Vasos de Honra

segunda-feira, 30 de junho de 2014

A MULHER CANANÉIA


Leitura Bíblica: Mateus 15: 21-29

Introdução: A história da mulher cananéia foi incluída nas Escrituras Sagradas para nos instruir quanto à natureza de uma fé verdadeira, a fé que é o dom de Deus, que é dado a todos que crêem em Jesus Cristo. Essa fé, sendo o dom de Deus, nos dá a capacidade para suportar todo tipo de provação, sem esmorecer e sem duvidar do amor de Cristo para conosco.

A importância da história está no fato de que ela descreve a fé de uma gentia, uma mulher grega que não tinha a cultura religiosa dos judeus. Ela foi visitada secretamente pelo Espírito Santo, de quem recebeu o dom de crer no poder salvador de Jesus Cristo. Por causa dessa inspiração, ela veio a Jesus, fez o seu pedido e recebeu a cura instantânea de sua filha.

Porém, o caminho para o milagre foi sofrido e humilhante. Perguntamos: Por que Jesus tratou a mulher daquela maneira? Não foi falta de interesse e nem ausência de compaixão por ela ser uma gentia. Jesus agiu daquela forma porque Ele quis descobrir a natureza da fé dela e fortalecê-la através de uma prova manifestadora. O Ap. Pedro ensina que fé, testada por provações difíceis, torna-se “muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo” 1 Pe. 1:6-7. Certamente esta mulher sentiu algo da preciosidade desse dom de Deus quando viu sua filha em perfeita paz e saúde, “ pois o demônio a deixara” (Mc. 7:29-30).

A fé desta mulher foi o dom de Deus, por isso ela veio a Jesus com uma atitude de total confiança, acreditando que Ele teria compaixão dela. Estamos enfatizando que a fé verdadeira é o dom de Deus, porque ninguém pode vir a Jesus, se, pelo Pai, não lhe for concedido, (Jo. 6:65). A mulher cananéia veio a Jesus porque tinha recebido esta fé que é o dom de Deus. Sobre essa verdade, o Ap. Paulo escreveu: “Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele” (Fl. 1:29).

Veja como a fé dessa mulher manifestou-se como verídica, porque venceu todas as formas negativas na provação a qual foi submetida. “Todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus?” (1Jo. 5:4-5). 

1. A sua fé venceu o silêncio. “ E eis que uma mulher cananéia, que veio daquelas regiões (de Tiro e Sidom), clamava: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim! Minha filha está horrivelmente endemoninhada. Ele, porém, não lhe respondeu palavra” (vs 22-23). A mulher cananéia não foi a primeira pessoa a enfrentar esse silêncio espiritual. Muitos séculos antes, Jó, temente a Deus, experimentou o mesmo problema. Ele lamentava: “Eis que clamo: Violência! Mas não sou ouvido, grito: Socorro! Porém, não há justiça” (Jó 19:7). E, pendurado na cruz, o próprio Filho de Deus teve que suportar esse mesmo silêncio. “Deus meu, clamo de dia, e não me respondes; também de noite, porém não tenho sossego” (Sl.. 22:2). Em ambos os casos, no momento certo, o silêncio foi interrompido e Deus galardoou os seus servos de uma maneira rica e generosa, (Jó 42:10-15; Sl 22:24).  Mas, o que aconteceu com a mulher cananéia? A sua fé não esmoreceu, pelo contrário, dirigiu-se, esperançosamente, aos discípulos, pedindo-lhes a sua intercessão. Porém, novamente, foi recusada. Os discípulos ficaram irritados com ela e rogaram a Jesus: “Despede-a, pois vem clamando atrás de nós”.

Na experiência dos cristãos, todos, em dados momentos, têm enfrentado a perplexidade desse silêncio. Qual deve ser a nossa atitude? Talvez, em primeiro lugar, devemos examinar a natureza do nosso pedido. Estamos orando segundo a vontade de Deus? O nosso pedido está baseado no claro ensino das Escrituras Sagradas? Deus ouve s      somente as orações que representam a sua vontade. “E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito” (1Jo. 5:14-15). Contudo, mesmo sabendo que a nossa oração é de acordo com a vontade de Deus, e ainda assim o silêncio continua, deixamos a fé agir e imitamos o Salmista que se achou numa situação semelhante: “De manhã te apresento a minha oração e fico esperando” (Sl. 5:3). E, em outro Salmo, ele acrescenta: “Esperei confiantemente pelo Senhor; ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro” (Sl. 40:1).

2. A sua fé venceu o repúdio. Agora, em voz alta, Jesus passou a justificar o seu silêncio: “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel” (v 24). Em primeiro instante, essa palavra justifica o seu aparente repúdio da mulher. Mas, devemos entender que, aqui, Jesus entrou em território gentílico com um propósito específico, não foi por acaso. Havia neste local uma mulher necessitada e Jesus veio para cuidar dela. Em outra ocasião, Jesus fora à terra dos gerasenos, outro local gentílico, com o fim específico de socorrer um homem endemoninhado. Depois de libertar aquele infeliz, Jesus regressou para o seu lugar entre os judeus (Mc. 5:1-20).  Ainda numa outra ocasião, a Bíblia registra outro desvio interessante sobre as viagens de Jesus. “Era-lhe necessário atravessar a província de Samaria”, uma terra que os judeus evitavam. Mas, por quê? Jesus queria falar com uma outra pessoa necessitada, a conhecida mulher samaritana, (Jo. 4: 4-18, 39-42). Portanto, em nossa leitura, Jesus está nesse local gentílico com o fim específico de socorrer essa mulher que tinha uma filha, que estava “horrivelmente endemoninhada”, Então, por que esse aparente repúdio? Novamente, reafirmamos que, nesse processo todo, Jesus está testando a natureza da fé dessa mulher. A fé que vem de Deus não desfalece diante de circunstâncias negativas. Por isso, vemos essa mulher firme em sua confiança na misericórdia de Jesus. Ela é semelhante a Jacó que lutou com o anjo do Senhor a noite toda. E, quando o anjo quis livrar-se dele, Jacó renovou  seu agarramento e gritou: “Não te deixarei ir se não me abençoares” (Gn. 32:26). A Bíblia tem um versículo que pode ser aplicado a circunstâncias semelhantes daquelas da mulher cananéia: “E não nos cansemos de fazer o bem (de permanecer na oração), porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos” ( Gl. 6:9). Apesar das circunstâncias desanimadoras, a fé dessa mulher continua viva e atuante, porque era o dom de Deus que operava nela.

3. A sua fé venceu o impasse. Como é que a mulher cananéia reagiu diante deste impasse: Jesus veio somente para as ovelhas perdidas de Israel? A sua confiança na misericórdia infalível de Jesus não titubeou: “Ela, porém, veio e o adorou, dizendo: Senhor, socorre-me!” (v 25). Ela não quis contestar as prioridades de Jesus, mas, também, não quis desistir de seu pedido original. Ao renová-lo, ela adotou uma atitude diferente, desta vez, prostrou-se aos pés de Jesus e o adorou. Esse ato tem a força de uma confissão: Senhor, eu confio na tua compaixão; creio que tu tens o poder e o desejo para me socorrer. Em todos os casos de adoração na Bíblia, o adorador está reconhecendo e confessando que o acontecimento, ou milagre, foi uma manifestação do poder de Deus. Quando Jesus se apresentou ao cego de nascença, este creu na palavra ouvida e adorou a Jesus, isto é, confessou a sua fé em Jesus como o Cristo e o Salvador de pecadores, (Jo. 9:35-38). Nesse contexto, somos exortados: “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca  se confessa a respeito da salvação. Porquanto a Escritura diz: Todo aquele que nele crê não será confundido” (Rm 10:9-11). A mulher cananéia creu desta maneira, por isso, jamais seria confundida. Contudo, a sua fé seria sujeita a mais uma prova, e talvez, a mais difícil.

4. A sua a fé venceu a humilhação. Ninguém gosta de se sentir inferiorizado e humilhado, contudo, essa mulher teve que vencer estas palavras cortantes que Jesus proferiu. “Então ele (Jesus), respondendo, disse: Não é bom tomar  o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos” (v 26). Jesus está chamando a mulher de cachorrinho. Mas a palavra não é tão ofensiva como parece. Os cachorrinhos eram bichos de estimação que viviam dentro da casa de seus donos, e não os cachorros vira-latas que viviam nas ruas sem dono. Qual foi a reação da mulher ao ouvir essa comparação? Em vez de ficar indignada, ela resolveu usar a mesma palavra para a sua própria vantagem: Ela, contudo, replicou: “Sim, Senhor, porém os cahorrinhos comem das migalhas que caem da mesa de seus donos” (v 27). Parece que ela está dizendo: Sim, Senhor, trate-me como um cachorrinho e deixe-me receber uma migalha do teu poder, tenha compaixão de mim! A minha filha está horrivelmente endemoninhada, e tu és o único que tens autoridade suficiente para libertá-la desse mal! Esta mulher estava praticando um princípio fundamental das Escrituras Sagradas: “ Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1Pe. 5:6-7). Com essa demonstração da constância da sua fé, Jesus não precisou de nenhuma outra prova quanto à veracidade da fé dessa mulher. Por isso, cheio de admiração, exclamou: “Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres. E, desde aquele momento, sua filha ficou sã” (v.28). “Voltando ela para casa, achou a menina sobre a cama, pois o demônio a deixara”. (Mc, 7:30). Sem desmaiar diante das provações difíceis as quais foi submetida, essa mulher perseverou e recebeu a recompensa de sua fé – a salvação de sua filha. “E esta é a vitória que vence o mundo (e qualquer tipo de provação): a nossa fé” (1 Jo. 5:4).

Conclusão: Como podemos descrever a origem da fé dessa mulher? Com segurança podemos dizer que, de alguma maneira, ela ouviu acerca de Jesus e de como Ele tinha compaixão dos necessitados. Essa notícia foi acompanhada do testemunho de pessoas que ouviram as suas palavras e viram os seus milagres. Diante dessas evidências, ela creu nele. A Bíblia ensina: “A fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Rm. 10:17). Nós, também, se crermos no evangelho de Jesus Cristo, receberemos a mesma fé que a mulher cananéia recebeu. O primeiro passo para receber qualquer benefício espiritual é crer. Como a Bíblia ensina: “ É necessário que aquele que se aproxima de Deus  creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb. 11:6). Que cada um de nós possamos exercer a mesma fé que a mulher cananéia teve e, com certeza, alcançaremos vitórias semelhantes. Que seja assim.

terça-feira, 10 de junho de 2014

UM AMOR ABNEGADO




Leitura Bíblica:

Introdução: A história desta mulher foi registrada em três dos Evangelhos: Mateus, Marcos e João. Com os dados colhidos, entendemos que Jesus e seus discípulos foram convidados para um jantar organizado na casa de Simão, o leproso, que desejava demonstrar a sua gratidão a Jesus pela purificação recebida. Além de Jesus e seus discípulos, foram convidados também Lázaro, ressuscitado dentre os mortos, e as suas duas irmãs, Marta e Maria. Todos têm seus motivos para agradecer a Deus: Simão, não mais leproso, reintegrado na vida social, podia convidar amigos para sua casa; Lázaro, agora com uma nova compreensão do valor da sua vida; e, Marta e Maria, abençoadas de maneira especial com as visitas de Jesus quando Ele passava por Betânia.

Todos os homens estavam à mesa, o jantar foi servido, o ambiente era festivo e, pelas conversas animadas, um clima de gratidão impregnava a sala. De repente, Maria, querendo demonstrar a sua gratidão e amor a Jesus de uma maneira mais expressiva, trouxe “um vaso de alabastro cheio de precioso bálsamo, que lhe derramou sobre a cabeça, estando ele (Jesus) à mesa”.

Vamos estudar esse ato e as reações que ele provocou, e, ao mesmo tempo, colher algumas lições importantes para a nossa vida.

1. Esse ato foi Revelador. Revelou a intensidade do amor de Maria e a abnegação da sua dedicação a Jesus. De onde ela adquiriu essa disposição espiritual? Quando Jesus passava na sua casa, em vez de ocupar-se com limpezas e comidas, “quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos” (Lc. 10:39). É necessário deixar as atividades do dia de lado quando queremos passar um tempo aprendendo dos ensinamentos das Escrituras Sagradas. Esse princípio foi praticado pelos piedosos do Antigo Testamento. Moisés confessou ao Senhor: “Na verdade, amas os povos, todos os teus santos estão na tua mão; eles se colocam aos teus pés e aprendem das tuas palavras” (Dt. 33:3). O nosso culto doméstico deve ser observado desta maneira: dedicando um tempo especifico, cada dia, para cantar hinos, ler a bíblia e orar. Com esse costume, cresceremos na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Quais foram os ensinamentos que Maria recebia dos lábios do Senhor? Embora a Bíblia não ofereça um exemplo, cremos que Ele repetia alguns dos seus ensinamentos públicos. Naquela ocasião, Jesus estava vivendo a última semana de sua vida aqui na terra. Ele já falava com seus discípulos sobre a iminência da sua morte e, agora, na presença de Maria, Ele repetiu a mesma verdade. Podemos imaginar Maria exclamando: Mas, Senhor, por quê? Ao que Jesus podia ter respondido: “Pois o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc. 10:45). Cremos que Jesus passou a explicar o aspecto substitutivo da sua morte. Em vez do pecador sofrer a sentença da lei e receber o  salário do seu pecado, Jesus pagaria toda a dívida em seu lugar. Talvez Ele citou a profecia de Isaías para substanciar a sua afirmação: “ Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos” (Is. 53:6). Maria estava entendendo como ela mesma seria salva mediante a morte de Cristo, passando a confessar: O Senhor Jesus me amou e a si mesmo se entregou por mim.

Consciente da sua salvação eterna (Hb. 5:9), possivelmente, Maria fez a mesma pergunta do Salmista: “Que darei ao Senhor por todos os seus benefícios para comigo?” (Sl. 116:12). Ela não quis lhe dar algo que não custasse nada, por isso, lembrou do “vaso de alabastro cheio de precioso bálsamo”. Sim, foi uma oferta magnânima, mas o amor não pode ser medido em termos de dinheiro; o amor conhece limites, o amor oferece o melhor de tudo o que possui. Afinal, Jesus deu o seu tudo por nós, tendo dado a sua vida, Ele deu tudo o que possuía. Em termos práticos, o que devemos oferecer a Jesus? O Ap. Paulo responde: “ Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo  e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”. E como podemos fazer isso? Mediante uma consagração irrestrita. “E não vos conformeis com esse século, mas transformai-vos pela renovação  da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm. 12:1-2). Esse tipo de amor sempre requer uma abnegação da nossa parte.
2. Esse ato causou Revolta. Os discípulos, liderados por Judas Iscariotes, ficaram revoltados com a extravagância do ato de Maria. “Vendo isto, indignaram-se os discípulos e disseram: Para que este desperdício? Pois este perfume podia ser vendido por muito dinheiro e dar-se aos pobres.” Parece ser um raciocínio piedoso, porém, antes de dar a nossa anuência aos discípulos, devemos perguntar: Aquele perfume foi derramado sobre quem? Foi despejado sobre o corpo de Jesus Cristo, aquele que nos amou e a si mesmo se entregou por nós, pecadores condenados à morte eterna, para que pudéssemos ser redimidos, perdoados e abençoados com vida na presença de Deus. Gratidão por tais benefícios não se paga com moedas de prata. O valor da nossa oferta deve corresponder ao preço da benção que recebemos. É difícil compreender como Judas podia ser tão mesquinho na presença do seu Senhor!

Devemos tentar analisar os motivos da reação de Judas. Por que ele levantou a sua voz contra a devoção de Maria? Eis o que ele disse: “Por que não se vendeu o perfume por trezentos denários e não se deu aos pobres?” Agora, vamos ouvir o comentário do Ap. João: “Isto disse ele, não porque tivesse cuidado dos pobres; mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, tirava o que nela se lançava” (Jo. 12:5-6). Evidentemente, Judas estava lamentando a perda de uma oportunidade para pilhar um dinheiro fácil. A cobiça continua sendo a raiz de toda sorte de corrupção moral. “ Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tg. 1:15). Vamos nos lembrar do fim tormentoso de Judas Iscariotes, (Mt. 27:3-5). A atitude de Judas tornou-se ainda mais odiosa porque estava querendo  lançar mão sobre o que foi oferecido a seu Senhor. Além disso, ele estava julgando e condenando a dedicação de uma pessoa que amava desprendidamente a Jesus Cristo. Assim, com palavras mentirosas e hipócritas, Judas tentava encobrir a sua própria falta de dedicação a Jesus Cristo.

O mau costume de julgar e condenar o zelo de certos cristãos que procuram dedicar a totalidade de sua vida ao serviço de Deus continua evidente em nossos dias. A ordem do Senhor é esta: “Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas” (Sl. 105:15). O zelo do seu povo é como uma boa ação, agradável aos olhos do Senhor.  Parece que a abnegação desses servos zelosos irrita os descomprometidos. Por que Judas Iscariotes ficou tão indignado com a devoção e o amor de Maria a seu Senhor e Salvador? Judas estava vendo em Maria uma dedicação que ele não tinha, e a sua consciência estava repreendendo a sua hipocrisia. Por que os fariseus levantaram tamanha oposição contra a pessoa de Jesus Cristo e o seu trabalho? Porque eles reconheceram que Jesus era fiel a Deus em seu ministério. Essa verdade trouxe à luz a hipocrisia desses homens e a sua consciência os acusava. E, querendo abafar essa voz acusadora, fizeram tudo ao seu alcance para silenciar e desacreditar a voz de Cristo, ou pela perseguição, ou pela morte. O Ap. Paulo, antes da sua conversão, conhecia o terror de uma consciência acusadora, por isso, Cristo lhe disse: “Dura cousa é recalcitrares contra os aguilhões” (At. 26:14). Em vez de resistir o Espírito Santo, que fala através da consciência, é melhor submeter-se e seguir o bom exemplo dos piedosos, como fizeram os tessalonicenses: “Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra, posto em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo, de sorte que vos tornastes o modelo para todos os crentes na Macedônia e na Acaia” (1 Ts. 1:6-7).

3. Esse ato foi Revivente. Qual foi a reação de Jesus diante daquela cena molestadora? “Por que molestais esta mulher?” Em seguida, Jesus justificou o procedimento de Maria com uma defesa quádrupla, da qual podemos observar:

a) Maria “praticou uma boa ação” para com Jesus. Ações espontâneas, quando não condenadas na lei de Deus, tornam-se boas ações se forem inspiradas por um amor sincero. Maria foi movida por um amor ilimitado a Jesus e foi elogiada por sua voluntariedade. Todas as nossas ações devem redundar para a glória de Deus, (1Co. 10:31). O Senhor Jesus reconheceu que Maria estava exaltando a sua Pessoa através desse ato. Será que estamos fazendo coisas para exaltar aquele que nos amou e a si mesmo se entregou por nós?

b) A Pessoa de Cristo é mais prioritária do que as necessidades imediatas de qualquer pobre. “Por que os pobres sempre tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes”. A prática de boas ações deve obedecer às normas de precedência. Alguns casos podem aguardar uma outra oportunidade, porém, existem situações que pedem uma ação imediata. Maria reconheceu que não teria outra oportunidade para demonstrar o seu amor a Jesus. Maria acreditou na morte iminente de Jesus, como Ele mesmo lhe dissera, por isso, a repentinidade da sua ação. Temos que discernir o momento mais propício para praticar uma boa ação. Maria teve esse discernimento.
c) A ação de Maria demonstrou uma percepção espiritual. “Pois derramando este perfume sobre o meu corpo, ela o fez para o meu sepultamento.” Ela acreditou na palavra  que Jesus lhe ensinara quanto à sua morte vicária e o seu sepultamento, por isso, resolveu  agir de acordo com o seu conhecimento, agradecendo a Jesus por sua morte substitutiva. Em vez de esperar até depois da sua morte, ela antecipou a manifestação de seu amor e o derramou sobre Jesus enquanto Ele ainda estava com vida. É uma futilidade demonstrar o nosso amor a um defunto, pois ele não tem mais consciência do nosso interesse.

d) Jesus quis que esse ato de Maria fosse lembrado  durante todo o tempo enquanto o Evangelho for pregado. “Em verdade vos digo: Onde for pregado o evangelho, será também contado o que ela fez para memória sua”. Maria deixou para nós todos  um exemplo de como podemos demonstrar o nosso amor a Jesus Cristo. Hoje é o dia mais aceitável, porque o amanhã pode ser tarde demais. O Ap. Paulo elogiou os Tessalonicenses por causa da constante evidência da abnegação de seu amor a Cristo. Que, através da espontaneidade do nosso amor a Cristo, possamos deixar um exemplo para aqueles que estão nos seguindo na vida cristã.

Conclusão: A história de como Maria ungiu o corpo de Jesus foi registrada nas Escrituras Sagradas para nos ensinar a importância de oferecer a Cristo um amor espontâneo e desprendido. Boas ações, por si, não têm nenhum valor espiritual se não forem motivadas por um amor sincero. “Ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará” (1 Co. 13:2-3).


As boas ações devem revelar o nosso amor a Cristo. Ele mesmo ensinou: “Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes (uma boa ação) a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mt. 25:40). Mesmo que  alguns fiquem escandalizados com a abnegação da nossa oferta, Cristo sempre tem palavras viventes para nos encorajar. A exortação é esta: “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos” (Gl. 6:9).    



Rev. Ivan G. G. Ross