:1-68).
Nesse contexto, Moisés disse: “Vê que proponho, hoje, a vida e o bem, a morte e
o mal” (Dt. 30:15). A lei, portanto, foi dada para direcionar o povo no caminho
em que devia andar, a fim de agradar a Deus e desfrutar de uma verdadeira
comunhão espiritual com Ele.
Para entender melhor a lei e o seu
propósito, é importante saber que ela atuava em três áreas diferentes:
constitucional, cerimonial e moral. A parte constitucional, as leis que regiam
o estado de Israel, já perdeu a sua validade, porque Israel, como país teocrático
que existia no Antigo Testamento, não mais existe. A parte cerimonial, as leis
que se referiam aos sacrifícios de animais e aos ritos de purificação que
preparavam o povo para os atos de culto, também já perdeu o seu lugar na vida
do homem, porque, quando Cristo veio, Ele cumpriu tudo o que essas cerimônias
indicavam. “Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê”
(Rm. 10:4). E, a parte moral, os Dez Mandamentos e a exposição dos mesmos,
continua em pleno vigor, porque ela determina como o homem deve se comportar
diante de Deus e diante do seu próximo. Com respeito à lei moral, Cristo
declarou: “Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas; não vim para
revogar, vim para cumprir”. E, em seguida, Ele mostra como se cumpre a lei moral,
(Mt. 5:17-42). “O cumprimento da lei é o amor” (Rm. 13:10). Isto é: “Amarás o
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas
forças e de todo o teu entendimento; e: amarás o teu próximo como a ti mesmo”
(Lc. 10:27). Portanto, a nossa santidade se revela mediante a observância da
lei moral, que é o nosso padrão modelar. Quando o Espírito Santo convence o
pecador da sua culpabilidade, Ele aplica a lei moral à sua consciência. O Ap.
Paulo descobriu a sua própria pecaminosidade porque a lei disse: “Não
cobiçarás.” (Rm. 7:7). É “pela lei que vem o pleno conhecimento do pecado”.
Falando negativamente, a lei não tem nenhuma provisão perdoadora para oferecer
aos transgressores. A sua função é condenar o pecador. “A alma que pecar, essa
morrerá”, pois, “o salário do pecado é a morte” (Ez. 18:4; Rm. 6:23). Mas,
positivamente, “A lei nos serviu de aio (instrutor) para nos conduzir a Cristo,
a fim de que fôssemos justificados por fé” (Gl. 3:24).
Quando o Novo Testamento diz que
alguém está “debaixo da lei”, geralmente se refere à pessoa que ainda acredita
na necessidade de obedecer aos preceitos cerimoniais, tais como “comida e
bebida, ou dias de festas, ou lua nova, ou sábados” (Cl. 2:16). E, por estar
“debaixo da lei”, não é possível estar “debaixo da graça” (Rm. 6:14). Quando
alguém se converte, ele abandona o jugo da lei cerimonial, a fim de viver sob a
“graça de Deus” (Tt. 2:11-14). A salvação não pode ser alcançada mediante a
prática das obras da lei, porque ela é o dom gratuito da graça de Deus.
“Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei (a
observância dos ritos da lei cerimonial) e
sim mediante a fé em Jesus Cristo, também temos crido em Cristo Jesus
para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois
por obras da lei, ninguém será justificado” (Gl. 2:16).
Qual é o pecado principal que a
pessoa comete quando confia nas obras da lei cerimonial para ser salvo? Está
desprezando a suficiência da morte substitutiva de Jesus Cristo. Não é uma
negação frontal da morte de Cristo, contudo, está implícito o desprezo da sua
perfeição, porque ela acredita que tem que complementar o sacrifício de Cristo
com as obras da lei, a fim de ser salvo. Os judaizantes do Novo Testamento
asseveravam: “Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés não podeis
ser salvos” (At. 15:1). E, em nossos dias: Se não for batizado por imersão, não
pode ser salvo; ou, se não observar o sábado, não pode ser salvo. Mas, seja
qual for o acréscimo, a pessoa está negando a suficiência do sacrifício de
Cristo, aquele que é poderoso para salvar totalmente todo o que nele crê
(Hb.7:25). O Ap. Paulo declarou a
consequência fatal desses acréscimos: “ De Cristo vos desligastes, vós que
procurais justificar-vos na lei; da graça desligastes” (Gl. 5:4). E, desligado
de Cristo, não há possibilidade de ser salvo. Outro pecado praticado pelos
adeptos às obras da lei é a falta de amor. Em seu zelo de proselitismo,
negligenciam a lei régia: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Tg.2:8).
“Ora, o seu mandamento é este: que creiamos em o nome de seu Filho, Jesus
Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que ele nos ordenou”
(1 Jo. 3:23).
Por causa da multiplicação de seitas
em nossos dias, devemos dar ouvidos à palavra apostólica: “Se alguém vem ter
convosco e não traz esta doutrina (a suficiência do sacrifício de Cristo para
nos salvar) não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas. Porquanto aquele
que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras más” (2Jo. 10:11).
Rev. Ivan G.
G. Ross
03/12/2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário