Vasos de Honra

quarta-feira, 29 de abril de 2015

PERFEIÇÃO NA SANTIDADE



Leitura Bíblica: Filipenses 3:12-14.

Introdução: O Ap. Paulo, dirigindo-se aos cristãos em Roma, afirmou que eles foram “chamados para serem santos” (Rm. 1:7). O Ap. Pedro, de forma semelhante, exortou os cristãos da Dispersão: Não “vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu (o Senhor) sou santo” (1Pe. 1:14-16), O modelo desta santidade é aquele que caracteriza o próprio Deus; uma santidade tão infinita que o ser humano, mesmo sendo regenerado e auxiliado pelo Espírito Santo, não pode, nesta vida, alcançá-la. Contudo, não há motivo para ficarmos desanimados, porque, quando deixarmos esta vida, seremos imutavelmente transformados e aperfeiçoados para todo o sempre. (Hb. 12:22-23).

Ao abordar esse assunto, o Apóstolo está se referindo a dois tipos de pessoas que confessam o nome de Jesus Cristo: a) Os judaizantes, que ensinavam que essa santidade perfeita podia ser alcançada pelas obras da lei, pelo esforço humano. Mas o Apóstolo declara a futilidade desse ensino, dizendo: “Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as cousas escritas no livro da Lei, para praticá-las. E, é evidente que, pela lei (pelo esforço humano), ninguém é justificado (inocentado) diante de Deus, porque o justo viverá pela fé”  (Gl. 3:10-11). Em vez de alcançar a devida perfeição, as obras da lei deixam tais seguidores cada vez mais perdidos, visto que todos nós continuamos transgredindo essa lei. “Pois a lei nunca aperfeiçoou cousa  alguma” (Hb. 7:19); b) Os indolentes. Aqueles que estão satisfeitos com o mero nome de cristão. Dizem: tenho a salvação, não preciso fazer mais nada! É possível ser cristão sem o desejo de crescer na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo? Somos exortados: “ Procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum” (2 Pe. 1:10). A certeza da nossa salvação depende dessa prontidão.

Vamos sentir como o Ap. Paulo encarava a necessidade de uma aplicação mais participativa na busca dessa perfeição na santidade.

1. A Necessidade de um Ato Providencial. Antes de pensar na santificação, temos que reconhecer que a vida cristã começa com um ato providencial, temos que ser nascidos de novo pelo poder do Espírito Santo, (Jo. 3:6-8). Cristo veio para “buscar e salvar o perdido” (Lc. 19:10). E,  achando um pecador que por natureza está num estado de rebelião espiritual, este tem que ser “conquistado” para que esteja disposto a seguir o seu Salvador, Jesus Cristo. O Apóstolo foi “conquistado”, por isso ele tão prontamente perguntou a seu Conquistador: “Que farei, Senhor?” (At. 22:10). Somos conquistados para conhecer e praticar a vontade de Deus. A Bíblia ensina que fomos “chamados segundo o seu propósito” (Rm. 8:28). O Ap. Paulo orava para que os cristãos pudessem transbordar “de pleno conhecimento da vontade de Deus” (Cl. 1:9). Embora a vontade de Deus tenha uma multiplicidade de expressões, cremos que a nossa santificação tenha uma prioridade. “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (ITs. 4:3). O Apóstolo ensinava: “Assim como Deus nos escolheu, em Cristo, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele” (Ef. 1:4). Portanto, a nossa santidade é a evidência incontestável da realidade de sermos conquistados por Cristo Jesus. E, para isso, fomos “selados com o Espírito Santo da promessa” (Ef. 1:13). Devemos levar a sério a questão da nossa “santificação, sem o qual ninguém verá o Senhor” (Hb. 12:14).

Quando nós fomos achados e conquistados por Cristo Jesus, o Espírito Santo imediatamente gravou sobre o nosso coração a grande promessa da nova aliança. Falando sobre o povo achado por Cristo, o Senhor declarou: “ Na sua mente imprimirei as minhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (Hb. 8:10). Essa lei, entre outras finalidades, contém os princípios necessários para desenvolver uma vida santa e irrepreensível. Assim, o Apóstolo, movido por essa lei interior, confessou: “Não que eu tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus” (V.12).  A frase, “prossigo para conquistar”, possivelmente se refere àqueles que praticam o esporte de agonística, ou seja, a arte da luta. O lutador não considera a possibilidade de uma derrota; por isso, ele se disciplina e concentra toda a sua energia para alcançar o prêmio. A nossa santificação deve ter uma prioridade em nossa vida, afinal, fomos escolhidos para esse fim.

2. A Necessidade de um Ato Pronunciável. O nosso entendimento da doutrina da santificação deve ser pronunciável, isto é, podemos explicar quais as normas adotadas para alcançar a nossa santificação. O Ap. Paulo explicou: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma cousa faço: esquecendo-me das cousas que para trás ficam e avançando para as que adiante de mim estão” (V13.). O Apóstolo pronunciou três coisas que ele praticava a fim de alcançar a desejada santidade.

a)      Ele enfatizava o fato de que ainda não tinha alcançado a perfeição. Essa não foi uma confissão de uma falha no seu procedimento, antes, foi um estímulo para continuar no “bom combate”, porque soube que, ao chegar o dia final, ele estaria entre os justos aperfeiçoados” (Hb. 12:23). Por isso, o Apóstolo nos exorta: “Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele, nele radicados e edificados e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em  ações de graças” (Cl. 2:6-7). Ou seja, “desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor” (Fl. 2:12).
b)      Antes de ter o seu encontro salvador com Jesus Cristo, o Apóstolo acumulou para si mesmo muitos benefícios, tanto na área acadêmica, como também na área espiritual. Ele mesmo confessou: “E, na minha nação, quanto ao judaísmo, avantajava-me a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais” (Gl. 1:14). Mas ele chegou a considerar todas essas vantagens “como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus” (Fl. 3:8). E, para alcançar esse objetivo, acrescentou: “ Esquecendo-me das cousas que  para trás ficam”. Reconhecemos que a lembrança de crenças erradas e de conquistas materiais podem impedir o nosso progresso espiritual e causar o pecado de olhar para trás. Muitos dos Israelitas não foram permitidos a entrar na terra prometida porque olharam para trás para lembrar “dos peixes que no Egito comíamos de graça; dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas e dos alhos. Agora, porém, seca-se a nossa alma e nenhuma cousa vemos senão este maná” (Nm. 11:5-6) A lembrança do passado provocou o desprezo das providências de Deus no presente, por isso, foram rejeitados.
c)      Por causa do esforço para esquecer as coisas que para trás tinham ficado, o Apóstolo estava livre para ocupar-se com o mais importante, isto é, avançar para os valores “que diante de mim estão”. Na corrida para alcançar “ o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”, temos que disciplinar as nossas atitudes e corrigi-las para não cairmos no pecado de murmurar contra o Senhor, “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis” (1Co. 9:24). Corramos para chegarmos vitoriosamente ao fim.

3. A Necessidade de um Ato Proposital. Em todas as atividades desta vida somos impulsionados por um propósito, e, como cristãos, o nosso objetivo é uma santidade que revela a obra santificadora do Espírito Santo em nossa vida, (1Ts. 5:23). Por isso, o Apóstolo acrescentou: “Prossigo para o alvo”, a minha santificação. Mas, não apenas uma vida irrepreensível, prosseguimos “para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (V.14). Temos falado sobre a santificação, mas qual é o sentido desse “prêmio” que aguarda os vencedores dessa corrida espiritual?

Esse prêmio ou galardão é algo além da vida eterna. Embora não saibamos exatamente a forma desse “prêmio”, entendemos que é algo especial reservado para os fiéis, “Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do nosso trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos” (Hb.6:10). Na consumação dos séculos, no Dia da “vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele” (2Ts. 2:1), o nosso testemunho será exibido publicamente. O Ap. Paulo aguardava receber uma “coroa de justiça” (2Tm.4:8). A figura entende uma apresentação pública. “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do seu Senhor” (Mt. 25:21). E Cristo, declarando diante das milícias celestiais: “Eis aqui estou eu e os filhos que Deus me deu” (Hb. 2:13). “E eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos; e clamavam em grande voz, dizendo: Ao nosso Deus que se assenta no trono e ao Cordeiro, pertence a salvação” (Ap. 7:9-10). E, chegando esse Dia do Senhor, teremos maiores esclarecimentos dessa bem-aventurança. Portanto, vamos trabalhar visando esse prêmio, imitando os heróis em Hebreus 11, que enfrentaram todo tipo de dificuldade com fé e muita coragem, “porque contemplavam o galardão” (Hb.11:26).


Conclusão: O terceiro capítulo de Filipenses podia ser intitulado, Uma transferência de prioridades: o que o Apóstolo era antes de ser conquistado por Cristo Jesus; e o que  ele se tornou sob os cuidados de seu Conquistador; ou, ainda: A diferença entre as prioridades do homem carnal e do homem espiritual. O carnal se esforça para ganhar as honras deste mundo, enquanto que o espiritual se esforça para ganhar uma santidade visível, porque esta é a vontade de seu Senhor. E, para isso, o Apóstolo reconheceu a necessidade de um ato providencial em sua vida, um encontro salvador e santificador com Jesus Cristo. Em seguida, ele reconheceu a necessidade de um ato pronunciável, uma definição quanto à natureza da santificação. E, finalmente, ele reconheceu a necessidade de um ato proposital, o desejo de prosseguir no esforço de alcançar uma vida visivelmente santa e irrepreensível, na busca de uma perfeição na santidade. Cristo nos achou e nos conquistou  a fim de apresentar-nos perante Deus o  Pai “santos, inculpáveis e irrepreensíveis” (Cl.1:22). Que sejamos achados assim.