Vasos de Honra

domingo, 30 de março de 2014

A MANIFESTAÇÃO DE CRISTO




Leitura Bíblica: Apocalipse 1:4-8

Introdução: A primeira verdade que se encontra neste texto é a doutrina inconfundível da Trindade. As três Pessoas da Divindade é o Deus e o autor da “graça e paz” que são derramadas sobre a Igreja. A Trindade é facilmente reconhecida pela tríplice repetição de: “da parte de”. As três Pessoas da Divindade, inseparavelmente juntas, comunicam às 9 igrejas a benção de “graça e paz”. A graça, a gratuidade das providências divinas, e a paz, atuando como a confirmação dessas dádivas recebidas. Veja como as três Pessoas interagem como uma só Pessoa.

“Graça e paz da parte daquele que é, que era e que há de vir”. Temos aqui a eternidade de Deus Pai. O Salmista o exalta, dizendo: “Antes que os montes nascessem, e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu é Deus” (Sl. 90:2)

“Graça e paz, da parte dos sete Espíritos que se acham diante de seu trono”. O número sete é usado, simbolicamente, para descrever a plenitude e a onipresença do Espírito Santo. Notemos a sua localização. Ele está “diante de seu trono”, inseparavelmente unido com a Divindade, e, desta posição, Ele ouve e toma pleno conhecimento de todos os propósitos da Divindade. Por isso, Cristo disse: “Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará as cousas que hão de vir” (Jo. 16:13).

“Graça e paz da parte de Jesus Cristo”. Observemos a tríplice descrição: 1º Ele é a “fiel testemunha”, fazendo referência a seu ministério aqui na terra. Obediência foi a característica principal na vida de Cristo. Ele mesmo confessou: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo. 4:34). 2º Ele é o “Primogênito dos mortos”, fazendo referência à sua ressurreição dentre os mortos. “Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem”, isto é, o primeiro a ser ressuscitado escatologicamente, (1 Co.15:20).  3º Ele é o “Soberano dos reis da terra”. Ele tem a supremacia absoluta sobre todos os poderes existentes, “é o grande rei de toda a terra” (Sl. 47:2). E, para qual fim? “Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” (Fl. 2:10-11).

O texto lido apresentou a doutrina da Trindade, afirmando que o Pai, e o Filho, e o Espírito Santo é um só Deus verdadeiro e eterno. Este é o Deus que abençoa o seu povo com as dádivas espirituais de graça e paz; cada Pessoa contribuindo para que essas bênçãos sejam realidades experimentáveis. Agora vamos ver como Cristo se apresenta às suas Igrejas.

1. O Compadecimento de Cristo. “Aquele que nos ama”.  Uma das frases prediletas do Ap. Paulo fala sobre o amor de Cristo e como este se manifestou: “Cristo me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl. 2:20). O amor de Cristo é bem específico : “Ele me amou”. Sim, Ele ama muitos, mas, para o meu consolo e segurança, posso confessar: “Ele me amou”. Cristo descreveu a natureza desse amor, dizendo: “ Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos”.(Jo. 15:13). E, acrescentou: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas”  (Jo. 10:11). Mas, quem são esses amigos e ovelhas? “Vós sois os meus amigos, se fazeis o que eu vos mando” (Jo. 15:14). E, acrescentou: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem” (Jo. 10:27). Devemos reconhecer que a maneira prática para demonstrar o nosso amor a Cristo é através da nossa obediência ao que Ele manda. Nós o seguimos. Pela obediência, desenvolvemos uma verdadeira comunhão espiritual com Ele.

Devemos perguntar: Qual é o sentido de ter Cristo morrido por nós? A sua morte tem valor vicário, isto é, tomar o lugar de outro. “Cristo me amou e a si mesmo se entregou por mim”. Assim, a sentença da morte que pairava sobre mim, por causa dos meus pecados, foi tirada e lançada sobre Cristo. Ele morreu por causa dos meus pecados que Ele mesmo carregou na cruz do Calvário, (1Pe. 2:24). “ Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (os que crêem na suficiência da sua morte vicária). Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte” (Rm. 8:1-2).

2. O Comportamento de Cristo. “E pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados”. Uma das frases que expressam, eloquentemente, a boa vontade de Cristo para dar a sua vida em favor de seu povo, está no Evangelho segundo Lucas: “E aconteceu que, ao se completarem os dias em que devia ele ser assunto ao céu (isto é, os dias em que Cristo seria crucificado, ressurreto e recebido no céu), manifestou, no semblante, a intrépida resolução de ir para Jerusalém”, onde sofreria os horrores da crucificação (Lc. 9:51). Por que essa “intrépida resolução”? Porque foi o único meio para que pecadores pudessem ser libertados das conseqüências judiciais de seus pecados. No Antigo Testamento, o sangue de animais foi derramado para ensinar que, “sem derramamento de sangue, não há remissão” (Hb. 9:22). Mas esses sacrifícios eram apenas sinais, totalmente incapazes de efetuar o indicado. “Porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados” (Hb. 10:4). Era necessário um sangue superior, o sangue precioso de Jesus Cristo, (Pe. 1:18-19). Este é o único sangue, a única providência divina pela qual importa que sejamos libertados dos nossos pecados. Libertados, não apenas do salário do pecado, mas, também, do domínio do pecado (Rm. 6:14). Como Cristo explicou: “Se, pois, o Filho vos libertar,verdadeiramente sereis livres” (Jo.8:36).

3. O Comprazimento de Cristo. “ Ele nos constituiu reino, sacerdote para o seu Deus e Pai, a ele seja a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém.” . Cristo tem comprazimento em designar o seu povo redimido, segundo a sua boa e agradável vontade. Com estes salvos, Ele organizou o seu reino, que não é deste mundo, antes, é celestial. Quando nós fomos convertidos, Deus, o nosso Pai, “ nos libertou do império das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Cl. 1:13). Agora, pertencemos ao reino de Cristo, onde Ele será o nosso soberano para todo o sempre.

Dentro desse reino, somos ministros e sacerdotes, servindo na presença de Deus, nosso Pai, “de modo agradável, com reverência e santo temor” (Hb. 12:28). “ Os seus servos o servirão, contemplarão a sua face, e na sua fronte está o nome dele” (Ap. 22:3-4). O nosso ministério principal consistirá em “louvor, que é fruto de lábios que confessam o seu nome” (Hb. 13:15). Por causa do privilégio de pertencer ao reino celestial e servir como sacerdotes na presença de Deus, reconhecemos que tudo isso é a graça e a condescendência do nosso Deus, portanto, “a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém”.

4. O Comparecimento de Cristo. “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém”. Eis aqui o resumo dos eventos que acontecerão, simultaneamente, no Dia da Segunda Vinda de Jesus Cristo.Vamos observar a sequência dos eventos mencionados no texto:

a)      A vinda de Cristo será repentina e gloriosamente visível. Nada de uma vinda invisível e secreta. “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá”. A visibilidade da vinda de Cristo é ensinada em muitas partes da Bíblia. “Porque assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra no ocidente, assim  será a vinda do Filho do homem” (Mt. 24:27).
b)      Logo em seguida haverá a ressurreição geral, incluindo todos os vivos e todos os mortos, todos os justos  e todos os ímpios. Cristo ensinou: “Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão” (Jo. 5:28). E o Ap. Paulo acrescentou: “Porque importa que todos nós (vivos e mortos) compareceremos perante o tribunal de Cristo” (2 Co. 5:10).
c)  Logo em seguida haverá o julgamento geral. Devemos lembrar que o julgamento não é necessariamente para condenar, antes, o fim principal é descobrir e declarar a verdade a respeito da pessoa sendo julgada. Os que estão em Cristo serão declarados inocentes, enquanto que os que se acham sozinhos e sem Cristo serão declarados culpados. E, depois de serem julgados, Cristo declarou: “E irão estes (os culpados) para o castigo eterno, porém, os justos, para a vida eterna” (Mt. 25:46).

Devemos sentir a confusão e o terror que tomará conta de muita gente no Dia do Juízo: “E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amem”. Veja a exposição maior daquele Dia: “Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo o livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro, porque chegou o Grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se? (Ap. 6:15-17).

Conclusão:  Esta mensagem, que é dada às Igrejas no início do Apocalipse, é o tema central do livro: O amor de Cristo e como este foi demonstrado quando deu sua vida, a fim de redimir o seu povo e dar-lhe o perdão de todos os seus pecados, sempre incluindo a consumação do século e o julgamento de todos os povos. Que sejamos preparados, “antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor” (Ml. 4:5).


Rev. Ivan G. G. Ross  

quarta-feira, 26 de março de 2014

A DIVINDADE DE CRISTO - A CARTA AOS COLOSSENSES - estudo 4 (Parte 2)


Leitura Bíblica: Colossenses 1: 18-20
INTRODUÇÃO:
Temos visto o poder soberano de Jesus Cristo como Criador de todas as cousas, visíveis e invisíveis, poderes e governos. A lição que o Apóstolo está inculcando é esta: aquele que teve poder para criar o universo em toda a sua plenitude, do nada, é igualmente poderoso para salvar qualquer pecador sem precisar recorrer ao auxílio de criaturas que Ele mesmo criou.
Vamos ver agora o poder soberano de Cristo na redenção do pecador. Cristo é o nosso Sumo-Sacerdote: “Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” Hb. 7: 25.
1-       Jesus Cristo como Redentor, Vs. 18-20. A Bíblia afirma que Cristo veio como o desejado Redentor, para buscar e salvar pecadores, Ml. 3: 1. Ele não precisou do auxílio de nenhum recurso humano. O derramamento de seu próprio sangue foi o preço todo-suficiente pra remir o pecador do domínio do pecado. “Não por meio de sangue de bodes e de bezerros (como no Antigo Testamento), mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção” Hb. 9: 12.
a)       Cristo é a cabeça da Igreja, V. 18a. “Ele é a cabeça do corpo, a Igreja”. A figura da cabeça e o seu corpo ilustra a união que existe entre Cristo e a sua Igreja. Ele é a cabeça e o Sustentador de cada membro da sua Igreja. É reconhecido que a cabeça controla todos os membros do corpo humano. Nenhum membro do corpo é auto-suficiente, todos dependem dos impulsos da cabeça a fim de cumprirem o seu propósito. O Apóstolo aplica esta verdade espiritualmente, afirmando que “Cristo é  a cabeça de todo homem”, e, por inferência, a cabeça de cada membro da Igreja em particular, 1 Co. 11: 3. Vamos sentir o cuidado que Cristo tem para com sua Igreja. “Ele amou a sua Igreja e a si mesmo se entregou por ela... Porque ninguém jamais odiou a sua própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o fez com a Igreja; porque somos membros de seu corpo” Ef. 5: 25, 29, 30. Por que estamos falando assim? A Igreja não tem nenhuma expressão que glorifica a Deus sem o toque vivificante de Cristo. Ele mesmo disse: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira,  vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim, nada podeis fazer” Jo. 15: 4-5. Esta união entre Cristo e a sua Igreja não admite nenhuma interferência externa, como os hereges tentavam estabelecer. Se interferirmos com a união natural entre a videira e o ramo, o ramo morrerá. Assim, o fruto da heresia é o mesmo, as vítimas morrem eternamente. Não podemos nos separar da exclusividade  de Cristo para cuidar e salvar, totalmente, a sua Igreja. “Ele é a cabeça do corpo, a Igreja”.
b)       Cristo é o princípio, V. 18b. “Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos”. Ele confessou: “Eu sou  o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim” Ap. 22: 13. Ele é o grande iniciador de todas as cousas, aquele que efetuou todos os propósitos da Divindade. Quando pensamos na criação do universo, lá estava o Verbo, Jesus Cristo, a Segunda Pessoa da Trindade. “No princípio (o primeiro relance dentro da eternidade) era o Verbo, e o Verbo estava com Deus. Todas as cousas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” Jo. 1: 1-3.
Quando pensamos na redenção do pecador, novamente vemos Cristo tomando a iniciativa para efetuar esta grande obra. Dentro da eternidade, Ele se apresentou, dizendo: “Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a  tua vontade” Hb. 10: 9. Esta “vontade” foi o oferecimento de sua própria vida pelo povo a ser redimido. A respeito da sua vida, Cristo confessou: “Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai” Jo. 10: 11, 18.
Quando pensamos na formação da Igreja, outra vez vemos Cristo tomando a iniciativa, prometendo: “Edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” Mt. 16: 18. Parte desta obra de edificar a sua Igreja consiste em buscar e arrebanhar o povo a ser redimido. Cristo disse: “Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco (os judeus); a mim me convém conduzi-las (os gentios); elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor” Jo. 10: 16. O Ap. Paulo praticou este princípio em seu ministério: “Primeiro do judeu e também o grego” Rm. 1: 16. “Opondo-se eles (os judeus) e blasfemando, sacudiu Paulo as suas vestes e disse-lhes: Sobre a vossa cabeça, o vosso sangue! Eu dele estou limpo e, desde agora, vou para os gentios” At. 18: 6. Cristo é a cabeça tanto dos judeus crentes, como também dos gentios crentes. Ao meditarmos sobre a iniciativa de Cristo, o Ap. João comentou: “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados... (Agora), nós amamos porque  ele nos amou primeiro” 1Jo. 4: 10, 19. Louvamos a Deus pela iniciativa de Cristo em nosso favor, porque dela veio a nossa redenção.

Quando pensamos na ressurreição dos mortos, mais uma vez, vemos que Cristo é “o primogênito de entre os mortos”. Cristo se apresentou ao Ap. João, dizendo: “Não temas; eu sou o primeiro e o último e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos” Ap. 1: 17-18.  Em todas as experiências que se referem à nossa redenção, Cristo é o princípio, o precursor, aquele que foi o primeiro a agir. Quanto à ressurreição, vemos formas de ressurreição tanto no Antigo Testamento como também no Novo Testamento. Cristo, porém, foi o primeiro a experimentar a ressurreição escatológica. Assim, o Apóstolo vê a ressurreição de Cristo como sendo “ele as primícias dos que dormem” 1 Co. 15: 20. Cristo foi o primeiro a ressuscitar, e, os que pertencem a Ele, o seguirão no Dia da sua Segunda Vinda, 1Co. 15: 52. Ele é sempre o primeiro, vestido de todos os direitos de soberania. Cristo, aquele que nos abençoa, é chamado: “A Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra” Ap. 1: 5. A doutrina da ressurreição de Cristo nos prepara para a nossa própria ressurreição no Último Dia. Às vezes, pensamos: Como será a nossa ressurreição naquele Dia? Tranquilizemo-nos com a palavra do Ap. João: “Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é” 1 Jo. 3: 2.
c)        Cristo tem a primazia sobre todas as cousas, V. 18c. “Para que em todas as cousas ter a primazia”. Cristo, como o princípio de todas as cousas, é uma verdade com ampla exposição nas Escrituras Sagradas. Por que esta ênfase? Para que Ele tenha a preeminência, a soberania divina entre todas as suas criaturas. “Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto dos mortos como dos vivos” Rm. 14: 9. Ninguém consegue fugir do seu senhorio. Voltemos a lembrar do problema entre os Colossenses. Os hereges estavam tentando destruir a primazia de Cristo, e, em seu lugar, eles mesmos queriam receber toda a preeminência. Mas, desfazendo as prerrogativas de Cristo, os hereges estavam anulando a redenção e impossibilitando qualquer esperança do perdão dos pecados. O âmago de qualquer heresia é a negação da exclusividade soberana de Cristo  e a exaltação dos méritos humanos. “Ostentando-se como se fosse o próprio Deus” 2 Ts. 2: 4. Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, e, entre outros propósitos, para qual fim? A fim de que o nome do nosso Senhor Jesus Cristo seja glorificado, 2Ts. 1: 12. Ou, como o Apóstolo disse em outro lugar: “Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor para glória de Deus Pai” Fl. 2: 10-11. Ai do homem que procura usurpar a primazia que pertence exclusivamente a Jesus Cristo.
d)       Cristo é o Filho amado por Deus (o Pai), V. 19. “Porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude”. Outro versículo que diz a mesma verdade: “O Pai ama ao Filho e todas as cousas tem confiado às suas mãos” Jo. 3: 35. Vamos regressar para a cena do batismo, onde vemos Jesus sendo batizado antes de dar início ao seu  ministério  público. “Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu filho amado, em quem me comprazo” Mt. 3: 16-17. Observemos duas verdades relacionadas a esta declaração:
Primeira: A unção pelo Espírito Santo, capacitando Jesus Cristo, como verdadeiro homem, para exercer toda vontade de Deus. Quando o Apóstolo fala da “plenitude”, entendemos que esta se refere à vontade do Pai  em relação à salvação do pecador. Cristo, somente ele, recebeu o encargo para salvar pecadores. Cristo não é um Salvador incompleto, como os hereges em Colossos ensinavam. Ele é poderoso para salvar totalmente, porque nele habita toda a plenitude, Hb. 7: 25.
Segunda: A confirmação pública que o Pai deu a respeito deste Jesus: “Este é o meu Filho amado, em que me comprazo”. O Apóstolo aos Hebreus fez uma pergunta pertinente: “Ora, qual dos anjos jamais disse: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por estrado dos pés?” Hb. 1: 13. A superioridade é incontestável. “Aprouve a Deus, que em Cristo residisse toda a plenitude”, toda a autoridade para salvar pecadores. Mas, para efetuar esta salvação, Ele tinha que dar a sua própria vida como o preço do resgate. O Ap. João testificou: “Por que todos nós temos recebido da sua plenitude (da sua exclusiva suficiência) e graça sobre graça” Jo. 1: 16.
e)       Cristo é reconciliador de todas as cousas, V. 20. “que havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as cousas, quer sobre a terra quer no céus”.  Reconciliação entende um contexto de inimizade entre duas ou mais pessoas, e, em nosso contexto, entre Deus e toda a humanidade. Pois todos pecaram. Portanto, para realizar uma reconciliação, o pecado, que é a causa da inimizade, tem que ser removido. Cristo é o único enviado com a missão específica para tirar os pecados do homem. “Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados”.  E Ele tem esta autoridade, porque “nele não existe pecado” 1 Jo. 3: 5. Quando Cristo se manifestou entre os homens, João Batista logo o reconheceu como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” Jo. 1: 29.
Esta reconciliação foi realizada mediante o pagamento de um resgate, a saber, “o sangue da cruz” de Jesus Cristo e da sua morte substitutiva. Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, antes, elas foram transferidas ao seu próprio Filho, “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para o pecado, vivamos para a justiça” 1 Pe. 2: 24; 2 Co. 5: 19.
Esta reconciliação produziu o fruto precioso de paz entre Deus e os pecadores que creem em Jesus Cristo. Por isso, Ele garantiu ao seu povo: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” Jo. 14: 27. E, o Ap. Paulo, regozijava-se, dizendo: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio do nosso Senhor Jesus Cristo” Rm. 5: 1.
Esta reconciliação tem uma abrangência generosa: “todas as cousas, quer sobre a terra, quer nos céus”, tudo o que foi atingido pelo pecado. A terra foi atingida e ficou amaldiçoada. O homem também foi atingido e foi expulso da presença de Deus, Gn. 3: 23-24. Tudo e todos que se encontram separados da amizade de Deus podem, agora, ser reconciliados com Deus por meio de Jesus Cristo. Eis a nossa comissão: “Deus nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus” 2 Co. 5: 19-20. Somos reconciliados com Deus quando cremos em Jesus Cristo, submetendo a nossa vida à sua direção, e descansando em seu cuidado.


Conclusão: A melhor maneira de combater a heresia é proclamar as verdades positivas sobre a soberania absoluta de Cristo, tanto na área de criação como também na área da redenção do pecador.

segunda-feira, 10 de março de 2014

UM TESTEMUNHO





Em breve estaremos completando cinquenta anos de casamento. No processo de planejar para este enlace abençoado, escolhemos Salmo 48:14 para nos servir como insígnia de orientação conjugal. “Porque este Deus é o nosso Deus para sempre; ele será o nosso guia até a morte”. Em nosso casamento, não iríamos seguir uma filosofia humanística, pelo contrário, serviríamos o Deus específico, o Criador do céu e da terra, o Deus que se tornou nosso Salvador. O nosso serviço a este Deus não seria algo esporádico ou limitado a momentos de conveniência, antes, Ele receberia o nosso serviço de uma maneira ininterrupta e para sempre. Mas, para manter uma constância nesses dois princípios, reconhecemos que, de nós mesmos, não teríamos forças suficientes; por isso, lançando toda a nossa dependência sobre a graça superabundante deste Deus, declaramos, pela fé, que Ele seria o nosso Guia até a morte. E, tantos anos mais tarde, testemunhamos que Deus é fiel, porque a sua misericórdia dura para sempre.

Agora, vamos examinar este versículo mais detalhadamente, para que possamos sentir o impacto destes três princípios sobre a nossa vida.

1. A Identidade deste Deus. “Porque este Deus é o nosso Deus”. Mas, quem é este Deus? “Ele é o criador de todas as coisas,... Senhor dos Exércitos é o seu nome” (Jr. 10:16). Ele é o Deus da aliança, aquele que se comprometeu com o seu povo, dando-lhe esta promessa: “Eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (Hb. 8:10). Ele é o Deus que cuida do seu povo, suprindo cada uma de suas necessidades; um Deus digno de toda a nossa confiança.

Queremos conhecer esse Deus mais de perto, mas, como? Somos dependentes da sua própria auto-revelação. De certa feita, Moisés pediu ao Senhor: “Rogo-te que me mostre a tua glória” (Ex. 33:18). “Tendo o Senhor descido na nuvem, ali esteve junto de Moisés e proclamou o nome do Senhor. E, passando o Senhor por diante de Moisés, clamou: Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniquidade (a perversidade), a transgressão (a desobediência) e o pecado (as falhas e imperfeições), ainda que não inocenta o culpado, e visita a iniquidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos até a terceira e quarta geração” (Ex. 34:5-7). Deus é conhecido por causa da auto-revelação de seus atributos. O Ap. Paulo declarou: “ Porque os atributos invisíveis de Deus, assim como o seu poder como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas . Tais homens são, por isso, indesculpáveis” (Rm. 1:20). Deus não nos deixou  sem evidências, pois, “o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre os homens, porque Deus lhes manifestou” (At. 14:17, Rm. 1:19).

Vamos resumir o sentido dos atributos que foram revelados a Moisés: a) Deus é acessível e misericordioso. “Como pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece dos que o temem. Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó” (Sl. 103: 13-14). b) Deus é perdoador. Ele perdoa todas as perversidades, todas as desobediências e todas as falhas e imperfeições de seus redimidos. c) Ele distingue entre o justo e o injusto. “Pois o Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá” (Sl. 1:6). Por causa dessa diferença entre os homens, Deus “estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão (Jesus Cristo) que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (At. 17:31). “E irão estes (os ímpios) para o castigo eterno, porém, os justos, para a vida eterna” (Mt. 25:46). Perguntamos: Como pode Deus perdoar o culpado? O Ap. Paulo resumiu essa possibilidade, dizendo: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm. 5:8). “Assim, em Cristo, todos os que crêem em sua morte substitutiva têm a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef. 1:7).

2. A Idealidade deste Deus. “Porque este Deus é o nosso Deus para sempre”. À luz desta auto-revelação de Deus, qual é a sua idealidade a nosso respeito? Que sejamos agradecidos. Ele prometeu ser o nosso Deus, e nós correspondemos, dizendo: “Tu és o meu Deus” (Sl. 31:14). O Ap. Paulo resumiu o conceito dessa reciprocidade, dizendo: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm. 12:1-2). Quando assumimos o compromisso para servir ao Deus vivo e verdadeiro, é “para sempre”. Cristo disse: “Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus” (Lc. 9:62). Por isso, temos que compreender o que está implícito nesse apelo do apóstolo:

a)  Consagração é a maneira bíblica para expressar a nossa gratidão a Deus por todas as misericórdias que Ele tem usado em nosso favor. O Salmista perguntou: “Que darei ao Senhor por todos os seus benefícios para comigo?” (Sl. 116:12). A consciência de que temos recebido, gratuitamente, muitos benefícios, pede uma resposta da nossa parte. E, embora sabemos que jamais poderemos retribuir convenientemente, temos que corresponder de alguma forma. Mas, como? O Salmista nos deu a resposta: “Oferecer-te-ei sacrifícios de ações de graças e invocarei o nome do Senhor”, cultivando uma comunhão espiritual com Ele, (Sl. 116:17).

b) Consagração significa que apresentamos o nosso corpo a Deus como sacrifício vivo, isto é, estar disposto a se gastar no serviço de Deus. Quando o Ap. Paulo reconheceu a atuação de Deus em sua vida, ele logo perguntou: “Que farei, Senhor?” A resposta pode ser resumida assim: “Levanta-te e faça tudo o que eu te ordeno” (At. 22:10). Mais tarde, testemunhando aos Coríntios sobre a sua consagração à vontade de Deus, o Apóstolo disse: “Eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei  gastar em prol da vossa alma. Se mais vos amo (como Deus ordena), serei menos amado?” (2 Co. 12:15). Cristo disse: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, toma a sua cruz (as consequências negativas que acompanham uma vida entregue a Cristo) e siga-me” (Mt. 16:24).

c) Esta consagração como parte do nosso culto racional envolve uma certa abnegação da nossa parte. Existem pessoas “de ânimo dobre” (Tg 1:8); ou, de “coração fingido” (Sl. 12:2); que querem os benefícios da vida cristã e, ao mesmo tempo, os prazeres deste mundo. O culto que essas pessoas oferecem a Deus é uma adoração hipócrita e uma perversão espiritual. O culto sincero envolve uma abnegação decidida, uma escolha entre duas opções. “Ninguém pode servir a dois senhores (...) Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Mt. 6:24). A ordem é esta: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lc. 10:27).

d) Consagração necessita de duas atitudes: afastamento dos prazeres pecaminosos deste século; e, a renovação da nossa mente pelo estudo e prática das Escrituras Sagradas. Em vez de desperdiçar o nosso tempo com frivolidades, devemos dar mais espaço à leitura, guardando a palavra de Deus em nosso coração para não pecar contra Ele. E, a maneira acessível para receber esta bem-aventurança é a prática diária do culto doméstico, um tempo específico dedicado à leitura da Bíblia e à oração.

e) Quando nós somos consagrados a Deus e usamos os meios da graça como convém, teremos condições para discernir e experimentar qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. A nossa disposição espiritual tem que ser semelhante àquela do Senhor Jesus Cristo: “Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu, dentro do meu coração, está a tua lei” (Sl. 40:8). E, durante o longo dos anos, o nosso testemunho é este: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia!” (Sl. 119: 97).

3. A Idoneidade deste Deus. “Ele será o nosso guia até a morte”. Fizemos esta afirmação porque Ele é o Deus que assumiu o compromisso de suprir cada uma das nossas necessidades. Quando falamos da idoneidade do nosso Deus, estamos testemunhando da nossa confiança em sua sabedoria para nos guiar através dos caminhos escuros desta vida. Por isso, clamamos constantemente e urgentemente: “Guia-me na Tua verdade, e ensina-me, pois tu és o Deus da minha salvação, em quem eu espero todo o dia” (Sl. 25:5)

Estamos sempre recebendo notícias negativas, que nos dão uma certa insegurança e um tipo de receio no coração. Mas, nestas circunstâncias, a nossa fé nos ampara. Dirimo-nos ao Senhor e à sua promessa, confessando: “Tu me guias com o teu conselho e depois me recebes na glória” (Sl. 73:24). Ele nos guia usando meios acessíveis, tais como portas de livramento (ICo. 10:13), mas, especificamente, mediante os conselhos que se encontram nas Escrituras Sagradas. Por isso, voltamos a falar sobre a importância de estarmos em contato diário coma Palavra de Deus. Como podemos receber um conselho necessário, sem estar em comunhão com a Bíblia? Como podemos ser recebidos na glória ou ser premiados com a cora da vitória, sem conhecer os conselhos do Senhor? Desde o primeiro dia do nosso casamento, temos nos esforçado para praticar, todos os dias, o culto doméstico, desfrutando contato espiritual com os conselhos nas Escrituras Sagradas. Apesar de falhas comuns da natureza humana, Deus tem sido fiel, Ele tem nos guiado segundo a sua promessa.

Qual é o requisito necessário a fim de ser guiado por Deus em nossa vida? Temos que nos humilhar e reconhecer que, sem o auxílio divino, não conseguimos acertar nada com a devida perfeição. O Ap. Pedro nos deu esta exortação: “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (IPe. 5:6-7). Este mesmo Apóstolo, quando confiou, orgulhosamente, em seu próprio poder para ser fiel ao Senhor, caiu vergonhosamente, traindo o seu Senhor. A palavra do Sábio continua sendo relevante: “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda” (Pv.16:18). Muitas infelicidades poderiam ser evitadas se houvesse mais humildade e o reconhecimento da necessidade de clamar ao Senhor: “Guia-me na tua verdade e ensina-me, porque tu és o Deus da minha salvação, em quem eu espero todo o dia” (Sl. 25:5). O nosso Deus tem a idoneidade suficiente para nos guiar no caminho que devemos andar. Basta entregar a nossa direção a Ele.


Conclusão: O nosso Deus tem uma identidade verificável. Ele é o nosso Criador e Salvador. Ele tem uma idealidade para cada um de nós. Ele quer ser o nosso Deus para todo o sempre. E, o nosso Deus tem uma idoneidade perfeita,  Ele quer ser o nosso Guia até a morte. Basta confiar a nossa vida aos cuidados dele. Amém.


Rev. Ivan G. G. Ross

sexta-feira, 7 de março de 2014

A DIVINDADE DE CRISTO - A CARTA AOS COLOSSENSES - estudo 3 (Parte 1)



Leitura Bíblica: Colossenses 1: 15-17

INTRODUÇÃO:
Nos versículos 9 a 14, o Apóstolo nos deixou uma amostra de como orava em favor das Igrejas. Os colossenses estavam sendo assediados por falsos profetas que subtraiam a suficiência de Cristo para salvar, totalmente, pecadores. Através desta oração, o Apóstolo mostrou como a Igreja pode ser fortalecida para resistir as palavras persuasivas da heresia. Ele pediu três fundamentos que a Igreja precisaria para fortalecer a sua confiança na suficiência de Cristo para salvar pecadores. A Necessidade de Crescimento Espiritual, descobrindo e aplicando  a vontade de Deus em seu procedimento; A Necessidade de Constância Espiritual, uma firmeza na doutrina cristã; e, A Necessidade de Contentamento Espiritual, repousando confiadamente na suficiência de Cristo para salvar pecadores, sem se preocupar com as sugestões blasfematórias dos hereges.
Nesta oração está implícita uma pergunta: Quem é aquele que pode suprir tais necessidades às Igrejas? A resposta está na Divindade de Jesus Cristo. Aquele que criou o mundo e tudo o que nele existe é poderoso para suprir cada uma das necessidades de seu povo, Fl. 4: 19. Mas, antes de começar a nossa exposição, queremos fazer uma observação histórica sobre o nosso texto.
Por causa da estrutura ritmada destes versículos (15-20), os estudiosos acreditam que o Apóstolo estava citando um hino que o povo cantava, ou, mais uma “Palavra Fiel” que os crentes decoravam e repetiam entre si mesmos, a fim de estabelecerem melhor as suas convicções. Encontramos outros exemplos de “Palavras Fiéis” (Credos Doutrinários) em 1 Tm. 1: 15; 3: 1; 4: 9; 2 Tm. 2: 11; Tt. 3: 8. Assim, percebemos o valor que a Igreja primitiva dava às doutrinas fundamentais  e como elas foram memorizadas. A palavra de Deus é a espada do Espírito Santo, pela qual somos abençoados com toda sorte de benção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, Ef. 1:3; 6:17. Devemos imitar este costume edificante em nossa vida diária. “Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti” Sl. 119: 11.
Para que entendamos melhor o texto que queremos estudar, temos que compreender algo sobre a doutrina da Santíssima Trindade. “Há três pessoas na Divindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; estas três Pessoas são um só Deus verdadeiro e eterno, da mesma substância, iguais em poder e glória, embora distintas pelas suas propriedades pessoais” Cat, Maior, 9. Ou, em nossas palavras, resumidamente, Pai, Filho e Espírito Santo, são, cada um, igualmente o Deus único e eterno, porém, cada um tem as suas próprias atribuições, por isso, reconhecemos a existência de três Pessoas dentro da unidade da Divindade. Podemos dizer, em termos práticos: O Pai planejou a redenção de pecadores. “Tu, ó Senhor, és nosso Pai; nosso Redentor é o teu nome desde a antiguidade” Is. 63:16. O Filho executou esta redenção, dando a sua própria vida em resgate por muitos; “no qual temos a redenção, a remissão dos pecados” Cl. 1: 14. O Espírito Santo comunicou esta redenção àqueles que creem na obra redentora de Cristo. “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” – que somos participantes desta redenção, Rm. 8:16. Portanto, Deus, em toda a sua plenitude triúna, é o nosso Redentor. “Todo homem saberá que eu sou o Senhor, o teu Salvador e o teu Redentor” Is. 49: 26. Mas, para que o Filho pudesse efetuar esta redenção, Ele teria de assumir a forma de homem, nascer de mulher e nascer sob a lei, Gl. 4: 4. A essência de Deus não pode ser desfeita, por isso, cremos que o Cristo tem duas naturezas: a Divina, e a Humana, porém, Ele é uma só Pessoa. O nosso texto (Cl. 1: 15-20) descreve a Divindade de Cristo, este Deus-Homem, e seus atributos como Criador e Redentor.  Veja como a Confissão de Fé descreve esta verdade: “O Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Trindade, sendo verdadeiro e eterno Deus, da mesma substância do Pai e igual a Ele, quando chegou o cumprimento do tempo, tomou sobre si a natureza humana com todas as suas propriedades essenciais e enfermidades comuns, contudo sem pecado, sendo concebido pelo poder do Espírito Santo no ventre da Virgem Maria, e da substância dela. As duas naturezas – a Divindade e a Humanidade – foram inseparavelmente unidas em uma só pessoa, sem conversão, composição ou confusão; essa pessoa é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, porém, um só Cristo, o único Mediador entre Deus e o homem” Cap. 8: 2. Agora, vamos ao nosso texto (Cl. 1: 15-20), sempre lembrando Jesus Cristo como aquele que foi reconhecido como homem, e  que andava no meio dos homens, “fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus (o Pai) era com ele” At. 10: 38. Vamos ver como o Apóstolo apresenta a Divindade inquestionável de “Jesus Cristo, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos” 1 Tm. 2: 5

1-     Jesus Cristo Como Criador, Vs. 15-17. Devemos lembrar qual a razão desta Carta. A fé dos colossenses estava sendo ameaçada por hereges que dogmatizavam a insuficiência de Cristo para salvar, sozinho, pecadores; insinuando a necessidade do auxílio de anjos e de outros recursos de auto-ajuda.  Para combater essa heresia, o Apóstolo faz questão de enfatizar a Divindade de Cristo, e, portanto, a suficiência para salvar pecadores, sem o auxílio de outrem. Aquele que fez todas as cousas, nos céus e na terra, é igualmente poderoso para remir e salvar qualquer pecador. Veja as afirmações do Apóstolo.
a)     Cristo é a imagem do Deus invisível, V. 15a. Quando Filipe pediu a Jesus: “Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta”, Jesus lhe respondeu: “Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não vês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim?” Jo. 14: 8-10. Em outro texto, Cristo afirmou: “Eu e o Pai somos um” Jo. 10: 30. Eles são um, tanto no sentido de propósitos, como também no sentido de essência. Cristo ainda esclareceu: “Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis; mas, se faço e não me credes, crede nas obras, para que possais saber e compreender que o Pai está em mim, e eu estou no Pai” Jo.10: 37-38. A harmonia indivisível entre o Pai e o Filho é inegável. Os judeus entenderam perfeitamente as implicações desta palavra de Cristo; Ele estava “fazendo-se igual a Deus” Jo. 5: 18. Devemos entender que Cristo, como a Imagem do “Deus invisível”, é Deus revelado. Deus tornou-se conhecido por intermédio de seu  Filho. “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito (o Verbo, Jo. 1: 1), que está no seio do Pai é quem o revelou” Jo. 1: 18.
b)     Cristo é primogênito de toda a criação, V. 15b. Agora, se Cristo é a própria imagem do “Deus invisível”, e, se este “Deus invisível” é de eternidade a eternidade, segue-se que o Filho também é eternamente a imagem de Deus. Quanto à sua Divindade, Cristo não pode estar na categoria de tempo e de espaço. Ele não pode ser um mero ser criado, antes, está numa classe à parte, isto é, exaltado acima de toda criatura. Ele recebeu um nome que está acima de todo nome. Não existe nenhum outro nome superior ao seu. E qual a razão? “Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra”; dando-lhe o culto que pertence exclusivamente ao Deus verdadeiro, Fl. 2: 9-10. A figura do “primogênito” é a linguagem do Antigo Testamento que descreve a dignidade e os privilégios do filho primogênito como herdeiro dos bens do pai. Assim, “nestes últimos dias (Deus) nos falou pelo Filho (aquele que estava no mundo e reconhecido como homem), a quem constituiu herdeiro de todas cousas, pelo qual também fez o universo” Hb. 1: 2.  Nos céus, as milícias proclamam em grande voz: “Digno é o Cordeiro (Jesus Cristo, Jo. 1: 29) que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor” Ap. 5: 12. Mesmo aqui na terra, podemos estar ocupados, “falando entre vós com Salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome do Senhor Jesus Cristo” Ef. 5: 19-20.
c)     Cristo é o Criador de todas as cousas, V. 16. “Pois nele, foram criadas todas as cousas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, que potestades, tudo foi criado por meio dele e para ele.” O Apóstolo multiplica as coisas que existem, a fim de descrever a abrangência total das obras criadas por meio de Jesus Cristo. Seja qual for o objeto, visível ou invisível, poderes ou governos, tudo veio a existir por meio de seu poder organizador. E, sendo o Criador de tudo, Cristo, de necessidade, é maior do que tudo e, portanto, Soberano sobre tudo. À luz desta verdade, como pode alguém duvidar do seu poder para redimir e salvar totalmente qualquer pecador que vem a Ele pedindo socorro? Ele é de total confiança! Na Bíblia, as obras da criação são citadas para alimentar a nossa fé no poder que Cristo tem para auxiliar o seu povo em todas as suas necessidades.  “Elevo os meus olhos para os montes (nas alturas onde Deus habita), de onde me virá o socorro?” E a fé responde: “O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra” Sl. 121: 1-2. O Deus que criou o universo, e tudo o que nele existe, é Todo-Poderoso para socorrer o homem em suas dificuldades. Um dos efeitos mais tristes do pecado é este: o homem  foi levado a duvidar do poder de seu próprio Criador para o salvar. “O Verbo (Cristo) estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” Jo. 1: 10-11. Este foi o pecado principal dos hereges em Colossos, eles ensinavam o povo a não acreditar no poder de Cristo para salvar, sozinho, os pecadores.
d)     Cristo é antes de todas as cousas, V. 17a. Por ser a Segunda Pessoa da Trindade, e por não ser criado, a sua existência eterna é inquestionável. Por isso, Cristo podia confessar: Sim, eu sou maior do que Abraão, porque, antes que Abraão existisse, EU SOU” Jo. 8: 53-58. E, em sua oração sacerdotal, Ele pediu: “Glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo” isto é, desde a eternidade, Jo. 17: 5. Sim, o poder imutável de Cristo para cuidar e salvar pecadores continua inabalável até os nossos dias. “Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre” Hb. 1: 12; 13: 8. Aquele que é desde a eternidade é aquele que manifestou o seu poder nas obras da criação, e é o mesmo que continua demonstrando o seu poder na salvação eterna de pecadores. Nele devemos confiar!
e)     Cristo sustenta todas as cousas, V. 17b. “Nele, tudo subsiste”. O Salmista exclamou: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos” Sl. 19: 1. E, no mesmo tom de admiração, o Ap. Paulo, reconhecendo a auto-revelação de Deus, afirmou: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer, é manifesto entre eles (os homens), porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus (os poderes da sua natureza), assim como o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das cousas que foram criadas” Rm. 1: 19-20. Ao contemplarmos a plenitude do universo, somos constrangidos a reconhecer  que o mundo, e tudo o que nele há, é um sistema vivo e harmonioso, a obra de um Ser infinitamente sábio, poderoso e cuidadoso. Cada parte da criação, desde o menor inseto até o maior astro, tudo tem o seu próprio lugar no mecanismo do universo. Deus não criou um caos insustentável, antes, Ele criou um cosmos harmonioso. Desde o início até hoje, a aliança que Deus estabeleceu com todas as suas criaturas permanece inalterada: “Enquanto durar a terra, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite” Gn. 8: 22. Reconhecemos que o pecado danificou uma parte desta harmonia, contudo, o mundo continua conforme a aliança original.
Mas existe uma outra verdade quanto à criação que devemos reconhecer. Quando Deus criou o mundo, e tudo o que nele há, Ele o criou para que a sua existência e a sua frutescência dependesse da providência ininterrupta de Deus. O mundo não foi criado e abandonado para existir de acordo com leis preestabelecidas. O mundo não é auto-sustentável, ele continua até hoje, porque é sustentado pelo poder soberano de Jesus Cristo. Ele sustenta todas as cousas pela palavra de seu poder, Hb. 1: 3. Por uma palavra de ordem, toda a criação o obedece. De certa feita, os discípulos exclamaram: “Quem é este que até o vento e o mar lhe  obedecem?” Mc. 4: 41.
Por que o Apóstolo citou estes cinco aspectos do poder criador de Jesus Cristo? Para estabelecer, definitivamente, o poder imensurável de Cristo. Aquele que demonstrou o seu poder, criando do nada todas as cousas, é igualmente poderoso para salvar pecadores, sem precisar recorrer ao auxílio de criaturas que Ele mesmo criou.

Uma das frases que o Ap. Paulo mais usava era “a graça de Jesus Cristo”. Ele amou a sua Igreja e a si mesmo se entregou por ela, Ef. 5: 25. A liberalidade de Cristo foi demonstrada quando Ele morreu pelos nossos pecados. Ele continua derramando sobre nós toda a super-suficiência da sua graça para que sejamos preservados na fé, enquanto estivermos neste mundo. Pela graça, podemos confessar: “Em todas estas cousas (os poderes que se esforçam para nos separar do amor de Cristo), somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou” Rm. 8: 37. Não deixemos nenhum argumento nos demover da nossa confiança em Jesus Cristo para salvar qualquer pecador.