Leitura Bíblica:
Colossenses 1: 18-20
INTRODUÇÃO:
Temos
visto o poder soberano de Jesus Cristo como Criador de todas as cousas,
visíveis e invisíveis, poderes e governos. A lição que o Apóstolo está inculcando
é esta: aquele que teve poder para criar o universo em toda a sua plenitude, do
nada, é igualmente poderoso para salvar qualquer pecador sem precisar recorrer
ao auxílio de criaturas que Ele mesmo criou.
Vamos
ver agora o poder soberano de Cristo na redenção do pecador. Cristo é o nosso Sumo-Sacerdote:
“Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus,
vivendo sempre para interceder por eles” Hb. 7: 25.
1-
Jesus Cristo como Redentor, Vs. 18-20. A Bíblia afirma
que Cristo veio como o desejado Redentor, para buscar e salvar pecadores, Ml.
3: 1. Ele não precisou do auxílio de nenhum recurso humano. O derramamento de
seu próprio sangue foi o preço todo-suficiente pra remir o pecador do domínio
do pecado. “Não por meio de sangue de bodes e de bezerros (como no Antigo
Testamento), mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez
por todas, tendo obtido eterna redenção” Hb. 9: 12.
a)
Cristo é a cabeça da Igreja, V. 18a. “Ele é
a cabeça do corpo, a Igreja”. A figura da cabeça e o seu corpo ilustra a união
que existe entre Cristo e a sua Igreja. Ele é a cabeça e o Sustentador de cada
membro da sua Igreja. É reconhecido que a cabeça controla todos os membros do
corpo humano. Nenhum membro do corpo é auto-suficiente, todos dependem dos
impulsos da cabeça a fim de cumprirem o seu propósito. O Apóstolo aplica esta
verdade espiritualmente, afirmando que “Cristo é a cabeça de todo homem”, e, por inferência, a
cabeça de cada membro da Igreja em particular, 1 Co. 11: 3. Vamos sentir o cuidado
que Cristo tem para com sua Igreja. “Ele amou a sua Igreja e a si mesmo se
entregou por ela... Porque ninguém jamais odiou a sua própria carne; antes, a
alimenta e dela cuida, como também Cristo o fez com a Igreja; porque somos
membros de seu corpo” Ef. 5: 25, 29, 30. Por que estamos falando assim? A
Igreja não tem nenhuma expressão que glorifica a Deus sem o toque vivificante
de Cristo. Ele mesmo disse: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como
não pode o ramo produzir fruto de si mesmo se não permanecer na videira, assim,
nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu,
nele, esse dá muito fruto; porque sem mim, nada podeis fazer” Jo. 15: 4-5. Esta
união entre Cristo e a sua Igreja não admite nenhuma interferência externa,
como os hereges tentavam estabelecer. Se interferirmos com a união natural
entre a videira e o ramo, o ramo morrerá. Assim, o fruto da heresia é o mesmo,
as vítimas morrem eternamente. Não podemos nos separar da exclusividade de Cristo para cuidar e salvar, totalmente, a
sua Igreja. “Ele é a cabeça do corpo, a Igreja”.
b)
Cristo é o princípio, V. 18b. “Ele é o
princípio, o primogênito de entre os mortos”. Ele confessou: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o
Princípio e o Fim” Ap. 22: 13. Ele é o grande iniciador de todas as cousas,
aquele que efetuou todos os propósitos da Divindade. Quando pensamos na criação
do universo, lá estava o Verbo, Jesus Cristo, a Segunda Pessoa da Trindade. “No
princípio (o primeiro relance dentro da eternidade) era o Verbo, e o Verbo
estava com Deus. Todas as cousas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele,
nada do que foi feito se fez” Jo. 1: 1-3.
Quando
pensamos na redenção do pecador, novamente vemos Cristo tomando a iniciativa para
efetuar esta grande obra. Dentro da eternidade, Ele se apresentou, dizendo:
“Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a
tua vontade” Hb. 10: 9. Esta “vontade” foi o oferecimento de sua própria
vida pelo povo a ser redimido. A respeito da sua vida, Cristo confessou:
“Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho
autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu
Pai” Jo. 10: 11, 18.
Quando
pensamos na formação da Igreja, outra vez vemos Cristo tomando a iniciativa,
prometendo: “Edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão
contra ela” Mt. 16: 18. Parte desta obra de edificar a sua Igreja consiste em
buscar e arrebanhar o povo a ser redimido. Cristo disse: “Ainda tenho outras
ovelhas, não deste aprisco (os judeus); a mim me convém conduzi-las (os
gentios); elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor” Jo.
10: 16. O Ap. Paulo praticou este princípio em seu ministério: “Primeiro do
judeu e também o grego” Rm. 1: 16. “Opondo-se eles (os judeus) e blasfemando,
sacudiu Paulo as suas vestes e disse-lhes: Sobre a vossa cabeça, o vosso
sangue! Eu dele estou limpo e, desde agora, vou para os gentios” At. 18: 6.
Cristo é a cabeça tanto dos judeus crentes, como também dos gentios crentes. Ao
meditarmos sobre a iniciativa de Cristo, o Ap. João comentou: “Nisto consiste o
amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele amou e enviou o seu
Filho como propiciação pelos nossos pecados... (Agora), nós amamos porque ele nos amou primeiro” 1Jo. 4: 10, 19. Louvamos
a Deus pela iniciativa de Cristo em nosso favor, porque dela veio a nossa
redenção.
Quando
pensamos na ressurreição dos mortos, mais uma vez, vemos que Cristo é “o
primogênito de entre os mortos”. Cristo se apresentou ao Ap. João, dizendo:
“Não temas; eu sou o primeiro e o último e aquele que vive; estive morto, mas
eis que estou vivo pelos séculos dos séculos” Ap. 1: 17-18. Em todas as experiências que se referem à
nossa redenção, Cristo é o princípio, o precursor, aquele que foi o primeiro a agir.
Quanto à ressurreição, vemos formas de ressurreição tanto no Antigo Testamento
como também no Novo Testamento. Cristo, porém, foi o primeiro a experimentar a
ressurreição escatológica. Assim, o Apóstolo vê a ressurreição de Cristo como
sendo “ele as primícias dos que dormem” 1 Co. 15: 20. Cristo foi o primeiro a
ressuscitar, e, os que pertencem a Ele, o seguirão no Dia da sua Segunda Vinda,
1Co. 15: 52. Ele é sempre o primeiro, vestido de todos os direitos de
soberania. Cristo, aquele que nos abençoa, é chamado: “A Fiel Testemunha, o
Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra” Ap. 1: 5. A doutrina da
ressurreição de Cristo nos prepara para a nossa própria ressurreição no Último
Dia. Às vezes, pensamos: Como será a nossa ressurreição naquele Dia? Tranquilizemo-nos
com a palavra do Ap. João: “Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se
manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar,
seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é” 1 Jo. 3: 2.
c)
Cristo tem a primazia sobre todas as
cousas, V. 18c. “Para que em todas as cousas ter a primazia”. Cristo, como o
princípio de todas as cousas, é uma verdade com ampla exposição nas Escrituras
Sagradas. Por que esta ênfase? Para que Ele tenha a preeminência, a soberania
divina entre todas as suas criaturas. “Foi precisamente para esse fim que
Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto dos mortos como dos vivos” Rm.
14: 9. Ninguém consegue fugir do seu senhorio. Voltemos a lembrar do problema
entre os Colossenses. Os hereges estavam tentando destruir a primazia de
Cristo, e, em seu lugar, eles mesmos queriam receber toda a preeminência. Mas,
desfazendo as prerrogativas de Cristo, os hereges estavam anulando a redenção e
impossibilitando qualquer esperança do perdão dos pecados. O âmago de qualquer
heresia é a negação da exclusividade soberana de Cristo e a exaltação dos méritos humanos.
“Ostentando-se como se fosse o próprio Deus” 2 Ts. 2: 4. Deus amou ao mundo de
tal maneira que deu o seu Filho unigênito, e, entre outros propósitos, para
qual fim? A fim de que o nome do nosso Senhor Jesus Cristo seja glorificado,
2Ts. 1: 12. Ou, como o Apóstolo disse em outro lugar: “Para que ao nome de
Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua
confesse que Jesus Cristo é Senhor para glória de Deus Pai” Fl. 2: 10-11. Ai do
homem que procura usurpar a primazia que pertence exclusivamente a Jesus
Cristo.
d)
Cristo é o Filho amado por Deus (o Pai), V.
19. “Porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude”. Outro
versículo que diz a mesma verdade: “O Pai ama ao Filho e todas as cousas tem
confiado às suas mãos” Jo. 3: 35. Vamos regressar para a cena do batismo, onde
vemos Jesus sendo batizado antes de dar início ao seu ministério
público. “Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que lhe abriram os
céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma
voz dos céus, que dizia: Este é o meu filho amado, em quem me comprazo” Mt. 3:
16-17. Observemos duas verdades relacionadas a esta declaração:
Primeira:
A unção pelo Espírito Santo, capacitando Jesus Cristo, como verdadeiro homem,
para exercer toda vontade de Deus. Quando o Apóstolo fala da “plenitude”,
entendemos que esta se refere à vontade do Pai
em relação à salvação do pecador. Cristo, somente ele, recebeu o encargo
para salvar pecadores. Cristo não é um Salvador incompleto, como os hereges em
Colossos ensinavam. Ele é poderoso para salvar totalmente, porque nele habita
toda a plenitude, Hb. 7: 25.
Segunda:
A confirmação pública que o Pai deu a respeito deste Jesus: “Este é o meu Filho
amado, em que me comprazo”. O Apóstolo aos Hebreus fez uma pergunta pertinente:
“Ora, qual dos anjos jamais disse: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha
os teus inimigos por estrado dos pés?” Hb. 1: 13. A superioridade é
incontestável. “Aprouve a Deus, que em Cristo residisse toda a plenitude”, toda
a autoridade para salvar pecadores. Mas, para efetuar esta salvação, Ele tinha
que dar a sua própria vida como o preço do resgate. O Ap. João testificou: “Por
que todos nós temos recebido da sua plenitude (da sua exclusiva suficiência) e
graça sobre graça” Jo. 1: 16.
e)
Cristo é reconciliador de todas as cousas,
V. 20. “que havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele,
reconciliasse consigo mesmo todas as cousas, quer sobre a terra quer no
céus”. Reconciliação entende um contexto
de inimizade entre duas ou mais pessoas, e, em nosso contexto, entre Deus e
toda a humanidade. Pois todos pecaram. Portanto, para realizar uma reconciliação,
o pecado, que é a causa da inimizade, tem que ser removido. Cristo é o único
enviado com a missão específica para tirar os pecados do homem. “Sabeis também
que ele se manifestou para tirar os pecados”.
E Ele tem esta autoridade, porque “nele não existe pecado” 1 Jo. 3: 5.
Quando Cristo se manifestou entre os homens, João Batista logo o reconheceu
como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” Jo. 1: 29.
Esta
reconciliação foi realizada mediante o pagamento de um resgate, a saber, “o
sangue da cruz” de Jesus Cristo e da sua morte substitutiva. Deus estava em
Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas
transgressões, antes, elas foram transferidas ao seu próprio Filho, “carregando
ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós,
mortos para o pecado, vivamos para a justiça” 1 Pe. 2: 24; 2 Co. 5: 19.
Esta
reconciliação produziu o fruto precioso de paz entre Deus e os pecadores que
creem em Jesus Cristo. Por isso, Ele garantiu ao seu povo: “Deixo-vos a paz, a
minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso
coração, nem se atemorize” Jo. 14: 27. E, o Ap. Paulo, regozijava-se, dizendo:
“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio do nosso Senhor
Jesus Cristo” Rm. 5: 1.
Esta
reconciliação tem uma abrangência generosa: “todas as cousas, quer sobre a
terra, quer nos céus”, tudo o que foi atingido pelo pecado. A terra foi
atingida e ficou amaldiçoada. O homem também foi atingido e foi expulso da
presença de Deus, Gn. 3: 23-24. Tudo e todos que se encontram separados da
amizade de Deus podem, agora, ser reconciliados com Deus por meio de Jesus
Cristo. Eis a nossa comissão: “Deus nos confiou a palavra da reconciliação. De
sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por
nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com
Deus” 2 Co. 5: 19-20. Somos reconciliados com Deus quando cremos em Jesus
Cristo, submetendo a nossa vida à sua direção, e descansando em seu cuidado.
Conclusão: A melhor maneira
de combater a heresia é proclamar as verdades positivas sobre a soberania
absoluta de Cristo, tanto na área de criação como também na área da redenção do
pecador.
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