Vasos de Honra

sexta-feira, 31 de março de 2017

O SANGUE PRECIOSO



Leitura Bíblica: 1Pedro 1:17-21.

Introdução: “O salário do pecado é a morte”. No momento em que o pecado entrou na vida do homem, ele instantaneamente perdeu todas as evidências de uma vida espiritual diante de Deus, o seu Criador. Em palavras bíblicas, estamos “mortos nos nossos delitos e pecados” (Ef. 2:1). E, para demonstrar a natureza imediata dessa morte espiritual de Adão e Eva, o Senhor Deus os “lançou fora do jardim do Éden”, ou seja, da sua presença, (Gn 3:23).O profeta descreve a realidade desse ato, dizendo: “Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Is. 59:2).

Mas, antes de expulsar Adão e Eva, o Senhor lhes deu duas promessas preciosas para alimentar as suas esperanças de uma redenção. A primeira se refere a Um que feriria a cabeça de Satanás; que resolveria o problema do pecado, (Gn. 3:15). A segunda foi uma alusão à maneira como o pecado seria encoberto, seria mediante uma morte substitutiva, (Gn. 3:2). Portanto, cremos que, desde o primeiro pecado, houve o derramamento de sangue inocente, a fim de encobrir o pecado do homem. No início, como uma forma de instrução, o sangue de animais escolhidos foi usado; porém, “é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecado” (Hb. 10:4). O povo tinha que aguardar o derramamento de um sangue superior, o sangue do Filho de Deus, Jesus Cristo, (Hb. 10:12). Vamos contemplar e valorizar o sangue precioso de Jesus Cristo.

1. A Proeminência do Sangue. Queremos salientar o valor inestimável do sangue de Jesus Cristo. O valor excede qualquer objeto material deste mundo. Prata e ouro não têm valor nenhum, no sentido de que, por eles, o homem não pode adquirir o perdão de seus pecados. Por quê? “Ao irmão, verdadeiramente, ninguém o pode remir, nem pagar por ele a Deus o seu resgate, pois a redenção da alma deles é caríssima”, um preço fora de qualquer possibilidade humana, (Sl. 49:7-8). Então, como pode o pecador ser perdoado? Há uma única resposta: Sangue tem que ser derramado; e não qualquer sangue: tem que ser o sangue que Deus providencia. Não pode ser o sangue de animais, “porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecado” (Hb. 10:4). Tem que ser sangue humano. Por quê? Porque foi o homem que pecou, portanto, é o homem que tem que sofrer o castigo da sua desobediência. Mas, onde está o homem que pode suportar esse castigo e vencer? Pois o salário do pecado é a morte, separação de Deus. Nesse contexto, a fim de resolver esse impasse, Deus deu o seu próprio Filho que se fez homem, “nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl. 4:4-5). Cristo é a providência de Deus para nós, os pecadores. Falando de Cristo, a Bíblia explica: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”. (2Co. 5:21). O sangue escolhido por Deus, o do seu próprio Filho imaculado, é tão importante, porque sem o derramamento deste, não há como receber o perdão, (Hb. 10:22).

Em outras religiões, o sangue tem seu lugar, mas por ser um sangue estranho e não indicado por Deus, não tem nenhum valor para remover pecados. Temos que confiar no que Deus providenciou, aquele de seu Filho, Jesus Cristo. O Ap. Pedro falou: “do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram”. Uma dessas futilidades é a celebração da Missa na Igreja Católica Romana, que é um sacrifício incruento (sem o derramamento de sangue), praticado a fim de perdoar os pecados dos penitentes. Qual o problema nesse ato? De necessidade, está anulando o que Cristo sofreu na cruz do Calvário, e desprezando o ensino definitivo das Escrituras Sagradas, que exaltam a suficiência do sacrifício de Jesus Cristo. “Porque com uma única oferta (Jesus Cristo) aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hb. 10:14). Não devemos confiar no “fútil procedimento que nossos pais nos legaram”, antes, temos que  ouvir a voz de Deus que fala a nós através das Escrituras Sagradas. Somos encorajados: “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb. 10:19-20). A nossa confiança espiritual tem que ser  alicerçada na autoridade infalível do que a Bíblia diz: “Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus” (1Pe. 4:11).

Mas, por que tanta ênfase sobre a necessidade de sangue derramado? “Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que  fará expiação em virtude da vida” (Lv. 17:11). No Antigo Testamento, o Dia da Expiação consistia no derramamento do sangue de um animal, a fim de que, cerimonialmente, pudesse remover os pecados dos adoradores e purificá-los, (Lv. 16:30). Agora, no Novo Testamento, Cristo fez uma expiação verdadeira e eficaz: “Não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção” (Hb. 9:11). Ele removeu os nossos pecados e nos concedeu uma verdadeira purificação. “O sangue de Jesus, o Filho de Deus, nos purifica de todo pecado” (1Jo. 1:7). Devemos lembrar: Deus deu o sangue de seu Filho para expiar os nossos pecados. Se não aceitamos esse meio, não resta nenhum outro recurso pelo qual podemos ser perdoados. Portanto, vamos dar o devido valor ao sangue precioso de Jesus Cristo.

2. A Proveniência do Sangue: Queremos salientar a Pessoa que nos amou e deu o seu sangue, a fim de libertar-nos do nosso pecado, (Ap.1:5). A iniciativa da nossa redenção foi da Divindade: do Pai, do Filho e do Espírito Santo, cada um agindo de acordo com a sua atribuição específica. É importante reconhecer a interação das três Pessoas da Divindade na vida da Igreja. “O Pai ama o Filho, e todas as coisas têm confiado às suas mãos” (Jo.3:35). E lhe deu um povo para que este fosse salvo por Ele. Com essa responsabilidade, Cristo prometeu: “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (Jo. 6:30). Ele ama esse povo, por isso, deu a sua vida. Assim, em Cristo, “temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef. 1:7).  Foi o Espírito Santo que deu forças a Cristo para “a si mesmo se oferecer sem mácula a Deus” (Hb. 9:14). E, para nós,  os redimidos, o Espírito Santo foi enviado para nos ensinar todas as verdades referentes ao ensino de Jesus Cristo (Jo. 14:26).

Quando Adão e Eva pecaram, foi Deus que tomou a iniciativa de cobrir a nudez deles. Como? Embora a Bíblia não nos ofereça detalhes específicos, é evidente que o sangue de um animal foi derramado, porque a Bíblia afirma: “Fez o Senhor Deus vestimentas de peles para Adão e a sua mulher e os vestiu” (Gn. 3:21). E, para a nossa salvação, novamente, foi Deus o Pai que tomou a iniciativa: “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1Jo. 4:10). A palavra “propiciação” significa “encobrir o pecado”. Quando Deus encobriu a nudez de Adão e Eva com a  pele de um animal sacrificado, Ele estava ensinando, profeticamente, como Ele iria encobrir o pecado de seu povo. Seria mediante a morte substitutiva de seu próprio Filho, Jesus Cristo. “Ele é a propiciação pelos nossos pecados” (1Jo. 2:2). É Ele que encobre os nossos pecados para que, no Dia do Juízo, eles não estejam evidentes. Por isso, protegidos por Jesus Cristo, o Juiz pode nos declarar inocentes e justificados. Novamente, é Deus que agiu em nosso favor: “Eu, eu mesmo (o Senhor), sou o que apago as vossas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro” (Is. 43:25). Somos totalmente dependentes das virtudes de Jesus Cristo para alcançar o perdão dos pecados e a vida eterna. Nesse contexto, somos exortados: “Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências” (Rm. 13:14). O grande anseio do Ap. Paulo foi “ser achado em Cristo (vestido dele), não tendo justiça própria” (não tendo nenhum mérito pessoal), antes, totalmente vestido e coberto por seu Salvador, o seu Propiciador, (Fp. 3:9).

Por que a exclusividade de Cristo para nos salvar? Por sermos pecadores e endividados por causa dos nossos pecados, nós mesmos não podemos pagar, por esforços próprios, essa dívida, e muito menos a dívida de outros. Somos dependentes de um Resgatador que não tem nenhuma dívida diante da santa lei de Deus. E existe um só que não pecou, Jesus Cristo, “o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca” (1Pe. 2:22). Como no Antigo Testamento, o cordeiro a ser sacrificado tinha que ser “sem defeito”, simbolizando a Pessoa de Jesus Cristo, o “Cordeiro de Deus”, que “nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave” (Ef. 5:2). O Ap. Pedro, usando o simbolismo do Antigo Testamento, ensina que fomos resgatados “pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo”. Exaltamos a Cristo, cantando: “O sangue precioso de Cristo tem valor: das penas da justiça, liberta o pecador” (HCN,50).

3. A Proficiência do Sangue. Queremos salientar a suficiência do sangue de Cristo para nos abençoar “com toda sorte de benção espiritual nas regiões celestiais” (Ef. 1:3). O Apóstolo destaca cinco destas bênçãos que recebemos por meio de Jesus Cristo:

1)      O valor do sangue de Cristo foi reconhecido desde a eternidade. “Conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo”. Conhecido, porque, no conselho da Divindade, o derramamento do sangue de Cristo foi parte do plano para redimir o homem pecador. Essa verdade foi parcialmente revelada, simbolicamente, mediante o sofrimento e sacrifício de animais inocentes. Quando a Bíblia fala sobre o sofrimento e morte de Cristo, ela está se referindo aos sacrifícios do Antigo Testamento. Por isso, o Ap. Pedro podia acusar as autoridades judaicas: “Vós matastes o autor da vida (...) mas Deus, assim, cumpriu o que dantes anunciara por boca de todos os profetas; que o seu Cristo havia de padecer” (At. 3:15,18). Contudo, a plenitude dessa verdade ficou entendida somente depois  da vinda, morte e ressurreição de Jesus Cristo: “manifestado no fim dos tempos, por amor de vós”. Assim, entendemos que os fiéis do Antigo Testamento foram salvos pelo mesmo recurso de nós: fé na morte substitutiva de Jesus Cristo. Eles, pela fé, olharam para o futuro cumprimento das promessas proféticas; enquanto que, nós, pela fé, olhamos para a obra consumada de Jesus Cristo, que “morreu pelos nossos pecados” (1Co. 15:3).
2)      Cristo é a manifestação do amor de Deus para conosco. Notemos a importância  do sangue, e, como, por meio deste, a porta se abriu, dando aos pecadores acesso à presença de Deus. “Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo” (Ef. 2:13).
3)      Por meio de Cristo, temos fé em Deus. O pecador não conhece a Pessoa de Deus; “não há quem entenda, não há quem busque a Deus” (Rm. 3:11). Se não fosse a obra reveladora de Cristo, o pecado teria permanecido “sem esperança e sem Deus no mundo” (Ef. 2:12). Mas tudo mudou com a encarnação de Cristo. “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito que está no seio do Pai, é quem o revelou” (Jo. 1:18). “Havendo Cristo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus” (Cl. 1:20). Agora, podemos ter fé em Deus e lançar mão sobre as suas preciosas e mui grandes promessas, porque Cristo as revelou.     
4)      O sangue derramado e a ressurreição de Cristo são duas realidades inseparáveis. Somos aperfeiçoados mediante o sangue derramado e a ressurreição de Jesus Cristo, (Hb. 13:20). O texto lido diz que Deus o Pai lhe deu glória: o privilégio de assentar-se à direita da Majestade nas alturas, (Hb.1:3) Essa posição é de vitória. O que Cristo fez para redimir e salvar pecadores foi reconhecido como suficiente para satisfazer todas as exigências da santa lei de Deus. A glória de Cristo é a alegria para declarar diante das milícias celestiais: “Eis aqui estou eu e os filhos que Deus me deu” (Hb. 2:13). Sim, Cristo “pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb.7:25).
5)      Por causa da vitória de Cristo sobre o pecado, e pelo fato de ela ter sido reconhecida pela “Majestade, nas alturas”, temos base suficiente para depositar a nossa “fé e confiança” nas providências de Deus para a nossa salvação. “A ele, pois, a glória eternamente” (Rm. 11:36).

Conclusão: O Ap. Pedro dava muito valor ao sangue de Jesus Cristo e nós também temos que aprender a valorizar a unicidade desse sangue. O Ap. Paulo nos faz lembrar dessa necessidade: “Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito (a nossa vida interior) os quais pertencem a Deus” (1Co. 6:20). Tudo o que temos em termos de valores espirituais, é fruto imediato do sangue derramado por Jesus Cristo. Um hino que cantamos, registra: “Cantarei a Cristo! Por nós morreu na cruz! Aos pobres pecadores, quem salva é só Jesus – Cantarei a Cristo! Por nós cumpriu a lei! Seu manto de justiça, alegre, vestirei – O sangue precioso de Cristo tem valor: Das penas da justiça, liberta o pecador!” (HNC. 50).


No decorrer da mensagem, salientamos o valor inestimável do sangue de Jesus Cristo; salientamos a Pessoa que nos amou, o Filho de Deus; e salientamos a suficiência desse sangue que adquiriu por nós, o seu povo, toda sorte de bençãos espirituais nas regiões celestiais. A conclusão de tudo isso é resumida na exortação do Ap. Paulo: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm.12:1-2).              

sexta-feira, 17 de março de 2017

AS INSONDÁVEIS RIQUEZAS DE CRISTO




Leitura Bíblica: Efésios 3:7-8

Introdução: O Ap. Paulo nunca cessou de ficar maravilhado com o fato de ser “constituído ministro da graça de Deus”. E, logo em seguida, acrescenta: “A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das Insondáveis Riquezas de Cristo”.  Por qual razão ele ficou tão maravilhado? Ele nunca se esqueceu da sua vida anterior; um perseguidor da Igreja. Como pode um Deus tão santo escolher tal pecador para ser o seu ministro? Essa lembrança o humilhava, fazendo-o confessar, de coração contrito: “Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a Igreja de Deus” (1Co. 15:9). Nesse contexto, podemos entender a razão pela qual repetia tantas vezes o dom da graça de Deus. Somos salvos pela graça de Deus, (Ef. 2:8). O sentido desta palavra, “graça”, está neste versículo: “Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou” (Tt. 3:4-5). Deus não buscou em nós um mérito chamativo, antes, quando escolheu o seu povo, Ele manifestou a sua benignidade e a sua misericórdia para com os seus escolhidos. E, a partir desse ato, Ele “nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt.3:5). Temos que reconhecer que tudo o que temos é devido ao dom gratuito da graça de Deus. Como o Salmista exclamou: “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua misericórdia e da tua fidelidade” (Sl. 115:1).

Com essa introdução, estamos prontos para entender a exultação do Apóstolo para “pregar aos gentios (pecadores) o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo”. Devemos lembrar que essa graça não se limitou aos apóstolos, antes, é o dever dos membros da Igreja, porque todos nós somos as testemunhas de Cristo, e temos uma experiência da sua graça em nossa vida. As insondáveis riquezas de Cristo são tão incalculáveis quanto a distância que Ele afasta de nós os nossos pecados perdoados, (Sl. 103: 11-12). Por causa disso, a nossa compreensão dessas riquezas é extremamente limitada. A Bíblia, porém, nos oferece muitas indicações dessa riqueza, tais como:

1. A Condescendência de Cristo. Para entender a condescendência de Cristo, devemos sentir o contraste entre o seu estado na eternidade, antes da fundação do mundo, e como Ele deixou tudo a fim de entrar neste mundo como servo.
a)      O seu estado na eternidade, “conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém, manifestado no fim dos tempos, por amor de vós” (1Pe 1:20). Ele não foi criado, porque Ele é “desde os dias da eternidade” (Mq. 5:2). Veja como a Bíblia O introduz: “No princípio era o Verbo (Cristo, a Palavra viva de Deus), e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram criadas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” (Jo. 1:1-3). Vemos Cristo na eternidade, assentado à direita da majestade, coroado de glória e honra, com um nome que está acima de todo nome, (Hb. 1:3; 2:7; Fp. 2:7). Por isso, Cristo podia falar da glória que Ele teve, junto do Pai, antes que houvesse mundo, (Jo. 17:5). Na Bíblia, percebemos uma igualdade entre o Pai e seu Filho Jesus Cristo. Ele confessou: “Quem me vê a mim vê o Pai” e “Eu e o Pai somos um” (Jo. 14:9; 10:30). Agora, chegando o tempo da encarnação de Jesus Cristo, lemos: “Pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus” (Fp. 2:6). Este é aquele que veio para dar a sua vida em resgate por muitos, (Mc. 10:45). Assim, temos um relance das insondáveis riquezas de Cristo; o dom de Deus para nós, pecadores.
b)      Como Ele entrou neste mundo para servir. Apesar de ser igual a Deus, pois, “nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl. 2:9), Ele, “a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fp. 2:7-8). Quem pode sondar a condescendência desse ato? A Bíblia descreve essa transição, dizendo: “Vindo, porém, a plenitude do tempo,  Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl. 4:4-5). Uma das insondáveis riquezas de Cristo é o que Ele fez a fim de que sejamos chamados filhos de Deus. “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1Jo. 4:10). Agora, por causa dessa insondável riqueza de Cristo, podemos comparecer perante o tribunal de Deus sem medo, porque os nossos pecados estão encobertos e perdoados, pois Ele é a nossa propiciação; aquele que encobre o nosso pecado.

2. A Concordância de Cristo. Quando o conselho da Divindade (a intercomunicação entre Pai, Filho e Espírito Santo) elaborou o plano para redimir o seu povo mediante uma morte substitutiva, Jesus Cristo, imediatamente, se apresentou, dizendo: “Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb.10:9). Ele sabia tudo o que essa decisão envolveria; encarnar-se, viver no meio de pecadores, ser desprezado, e, finalmente, morto por crucificação. Esse ato não foi uma imposição feita por ninguém, antes, foi uma decisão inteiramente livre e espontânea. E qual a explicação? “Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave” (Ef. 5:2). Nesse ato, percebemos as insondáveis riquezas do amor de Cristo. Falando da sua morte vicária, Ele disse: “Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai” (Jo. 10:18). Observemos dois aspectos de concordância que Cristo assumiu:

a)      A sua vida entre os pecadores. A Bíblia registra estes lamentáveis feitos quanto à recepção que Cristo recebeu dos homens: “Veio para os que eram seus, e os seus ( o povo que confessava o nome de Deus) não o receberam” (Jo.1:11). A partir dessa rejeição, Ele “era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizeram caso” (Is. 53:3). E, apesar de seus atos de misericórdia, lemos, repetidamente: Os fariseus conspiravam contra ele, em como lhe tirariam a vida, (Mc. 3:6). Cristo já previu e aceitou calmamente o que lhe aconteceria, dizendo aos discípulos: “Pois será ele (o Filho do homem) entregue aos gentios, escarnecido, ultrajado e cuspido; e, depois de o açoitarem, tirar-lhe-ão a vida”. Mas, embora sabendo que tudo isso aconteceria, Ele não quis desistir da sua missão redentora. Por quê? Porque soube que “ao terceiro dia ressuscitaria” (Lc. 18:31-33). Quem pode medir as insondáveis riquezas do amor de Cristo, quando aceitou o desafio de dar a sua vida dessa maneira por nós, pecadores, que, por natureza, não temos o temor de Deus!
b)      O que aconteceu quando Cristo estava dando a sua vida? Estava “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados” (1Pe. 2:24). Temos que entender e acreditar que, dentro dos propósitos do conselho da Divindade, Cristo estava pagando o preço da nossa redenção. E, por causa da sua morte vicária, Cristo recebeu esta promessa: “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si” (Is. 53:11). Novamente, vamos meditar sobre as insondáveis riquezas de Cristo, acreditando, agora,  que, nele, “temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef. 1:7). O que está implícito nesse ato de crer? A Bíblia nos dá este exemplo: “E, do modo  por que Moises levantou a serpente (de bronze) no deserto, assim  importa que o Filho do homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna” (Jo. 3:14-15).  Quando um israelita foi mordido por uma serpente abrasadora, “se olhava para a de bronze, sarava”(Nm. 21:9). Sem qualquer obra meritória, apenas em obediência à providência de Deus, um simples olhar pela fé era suficiente para ser salvo. O primeiro passo é sempre crer no que Cristo fez por nós, e todas as demais questões serão resolvidas.

3. A Constância de Cristo. Quando Cristo estava perto  de dar a sua vida em resgate por muitos, ele deixou para todos os seus seguidores uma abundância de promessas auxiliadoras. Ouça o que o Ap. Pedro diz: “Visto como, pelo seu divino poder nos tem sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude, pelas quais  nos têm sido doadas as suas preciosas  e mui grandes promessas, para que, por elas, vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção, das paixões que há no mundo” (2Pe. 1:3-4). Por estarmos em Cristo, temos a promessa de receber quatro dádivas que são essenciais  para se ter uma vida cristã; cada uma revelando as insondáveis riquezas de Cristo. E, pela constância de Cristo, podemos experimentar  a suficiência de suas promessas para suprir cada uma de nossas necessidades, porque Ele mesmo prometeu: “E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século” (Mt. 28:20). Eis as quatro dádivas: “Mas vós sois de Deus em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus: sabedoria, e justiça, e santificação e redenção” (1Co. 1:30).

a)      Sabedoria. Nós somos insensatos, mas a nossa sabedoria provém de Cristo. Como podemos receber essa sabedoria? Pela oração e pela leitura das Escrituras. “Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida” (Tg.1:5). “Compreendo mais do que todos os meus mestres, porque medito nos teus testemunhos” (Sl. 119:99). O Apóstolo Paulo, em suas orações pelas igrejas, pediu que elas transbordassem “em toda a sabedoria e entendimento espiritual; a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado” (Cl. 1:9-11). Precisamos dessa sabedoria para que a insensatez da nossa imaturidade não impeça o progresso do evangelho. O importante é que nos tornemos “sábios para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2Tm 3:15).
b)      Justiça. Nós somos culpados, mas a nossa justiça provém de Cristo. A pergunta pungente continua inquietando o coração de muitos: “Na verdade, sei que assim é; porque, como pode o homem ser justo para com Deus?” (Jó 9:2). Por seu próprio esforço, é uma impossibilidade. “E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus” (Gl. 3:11). A nossa única esperança é acreditar na providência de Deus para a nossa justiça. “Seremos justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rm. 3:24). A exortação é esta: “Mas revisti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne” (Rm. 13:14). É um ato de fé. Cremos e agimos de acordo com o contexto. E qual será o resultado? “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm. 5:1).
c)      Santificação. Nós somos corrompidos, mas a nossa santificação provém de Cristo. A nossa santificação foi providenciada mediante a morte, sepultamento e ressurreição de Jesus Cristo. Romanos 6 deve ser estudado cuidadosamente a fim de entender melhor esse assunto. Mas devemos esclarecer um ponto de suma importância. Quando o Apóstolo usa a palavra “batismo” nesse capítulo, ele não está fazendo nenhuma referência ao sacramento do batismo que a Igreja observa, antes, o termo se refere à nossa união com Cristo, conforme a exposição do versículo 5. Resumidamente, quando Cristo morreu, Ele morreu para o pecado; e nós, unidos com Ele, também morremos para o pecado. Semelhantemente, quando Cristo foi sepultado, nós fomos sepultados com Ele. O poder do pecado sobre a nossa vida ficou encerrado, foi sepultado para nunca mais nos escravizar. E, por fim, quando Cristo ressuscitou, nós, também, ressuscitamos com Ele, para andarmos em novidade de vida. O que significa tudo isso? “Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna” (Rm. 6:22). Agora, vamos sempre lembrar da verdade intocável: “ E, assim, se alguém está em Cristo (unido com Ele), é nova criatura; as coisas antigas já passaram; e eis que se fizeram novas” (2Co. 5:17).        
d)     Redenção. Nós somos encarcerados, mas a nossa redenção provém de Cristo. Nos tempos antigos, o endividado ficava na prisão até que fosse paga toda a sua dívida (Lc. 12:58-59). Mas como podia um encarcerado pagar a sua dívida? Ele era dependente de um resgatador e, se não tivesse um, morreria no cárcere. Assim, nós, também, ficamos impossibilitados de pagar a dívida do nosso pecado. Mas Deus, em sua misericórdia infinita, providenciou um Resgatador para o seu povo, um que pagaria toda a sua dívida. Jesus Cristo é este Resgatador, “ no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef. 1:7). Em cada um desses quatro itens, temos uma mina das insondáveis riquezas de Cristo. Que elas sejam o assunto em nossas meditações espirituais todos os dias!


Conclusão: Vamos lembrar que nós somos as testemunhas de Jesus Cristo. Portanto, devemos cultivar o mesmo sentimento que houve no Ap. Paulo: “A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar (testemunhar) aos gentios (pecadores) o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo”. E, finalmente, vamos sentir a responsabilidade implícita na palavra do Apóstolo: “Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros (o que nós somos) é que cada um deles seja encontrado fiel” (1Co. 4:2).