Vasos de Honra

quarta-feira, 17 de junho de 2015

O JUÍZO VINDOURO



Leitura Bíblica: João 5:24-30

Introdução: O Ap. Paulo encerrou a sua mensagem aos atenienses, afirmando: “Porquanto estabeleceu (Deus) um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão (Jesus Cristo) que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (At. 17:31). A Confissão de Fé da nossa Igreja ensina: “Assim como Cristo, para afastar os homens do pecado e para maior consolação dos justos em suas adversidades, quer que estejamos firmemente convencidos de que haverá um dia de juízo, assim também quer que esse dia não seja conhecido dos homens, a fim de que eles se despojem de toda confiança carnal, sejam sempre vigilantes, não sabendo a que hora virá o Senhor, e estejam prontos a dizer: Vem logo, Senhor Jesus! Amém” (Cap. 33:3). E, de forma semelhante, o nosso Senhor fez repetidas referências ao Dia do Juízo: “Digo-vos que toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia do juízo; porque, pelas tuas palavras serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado” (Mt. 12:36-37). E, finalmente, em nosso texto, Cristo fez uma clara referência a esse Dia do Juízo Vindouro. Vamos ao texto lido.

1. A Identidade do Juiz Vs. 26-27. O Juiz é alguém que é igual ao Pai, porque Ele é da mesma substância, isto é, o poder de auto-existência. “Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo (Ele não depende de recursos externos para manter a sua vida), também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo” (V.26). Pai e Filho têm a mesma autoridade sobre todas as coisas no céu e na terra. Mas, apesar dessa igualdade, percebemos que o Filho tem o atributo específico para julgar os transgressores da lei de Deus. Como diz o Apóstolo: “E o Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou todo julgamento” (Jo. 5:22).

Certamente alguém está se lembrando da palavra do Senhor, quando afirmou: “Eu a ninguém julgo” (Jo.8:15). Mas, o nosso texto se refere ao ministério de Cristo enquanto andava entre os homens aqui na Terra e não da sua atividade em seu estado de exaltação. Como Ele mesmo explicou: “Porquanto  Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (Jo.3:17). Tudo tem as suas devidas sequências. Primeiro Cristo prepara e convida os pecadores para receber a salvação; mas, no caso de ser rejeitado, vem a condenação. No momento, Cristo está salvando pecadores que se arrependem de seus pecados e crêem nele, porém, na consumação do século, a obra salvadora de Cristo será definitivamente encerrada, e dará início ao processo de encaminhar a humanidade para o seu lugar na eternidade. “E irão estes (os injustos e condenados) para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna” (Mt. 25:46).

2. A Ideologia do Juiz Vs. 24 e 28. Qual será o padrão que Cristo usará no Dia do Juízo? Ele julgará o mundo com justiça (At. 17:31). Uma das verdades básicas à filosofia humana é que depois da morte haverá uma distribuição de recompensas, quando cada um receberá segundo o seu procedimento. “Tribulação e angústia virão sobre a alma de qualquer homem que faz o mal, ao judeu primeiro e também ao grego; glória, porém, e honra, e paz a todo aquele que pratica o bem, ao judeu primeiro e também ao grego. Porque para com Deus não há acepção de pessoas” (Rm. 2:6-11). E, fundamental a essa crença é que “o Juiz de toda a terra” fará a justiça, (Gn.18:25). O Dia do Juízo é visto como o “dia em que Deus, por meio de Jesus Cristo, julgará os segredos dos homens” (Rm. 2:16). Cristo é totalmente competente para julgar os segredos dos homens, “porque os conhecia a todos. E não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana” (Jo. 2:24-25).

Como devemos avaliar os dias atuais? São dias de oportunidade, dias em que devemos nos preparar para o Juízo Vindouro. Cristo comentou sobre essa necessidade quando disse: “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo (para ser condenado), mas passou da morte para a vida” (V.24). O nosso preparo espiritual se resume em uma só palavra: “Crer”. O evangelho está sendo anunciado com este apelo: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua casa” (At. 16:31). Fé em Jesus Cristo é absolutamente necessária à salvação da nossa vida. Ele é o meio que Deus providenciou pelo qual podemos tomar posse da nossa salvação. Não existe nenhuma outra possibilidade. “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantêm rebelde contra o Filho (recusando submeter-se às suas condições) não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (Jo. 3:36).
Quando é que esse Dia se manifestará? Ninguém sabe! “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai” (Mt. 24:36). “Ficai também vós apercebidos, porque à hora que não cuidais, o Filho do homem virá” (Lc. 12:39-40). No momento, o importante é ouvir e crer no Evangelho de Jesus Cristo, pois a nossa felicidade na eternidade depende desse passo.

3. A Idoneidade do Juiz, Vs. 29-30. Cremos que o Senhor, como criador de tudo o que existe, visível e invisível, tem a idoneidade, ou, a competência, para encaminhar, com justiça, todas as coisas que foram criadas por Ele, inclusive o lugar certo para cada pessoa na eternidade. Mas, como será a manifestação desse Dia? Haverá uma sequência de eventos inconfundíveis. Primeiro, a consumação do século será anunciada pela Segunda Vinda de Jesus Cristo e a ressurreição geral, a fim de que todos, vivos e mortos, compareçam perante o tribunal de Cristo. “Então verão o Filho do homem vir nas nuvens, com grande poder e glória. E ele enviará os anjos e reunirá os seus escolhidos (os povos deste mundo) dos quatro ventos da extremidade da Terra até a extremidade do céu” (Mc. 13:26-27). Logo em seguida se iniciará o processo do julgamento final, “para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito no corpo” (2Co. 5:10). “Quando vier o Filho do homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória, todas as nações reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas; e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à esquerda” (Mt. 25:31-33).

Na leitura do nosso texto, Cristo descreveu esse processo de separação usando estas palavras: “Os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo”, quando serão condenados por causa de seu procedimento reprovado. Não haverá duas ressurreições. O versículo está descrevendo o destino de cada pessoa depois da sua ressurreição. Assim, observamos que, depois da nossa ressurreição, será tarde demais para mudar o rumo do nosso estado na eternidade. Cristo encerrou o seu discurso sobre o juízo vindouro dizendo: “E irão estes (os injustos) para o castigo eterno, porém, os justos, para a vida eterna” (Mt. 25:46).

Conclusão: Quanto ao juízo vindouro, o Ap. João escreveu: “ Filhinhos, agora, pois, permanecei nele (em Cristo), para que quando ele se manifestar, tenhamos confiança e dele não nos afastemos envergonhados na sua vinda” (1Jo. 2:28). O Dia do Juízo pode ser um dia de confiança se tivermos permanecido assíduos em nossa devoção a Jesus Cristo; ou, pode ser um Dia quando nos sentiremos envergonhados por causa de atos de infidelidade e omissões em nossos deveres de devoção. E o Apóstolo acrescentou: “E a si mesmo se purifica todo o que tem esta esperança (a  esperança de sermos achados semelhantes a Jesus Cristo no Dia da sua manifestação (1Jo. 3:2), assim como ele é puro” (1Jo. 3:3). Por isso temos tantas exortações na Bíblia, como: “Por isso, ficai também vós apercebidos; porque, à hora em que não cuidais, o Filho do homem virá” (Mt. 24:44). Sim, com toda certeza, haverá um Dia de Juízo, portanto, estejamos preparados.

Rev. Ivan G. G. Ross

 


NOSSO TESTEMUNHO



Leitura Bíblica: Mateus 5:1-16

Introdução: Nesta leitura temos dois relatos distintos. O primeiro descreve como o mundo trata a Igreja; e, no segundo, vemos como a Igreja deve tratar o mundo. Desde o tempo de Abel, no livro de Gênesis, os justos têm sido perseguidos pelos injustos. As duas formas mais usadas nessas perseguições são dirigidas contra a integridade do justo; difamações e mentiras, insinuações e inverdades, tudo para que o nosso nome seja levado ao desprezo, Vs.10-12.

Nos Vs. 13-16, Cristo descreve como devemos reagir diante dessa perseguição que o mundo levanta contra a Igreja. Somos “o sal da terra” e “a luz do mundo”. E, por necessidade: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus”, V.16. O Ap. Pedro, comentando sobre o procedimento dos cristão neste mundo, disse: “Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma, mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no Dia da Visitação” (1Pe. 2:11-12). Vamos aprender como a Igreja perseguida deve agir diante dos descrentes deste mundo.

1, A Persuasão do nosso Testemunho, V. 13. “Vós sois o sal da terra”.  Os cristãos são apresentados como se fossem sal, aquele ingrediente que faz uma diferença apreciável a tudo com que tem contato. Esse sal tem duas possibilidades que devem ser reconhecidas.

a) Sal exige cuidados especiais para que não se torne insípido, isto é, o cristão tem que permanecer em comunhão vital com Cristo Jesus. Como Ele mesmo disse: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim” (Jo. 15:4). Essa comunhão espiritual é cultivada através de hábitos de devoção. Davi fez referência a esse hábito quando disse: “De manhã, Senhor, ouves a minha voz; de manhã te apresento a minha oração e fico esperando” (Sl. 5:3). Através desse hábito, a leitura diária das Escrituras Sagradas e a oração, aprendemos de Jesus e como andar com Ele, (Cl. 2:6-7). Assim, o sal que está em nós jamais se tornará insípido.

b) Quais são os elementos que podem contaminar o sal que está em nós, fazendo que ele se torne insípido? O primeiro e o mais comum é a negligência daqueles atos diários de devoção, isto é, a leitura atenciosa da Bíblia e a oração perseverante. Mas existem muitos outros elementos que podem corromper a utilidade do sal. O Apóstolo menciona “todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia” (Hb,12:1). Pecado, como a transgressão da lei, é normalmente evitado pelo cristão sincero; porém, pesos, que não são propriamente transgressões da lei de Deus, podem entrar traiçoeiramente em nossa vida e prejudicar o nosso testemunho; ou seja, atividades que consomem o nosso tempo de tal forma que não sobra tempo para os atos de devoção. Podemos mencionar o tempo desnecessário gasto com a Internet e Facebook, etc; esportes; e os cuidados deste mundo como prioridades e investimentos, (Lc. 14:18-19). Por causa dessas realidade possíveis, Cristo faz uma pergunta pertinente: “Ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor?” E se não houver cuidados e o sal ficar realmente insípido, Cristo concluiu: “Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens”. Em nossos hábitos de devoção, devemos buscar uma sensibilidade espiritual, a fim de discernir qualquer elemento estranho que procura entrar em nossa vida. Com esse cuidado, o sal que está em nós jamais se tornará insípido. O Apóstolo nos adverte: “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (2Co. 10:12).

2. A Persistência do nosso Testemunho, Vs. 14-15. “Vós sois a luz do mundo”. À semelhança do sal, a  luz é um elemento silencioso, porém, quando está presente, ninguém questiona a sua realidade. A luz pode ser pequena, porém, na escuridão, ela se torna visível. O pirilampo, ou vaga-lume, faz a sua presença conhecida mediante a luz que irradia. Assim, sem nenhuma palavra, anuncia a sua presença. A vida do cristão tem um elemento, como se fosse uma luz, que, sem palavras, todos ao seu redor reconhecem que ele tem algo diferente e chamativo direcionando a sua vida. O Ap. Pedro, falando sobre o caso de uma esposa crente que tem um marido descrente, faz referência a essa luz silenciosa, dizendo: “Mulheres, sede vós igualmente submissas a vosso próprio marido, para que se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa, ao observar o vosso honesto comportamento cheio de temor” (1Pe. 3:1-2).

O nosso Senhor fez duas observações sobre essa luz que caracteriza a vida de todos os cristãos.

a) Não devemos tentar colocar a nossa luz debaixo de um alqueire (uma cesta usada para medir grãos) para que não possa alumiar a todos os presentes. “Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte”, e nem a realidade da graça de Deus em nossa vida. Essa luz não é algo natural, o fruto de alguns estudos específicos, antes, é um dom da graça de Deus, dado para que o mundo reconheça a sua obra em nossa vida. Na realidade, essa luz é a Pessoa de Jesus Cristo que agora habita na vida de todos os que nele crêem. “Pois, outrora, éreis trevas (sem Cristo, Ef. 2:12), porém, agora, sois luz no Senhor (Cristo está em nossa vida); andai como filhos da luz (porque o fruto da luz - Cristo em nós - consiste em toda bondade, e justiça e verdade), provando sempre o que é agradável ao Senhor” (Ef. 5:8-10). Importa que todos vejam o nosso testemunho cristão e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.

b)Em vez de impedir o pleno brilho da nossa luz, temos que colocá-la num velador para que ilumine todos o que se encontram na nossa presença. Quando alguém entra em nossa casa, o que estão vendo? Um lar que evidencia trevas e mundanismo, ou uma mobília modesta que testifica do temor de Deus? Quando a luz está no velador, ela, silenciosamente, manifesta a presença de Cristo no meio da família. Importa que todos vejam o nosso testemunho cristão e glorifiquem a nosso Pai que está nos céus.

3. A Personificação do nosso Testemunho, V.16.  Chegamos agora, à parte quando afirmamos que o nosso testemunho é composto, inegavelmente, de palavras audíveis e de boas obras. “Assim, brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”. O nosso testemunho é de uma pessoa viva, que tem uma experiência pessoal com Jesus Cristo.

a) O nosso testemunho está brilhando quando temos uma  prontidão espontânea para explicar os princípios da nossa esperança em Cristo. O Ap. Pedro escreveu afirmando que devemos estar “sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós” (1Pe. 3:15). Alguém nos vê com a Bíblia na mão e pergunta: Você é crente? E, sem qualquer hesitação, respondemos: Sim! E, logo em seguida, acrescentamos: Creio “que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1Co. 15:3-4). Uma fé singular nesta verdade básica nos garante o perdão de todos os nossos pecados e a certeza da vida eterna. A nossa luz está brilhando quando testemunhamos da nossa esperança em Jesus Cristo.

b) Parte do nosso testemunho é a confissão de que amamos o nosso irmão na fé. Mas esta palavra tem que ser confirmada por uma ação apropriada. Nesse sentido, o Ap. João nos ajuda a entender a ligação entre palavras e ações. “Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade” (1Jo. 3:17-18). O brilho da luz tem que ser visto pelos homens para que glorifiquem o nosso Pai que está nos céus.

c) Parte do nosso testemunho diante dos nossos conhecidos é a nossa assiduidade na prática dos deveres cristãos. O Apóstolo exortou: “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hb.10:25). Falamos de Cristo não somente para descrentes, como se fossem eles os únicos que precisam ouvir uma palavra de esperança, mas, também, aos membros da nossa Igreja. Muitos vêm à Igreja na esperança de receber uma palavra de consolo, ou através da mensagem do pastor, ou de um membro em conversa particular. Cristo disse: “Não só de pão (valores materiais) viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt. 4:4). Como podemos admoestar as pessoas necessitadas das nossas Igrejas se não estivermos presentes? O nosso dever imediato é que brilhemos, deixando que todos vejam a nossa assiduidade nos interesses do reino de Deus.

Conclusão: Temos tomado conhecimento da atitude do mundo para com a Igreja; todavia, mais importante é reconhecer que a Igreja tem que manifestar uma atitude positiva diante do mundo, mesmo quando estamos sendo perseguidos por causa da nossa lealdade a Jesus Cristo. Somos o sal da terra e a luz do mundo. Somos uma contribuição positiva à sociedade secular e não negativa, como, às vezes, acusados, (1Pe. 2:12).

Sal tem um poder persuasivo e logo faz a sua  presença reconhecida. Todavia, reconhecemos a necessidade de praticar, todos os dias, os atos de devoção, para que o sal não se torne insípido. A luz tem um poder persistente, mas, para isso, o lugar dela está no velador e não escondida debaixo de uma cesta. O importante é que todos sejam aluminados. O nosso testemunho tem que ser pessoal, afinal, como cristãos, somos pessoas que têm uma palavra apropriada para todos. Dessa maneira, as pessoas que estão observando o nosso honesto procedimento hão de glorificar o nosso Pai que está nos céus. Que cada um de nós sejamos diligentes para que os propósitos de Deus para a nossa vida tenham a devida expressão. Nós não somos uma mera conjectura, somos, de fato, o sal da terra e a luz do mundo.



Rev. Ivan G. G. Ross

A DIVINDADE DE CRISTO



Leitura Bíblica: João 1:1-5

Introdução: O evangelho segundo João nos dá um relance da pessoa de Jesus Cristo na eternidade. “No princípio era o Verbo”, ou seja, Ele existia na eternidade antes da criação do universo, e, antes de qualquer outro ser vivo, seja angélico, humano ou animal. Em outras palavras, como o Ap. Paulo o apresenta: “Ele é antes de todas as coisas” (Cl. 1:17). Cristo fez referência à sua eternidade em sua oração sacerdotal: “ Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste a fazer; e, agora, glorifica-me, ó Pai, comigo mesmo, com a glória que tive junto de ti, antes que houvesse mundo” (Jo. 17:4-5). João Batista, o seu precursor, reconheceu a eternidade de Cristo quando testemunhou: “É este a favor de quem eu disse: após mim vem um varão que tem a primazia, porque já existia antes de mim” (Jo. 1:30). Devemos lembrar que João Batista nasceu  pelo menos seis meses antes de Cristo, (Lc. 1:36).

Juntamente com a sua eternidade, devemos reconhecer a glória incomparável de Jesus Cristo, que está estampada sobre todas as obras da sua criação. “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas” (Rm. 1:20). Por isso os seres celestiais proclamam: “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas” (Ap. 4:11). E, outra vez: “Aquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos” (Ap. 5:13). Quando percebemos a glória e a supremacia de Jesus Cristo, ficamos maravilhados com sua condescendência em buscar e salvar pecadores, tais como cada um de nós: “Pois ele (Jesus Cristo), subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus, antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornou-se em semelhança de homens, e,  reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz” (Fl. 2:6-8). Confessamos que fomos comprados por bom preço, o precioso sangue de Jesus Cristo. E qual é a nossa responsabilidade imediata, à luz do preço pago para adquirir a  nossa redenção? “Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo” (1 Co. 6:20).

Vamos ao estudo das palavras iniciais do Ap.João em sua descrição da Divindade de Jesus Cristo, procurando compreender a glória eterna da sua Pessoa.

1. A Consciência da sua Pessoa Vs. 1-2. Nesses versículos, estamos contemplando a eternidade e a divindade de Jesus Cristo. O Catecismo Maior da nossa igreja ensina: “Há três Pessoas na Divindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; essas três Pessoas são um só Deus verdadeiro e eterno, da mesma substância, iguais em poder e glória, embora distintas pelas suas propriedades pessoais” (Mt. 3:16-17; 2Co.13:13; Jo. 10:30).

A Bíblia registra uma visão que o Profeta Isaías recebeu. Ele viu “o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono” (Is. 6:1). Ele não estava contemplando um ser solitário e incomunicável; pelo contrário, estava vendo uma plenitude que constrangia os serafins a clamar: “Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos; toda a terra está cheia da sua glória” (Is. 6:3). Pela infinidade desse Ser, percebemos uma pluralidade, porque, quando falou, Ele usou um termo plural, como se tivesse mais de uma Pessoa. “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?” (Is. 6:8). Encontramos a mesma pluralidade na criação do homem. “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn. 1:26; 11:6-7).

Cremos que o Ap. João tinha uma percepção dessa pluralidade quando escreveu: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus” V. 1:2. Cristo, o Filho de Deus, não é um Ser criado, como alguns afirmam. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser (o Ser de Deus)” (Hb. 1:3). “Porquanto nele habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl. 2:9). Cristo é o Verbo, o Logos, que é a consciência da sua própria existência, a revelação perfeita de Deus em toda a sua insondável plenitude. “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito (Jesus Cristo), que está no seio do Pai, é quem o revelou” (Jo. 1:18). Filipe, um dos discípulos do Senhor, ficou muito perplexo quando tentou compreender a profundidade do Ser de Deus, por isso, pediu a Jesus: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta”. Disse-lhes Jesus: “Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo, mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras. Crede-me que estou no Pai e o Pai em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras” (Jo. 14:8-11).

A descrição quadrícula da Pessoa de Jesus Cristo nos versículos 1 e 2 da nossa leitura estabelece, definitivamente, não apenas a eternidade de Jesus Cristo, mas também a sua Divindade incontestável. Quando lemos tais declarações, em vez de buscar explicações em livros, é melhor e mais edificante aceitar, pela fé, a simplicidade da revelação que o Espírito Santo nos deu nas Escrituras Sagradas. Afinal, foram dadas para a nossa edificação espiritual e não para a nossa confusão. Como o Apóstolo escreveu: “Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais (demonstrando a sua origem divina) que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo. 20:30-31).

2. A Consciência de seu Poder, V3. Quanto à criação do universo, a Bíblia nos dá esta resposta simples: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn. 1:1). Mas, se perguntarmos: Como é que Deus realizou esta obra? O texto no evangelho nos dará esta resposta: “Todas as cousas foram criadas por intermédio dele (o Verbo), e, sem ele, nada do que foi feito se fez” (V.3). Novamente, somos confrontados com a realidade de que, na Divindade, há uma pluralidade de Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Cada uma dessas Pessoas é reconhecida por causa de suas atribuições pessoais. E, embora cada Pessoa  esteja presente em todas as obras da Divindade, reconhecemos que cada uma tem a sua contribuição particular. A Bíblia enfatiza: “Eu, eu sou o Senhor e fora de mim não há salvador” (Is. 43:11). Contudo, para realizar esta salvação: Não foi o Pai e nem o Espírito Santo que “se fez carne e habitou entre nós”. Esta atribuição pertencia exclusivamente ao Filho, a Segunda Pessoa na Divindade. Citamos uma explanação que se encontra em “Daily Readings”, por J. G. Ryle, 2 de Janeiro: “O nosso Senhor Jesus Cristo é uma Pessoa distinta de Deus Pai, contudo, é um com Ele. O Ap. João nos ensina que “o Verbo estava com Deus”. O Pai e o Verbo, embora sejam duas Pessoas, estão unidos um com o outro em uma união inefável. Onde Deus o Pai estava, desde toda a eternidade, lá estava também o Verbo, sim, o próprio Filho – a sua glória era igual, a sua majestade era co-eternal, e, contudo, a sua Divindade era uma só. Tudo isto é um grande mistério. Mas feliz é aquele que o recebe como uma criancinha, sem sentir a necessidade de maiores explanações.

“O Senhor Jesus Cristo é Deus de fato. O Ap. João nos ensina que “o Verbo era Deus”. Ele não é um mero anjo, que foi criado, e nem um Ser inferior a Deus o Pai, Ele  não é uma criação especial que  foi investida com poderes para redimir pecadores, ao contrário, Ele é nada menos do que o Deus perfeito – quanto à sua Divindade, igual ao Pai e da mesma substância dele, gerado de toda a eternidade.

“O Senhor Jesus Cristo é o Criador de todas as coisas. O Ap. João nos ensina: “ Todas as cousas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez”. Ele está muito longe da possibilidade de ser uma criatura de Deus, como alguns hereges têm insinuado. Ele é o Ser que criou o universo e tudo o que nele existe. “Louvem o nome do Senhor, pois mandou ele, e foram criados” (Sl. 148:5)”.  

Por que estamos insistindo na Divindade de Jesus Cristo? Porque temos que reconhecer quem é a Pessoa que nos amou e a si mesmo se entregou por nós, a fim de nos redimir do castigo que os nossos pecados merecem receber. Nenhum outro valor podia efetuar essa redenção; somente o precioso sangue de Jesus Cristo tinha o valor necessário para comprar a nossa salvação. Agora, vamos meditar sobre o envolvimento das três Pessoas da Divindade nesse processo todo. Deus revelou-se como três Pessoas em um só Deus, (Mt. 28:19). Cada Pessoa na Divindade é distinta das outras duas, e cada uma tem obras particulares a fazer. O Pai entrega o seu Filho, (Jo. 3:16); o Filho vem e assume a nossa natureza a fim de ser o nosso substituto diante da justiça de Deus, (1Jo. 3:8), e ambos enviam o Espírito Santo para  aplicar a salvação a todos os que crêem, (Jo 15:26; Ef. 1:13-14).

3. A Consciência de seu Propósito Vs 4-5. Agora, passamos a contemplar a Pessoa de Jesus Cristo em sua manifestação maior, como aquele que “se fez carne e habitou entre nós” (Jo. 1:14).

a) Qual foi o propósito dessa auto-revelação de Deus? Ele quis comunicar a sua vida de uma maneira visível. “Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente”, possuidor, não apenas de uma vida física, mas também de uma vida espiritual, criado para andar em plena comunhão com o seu Criador, (Gn.2:9).

 Mas, quando Adão pecou comendo do fruto proibido, ele foi expulso do jardim do Éden e perdeu aquela intimidade de comunhão com o seu Criador, (Gn. 3:6,23). A partir desse momento, o homem passou a ser espiritualmente morto em seus delitos e pecados, (Ef. 2:1). Mas, será que Deus ficou frustrado em seu propósito para com o homem? De forma alguma! Deus agiu soberanamente a fim de devolver esta vida espiritual ao homem. O nosso texto diz: “A vida estava nele (o Verbo) e a vida era a luz dos homens”. O homem, no princípio, recebeu a dádiva da sua vida mediante uma intervenção da parte de Deus, assim, agora, o homem é dependente da mesma condescendência, a fim de receber de volta a sua vida espiritual. Vamos voltar a enfatizar, o homem não é o criador da sua própria vida, nem o Autor da sua própria salvação. O Senhor Jesus Cristo é a fonte exclusiva de vida e entendimento espiritual para todos os que nele crêem. Feliz o povo que confessa: “Porque todos nós temos recebido a sua plenitude e graça sobre graça” (Jo. 1:16).

b) Qual é o lugar onde esta luz resplandece? Ela resplandece nas trevas, nos lugares onde as pessoas vivem sem Deus e sem esperança, (Ef. 2:12). Essa verdade foi dramatizada quando Jesus “retirou-se para a Galiléia” e passou a pregar o evangelho para um povo notoriamente corrupto. Qual foi o impacto da mensagem? “O povo que jazia em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a luz” (Mt. 4:12-17). Fé em Jesus Cristo sempre tem esta influência benéfica sobre os que crêem: Eles deixam as trevas a fim de andarem na luz. Cristo anunciou esta verdade: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida” (Jo. 8:12).  Por causa dessa verdade, somos exortados a pregar o evangelho. É somente o evangelho que tem o poder para efetuar uma transformação sobre o povo que jaz nas trevas deste mundo.

c) Qual é a vitória desta luz? “E as trevas não prevaleceram contra ela”. Sempre existiu uma luta espiritual entre as trevas e a luz. O Ap. Paulo reconheceu um conflito espiritual, dizendo: “a nossa luta não é contra  o sangue e a carne e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais” (Ef. 6:12). Mas, como podemos enfrentar esses poderes espirituais? Novamente, o Apóstolo nos orienta: “Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamos-nos das armas da luz”, ou seja, “revesti-vos do Senhor Jesus Cristo” (Rm. 13:12-14). A nossa vitória é sempre “por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co. 15:57). Por isso, as trevas não prevalecem contra a luz.

Conclusão: É fundamental à nossa fé que creiamos na Divindade absoluta de Jesus Cristo. Quando o universo foi criado, Ele já existia. Sim, tudo o que existe veio a existir por seu intermédio. E, agora, por causa do pecado humano, Cristo se manifesta como a luz que resplandece nas trevas, trazendo salvação para todos os que nele crêem. Quando a Bíblia faz referência ao Filho de Deus, ela fala desta maneira: “O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre” (Hb. 1:8). “Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1Jo. 5:20). Assim, a Igreja fica “aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo” (Tt. 2: 13).

Rev. Ivan G. G. Ross