Leitura
Bíblica: Colossenses 1: 15-17
INTRODUÇÃO:
Nos versículos 9 a
14, o Apóstolo nos deixou uma amostra de como orava em favor das Igrejas. Os colossenses
estavam sendo assediados por falsos profetas que subtraiam a suficiência de
Cristo para salvar, totalmente, pecadores. Através desta oração, o Apóstolo
mostrou como a Igreja pode ser fortalecida para resistir as palavras
persuasivas da heresia. Ele pediu três fundamentos que a Igreja precisaria para
fortalecer a sua confiança na suficiência de Cristo para salvar pecadores. A
Necessidade de Crescimento Espiritual, descobrindo e aplicando a vontade de Deus em seu procedimento; A
Necessidade de Constância Espiritual, uma firmeza na doutrina cristã; e, A
Necessidade de Contentamento Espiritual, repousando confiadamente na suficiência
de Cristo para salvar pecadores, sem se preocupar com as sugestões
blasfematórias dos hereges.
Nesta oração está
implícita uma pergunta: Quem é aquele que pode suprir tais necessidades às
Igrejas? A resposta está na Divindade de Jesus Cristo. Aquele que criou o mundo
e tudo o que nele existe é poderoso para suprir cada uma das necessidades de
seu povo, Fl. 4: 19. Mas, antes de começar a nossa exposição, queremos fazer
uma observação histórica sobre o nosso texto.
Por causa da
estrutura ritmada destes versículos (15-20), os estudiosos acreditam que o
Apóstolo estava citando um hino que o povo cantava, ou, mais uma “Palavra Fiel”
que os crentes decoravam e repetiam entre si mesmos, a fim de estabelecerem
melhor as suas convicções. Encontramos outros exemplos de “Palavras Fiéis”
(Credos Doutrinários) em 1 Tm. 1: 15; 3: 1; 4: 9; 2 Tm. 2: 11; Tt. 3: 8. Assim,
percebemos o valor que a Igreja primitiva dava às doutrinas fundamentais e como elas foram memorizadas. A palavra de
Deus é a espada do Espírito Santo, pela qual somos abençoados com toda sorte de
benção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, Ef. 1:3; 6:17. Devemos
imitar este costume edificante em nossa vida diária. “Guardo no coração as tuas
palavras, para não pecar contra ti” Sl. 119: 11.
Para que entendamos
melhor o texto que queremos estudar, temos que compreender algo sobre a
doutrina da Santíssima Trindade. “Há três pessoas na Divindade: o Pai, o Filho
e o Espírito Santo; estas três Pessoas são um só Deus verdadeiro e eterno, da
mesma substância, iguais em poder e glória, embora distintas pelas suas
propriedades pessoais” Cat, Maior, 9. Ou, em nossas palavras, resumidamente,
Pai, Filho e Espírito Santo, são, cada um, igualmente o Deus único e eterno,
porém, cada um tem as suas próprias atribuições, por isso, reconhecemos a
existência de três Pessoas dentro da unidade da Divindade. Podemos dizer, em
termos práticos: O Pai planejou a redenção de pecadores. “Tu, ó Senhor, és
nosso Pai; nosso Redentor é o teu nome desde a antiguidade” Is. 63:16. O Filho
executou esta redenção, dando a sua própria vida em resgate por muitos; “no
qual temos a redenção, a remissão dos pecados” Cl. 1: 14. O Espírito Santo
comunicou esta redenção àqueles que creem na obra redentora de Cristo. “O
próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” – que
somos participantes desta redenção, Rm. 8:16. Portanto, Deus, em toda a sua
plenitude triúna, é o nosso Redentor. “Todo homem saberá que eu sou o Senhor, o
teu Salvador e o teu Redentor” Is. 49: 26. Mas, para que o Filho pudesse
efetuar esta redenção, Ele teria de assumir a forma de homem, nascer de mulher
e nascer sob a lei, Gl. 4: 4. A essência de Deus não pode ser desfeita, por
isso, cremos que o Cristo tem duas naturezas: a Divina, e a Humana, porém, Ele
é uma só Pessoa. O nosso texto (Cl. 1: 15-20) descreve a Divindade de Cristo,
este Deus-Homem, e seus atributos como Criador e Redentor. Veja como a Confissão de Fé descreve esta
verdade: “O Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Trindade, sendo verdadeiro e
eterno Deus, da mesma substância do Pai e igual a Ele, quando chegou o
cumprimento do tempo, tomou sobre si a natureza humana com todas as suas
propriedades essenciais e enfermidades comuns, contudo sem pecado, sendo
concebido pelo poder do Espírito Santo no ventre da Virgem Maria, e da
substância dela. As duas naturezas – a Divindade e a Humanidade – foram
inseparavelmente unidas em uma só pessoa, sem conversão, composição ou
confusão; essa pessoa é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, porém, um só
Cristo, o único Mediador entre Deus e o homem” Cap. 8: 2. Agora, vamos ao nosso
texto (Cl. 1: 15-20), sempre lembrando Jesus Cristo como aquele que foi
reconhecido como homem, e que andava no
meio dos homens, “fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque
Deus (o Pai) era com ele” At. 10: 38. Vamos ver como o Apóstolo apresenta a
Divindade inquestionável de “Jesus Cristo, homem, o qual a si mesmo se deu em
resgate por todos” 1 Tm. 2: 5
1- Jesus
Cristo Como Criador, Vs. 15-17. Devemos lembrar qual a razão
desta Carta. A fé dos colossenses estava sendo ameaçada por hereges que
dogmatizavam a insuficiência de Cristo para salvar, sozinho, pecadores;
insinuando a necessidade do auxílio de anjos e de outros recursos de
auto-ajuda. Para combater essa heresia,
o Apóstolo faz questão de enfatizar a Divindade de Cristo, e, portanto, a
suficiência para salvar pecadores, sem o auxílio de outrem. Aquele que fez
todas as cousas, nos céus e na terra, é igualmente poderoso para remir e salvar
qualquer pecador. Veja as afirmações do Apóstolo.
a) Cristo
é a imagem do Deus invisível, V. 15a. Quando Filipe pediu a Jesus: “Senhor, mostra-nos
o Pai e isto nos basta”, Jesus lhe respondeu: “Filipe, há tanto tempo estou
convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu:
Mostra-nos o Pai? Não vês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim?” Jo. 14:
8-10. Em outro texto, Cristo afirmou: “Eu e o Pai somos um” Jo. 10: 30. Eles
são um, tanto no sentido de propósitos, como também no sentido de essência.
Cristo ainda esclareceu: “Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis;
mas, se faço e não me credes, crede nas obras, para que possais saber e
compreender que o Pai está em mim, e eu estou no Pai” Jo.10: 37-38. A harmonia
indivisível entre o Pai e o Filho é inegável. Os judeus entenderam perfeitamente
as implicações desta palavra de Cristo; Ele estava “fazendo-se igual a Deus”
Jo. 5: 18. Devemos entender que Cristo, como a Imagem do “Deus invisível”, é
Deus revelado. Deus tornou-se conhecido por intermédio de seu Filho. “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus
unigênito (o Verbo, Jo. 1: 1), que está no seio do Pai é quem o revelou” Jo. 1:
18.
b) Cristo
é primogênito de toda a criação, V. 15b. Agora, se Cristo é a própria imagem do
“Deus invisível”, e, se este “Deus invisível” é de eternidade a eternidade,
segue-se que o Filho também é eternamente a imagem de Deus. Quanto à sua
Divindade, Cristo não pode estar na categoria de tempo e de espaço. Ele não
pode ser um mero ser criado, antes, está numa classe à parte, isto é, exaltado
acima de toda criatura. Ele recebeu um nome que está acima de todo nome. Não
existe nenhum outro nome superior ao seu. E qual a razão? “Para que ao nome de
Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra”; dando-lhe o
culto que pertence exclusivamente ao Deus verdadeiro, Fl. 2: 9-10. A figura do
“primogênito” é a linguagem do Antigo Testamento que descreve a dignidade e os
privilégios do filho primogênito como herdeiro dos bens do pai. Assim, “nestes
últimos dias (Deus) nos falou pelo Filho (aquele que estava no mundo e
reconhecido como homem), a quem constituiu herdeiro de todas cousas, pelo qual
também fez o universo” Hb. 1: 2. Nos
céus, as milícias proclamam em grande voz: “Digno é o Cordeiro (Jesus Cristo, Jo.
1: 29) que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e
honra, e glória, e louvor” Ap. 5: 12. Mesmo aqui na terra, podemos estar
ocupados, “falando entre vós com Salmos, entoando e louvando de coração ao
Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando graças por tudo a nosso Deus e
Pai, em nome do Senhor Jesus Cristo” Ef. 5: 19-20.
c) Cristo
é o Criador de todas as cousas, V. 16. “Pois nele, foram criadas todas as
cousas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam
soberanias, quer principados, que potestades, tudo foi criado por meio dele e
para ele.” O Apóstolo multiplica as coisas que existem, a fim de descrever a
abrangência total das obras criadas por meio de Jesus Cristo. Seja qual for o
objeto, visível ou invisível, poderes ou governos, tudo veio a existir por meio
de seu poder organizador. E, sendo o Criador de tudo, Cristo, de necessidade, é
maior do que tudo e, portanto, Soberano sobre tudo. À luz desta verdade, como
pode alguém duvidar do seu poder para redimir e salvar totalmente qualquer
pecador que vem a Ele pedindo socorro? Ele é de total confiança! Na Bíblia, as
obras da criação são citadas para alimentar a nossa fé no poder que Cristo tem
para auxiliar o seu povo em todas as suas necessidades. “Elevo os meus olhos para os montes (nas
alturas onde Deus habita), de onde me virá o socorro?” E a fé responde: “O meu
socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra” Sl. 121: 1-2. O Deus que criou
o universo, e tudo o que nele existe, é Todo-Poderoso para socorrer o homem em
suas dificuldades. Um dos efeitos mais tristes do pecado é este: o homem foi levado a duvidar do poder de seu próprio
Criador para o salvar. “O Verbo (Cristo) estava no mundo, o mundo foi feito por
intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus
não o receberam” Jo. 1: 10-11. Este foi o pecado principal dos hereges em
Colossos, eles ensinavam o povo a não acreditar no poder de Cristo para salvar,
sozinho, os pecadores.
d) Cristo
é antes de todas as cousas, V. 17a. Por ser a Segunda Pessoa da Trindade, e por
não ser criado, a sua existência eterna é inquestionável. Por isso, Cristo
podia confessar: Sim, eu sou maior do que Abraão, porque, antes que Abraão
existisse, EU SOU” Jo. 8: 53-58. E, em sua oração sacerdotal, Ele pediu:
“Glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti,
antes que houvesse mundo” isto é, desde a eternidade, Jo. 17: 5. Sim, o poder
imutável de Cristo para cuidar e salvar pecadores continua inabalável até os
nossos dias. “Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre” Hb.
1: 12; 13: 8. Aquele que é desde a eternidade é aquele que manifestou o seu
poder nas obras da criação, e é o mesmo que continua demonstrando o seu poder
na salvação eterna de pecadores. Nele devemos confiar!
e) Cristo
sustenta todas as cousas, V. 17b. “Nele, tudo subsiste”. O Salmista exclamou:
“Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas
mãos” Sl. 19: 1. E, no mesmo tom de admiração, o Ap. Paulo, reconhecendo a auto-revelação
de Deus, afirmou: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer, é manifesto entre
eles (os homens), porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis
de Deus (os poderes da sua natureza), assim como o seu eterno poder, como
também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do
mundo, sendo percebidos por meio das cousas que foram criadas” Rm. 1: 19-20. Ao
contemplarmos a plenitude do universo, somos constrangidos a reconhecer que o mundo, e tudo o que nele há, é um
sistema vivo e harmonioso, a obra de um Ser infinitamente sábio, poderoso e
cuidadoso. Cada parte da criação, desde o menor inseto até o maior astro, tudo
tem o seu próprio lugar no mecanismo do universo. Deus não criou um caos
insustentável, antes, Ele criou um cosmos harmonioso. Desde o início até hoje,
a aliança que Deus estabeleceu com todas as suas criaturas permanece
inalterada: “Enquanto durar a terra, não deixará de haver sementeira e ceifa,
frio e calor, verão e inverno, dia e noite” Gn. 8: 22. Reconhecemos que o
pecado danificou uma parte desta harmonia, contudo, o mundo continua conforme a
aliança original.
Mas existe uma outra
verdade quanto à criação que devemos reconhecer. Quando Deus criou o mundo, e
tudo o que nele há, Ele o criou para que a sua existência e a sua frutescência
dependesse da providência ininterrupta de Deus. O mundo não foi criado e
abandonado para existir de acordo com leis preestabelecidas. O mundo não é
auto-sustentável, ele continua até hoje, porque é sustentado pelo poder
soberano de Jesus Cristo. Ele sustenta todas as cousas pela palavra de seu
poder, Hb. 1: 3. Por uma palavra de ordem, toda a criação o obedece. De certa
feita, os discípulos exclamaram: “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” Mc. 4: 41.
Por que o Apóstolo
citou estes cinco aspectos do poder criador de Jesus Cristo? Para estabelecer,
definitivamente, o poder imensurável de Cristo. Aquele que demonstrou o seu
poder, criando do nada todas as cousas, é igualmente poderoso para salvar
pecadores, sem precisar recorrer ao auxílio de criaturas que Ele mesmo criou.
Uma das frases que o
Ap. Paulo mais usava era “a graça de Jesus Cristo”. Ele amou a sua Igreja e a
si mesmo se entregou por ela, Ef. 5: 25. A liberalidade de Cristo foi
demonstrada quando Ele morreu pelos nossos pecados. Ele continua derramando
sobre nós toda a super-suficiência da sua graça para que sejamos preservados na
fé, enquanto estivermos neste mundo. Pela graça, podemos confessar: “Em todas
estas cousas (os poderes que se esforçam para nos separar do amor de Cristo),
somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou” Rm. 8: 37. Não
deixemos nenhum argumento nos demover da nossa confiança em Jesus Cristo para
salvar qualquer pecador.
Que estudo maravilhoso
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