Vasos de Honra

sexta-feira, 7 de março de 2014

A DIVINDADE DE CRISTO - A CARTA AOS COLOSSENSES - estudo 3 (Parte 1)



Leitura Bíblica: Colossenses 1: 15-17

INTRODUÇÃO:
Nos versículos 9 a 14, o Apóstolo nos deixou uma amostra de como orava em favor das Igrejas. Os colossenses estavam sendo assediados por falsos profetas que subtraiam a suficiência de Cristo para salvar, totalmente, pecadores. Através desta oração, o Apóstolo mostrou como a Igreja pode ser fortalecida para resistir as palavras persuasivas da heresia. Ele pediu três fundamentos que a Igreja precisaria para fortalecer a sua confiança na suficiência de Cristo para salvar pecadores. A Necessidade de Crescimento Espiritual, descobrindo e aplicando  a vontade de Deus em seu procedimento; A Necessidade de Constância Espiritual, uma firmeza na doutrina cristã; e, A Necessidade de Contentamento Espiritual, repousando confiadamente na suficiência de Cristo para salvar pecadores, sem se preocupar com as sugestões blasfematórias dos hereges.
Nesta oração está implícita uma pergunta: Quem é aquele que pode suprir tais necessidades às Igrejas? A resposta está na Divindade de Jesus Cristo. Aquele que criou o mundo e tudo o que nele existe é poderoso para suprir cada uma das necessidades de seu povo, Fl. 4: 19. Mas, antes de começar a nossa exposição, queremos fazer uma observação histórica sobre o nosso texto.
Por causa da estrutura ritmada destes versículos (15-20), os estudiosos acreditam que o Apóstolo estava citando um hino que o povo cantava, ou, mais uma “Palavra Fiel” que os crentes decoravam e repetiam entre si mesmos, a fim de estabelecerem melhor as suas convicções. Encontramos outros exemplos de “Palavras Fiéis” (Credos Doutrinários) em 1 Tm. 1: 15; 3: 1; 4: 9; 2 Tm. 2: 11; Tt. 3: 8. Assim, percebemos o valor que a Igreja primitiva dava às doutrinas fundamentais  e como elas foram memorizadas. A palavra de Deus é a espada do Espírito Santo, pela qual somos abençoados com toda sorte de benção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, Ef. 1:3; 6:17. Devemos imitar este costume edificante em nossa vida diária. “Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti” Sl. 119: 11.
Para que entendamos melhor o texto que queremos estudar, temos que compreender algo sobre a doutrina da Santíssima Trindade. “Há três pessoas na Divindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; estas três Pessoas são um só Deus verdadeiro e eterno, da mesma substância, iguais em poder e glória, embora distintas pelas suas propriedades pessoais” Cat, Maior, 9. Ou, em nossas palavras, resumidamente, Pai, Filho e Espírito Santo, são, cada um, igualmente o Deus único e eterno, porém, cada um tem as suas próprias atribuições, por isso, reconhecemos a existência de três Pessoas dentro da unidade da Divindade. Podemos dizer, em termos práticos: O Pai planejou a redenção de pecadores. “Tu, ó Senhor, és nosso Pai; nosso Redentor é o teu nome desde a antiguidade” Is. 63:16. O Filho executou esta redenção, dando a sua própria vida em resgate por muitos; “no qual temos a redenção, a remissão dos pecados” Cl. 1: 14. O Espírito Santo comunicou esta redenção àqueles que creem na obra redentora de Cristo. “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” – que somos participantes desta redenção, Rm. 8:16. Portanto, Deus, em toda a sua plenitude triúna, é o nosso Redentor. “Todo homem saberá que eu sou o Senhor, o teu Salvador e o teu Redentor” Is. 49: 26. Mas, para que o Filho pudesse efetuar esta redenção, Ele teria de assumir a forma de homem, nascer de mulher e nascer sob a lei, Gl. 4: 4. A essência de Deus não pode ser desfeita, por isso, cremos que o Cristo tem duas naturezas: a Divina, e a Humana, porém, Ele é uma só Pessoa. O nosso texto (Cl. 1: 15-20) descreve a Divindade de Cristo, este Deus-Homem, e seus atributos como Criador e Redentor.  Veja como a Confissão de Fé descreve esta verdade: “O Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Trindade, sendo verdadeiro e eterno Deus, da mesma substância do Pai e igual a Ele, quando chegou o cumprimento do tempo, tomou sobre si a natureza humana com todas as suas propriedades essenciais e enfermidades comuns, contudo sem pecado, sendo concebido pelo poder do Espírito Santo no ventre da Virgem Maria, e da substância dela. As duas naturezas – a Divindade e a Humanidade – foram inseparavelmente unidas em uma só pessoa, sem conversão, composição ou confusão; essa pessoa é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, porém, um só Cristo, o único Mediador entre Deus e o homem” Cap. 8: 2. Agora, vamos ao nosso texto (Cl. 1: 15-20), sempre lembrando Jesus Cristo como aquele que foi reconhecido como homem, e  que andava no meio dos homens, “fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus (o Pai) era com ele” At. 10: 38. Vamos ver como o Apóstolo apresenta a Divindade inquestionável de “Jesus Cristo, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos” 1 Tm. 2: 5

1-     Jesus Cristo Como Criador, Vs. 15-17. Devemos lembrar qual a razão desta Carta. A fé dos colossenses estava sendo ameaçada por hereges que dogmatizavam a insuficiência de Cristo para salvar, sozinho, pecadores; insinuando a necessidade do auxílio de anjos e de outros recursos de auto-ajuda.  Para combater essa heresia, o Apóstolo faz questão de enfatizar a Divindade de Cristo, e, portanto, a suficiência para salvar pecadores, sem o auxílio de outrem. Aquele que fez todas as cousas, nos céus e na terra, é igualmente poderoso para remir e salvar qualquer pecador. Veja as afirmações do Apóstolo.
a)     Cristo é a imagem do Deus invisível, V. 15a. Quando Filipe pediu a Jesus: “Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta”, Jesus lhe respondeu: “Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não vês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim?” Jo. 14: 8-10. Em outro texto, Cristo afirmou: “Eu e o Pai somos um” Jo. 10: 30. Eles são um, tanto no sentido de propósitos, como também no sentido de essência. Cristo ainda esclareceu: “Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis; mas, se faço e não me credes, crede nas obras, para que possais saber e compreender que o Pai está em mim, e eu estou no Pai” Jo.10: 37-38. A harmonia indivisível entre o Pai e o Filho é inegável. Os judeus entenderam perfeitamente as implicações desta palavra de Cristo; Ele estava “fazendo-se igual a Deus” Jo. 5: 18. Devemos entender que Cristo, como a Imagem do “Deus invisível”, é Deus revelado. Deus tornou-se conhecido por intermédio de seu  Filho. “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito (o Verbo, Jo. 1: 1), que está no seio do Pai é quem o revelou” Jo. 1: 18.
b)     Cristo é primogênito de toda a criação, V. 15b. Agora, se Cristo é a própria imagem do “Deus invisível”, e, se este “Deus invisível” é de eternidade a eternidade, segue-se que o Filho também é eternamente a imagem de Deus. Quanto à sua Divindade, Cristo não pode estar na categoria de tempo e de espaço. Ele não pode ser um mero ser criado, antes, está numa classe à parte, isto é, exaltado acima de toda criatura. Ele recebeu um nome que está acima de todo nome. Não existe nenhum outro nome superior ao seu. E qual a razão? “Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra”; dando-lhe o culto que pertence exclusivamente ao Deus verdadeiro, Fl. 2: 9-10. A figura do “primogênito” é a linguagem do Antigo Testamento que descreve a dignidade e os privilégios do filho primogênito como herdeiro dos bens do pai. Assim, “nestes últimos dias (Deus) nos falou pelo Filho (aquele que estava no mundo e reconhecido como homem), a quem constituiu herdeiro de todas cousas, pelo qual também fez o universo” Hb. 1: 2.  Nos céus, as milícias proclamam em grande voz: “Digno é o Cordeiro (Jesus Cristo, Jo. 1: 29) que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor” Ap. 5: 12. Mesmo aqui na terra, podemos estar ocupados, “falando entre vós com Salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome do Senhor Jesus Cristo” Ef. 5: 19-20.
c)     Cristo é o Criador de todas as cousas, V. 16. “Pois nele, foram criadas todas as cousas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, que potestades, tudo foi criado por meio dele e para ele.” O Apóstolo multiplica as coisas que existem, a fim de descrever a abrangência total das obras criadas por meio de Jesus Cristo. Seja qual for o objeto, visível ou invisível, poderes ou governos, tudo veio a existir por meio de seu poder organizador. E, sendo o Criador de tudo, Cristo, de necessidade, é maior do que tudo e, portanto, Soberano sobre tudo. À luz desta verdade, como pode alguém duvidar do seu poder para redimir e salvar totalmente qualquer pecador que vem a Ele pedindo socorro? Ele é de total confiança! Na Bíblia, as obras da criação são citadas para alimentar a nossa fé no poder que Cristo tem para auxiliar o seu povo em todas as suas necessidades.  “Elevo os meus olhos para os montes (nas alturas onde Deus habita), de onde me virá o socorro?” E a fé responde: “O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra” Sl. 121: 1-2. O Deus que criou o universo, e tudo o que nele existe, é Todo-Poderoso para socorrer o homem em suas dificuldades. Um dos efeitos mais tristes do pecado é este: o homem  foi levado a duvidar do poder de seu próprio Criador para o salvar. “O Verbo (Cristo) estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” Jo. 1: 10-11. Este foi o pecado principal dos hereges em Colossos, eles ensinavam o povo a não acreditar no poder de Cristo para salvar, sozinho, os pecadores.
d)     Cristo é antes de todas as cousas, V. 17a. Por ser a Segunda Pessoa da Trindade, e por não ser criado, a sua existência eterna é inquestionável. Por isso, Cristo podia confessar: Sim, eu sou maior do que Abraão, porque, antes que Abraão existisse, EU SOU” Jo. 8: 53-58. E, em sua oração sacerdotal, Ele pediu: “Glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo” isto é, desde a eternidade, Jo. 17: 5. Sim, o poder imutável de Cristo para cuidar e salvar pecadores continua inabalável até os nossos dias. “Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre” Hb. 1: 12; 13: 8. Aquele que é desde a eternidade é aquele que manifestou o seu poder nas obras da criação, e é o mesmo que continua demonstrando o seu poder na salvação eterna de pecadores. Nele devemos confiar!
e)     Cristo sustenta todas as cousas, V. 17b. “Nele, tudo subsiste”. O Salmista exclamou: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos” Sl. 19: 1. E, no mesmo tom de admiração, o Ap. Paulo, reconhecendo a auto-revelação de Deus, afirmou: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer, é manifesto entre eles (os homens), porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus (os poderes da sua natureza), assim como o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das cousas que foram criadas” Rm. 1: 19-20. Ao contemplarmos a plenitude do universo, somos constrangidos a reconhecer  que o mundo, e tudo o que nele há, é um sistema vivo e harmonioso, a obra de um Ser infinitamente sábio, poderoso e cuidadoso. Cada parte da criação, desde o menor inseto até o maior astro, tudo tem o seu próprio lugar no mecanismo do universo. Deus não criou um caos insustentável, antes, Ele criou um cosmos harmonioso. Desde o início até hoje, a aliança que Deus estabeleceu com todas as suas criaturas permanece inalterada: “Enquanto durar a terra, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite” Gn. 8: 22. Reconhecemos que o pecado danificou uma parte desta harmonia, contudo, o mundo continua conforme a aliança original.
Mas existe uma outra verdade quanto à criação que devemos reconhecer. Quando Deus criou o mundo, e tudo o que nele há, Ele o criou para que a sua existência e a sua frutescência dependesse da providência ininterrupta de Deus. O mundo não foi criado e abandonado para existir de acordo com leis preestabelecidas. O mundo não é auto-sustentável, ele continua até hoje, porque é sustentado pelo poder soberano de Jesus Cristo. Ele sustenta todas as cousas pela palavra de seu poder, Hb. 1: 3. Por uma palavra de ordem, toda a criação o obedece. De certa feita, os discípulos exclamaram: “Quem é este que até o vento e o mar lhe  obedecem?” Mc. 4: 41.
Por que o Apóstolo citou estes cinco aspectos do poder criador de Jesus Cristo? Para estabelecer, definitivamente, o poder imensurável de Cristo. Aquele que demonstrou o seu poder, criando do nada todas as cousas, é igualmente poderoso para salvar pecadores, sem precisar recorrer ao auxílio de criaturas que Ele mesmo criou.

Uma das frases que o Ap. Paulo mais usava era “a graça de Jesus Cristo”. Ele amou a sua Igreja e a si mesmo se entregou por ela, Ef. 5: 25. A liberalidade de Cristo foi demonstrada quando Ele morreu pelos nossos pecados. Ele continua derramando sobre nós toda a super-suficiência da sua graça para que sejamos preservados na fé, enquanto estivermos neste mundo. Pela graça, podemos confessar: “Em todas estas cousas (os poderes que se esforçam para nos separar do amor de Cristo), somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou” Rm. 8: 37. Não deixemos nenhum argumento nos demover da nossa confiança em Jesus Cristo para salvar qualquer pecador.

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