Vasos de Honra

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

OS PACIFICADORES


“Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5:9).


Temos observado que a humildade, o arrependimento, a mansidão e a fome espiritual, das primeiras quatro bem-aventuranças, são características inatas de todos aqueles que são regenerados pelo Espírito Santo. Nas três bem-aventuranças que se seguem, vemos o procedimento visível dos regenerados. Eles praticam a misericórdia, mantêm seu coração limpo, e, portanto, o seu andar diário é limpo, santo e irrepreensível. Agora, queremos descobrir como vivem os pacificadores.

1. O Encorajamento da Bem-aventurança. Uma alegria indizível invade o coração quando percebemos que Deus está abençoando o nosso processo espiritual. Notemos que essa benção é sempre o resultado prático de uma disposição espiritual da nossa parte. Os pacificadores também recebem a sua recompensa. Em Jesus Cristo temos, não apenas paz com Deus, mas, também, paz com o nosso próximo. Somos pacificadores que perseveram na prática do bem.

2. A Manifestação da Bem-aventurança. Os pacificadores são dotados com uma sabedoria que vem lá do alto. Veja como ela se manifesta: “ A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento. Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz” (Tg. 3:17-18). Essa sabedoria é pura diante de Deus e pacífica para com os homens. O pacificador tem a índole calma. Ele ama e promove a paz. Somos exortados a buscar a paz e a empenharmo-nos por alcançá-la, (1 Pe. 3:11b). O pacificador, com o apoio dos demais irmãos na fé, “ segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor”. (2Tm.2:22).

3. O Cumprimento da Bem-aventurança. “Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho (para praticar os princípios definidos nas bem-aventuranças) e do amor que evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos” (Hb. 6:10). O pacificador  ministra a paz a todos ao seu redor. Essas virtudes existindo em nós são as evidências da nossa filiação com Deus; e, aquele a quem essas cousas não são presentes, ainda está na escuridão, (2Pe. 1:8-9). Mas, a bem-aventurança maior é sermos chamados “Filhos de Deus”. O Ap. João, sentindo-se maravilhado com essa designação, exclamou: “ Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus” (1.Jo. 3:1).

Essas sete virtudes pertencem exclusivamente aos que são regenerados pelo Espírito Santo, e as bem-aventuranças que as acompanham são as manifestações de que Deus tem começado uma obra salvífica em nós, e que, de fato, somos filhos de Deus. Tudo começa quando cremos, biblicamente, em Jesus Cristo. “Oh! Provai e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia” (Sl. 34:8).


Rev. Ivan G. G. Ross

A VINDA DO SOBRENATURAL



Leitura: Bíblica: Mateus 1:18:21

Introdução: Podemos descrever o Natal como uma intervenção sobrenatural da parte de Deus. Em todas as áreas diferentes do nascimento de Jesus Cristo, foi Deus quem agiu soberana e sobrenaturalmente. Esses atributos divinos são facilmente percebidos através da maneira pela qual Deus toma a vida de seus escolhidos, dando-lhes uma palavra de ordem que estes acolhem com uma obediência espontânea. Assim, a vontade de Deus se realiza.

Maria foi passiva nas mãos do Senhor, confessando: “Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra” (Lc. 1:38). José, de forma semelhante, e sem qualquer questionamento, obedeceu e “fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu a sua mulher” (Mt. 1:24). Jesus, também, aceitou o desafio para ser o fiador de seu povo. Quando Deus falou sobre a futilidade do sacrifício de animais, que não podiam expiar (remover) os pecados de homens, Cristo interveio e respondeu: “Sacrifício e oferta não quiseste; antes, um corpo me formaste; não te deleitaste com holocausto e ofertas pelo pecado. Então eu (Jesus Cristo) disse: Eis aqui estou (no livro está escrito a meu respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb. 10:3-7). E, sabemos qual foi essa vontade. Cristo se apresentou para dar sua vida em resgate de muitos, (Mc. 10:45). Na história da Igreja, quantos servos de Deus, homens e mulheres, sentiram-se impelidos pela necessidade de cumprir a sua vocação, confessando: “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho” (1Co. 9:16).
Vamos sentir o poder persuasivo da vocação na vida de Maria, José e Jesus.

1. A Vocação de Maria. Quando Deus chama alguém para realizar uma obra especial, Ele geralmente dá início à sua comunicação com palavras de encorajamento; assim, Ele cria um clima de confiança e tranquilidade. Notemos como Maria se sentiu quando ouviu a saudação do anjo: “Alegra-te, muito favorecida!”.Vinda dos lábios de um anjo, essa mensagem certamente tinha um sentido especial, pois, ao ouvi-la, “Maria perturbou-se muito e pôs-se a pensar no que significaria esta saudação”. (Lc. 1-28-29). Em Israel, seguramente, havia outras virgens semelhantes a Maria; porém, entre as possíveis, Maria foi a “favorecida”, a escolhida para introduzir o “Filho do Altíssimo” ao mundo. As escolhas de Deus não são baseadas em méritos pessoais, antes, a seleção é devida à sua livre soberania. A próxima frase é carregada de confirmação e de promessa: “O Senhor é contigo”. O Senhor acompanhou a formação dessa virgem com a sua presença orientadora. E, quando chegou a hora para que ela assumisse a responsabilidade para a qual foi preparada, essa presença continuaria com ela, sustentando-a em todas as suas necessidades posteriores. A realidade dessa esperança está implícita na saudação que recebeu.

Notemos o cuidado do anjo para fortalecer a coragem da jovem: “Maria, não temas”. E, o motivo para não temer: “Porque achaste graça diante de Deus.” A tarefa que Deus nos dá é, muitas vezes, apenas parcialmente revelada, não nos é dado enxergar todos os detalhes da missão, porém, a ordem é esta: “Não temas!” O Deus que chama é o Deus que promete suprir cada uma das nossas necessidades. Qual foi a incumbência que Maria recebeu? “Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus” (Lc. 1:31). A resposta de Maria diante desse desafio foi a única possível; porque ela foi preparada soberanamente para esse fim: “Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra” (Lc. 1:38).
Em todas as vocações que Deus nos confere, há sempre uma mistura de consequências. Sim, seremos sumamente abençoados, porque Deus é galardoador dos seus servos fiéis, (Hb. 11:6). Mas, também, existem espadas que traspassarão a alma do seu servo perseverante (Lc. 2:35). Veja algumas dessas espadas cortantes: (1) José e Maria , juntamente com o recém-nascido, tinham que fugir para o Egito, a fim de escapar do decreto de Herodes para matar a criança. Quais foram os pensamentos desse casal, precisando fugir com o “Filho do Altíssimo?” (Mt. 2:13). (2) Mais um caso que podemos mencionar são as perplexidades que Maria sentiu durante o ministério público de Jesus e a oposição incansável que Ele tinha que enfrentar. Seus perseguidores zombavam dele, dizendo: “Está fora de si” (Mc. 3:21 ; Mt. 12:46-50). (3) E, não podemos deixar de mencionar a cena da crucificação; como Maria se sentiu ao ver seu inocente primogênito sendo crucificado? Percebemos que, sem compreender por completo, ela sabia que Jesus estava dando a sua vida em resgate por muitos. Maria conhecia e acreditava nas profecias messiânicas do Antigo Testamento. A Bíblia nos diz que o que Maria fez, é o que todos nós também devemos fazer em relação aos assuntos espirituais que não estamos entendendo claramente: “Maria, porém, guardava todas estas palavras, meditando-as no coração” (Lc. 2:19). É pela meditação piedosa que podemos descobrir o sentido das circunstâncias que nos afligem em dados momentos.
2. A Vocação de José. José, também, era um homem preparado por Deus, a fim de cuidar do “Filho do Altíssimo” durante os seus primeiros anos aqui na terra. E, para isso, José tornou-se um homem ponderado e justo em todas as suas reações diante de circunstâncias perplexas.
A primeira situação que ele teve que enfrentar e resolver foi a inesperada gravidez de Maria. Apesar de estar legalmente casado com ela, a união ainda não havia sido consumada, ambos se mantinham separados até o momento próprio para efetivar o casamento. José era inocente, portando, a gravidez da esposa indicaria um ato de infidelidade, de adultério. Num caso assim, a lei permitia o divórcio, a dissolução do contrato nupcial. Mas José amava Maria e não quis agir precipitadamente. A Bíblia relata a sua reação quando recebeu a notícia dessa novidade: “Mas José, seu esposo, sendo justo e não a querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente. Enquanto ponderava nestas cousas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo”. Além de tranquilizar o seu servo quanto à fidelidade de Maria, José recebeu a seguinte instrução para garantir o nome certo para essa criança: “Ela dará à luz um filho e (tu) lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.” Este homem, justo e obediente, não hesitou: “Despertado José do sono, fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu sua mulher” (Mt. 1:19-21,24).
O segundo desafio que José recebeu foi a responsabilidade de proteger a sua família do decreto de Herodes para matar “o recém-nascido Rei dos Judeus” (Mt. 2:2,16). Mas, o Senhor o orientou, dizendo: “Dispõe-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e permaneça lá até que eu te avise; porque Herodes há de procurar o menino para matar” (Mt. 2:13). Para obedecer, José teve que abandonar a segurança de seu emprego como carpinteiro e confiar na providência do Senhor para sustentá-los num país estranho. É interessante perceber como o Senhor já havia providenciado o seu sustento através das dádivas de ouro, incenso e mirra que os magos lhe entregaram, (Mt. 2:11). Deus é fiel. Ele cuida de seus servos e garante o seu sustento. Na fuga para o Egito, podemos discernir a sensibilidade espiritual que José desenvolveu mediante o seu hábito de ponderar diante do Senhor antes de agir. José estava sempre pronto para ouvir e atender às indicações do Senhor, um exemplo para cada um de nós.
Devemos mencionar um terceiro incidente. Quando Jesus tinha apenas doze anos, Ele permaneceu em Jerusalém, depois de assistir a festa da Páscoa. Os seus pais, sentindo sua falta, voltaram para a cidade, a fim de buscá-lo. Eles “o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os”. Podemos imaginar a cena. Um menino, com apenas doze anos de idade, em pleno diálogo com os homens mais eruditos no país. Quais foram os pensamentos íntimos de seus pais? Quem será que fez a pergunta: “Filho, por que fizeste assim conosco? Teu pai e eu, aflitos, estamos à tua procura”. A resposta de Jesus foi ainda mais surpreendente: “Por que me procuráveis? Não sabeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?” (Lc. 2:41-52). Durante todo esse tempo, por que José permaneceu calado? Cremos que ele estava começando a entender melhor as origens divinas desse menino. O que ele podia falar, sem causar grande escândalo? Ele preferiu voltar ao seu hábito antigo de ponderar sobre palavras e aguardar o futuro para dar as devidas revelações. Sim, José era um homem preparado por Deus para participar, como servo, nos eventos que acompanharam a vinda de Cristo para buscar e salvar pecadores.
3. A Vocação de Jesus. Uma das declarações mais instrutivas sobre a espontaneidade de Cristo para servir a Deus e dar a sua vida em resgate por muitos, são as palavras que Ele mesmo pronunciou: “Ao entrar no mundo, diz: sacrifício e oferta não quiseste; antes, um corpo me formaste” (Hb. 5:10). Podemos fazer quatro observações:
1) Na eternidade, antes da fundação do mundo, Cristo, à semelhança do Pai, era espírito, não tinha corpo físico. Mas Ele “se fez carne e habitou entre nós” (Jo. 1:14). “Pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus, antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl. 2:6-8).
2) Por que a encarnação de Cristo é tão importante e fundamental à nossa fé? Porque Deus nunca ficou plenamente satisfeito com o sacrifício de animais, pois o sangue deles não tinha poder para remover os pecados de homens; um sangue superior seria necessário, o sangue precioso de Jesus Cristo, (1Pe. 1:18-19). O corpo de Cristo forneceu esse sangue.
3) Para ser o fiador de seu povo, Cristo tinha que assumir a forma de homem, ser semelhante a ele, porém, sem pecado. Quando o homem pecou, ele usou o seu corpo e a sua alma. E, para receber o salário da sua transgressão, ele o recebe na totalidade do seu ser, corpo e alma. Quando Cristo veio para pagar a dívida de seu povo, Ele a saldou “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados” (1Pe. 2:24). Sem um corpo humano, Cristo não poderia carregar os nossos pecados e remir o seu povo. Ao falar sobre o nascimento de Jesus Cristo, José e Maria receberam, individualmente, esta instrução: “E lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles”.
4) Qual foi a recompensa que Jesus recebeu, depois de ter dado a sua vida em resgate por muitos? Primeiro, esta promessa: “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito” (Is. 53:11). E, em segundo lugar, com esse fruto ao seu lado, confessou: “Eis aqui estou eu e os filhos que Deus me deu” (Hb. 2:13). Cristo sofreu vicariamente para que que esse povo pudesse estar com Ele, em glória, para sempre, (Jo. 14:3).
Conclusão: Para que o Natal pudesse ser uma realidade, Deus preparou os servos necessários para esse fim, e, com eles, demonstrou o seu poder para usar pessoas semelhantes a nós na realização da sua boa vontade para com pecadores. Durante esse Natal, que cada um de nós possamos renovar o nosso voto de obediência. Cristo disse: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo. 14:15).

Natal de 2013

Rev. Ivan G. G. Ross

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

A LEI DE DEUS



A lei, em toda a sua abrangência, é a revelação da justiça e da santidade de Deus. “ Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom” (Rm. 7:12). Essa lei foi dada para que o homem pudesse ser semelhante a seu Criador. “Como filhos da obediência, não vos moldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pe.1:14-16). E, por ser a revelação de Deus, o Salmista podia confessar: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia!” (Sl. 119:97).

Mas, apesar da relativa simplicidade dessa revelação, sempre existiram “contendas e debates sobre a lei”, lutas para impor uma interpretação que servia os próprios interesses (Tt. 3:9). A lei não foi dada para ser discutida, foi dada para ser observada. “Se ouvires a voz do Senhor, teu Deus, virão sobre ti e te alcançarão todas estas bênçãos. (...) Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz do Senhor, teu Deus, não cuidando em cumprir todos os seus mandamentos e os seus estatutos que, hoje, te ordeno, então, virão todas estas maldições sobre ti e te alcançarão” (Dt. 28:1-68). Nesse contexto, Moisés disse: “Vê que proponho, hoje, a vida e o bem, a morte e o mal” (Dt. 30:15). A lei, portanto, foi dada para direcionar o povo no caminho em que devia andar, a fim de agradar a Deus e desfrutar de uma verdadeira comunhão espiritual com Ele.

Para entender melhor a lei e o seu propósito, é importante saber que ela atuava em três áreas diferentes: constitucional, cerimonial e moral. A parte constitucional, as leis que regiam o estado de Israel, já perdeu a sua validade, porque Israel, como país teocrático que existia no Antigo Testamento, não mais existe. A parte cerimonial, as leis que se referiam aos sacrifícios de animais e aos ritos de purificação que preparavam o povo para os atos de culto, também já perdeu o seu lugar na vida do homem, porque, quando Cristo veio, Ele cumpriu tudo o que essas cerimônias indicavam. “Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê” (Rm. 10:4). E, a parte moral, os Dez Mandamentos e a exposição dos mesmos, continua em pleno vigor, porque ela determina como o homem deve se comportar diante de Deus e diante do seu próximo. Com respeito à lei moral, Cristo declarou: “Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas; não vim para revogar, vim para cumprir”. E, em seguida, Ele mostra como se cumpre a lei moral, (Mt. 5:17-42). “O cumprimento da lei é o amor” (Rm. 13:10). Isto é: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lc. 10:27). Portanto, a nossa santidade se revela mediante a observância da lei moral, que é o nosso padrão modelar. Quando o Espírito Santo convence o pecador da sua culpabilidade, Ele aplica a lei moral à sua consciência. O Ap. Paulo descobriu a sua própria pecaminosidade porque a lei disse: “Não cobiçarás.” (Rm. 7:7). É “pela lei que vem o pleno conhecimento do pecado”. Falando negativamente, a lei não tem nenhuma provisão perdoadora para oferecer aos transgressores. A sua função é condenar o pecador. “A alma que pecar, essa morrerá”, pois, “o salário do pecado é a morte” (Ez. 18:4; Rm. 6:23). Mas, positivamente, “A lei nos serviu de aio (instrutor) para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé” (Gl. 3:24).

Quando o Novo Testamento diz que alguém está “debaixo da lei”, geralmente se refere à pessoa que ainda acredita na necessidade de obedecer aos preceitos cerimoniais, tais como “comida e bebida, ou dias de festas, ou lua nova, ou sábados” (Cl. 2:16). E, por estar “debaixo da lei”, não é possível estar “debaixo da graça” (Rm. 6:14). Quando alguém se converte, ele abandona o jugo da lei cerimonial, a fim de viver sob a “graça de Deus” (Tt. 2:11-14). A salvação não pode ser alcançada mediante a prática das obras da lei, porque ela é o dom gratuito da graça de Deus. “Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei (a observância dos ritos da lei cerimonial) e  sim mediante a fé em Jesus Cristo, também temos crido em Cristo Jesus para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois por obras da lei, ninguém será justificado” (Gl. 2:16).

Qual é o pecado principal que a pessoa comete quando confia nas obras da lei cerimonial para ser salvo? Está desprezando a suficiência da morte substitutiva de Jesus Cristo. Não é uma negação frontal da morte de Cristo, contudo, está implícito o desprezo da sua perfeição, porque ela acredita que tem que complementar o sacrifício de Cristo com as obras da lei, a fim de ser salvo. Os judaizantes do Novo Testamento asseveravam: “Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés não podeis ser salvos” (At. 15:1). E, em nossos dias: Se não for batizado por imersão, não pode ser salvo; ou, se não observar o sábado, não pode ser salvo. Mas, seja qual for o acréscimo, a pessoa está negando a suficiência do sacrifício de Cristo, aquele que é poderoso para salvar totalmente todo o que nele crê (Hb.7:25).  O Ap. Paulo declarou a consequência fatal desses acréscimos: “ De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça desligastes” (Gl. 5:4). E, desligado de Cristo, não há possibilidade de ser salvo. Outro pecado praticado pelos adeptos às obras da lei é a falta de amor. Em seu zelo de proselitismo, negligenciam a lei régia: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Tg.2:8). “Ora, o seu mandamento é este: que creiamos em o nome de seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que ele nos ordenou” (1 Jo. 3:23).

Por causa da multiplicação de seitas em nossos dias, devemos dar ouvidos à palavra apostólica: “Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina (a suficiência do sacrifício de Cristo para nos salvar) não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas. Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras más” (2Jo. 10:11).

Rev. Ivan G. G. Ross

03/12/2013