Leitura Bíblica: Mateus 5:1-16
Introdução: Nesta leitura temos dois relatos distintos. O
primeiro descreve como o mundo trata a Igreja; e, no segundo, vemos como a
Igreja deve tratar o mundo. Desde o tempo de Abel, no livro de Gênesis, os
justos têm sido perseguidos pelos injustos. As duas formas mais usadas nessas
perseguições são dirigidas contra a integridade do justo; difamações e
mentiras, insinuações e inverdades, tudo para que o nosso nome seja levado ao
desprezo, Vs.10-12.
Nos Vs. 13-16, Cristo descreve como devemos reagir diante
dessa perseguição que o mundo levanta contra a Igreja. Somos “o sal da terra” e
“a luz do mundo”. E, por necessidade: “Assim brilhe também a vossa luz diante
dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que
está nos céus”, V.16. O Ap. Pedro, comentando sobre o procedimento dos cristão
neste mundo, disse: “Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que
sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma,
mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo
que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas
obras, glorifiquem a Deus no Dia da Visitação” (1Pe. 2:11-12). Vamos aprender
como a Igreja perseguida deve agir diante dos descrentes deste mundo.
1, A Persuasão do nosso Testemunho, V. 13. “Vós sois o sal da terra”. Os cristãos são apresentados como se fossem
sal, aquele ingrediente que faz uma diferença apreciável a tudo com que tem
contato. Esse sal tem duas possibilidades que devem ser reconhecidas.
a) Sal exige cuidados especiais para que não se torne
insípido, isto é, o cristão tem que permanecer em comunhão vital com Cristo
Jesus. Como Ele mesmo disse: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como
não pode o ramo produzir fruto de si mesmo se não permanecer na videira, assim,
nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim” (Jo. 15:4). Essa comunhão
espiritual é cultivada através de hábitos de devoção. Davi fez referência a
esse hábito quando disse: “De manhã, Senhor, ouves a minha voz; de manhã te
apresento a minha oração e fico esperando” (Sl. 5:3). Através desse hábito, a
leitura diária das Escrituras Sagradas e a oração, aprendemos de Jesus e como
andar com Ele, (Cl. 2:6-7). Assim, o sal que está em nós jamais se tornará
insípido.
b) Quais são os elementos que podem contaminar o sal que está
em nós, fazendo que ele se torne insípido? O primeiro e o mais comum é a
negligência daqueles atos diários de devoção, isto é, a leitura atenciosa da
Bíblia e a oração perseverante. Mas existem muitos outros elementos que podem
corromper a utilidade do sal. O Apóstolo menciona “todo peso e do pecado que
tenazmente nos assedia” (Hb,12:1). Pecado, como a transgressão da lei, é
normalmente evitado pelo cristão sincero; porém, pesos, que não são
propriamente transgressões da lei de Deus, podem entrar traiçoeiramente em
nossa vida e prejudicar o nosso testemunho; ou seja, atividades que consomem o
nosso tempo de tal forma que não sobra tempo para os atos de devoção. Podemos
mencionar o tempo desnecessário gasto com a Internet e Facebook, etc; esportes;
e os cuidados deste mundo como prioridades e investimentos, (Lc. 14:18-19). Por
causa dessas realidade possíveis, Cristo faz uma pergunta pertinente: “Ora, se
o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor?” E se não houver
cuidados e o sal ficar realmente insípido, Cristo concluiu: “Para nada mais
presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens”. Em nossos hábitos de
devoção, devemos buscar uma sensibilidade espiritual, a fim de discernir
qualquer elemento estranho que procura entrar em nossa vida. Com esse cuidado,
o sal que está em nós jamais se tornará insípido. O Apóstolo nos adverte:
“Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (2Co. 10:12).
2. A Persistência do nosso Testemunho, Vs. 14-15. “Vós sois a luz do mundo”. À semelhança do sal, a luz é um elemento silencioso, porém, quando
está presente, ninguém questiona a sua realidade. A luz pode ser pequena,
porém, na escuridão, ela se torna visível. O pirilampo, ou vaga-lume, faz a sua
presença conhecida mediante a luz que irradia. Assim, sem nenhuma palavra,
anuncia a sua presença. A vida do cristão tem um elemento, como se fosse uma
luz, que, sem palavras, todos ao seu redor reconhecem que ele tem algo
diferente e chamativo direcionando a sua vida. O Ap. Pedro, falando sobre o
caso de uma esposa crente que tem um marido descrente, faz referência a essa
luz silenciosa, dizendo: “Mulheres, sede vós igualmente submissas a vosso
próprio marido, para que se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho, sem
palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa, ao observar o vosso
honesto comportamento cheio de temor” (1Pe. 3:1-2).
O nosso Senhor fez duas observações sobre essa luz que
caracteriza a vida de todos os cristãos.
a) Não devemos tentar colocar a nossa luz debaixo de um
alqueire (uma cesta usada para medir grãos) para que não possa alumiar a todos
os presentes. “Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte”, e nem a
realidade da graça de Deus em nossa vida. Essa luz não é algo natural, o fruto
de alguns estudos específicos, antes, é um dom da graça de Deus, dado para que
o mundo reconheça a sua obra em nossa vida. Na realidade, essa luz é a Pessoa
de Jesus Cristo que agora habita na vida de todos os que nele crêem. “Pois,
outrora, éreis trevas (sem Cristo, Ef. 2:12), porém, agora, sois luz no Senhor
(Cristo está em nossa vida); andai como filhos da luz (porque o fruto da luz -
Cristo em nós - consiste em toda bondade, e justiça e verdade), provando sempre
o que é agradável ao Senhor” (Ef. 5:8-10). Importa que todos vejam o nosso
testemunho cristão e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.
b)Em vez de impedir o pleno brilho da nossa luz, temos que
colocá-la num velador para que ilumine todos o que se encontram na nossa
presença. Quando alguém entra em nossa casa, o que estão vendo? Um lar que
evidencia trevas e mundanismo, ou uma mobília modesta que testifica do temor de
Deus? Quando a luz está no velador, ela, silenciosamente, manifesta a presença
de Cristo no meio da família. Importa que todos vejam o nosso testemunho
cristão e glorifiquem a nosso Pai que está nos céus.
3. A Personificação do nosso Testemunho, V.16. Chegamos agora, à
parte quando afirmamos que o nosso testemunho é composto, inegavelmente, de
palavras audíveis e de boas obras. “Assim, brilhe também a vossa luz diante dos
homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está
nos céus”. O nosso testemunho é de uma pessoa viva, que tem uma experiência
pessoal com Jesus Cristo.
a) O nosso testemunho está brilhando quando temos uma prontidão espontânea para explicar os
princípios da nossa esperança em Cristo. O Ap. Pedro escreveu afirmando que
devemos estar “sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir
razão da esperança que há em vós” (1Pe. 3:15). Alguém nos vê com a Bíblia na
mão e pergunta: Você é crente? E, sem qualquer hesitação, respondemos: Sim! E,
logo em seguida, acrescentamos: Creio “que Cristo morreu pelos nossos pecados,
segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia,
segundo as Escrituras” (1Co. 15:3-4). Uma fé singular nesta verdade básica nos
garante o perdão de todos os nossos pecados e a certeza da vida eterna. A nossa
luz está brilhando quando testemunhamos da nossa esperança em Jesus Cristo.
b) Parte do nosso testemunho é a confissão de que amamos o
nosso irmão na fé. Mas esta palavra tem que ser confirmada por uma ação
apropriada. Nesse sentido, o Ap. João nos ajuda a entender a ligação entre
palavras e ações. “Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu
irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer
nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de
fato e de verdade” (1Jo. 3:17-18). O brilho da luz tem que ser visto pelos
homens para que glorifiquem o nosso Pai que está nos céus.
c) Parte do nosso testemunho diante dos nossos conhecidos é a
nossa assiduidade na prática dos deveres cristãos. O Apóstolo exortou: “Não
deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos
admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hb.10:25). Falamos
de Cristo não somente para descrentes, como se fossem eles os únicos que
precisam ouvir uma palavra de esperança, mas, também, aos membros da nossa
Igreja. Muitos vêm à Igreja na esperança de receber uma palavra de consolo, ou
através da mensagem do pastor, ou de um membro em conversa particular. Cristo
disse: “Não só de pão (valores materiais) viverá o homem, mas de toda palavra
que procede da boca de Deus” (Mt. 4:4). Como podemos admoestar as pessoas
necessitadas das nossas Igrejas se não estivermos presentes? O nosso dever
imediato é que brilhemos, deixando que todos vejam a nossa assiduidade nos
interesses do reino de Deus.
Conclusão: Temos tomado
conhecimento da atitude do mundo para com a Igreja; todavia, mais importante é
reconhecer que a Igreja tem que manifestar uma atitude positiva diante do
mundo, mesmo quando estamos sendo perseguidos por causa da nossa lealdade a
Jesus Cristo. Somos o sal da terra e a luz do mundo. Somos uma contribuição
positiva à sociedade secular e não negativa, como, às vezes, acusados, (1Pe.
2:12).
Sal tem um poder persuasivo e logo faz a sua presença reconhecida. Todavia, reconhecemos a
necessidade de praticar, todos os dias, os atos de devoção, para que o sal não
se torne insípido. A luz tem um poder persistente, mas, para isso, o lugar dela
está no velador e não escondida debaixo de uma cesta. O importante é que todos
sejam aluminados. O nosso testemunho tem que ser pessoal, afinal, como
cristãos, somos pessoas que têm uma palavra apropriada para todos. Dessa
maneira, as pessoas que estão observando o nosso honesto procedimento hão de
glorificar o nosso Pai que está nos céus. Que cada um de nós sejamos diligentes
para que os propósitos de Deus para a nossa vida tenham a devida expressão. Nós
não somos uma mera conjectura, somos, de fato, o sal da terra e a luz do mundo.
Rev. Ivan G. G. Ross
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