Vasos de Honra

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O Porquê do Natal – 2014



“ Ela (Maria, a prometida virgem) dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mateus 1:21).

Se alguém perguntar: Por que era necessário que Jesus Cristo, o Eterno Filho de Deus, viesse ao mundo? A resposta seria esta: Primeiro, foi uma manifestação de amor. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça  mas tenha a vida eterna” (Jo. 3:16). E, segundo, era o único caminho disponível para que os pecadores pudessem ser redimidos e salvos. Portanto, devemos meditar sobre três realidades.

1. A Realidade da Pecaminosidade do Homem. Creio que não há necessidade de justificar essa afirmação. Basta ler ou ouvir o que os noticiários estão revelando. O pecado não é apenas uma realidade ao nosso redor, ele está dentro da nossa própria natureza. “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós” (1Jo. 1:8). A dura realidade é esta: “Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm.3:23). Ninguém consegue alcançar o padrão de justiça que Deus estabeleceu para a humanidade. E, por causa dessa falha, o mundo inteiro está sofrendo como resultado da desobediência à lei de Deus. Todos os pecados nascem dentro do coração do homem para, depois, se manifestarem em atos externos. Cristo deu esta descrição do início do pecado: “Porque de dentro do coração dos homens é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a  avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos esses males vêm de dentro e contaminam o homem” (Mc. 7:21-23). O pecado permeia cada parte da nossa natureza, pensamentos e ações. O problema é tão sério que Cristo disse: “qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela” (Mt. 5:28). Por acaso, existe alguém que pode dizer: “Eu nunca tive um pensamento inconveniente contra ninguém!”  Bem sabemos dos pensamentos impróprios que estão em nosso coração. Por isso, todos nós merecemos  a justa condenação de Deus.
Se alguém ainda duvida da realidade do pecado em sua própria vida, basta lembrar-se do seu procedimento na infância: os momentos de desobediência aos pais e as rebeldias, egoísmo e raiva, preguiça e má vontade. Todas essas coisas são manifestações do que já existe no coração da criança. E, podemos mencionar os pecados da mocidade: hábitos aliciantes que não respeitam a santidade do corpo e o desrespeito diante de autoridades. Não há como negar a realidade do pecado que caracteriza a vida do homem.

Mas, porque estou falando dessa maneira, justamente nas vésperas do Natal? Porque esse é o contexto que Deus contemplou quando determinou usar de misericórdia para com o homem. Em vez de destruí-lo peremptoriamente, Ele lhe mostrou o caminho para a salvação. “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação (que desvia a ira de Deus) pelos nossos pecados” (1Jo. 4:10). Estamos prontos, agora, para contemplar o preço que Cristo tinha que pagar, a fim de desviar a ira de Deus e salvar o pecador.

2. A Realidade da Humilhação de Jesus Cristo. Podemos destacar três experiências na humilhação do Filho de Deus, Jesus Cristo.

a) O seu nascimento. Devemos tentar conhecer as origens daquele que nasceu naquele primeiro Natal. Ele é Jesus Cristo, o Filho unigênito de Deus; “cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Mq. 5:2), que estava “no seio do Pai” (Jo. 1:18); que gozava da glória juntamente com o Pai (Jo. 17:5); e, visto em forma humana, “nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl. 2:9). Este é aquele que nasceu em Belém, a fim de adquirir a vida eterna para pecadores arrependidos que nele crêem. A Bíblia resume esse ato nestas palavras: “Pois ele (o Filho de Deus), subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou (deixando a sua glória celestial), assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Hb. 2:6-8). Não há palavras para descrever o contraste que  o Filho de Deus enfrentou, quando deixou para trás a sua glória celestial e se dignou a nascer de mulher; e isto não num palácio de reis, mas, sim, “numa manjedoura, porque não havia lugar para ele na hospedaria” (Lc. 2:7).

b) A sua sujeição à lei. Ele nasceu sob os cuidados de um casal humano, “e era-lhes submisso” (Lc. 2:51). Como podemos conceber isso? O Senhor dos senhores e o Rei dos reis sujeitando-se à direção de José e Maria! E, ainda mais, obedecendo perfeitamente à lei de Deus em todos os seus detalhes!  Essa obediência era necessária  porque Ele veio como nosso fiador, pagando as nossas dívidas morais e espirituais, (Hb. 7:22).

c) A sua morte na Cruz. Cristo confessou: “Pois o filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc. 10:45). Esse resgate foi o preço que Ele pagou, a fim de nos libertar das consequências judiciais do nosso pecado e conceder-nos o perdão. Essa morte foi substitutiva, Cristo morreu em nosso lugar, “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados” (1Pe 2:24). Eis a mensagem do Evangelho: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira” (Rm. 5:8-9).

3. A Realidade da Exaltação de Jesus Cristo. Podemos destacar três realidades relacionadas à exaltação de Jesus Cristo.

a) A sua ressureição corpórea. De acordo com o determinado desígnio e presciência de Deus, Cristo foi crucificado e sepultado, “ao qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte; porquanto não era possível fosse ele retido por ela” (At. 2:23-24). Pela ressureição de Cristo, pelo menos duas verdades foram definitivamente confirmadas. Primeira, a sua Divindade absoluta foi declarada com poder, (Rm. 1:4). Esse poder se manifesta especialmente pela conversão de pecadores, e nós, que cremos no Cristo ressurreto, somos a evidência desse poder. Segunda, pela ressureição de Cristo  somos justificados, declarados inocentes diante da lei de Deus, (Rm. 4:25).

b) A sua ascensão corpórea.  Cristo subiu às alturas à vista de seus discípulos, com esta explanação:  “Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá de modo como o vistes subir” (At. 1:9-11). Agora, dessa posição celestial, Ele está “vivendo para sempre para interceder” por seu povo. (Hb. 7:25). Através desse ministério, Ele garante a nossa salvação eterna, porque, como  nosso Advogado e Propiciação, Ele nos defende quando pecamos, e nos protege, desviando de nós a ira que o pecado provoca, (1Jo. 2:1-2).

c) A sua segunda vinda. Cristo prometeu: “Voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também” (Jo. 14:3). A Bíblia, como um todo, ensina que Cristo voltará para “julgar vivos e mortos” (At. 17:31, 2Tm. 4:1). Naquela ocasião, “cada um receberá segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo (2Co. 5:10). Mas, para nós que amamos a sua vinda, “ estaremos para sempre com o Senhor”, vivendo numa comunhão ininterrupta com Ele, contemplando a sua fronte (1Ts. 4:17; Ap. 22:4).

Depois da sua humilhação e tendo cumprido a sua missão redentora, Deus “o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai”  (Fl. 2:9-11). E, agora, no céu, exaltando a Pessoa de Jesus Cristo, ouve-se esta aclamação: “e cantavam com voz forte: “o Cordeiro que foi morto é digno de receber poder, riqueza, sabedoria e força, honra, glória e louvor.” (Ap. 5:12).

Conclusão: O Natal nos faz lembrar como o imaculado Filho de Deus humilhou-se a si mesmo, nasceu de mulher e passou a viver no meio da pecaminosidade humana. Ele assumiu essa nova circunstância porque, movido pelo amor, quis buscar a salvar pecadores, uma missão que necessitou a doação de sua própria vida: “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados” (1Pe. 2:24). Mas Cristo não permaneceu na morte, antes, ao terceiro dia ressuscitou, e agora vive para sempre para garantir a salvação eterna a todos aqueles que nele crêem, (Hb.7:25). Este Natal será verdadeiramente feliz  se for celebrado deixando Jesus Cristo direcionar a sua vida!


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

SALVAÇÃO: A PROVIDÊNCIA DE DEUS



Leitura Bíblica: Efésios 2:1-10.
Introdução: No primeiro capítulo de Efésios, temos o esboço do plano da salvação. É uma obra do Deus triúno; como Ele, em toda a sua gloriosa plenitude, explicou: “Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há salvador” (Is. 43:11). É o Pai que “nos tem abençoado com toda sorte de benção espiritual nas regiões celestiais” (V.3). Em Cristo, o Filho de Deus, temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados (V.7). E “o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor (a garantia) da nossa herança” (Vs.13-14). O resultado de cada Pessoa da Divindade, agindo segundo a sua atribuição específica, é a Salvação Eterna daqueles que crêem. O Pai sempre toma a iniciativa (nas obras da criação e da salvação de seu povo); porém, essas determinações se realizam somente por intermédio de seu Filho: “Todas as cousas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” (Jo. 1:3). E o Espírito Santo toma, aplica e sela essa obra redentora de Jesus Cristos àqueles que crêem. “O próprio Espírito Santo testifica com nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm. 8:16). É o Espírito Santo, habitando em nosso homem interior, que nos fortalece para permanecermos em Jesus Cristo e descansarmos na sua na sua obra redentora. (Ef. 3:16-17). No segundo capítulo de Efésios percebemos que essa salvação, como providência de Deus, é o único recurso para o bem total do homem pecador.
1.  A necessidade da Salvação, Vs. 1-3. Para entender melhor a necessidade da salvação, temos que reconhecer o estado espiritual do homem natural. Por causa de seus pecados, ele é espiritualmente perdido, vivendo sem a presença salvadora de Deus em sua vida. Nesse estado derrotado, o homem não tem esperança de algo melhor a não ser que Deus intervenha soberanamente ao seu encontro. Mas, o que significa ser “perdido”? Nesse estado, o homem está caminhando para uma eternidade onde existe somente o “choro e ranger de dentes” (Mt. 13:42). Ou, como o Apóstolo registrou, os perdidos “sofrendo penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder” (2 Ts. 1:9). Esses fatos sombrios fazem com que reconheçamos que há uma grande necessidade da salvação que somente o Senhor pode oferecer ao pecador.
O Apóstolo usa três realidades para demonstrar a corrupção original: A) Ele é “morto em seus delitos e pecados” (V.1). Essa morte é uma inércia total na área espiritual. Como a nossa Confissão de Fé ensina: “Desta corrupção original, pela qual ficamos totalmente indispostos, incapazes e adversos a todo bem e inteiramente inclinados a todo mal, é que procedem todas as transgressões atuais” (Cap. 6:4). A Confissão acrescenta ainda mais: “Por ser morto no pecado, o homem é incapaz de, pelo seu próprio poder, converter-se ou mesmo preparar-se para isso” (Cap.9:3). Não há dúvida alguma quanto à necessidade de salvação, da intervenção divina na vida do homem. B)Por natureza, o homem tem a tendência de seguir modelos. O mundo, composto de pecadores, tem o seu próprio modo de agir e cuidar de seus desejos carnais. Por isso, “a amizade do mundo é inimiga de Deus” (Tg 4:4). O homem revela a sua rejeição de Deus andando “segundo o curso deste mundo, segundo o princípio da potestade do ar, e do espírito que agora atua nos filhos da desobediência” (V.2). Para sair dessa cegueira espiritual, o homem tem uma grande necessidade da salvação que somente o Deus misericordioso pode dar. C) Para pecar, o homem está fazendo o que lhe é natural. Ele segue as inclinações da sua carne e faz a vontade da sua carne (V.3). Em outras palavras, o homem vive uma vida egoística, tendo em vista somente o que é propriamente seu, (Fl. 2:4). Novamente, o homem  precisa de uma intervenção soberana da parte de Deus a fim de ser salvo de si mesmo.
2. A Natureza da Salvação, Vs. 4-7. Até aqui, o Apóstolo estava nos preparando para sentir o contraste entre o que éramos, “mortos em nossos delitos e pecados” e o que temos agora: “Ele nos deu vida, juntamente com Cristo” (V. 5). Quanto à natureza da salvação, podemos observar três verdades: A) Esta salvação é uma revelação da misericórdia e grande amor de Deus para com o seu povo pecador. Por causa do nosso pecado, Deus podia ter usado todos os rigores da lei contra nós; mas, não, Ele determinou usar a riqueza da sua misericórdia. Como o Profeta explicou: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã” (Lm.3:22). E, de  modo semelhante, o seu grande amor para conosco se resume em nossa salvação eterna. “Nisto consiste o amor: Não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1Jo. 4:10). Propiciação significa: desviar a ira de Deus. Essa ira é direcionada contra todos os pecadores; porém, no caso de seu povo, Cristo, o nosso fiador, interveio e impediu que essa ira caísse sobre eles. Esta é a natureza da nossa salvação. B) Para efetuar a nossa salvação, era necessário realizar uma verdadeira ressurreição espiritual (novo nascimento, regeneração – Tt.3:5). Por isso, “nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (V.6). Não apenas uma vida no sentido mais sublime da palavra, mas, “nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus”! Como Cristo venceu a morte por meio da sua ressurreição  e sentou-se à direita de Deus, nós também venceremos a morte por meio da nossa ressurreição, a fim de estarmos com o Senhor para sempre. Mas o Apóstolo entende que, mesmo agora, assentados nos lugares celestiais, desfrutamos de toda sorte de benção espiritual. Somos riquíssimos! Esta é a natureza da salvação que Deus tem preparado para seu povo. C) O motivo de Deus quando Ele deu esta salvação a seu povo, “Para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus” (V.7). Observamos a repetida frase: “Em Cristo”. Para lidar com o pecador, o Pai não age diretamente com ele, antes, é sempre mediante as atribuições de seu Filho Jesus Cristo. A glória de Deus consiste em revelar a sua natureza divina. A salvação do pecador testifica, durante todos os séculos, “a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco”. Novamente, podemos sentir o espanto que o Apóstolo exprimiu quando disse: “E estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida em Cristo” (V.3). À  luz desta maravilha, o Apóstolo se entregou irrestritamente ao  serviço de Deus, confessando: “E esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl. 2:20). Eis a natureza dessa salvação, temos um vida diferente, disposições diferentes, uma vida devolvida a Deus em plena consagração, com esta determinação: “Eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol da vossa alma” (2Co. 12:15).
3. A Nobreza da Salvação, Vs 8-10. Nobreza no sentido de que a salvação é distribuída generosa e gratuitamente para todos os que recebem os seus termos. “Porque pela graça sois salvos mediante a fé”  em Jesus Cristo. Por sermos totalmente incapazes de merecer a salvação, Deus a concede gratuitamente, para que tenha um povo exclusivamente seu, adquirido por um preço caríssimo: a morte vicária de seu próprio Filho. Por esse sacrifício substitutivo, Cristo  satisfez, plenamente, todos os requisitos da lei, pagando todas as nossas dívidas judiciais e fazendo, assim, a nossa justificação, Deus nos aceitando sem qualquer impedimento. “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar” (Gl. 3:13).
Se perguntarmos: Como pode alguém crer salvificamente em Jesus Cristo, visto que “o homem natural não aceita as cousas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”? (1Co. 2:14). Novamente, percebemos a nobreza da salvação que Deus preparou. Duas ações são introduzidas: primeiro, o homem é regenerado e recebe uma vida nova, caracterizada  por disposições espirituais; e, em segundo lugar, recebe a fé para crer salvificamente em Jesus Cristo. Notemos que essa fé não vem de nós mesmos, isto é, ela não aparece mediante a nossa própria volição: “é dom de Deus”. Tudo o que é associado com a salvação da nossa alma é concedido gratuitamente. “Não é de obras, para que ninguém se glorie”. Para que ninguém elogie-se a si mesmo, dizendo: Eu, com a minha própria integridade, alcancei a salvação da minha alma. Deus é zeloso por sua  própria glória: “Eu sou o Senhor, este é o meu nome: a minha glória (concedendo a salvação gratuitamente a meu povo), pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura” (Is. 42:8).
Outra verdade que enaltece a nobreza da salvação se encontra no versículo  dez: “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para  boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”. Quais são essas boas obras? São aqueles passos relacionados ao recebimento da nossa salvação. “Na sua providência ordinária Deus emprega meios” (Conf. De Fé 5:3). Assim, quanto a nossa salvação, Ele preparou, de antemão, os meios pelos quais podemos experimentar essas bênçãos, e, andando neles, com certeza, teremos a consciência da nossa salvação. Somos criaturas responsáveis, portanto, para desfrutar das bênçãos de Deus, temos que obedecer aos seus preceitos. De fato, Ele tomou a iniciativa, regenerando-nos e capacitando-nos para crer em Jesus Cristo, porém, somos nós que temos que testemunhar da nossa fé. É sempre, “com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação” (Rm. 10:10). A nossa salvação foi selada com o Santo Espírito da promessa, que opera em nós o seu fruto, porém, somos nós que temos que externar esse fruto: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,  mansidão, domínio próprio” (Gl. 5:22-23). Nesse contexto, Cristo exortou: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras (as evidências da vossa salvação) e glorifiquem o Pai que está nos céus” (Mt.5:16). O Ap. Tiago explicou: “Assim também a fé, se não tiver obras (as evidências da obra de Deus), por si só está morta” (Tg. 2:17).
Conclusão: Aprendemos nesta mensagem que a salvação da nossa alma é uma obra única do Deus triúno; o Pai, o Filho, e o Espírito Santo, cada um agindo de acordo com a sua própria atribuição, a fim de providenciar a vida eterna para o seu povo.

Por causa da pecaminosidade humana, percebemos a sua necessidade de salvação, sem a qual ele estaria perdido eternamente. Quando examinamos a natureza da salvação, descobrimos que ela é uma revelação da misericórdia e do grande amor de Deus. A nobreza da salvação se manifesta mediante a sua gratuidade. Pela graça somos salvos, portanto, temos a responsabilidade individual para externar esta obra de Deus através de uma vida condutiva. Porque, como Cristo observou: “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mt. 7:20). Que a nossa salvação seja visível a todos ao nosso redor!

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

CONFIANÇA EM CRISTO






Leitura Bíblica: 2 Timóteo 1:6-12

Introdução: Confiança em Cristo é uma obra do Espírito Santo, pela qual somos fortalecidos para manter os nossos olhos fixos em Jesus Cristo, seja qual for a circunstância do momento. O Ap. Paulo afirmou a Timóteo estas palavras positivas: “Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação” (v.7). Nada  de covardia ou falta de coragem, mas, sim, de poder, poder para testemunhar da nossa devoção a Jesus Cristo; e não apenas isso, mas, também, temos um amor ao nosso próximo     que nos faz intrépidos para anunciar Jesus Cristo e este crucificado, sem sentir vergonha de nossa confiança; e, ainda mais, temos uma moderação, um auto-controle que não nos deixa perder a paciência quando o nosso ouvinte procura contradizer o que dizemos a favor de Cristo. Esse é o fruto da nossa confiança em Cristo, uma segurança para testemunhar da nossa fé no Salvador.
Confiança em Cristo não pode ser algo guardado como um segredo, ela tem que se manifestar audivelmente. Quando o Apóstolo  exortou Timóteo: “Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor” (V8,) ele teve que lembrar que Cristo, por amor a nós, aceitou a vergonha da cruz, assim, testemunhou da realidade do seu amor para conosco. “Certamente a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus” (1Co. 1:18). Por causa do seu amor a Cristo, o Apóstolo suportou todo tipo de sofrimento, confessando: “ Estou sofrendo estas cousas, todavia, não me envergonho, porque sei em quem tenho crido” (v12). Esta confiança em Cristo é que me dá forças para suportar cada uma dessas coisas negativas. E o que foi eficaz na vida do Apóstolo, certamente será suficiente para cada um de nós que temos Cristo por nosso socorro.
Vamos observar três áreas na vida do Apóstolo Paulo onde ele sentiu a recompensa da sua confiança em Cristo Jesus.
1. Confiança na Fidelidade de Cristo, V.12. O Apóstolo confessou: “Porque sei em quem tenho crido, e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia” (V12). Ele conhecia, por experiência própria, a fidelidade de Cristo, por isso, tinha plena confiança nele.
Primeiro, temos que determinar a natureza desse “depósito” que foi entregue aos cuidados de Jesus Cristo. Sem dúvida alguma, esse depósito se refere à salvação da alma do Apóstolo. Cristo o redimiu, perdoou todos os seus pecados e prometeu cuidar dele até a consumação do século. Foi exatamente para esse fim que Cristo  “não só destruiu a morte, como  trouxe à luz a vida e  a imortalidade” (V10). Como ele mesmo prometeu a todos que nele crêem: “Eu lhes dou a vida eterna, jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” (Jo. 10:28). Devemos cultivar esta confiança  em Cristo: “Por isso, também pode salvar  totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb. 7:25). Como é preciosa a palavra “totalmente”! Cristo é “poderoso para socorrer” o seu povo em todas as adversidades, (Hb.2:18).
O testemunho de Paulo: “Eu sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso” (V12), nos faz perguntar: Como ele consegue alcançar uma confiança tão forte em Jesus Cristo? Cremos que tudo começou no dia da sua conversão, quando ele teve um encontro pessoal com Jesus Cristo. Devemos lembrar quem era esse homem. Ele era cruel, insolente, blasfemo e perseguidor dos seguidores de Cristo, (1Tm. 1:13). “Saulo, respirando ainda ameaça de morte contra os discípulos do Senhor”, saiu de Jerusalém munido com cartas autorizando-o a prender homens como mulheres e os levassem a Jerusalém como presos. “Saindo ele estrada fora, ao aproximar-se de Damasco, subitamente  uma luz do céu brilhou ao seu redor, e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?” Por que estás agindo tão violentamente contra minha pessoa? Então Saulo respondeu: “Quem és tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem tu persegues” (At. 9:1-6). Notemos a atitude de Cristo. Ele não repreendeu o homem, nem o condenou por causa de suas maldades, antes, lhe deu uma palavra de esperança: “Levanta-te e entra na cidade, onde dirão o que te convém fazer”. Em vez de sofrer um castigo fulminante por causa de seus crimes, ele obteve misericórdia, o perdão de seus pecados e a promessa de vida eterna. Nesse contexto, ouvimos o Apóstolo testemunhando: “Eu sei em que tenho crido”. Cristo é aquele que não me condenou, antes, Ele me amou e me salvou, Ele tem toda a minha confiança, por isso, “eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar” por amor a Ele (2 Co.12:15). Sim, “eu sei em quem tenho crido”.
2. Confiança no Sofrimento. Ao ser convertido, Paulo foi “designado pregador, apóstolo e mestre”. Porém, juntamente com o privilégio desta vocação, ele teve que suportar todo tipo de sofrimento. Cristo profetizou: “Este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel; pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome” (At. 9:15-16). O Apóstolo nos dá um relatório do quanto sofria. Ao defender-se diante de pessoas que questionavam o seu apostolado, ele respondeu: “São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim). Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; muito mais em prisões, em açoites, sem medidas; em prisões de morte, muitas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um; fui três vezes fustigado com varas, uma vez apedrejado; em naufrágios, três vezes; uma noite e um dia passei na voragem do mar; em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez. Além das causas exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as igrejas” (2Co. 12:23-28).
Apesar desse sofrimento, o Apóstolo podia testemunhar: “Eu sei em quem tenho crido”. Eu sei que Cristo pode me sustentar. Às vezes, no meio de circunstâncias aflitivas, ele recebia uma palavra de encorajamento. Em Corinto, sozinho e sentindo-se desamparado, “o Senhor lhe disse: Não temas; pelo contrário, fala e não te cales; porquanto eu estou contigo, e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho muito povo nesta cidade.” (At. 18:9-10). E, numa outra ocasião, sendo maltratado pelo Sinédrio, o Apóstolo recebeu mais uma palavra de ânimo: “Na noite seguinte, o Senhor, pondo-se ao lado dele, disse: Coragem! Pois do modo por que deste testemunho a meu respeito em Jerusalém, assim importa que também o faças em Roma”  (At. 23:11). E, mais uma comunicação especial: O Apóstolo estava num navio, que estava prestes a ser perdido em naufrágio, quando o anjo de Deus lhe apareceu e disse: “Paulo, não temas! É preciso que compareças perante César, e eis que Deus, por sua graça, te deu todos quantos navegam contigo”. Aqueles que conhecem a Jesus Cristo como Salvador têm uma autoridade para comunicar esperança para os necessitados ao seu redor. Por isso, num dado momento, o Apóstolo se dirigiu aos marinheiros, dizendo-lhes: “Hoje, é o décimo-quarto dia em que esperando, estais sem comer, nada tendo provado. Eu vos rogo que comais alguma cousa; porque disto depende a vossa segurança; pois nenhum de vós perderá nem mesmo um fio de cabelo. Tendo dito isto, tomando um pão, deu graças a Deus na presença de todos e, depois de o partir, começou a comer. Todos cobraram ânimo e se puseram a comer” (At. 27:23-24, 33-36). Sim, no meio do sofrimento, podemos sempre confiar no amparo do Senhor.
Devemos meditar muito sobre o testemunho do Apóstolo e procurar descobrir o poder espiritual ao confessar: “Eu sei em quem tenho crido”, eu sei que Cristo é poderoso para me socorrer e encorajar em todos os momentos desta vida. Portanto, o nosso anseio deve ser: “Crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo” (2Pe. 3:18).
3. Confiança no Dia do Senhor. O Dia do Senhor, ou seja, a manifestação de Jesus Cristo para julgar os vivos e os mortos, estava sempre diante dos olhos do Ap. Paulo, (2Tm. 4:1). Ele amava a vinda do Senhor. Por que ele dava tanto valor a essa intervenção escatológica na experiência dos homens?
Naquele dia, a reta justiça de Deus será manifestada a todos os homens, justos e ímpios. A nossa Confissão de Fé tem uma palavra preciosa sobre esse Dia, uma palavra de consolo. “Assim como Cristo, para afastar os homens do pecado e para maior consolação dos justos nas suas adversidades, quer que estejamos firmemente convencidos de que haverá um dia de juízo, assim também quer que esse dia não seja conhecido dos homens, a fim de que eles despojem de toda confiança carnal, sejam sempre vigilantes, não sabendo a que horas virá o Senhor, e estejam prontos a dizer: Vem logo, Senhor Jesus! Amém” (Con. de Fé 33:3). Sim, é importante que tenhamos confiança na realidade do Juízo Final. Podemos discernir o consolo que o Apóstolo sentiu quanto a certeza desse Dia Vindouro quando fez referência a um homem extremamente antipático: “Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe dará a paga segundo as sua obras” (2Tm 4:14). Podemos pensar nas muitas injustiças que passam, aparentemente, impunes. Por isso, cremos que Deus estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de Jesus Cristo, que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos (At.17:31). O Dia pode tardar em vir, mas, com toda certeza virá e, então, cada um receberá segundo as suas obras, (2Co. 5:10). “Mas o Senhor permanece no seu trono eternamente, trono que erigiu para julgar” (Sl. 9:7).
Naquele Dia, os justos receberão o seu galardão. Cristo prometeu: “E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras” (Ap. 22:12). O Ap. Paulo confiava na realidade dessa promessa. Ao chegar o fim de sua vida, confessou: “Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda” (2Tm 4:8). Podemos voltar para o texto da nossa meditação, quando o Apóstolo confessou: “Porque sei em quem tenho crido, e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito (a minha alma) até aquele Dia”, quando voltará, trazendo o galardão que Ele tem reservado para os seus servos fiéis. Esta confiança em Cristo é o que nos dá forças para perseverar firmes até o fim da nossa vida, capacitando-nos a confessar: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia, e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda” (2 Tm 4:7-8).
Conclusão: Confiança em Cristo é uma obra do Espírito Santo, pela qual somos fortalecidos a manter nossos olhos fixos em Jesus Cristo, seja qual for a circunstância do momento.  Temos confiança na fidelidade de Cristo. Ele é poderoso para guardar a minha alma em toda segurança até o Dia Final, apesar das falhas e das fraquezas da nossa natureza. Esta é salvação de verdade! Temos confiança em Cristo ao sentir o sofrimento. Fidelidade a Cristo sempre envolve formas de perseguição, mas, juntamente com o Ap. Paulo, o nosso testemunho será: “Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças” para continuar fiel a Ele, (2Tm, 4:17). E, finalmente, temos confiança na vinda do Dia do Senhor, o Dia em que todos nós receberemos do Senhor o galardão segundo as nossas obras. A Bíblia afirma: “Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2Co. 5:10). Que cada um de nós possamos entender mais e mais o sentido deste testemunho: “Porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito (a minha alma) até aquele Dia.”

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

O MEU AMADO É MEU





Leitura Bíblica: Cântico dos Cânticos 5:8-10.
Introdução: O livro é uma alegoria, composto de diálogos entre, principalmente, o esposo e a esposa; e, às vezes, entre a esposa e as filhas de Jerusalém. Em qualquer alegoria, as palavras não podem ser vistas e interpretadas literalmente. Quando Cristo disse: “Eu sou o pão da vida” (Jo. 6:35), ninguém interpreta  a figura em termos literais, antes, sob o símbolo de pão, Cristo está dizendo que é Ele que sustenta a nossa vida espiritual.
Assim, no livro de o Cântico dos Cânticos, quando o esposo diz que os dentes da esposa são “como o rebanho das ovelhas recém-tosquiadas, que sobem do lavadouro” (Ct. 4:2), ninguém pensa em ovelhas literais, antes, vê a brancura dos dentes.
Ao interpretarmos os personagens desse livro, cremos que o esposo representa Jesus Cristo, e a esposa, a Igreja, ou a representante dela. As filhas de Jerusalém representam os membros leigos da Igreja, que nem sempre estão comprometidos com a vida cristã.
Através dos diálogos entre o esposo e a esposa, sentimos, mediante uma linguagem singularmente expressiva, o amor que Cristo derrama sobre a sua Igreja. E, semelhantemente, com uma eloquência ímpar, aprendemos como a igreja pode corresponder ao amor de Cristo. Feliz a pessoa que pode testificar: O meu amado é Cristo, e eu sou dele (Ct. 2:16). Ou, como o Ap. Paulo confessou: “ Porque sei em quem tenho crido e estou bem certo de que Ele é poderoso para guardar o meu depósito (a minha alma que confiei ao seu cuidado) até aquele Dia” (2Tm 1:12). Sim, é possível ter a convicção de um relacionamento pessoal com Jesus Cristo. “Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl. 2:20).
No texto que estamos examinando, vemos a esposa, a representante da Igreja, desafiando os demais membros a buscar uma comunhão mais intensa com Cristo. Esses membros, que nem sempre têm uma vida muito comprometida com Cristo, estão observando o procedimento da representante e como ela vive a vida cristã. Por isso, a curiosidade delas ficou despertada.
1. O Destaque da Esposa. “Ó tu, a mais formosa entre as mulheres”. A esposa, ou, o cristão verdadeiro, tem um destaque vistoso, seu modo de proceder é diferente. Ele possui algo que outras pessoas não têm. Pedro e João possuíam esse algo, constrangendo o Sinédrio a concluir: “Ao verem a intrepidez de Pedro e João, sabendo que eram homens iletrados e incultos, admiraram-se; e reconheceram que haviam eles estado com Jesus” (At. 4:13). Eis a razão desse destaque na vida do cristão: É Jesus Cristo atuando em sua vida, direcionando o seu modo de viver, fazendo com que ele tenha uma vida santa e irrepreensível. Cristo é o Autor da nossa formosura. Essa irrepreensibilidade atua, principalmente, sobre duas áreas da vida do cristão comprometido:
Em primeiro lugar, ele é uma testemunha. Quando Pedro e João foram ordenados a não falar e nem ensinar em nome de Jesus, eles logo responderam: “Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus; pois nós não podemos deixar de falar das cousas que vimos e ouvimos” (At. 4:17-20). O cristão tem uma experiência salvadora com Cristo Jesus; seus pecados foram todos perdoados e agora regozija-se na promessa da vida eterna. Por isso, não pode ficar calado. O Ap. Paulo, como testemunha de Jesus Cristo, reconheceu uma urgência na sua missão, confessando: “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação, porque ai de mim se não pregar o evangelho” (ICo. 9:16). Ninguém pode se desculpar por não falar de Cristo na medida em que as circunstâncias o permitirem, porque Ele mesmo disse: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis as minhas testemunhas” (At. 1:8). Que cada um de nós sejamos fiéis a Cristo Jesus. A glória de seu nome, aqui na terra, depende do nosso testemunho audível.
Em segundo lugar, essa irrepreensibilidade tem que se manifestar em nosso relacionamento com as pessoas ao nosso redor. O Ap. João realçou esse princípio, afirmando: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus, e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor”(IJo. 4:18). Cristo nos deu esta ordem: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros” (Jo. 13:34). O mandamento é novo no sentido de que temos, agora, um modelo para imitar, o exemplo de Cristo. Como Ele nos ama, assim amemos uns aos outros. A prática desse amor é o que nos faz os mais formosos entre todas as pessoas. Devemos  cantar este cântico como uma oração: “Que a beleza de Cristo se veja em mim, toda a sua admirável pureza e amor. Ó tu, chama divina, todo o meu ser refina, até que a beleza de Cristo se veja em mim” (Coro XIV – H. S. Hinos).
2. O Desafio da Esposa. “Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, se encontrardes o meu amado, que lhe direis? Que desfaleço de amor”. Podemos observar três verdades nesse versículo:
a) A solenidade do desafio. Conjuro-vos, isto é, com toda urgência ordeno-vos. O Ap. Paulo usa essa mesma palavra, “Conjuro-te”, para pregar com toda a instância, (2 Tm. 4:1-2). A missão da Igreja não é algo optativo, antes, a ordem de Cristo é obrigatória: “Ide por todo mundo e pregai o evangelho” (Mc. 16:15).
b) A segunda verdade é a necessidade de buscar uma comunhão espiritual com Cristo. “Se encontrardes o meu amado”. Por diversas razões a presença de Cristo nem sempre é tão sensível no meio de seu povo. No contexto deste capítulo, a Igreja  ficou indolente, não atendendo ao apelos de Cristo. Por isso, quando ela finalmente se levantou, “Ele se retirara e tinha ido embora” (Ct. 5:6). Quando a Igreja descobriu  a falta da presença de Cristo, a sua “alma se derreteu”. Existe uma única maneira para consertar as negligências do passado: temos que voltar ao uso dos meios da graça; à leitura atenciosa das Escrituras e à oração persistente. Eis a promessa da parte do Senhor: “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jr. 29:13).
c) A terceira verdade se refere às palavras que usamos quando estamos em plena comunhão com Cristo. “Se encontrardes o meu amado, que lhe direis? Que desfaleço de amor”. Em todos os diálogos registrados no livro dos Cânticos, de uma ou de outra maneira, o assunto principal é o amor que existe entre Cristo e a sua Igreja. Neste versículo, a Igreja está confessando “que desfalece de amor”. O que ela está dizendo? Lembramos que seu coração “se derreteu” quando percebeu a ausência de Cristo. Agora, não mais experimentando a sua presença tocável, ela sente uma fraqueza tomando conta de seu ser. Ficou lembrando dos tempos preciosos do passado; os tempos na Igreja, ouvindo a fiel exposição das promessas das Escrituras Sagradas, e a comunhão espiritual com os demais membros. Com cada uma dessas recordações, o seu amor para com Cristo se intensificou a ponto de sentir um tipo de desfalecimento. Não podia mais suportar a ausência de seu amado. Em suas meditações, ficou perguntando a si mesma: Que posso falar com o meu Amado quando me encontrar com Ele? Sim, confessarei o meu amor a Ele. Direi que desfaleço de amor. Essa é a confissão que Cristo mais anseia ouvir dos lábios de seu povo. Por isso, quando Cristo reencontrou com Pedro, Ele não pediu uma explicação sobre a sua falta de coragem de confessá-lo publicamente, antes, Ele tinha uma única pergunta: “Simão, filho de João, tu me amas?” Agora, humildemente, e com uma voz trêmula, ele responde: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo” (Jo. 21:16). Essa confissão de amor é de tal modo necessária que: “Se alguém não ama o Senhor, seja anátema (que seja amaldiçoado). Maranata! ( o Senhor venha)” (ICo. 16:22). Eis o desafio da Igreja para cada um de nós: Que sejamos diligentes confessando o nome de Cristo em todos os lugares; que não sejamos remissos no uso dos meios da graça, a fim de alimentar a nossa comunhão com Ele; e que sejamos espontâneos para confessar o nosso amor a Cristo.
3. O Desabafo diante da Esposa. “Que é o teu amado mais que outro amado, ó tu, a mais formosa entre as mulheres? Que é o teu amado mais do que outro amado que tanto nos conjuras?” V.9. Com esse desabafo, repetido duas vezes para enfatizar a sua exasperação, as filhas de Jerusalém estão exigindo uma prova de que o amado da esposa é melhor do que os amados dessas filhas de Jerusalém. Que oportunidade maravilhosa para falar da superioridade infinita de Jesus Cristo! Antes de enumerar algumas virtudes, ela exulta, dizendo:        “O meu amado é alvo rosado, o mais distinguido entre dez mil”. Se fosse possível juntar dez mil dos amados que o mundo oferece a seus seguidores, o meu Amado, Jesus Cristo, seria o mais diferenciado. “Sim, ele é totalmente desejável” (Ct. 5:16).
Quais são alguns dos amados que o mundo oferece a seus adeptos? Valores que os homens prezam como a primeira preferência? Cristo mencionou alguns. “Os cuidados do mundo” – preocupações em como vencer as dificuldades desta vida – “a fascinação da riqueza” – o anseio de vencer na vida através do dinheiro – “e as demais ambições”- a busca de prestígio a fim de facilitar a vida social. Todas essas coisas têm o poder para sufocar a Palavra de Deus, anulando a sua influência sobre a vida do ouvinte, (Mc. 4:19). Outro amado extremamente popular é o futebol, quando jogado no Domingo, o Dia que deve ser consagrado inteiramente ao Senhor. Ninguém pode negar que essa diversão tem o primeiro lugar na vida de muitas pessoas. Cristo nos advertiu: “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e as riquezas” – os amados deste mundo, (Mt. 6:24). Não negamos que esses amados dão alguns instantes de prazer, porém, passando o seu termo, o que é que a pessoa tem de substância? “E eis que tudo era vaidade (futilidade), e correr atrás do vento” (Ec. 2:11).
Mas vamos para o que realmente cativa o coração do cristão. Em que sentido podemos dizer que Cristo é o Amado “ por excelência”? Ele dá, gratuitamente, o que todas as pessoas anseiam possuir: Paz. Cristo oferece: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo” (Jo.14:27). Qual é o efeito imediato dessa paz? Ela guarda, em plena segurança, o nosso coração e a nossa mente em todas as circunstâncias negativas desta vida, (Fl. 4:7). Sim, acharemos descanso para a nossa alma, (Mt. 11:29). Essa tranquilidade interior é o fruto da morte substitutiva de Jesus Cristo agindo eficazmente na vida de cada pessoa que nele crê. Deus, o Pai, “nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados”(Cl. 1:13-14).
Podíamos enumerar muitos outros valores que fazem o nosso Amado o mais distinguido entre dez mil. Contudo, os valores mais preciosos têm que ser vivenciados pessoalmente para se sentir o seu impacto. O caminho para essa plenitude é acessível a qualquer pessoa, basta atender o convite de Cristo: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt. 11:28). O salmista nos convida a experimentar: “Oh! Provai e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia” (Sl. 34:8).
Conclusão: O Livro O Cântico dos Cânticos é singular em sua categoria porque descreve, alegoricamente, a comunhão espiritual que existe entre Cristo e a sua Igreja. Por isso, a pessoa que tem essa união é a mais formosa entre todas as pessoas deste mundo. Esse foi o destaque da esposa. Há uma necessidade que cada cristão busque o Senhor e anuncie o seu nome. Esse foi o desafio da esposa. E, finalmente, existem pessoas que querem saber por que damos tanto valor a Jesus Cristo. Esse foi o desabafo diante da esposa. “Que é o teu Amado mais do que outro amado?” Que possamos descobrir mais e mais a riqueza dessa comunhão espiritual com Cristo.

sábado, 26 de julho de 2014

OS REDIMIDOS NA GLÓRIA



Leitura Bíblica: Apocalipse 7:9-17

Introdução: Todos nós desejamos saber como será a nossa vida no céu. O sétimo capítulo de Apocalipse nos dá um relance de algumas das atividades que nos aguardam. Devemos entender que o nosso conhecimento dessa realidade é muito limitado, porque Deus é servido em não nos dar maiores detalhes. Como a Bíblia diz: “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou no coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (ICo. 2:9). Portanto, temos que ser cuidadosos para não ultrapassar o que está revelado nas Escrituras Sagradas.

Na primeira parte do capítulo, vs. 1-8, vemos uma cena do que está acontecendo aqui na terra. Um anjo está segurando os quatro ventos que estão prontos para castigar os habitantes da terra. Porém, nada, em termos escatológicos, pode acontecer até que todos “os servos do nosso Deus” sejam arrebanhados e preparados para a vida eterna. Contudo, haverá certos sinais que indicam a aproximação desse Dia. Por isso, Cristo disse: “Ora, ao começarem estas cousas a suceder, exultai e erguei a vossa cabeça; porque a vossa redenção se aproxima” (Lc. 21:28). Na segunda parte do capítulo, vs. 9-17, podemos visualizar e sentir o que está acontecendo no céu:

1. A Extração dos Redimidos, v. 9a. Uma “grande multidão que ninguém podia enumerar” foi extraída do mundo inteiro, “todas as nações, tribos, povos e línguas” são representadas nessa profusão dos redimidos do Senhor. Este é o fruto visível da pregação do Evangelho, uma obra que tem que continuar, porque a consumação dos séculos ainda não chegou.

A história do progresso do conhecimento de Deus no mundo foi sempre embasada na esperança da vinda do Messias, o prometido Salvador de pecadores, que feriria o causador de todos os males espirituais, (Gn 3:15). “Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo” (1 Jo.3:8). Através desse ministério de Cristo, serão “benditas todas as famílias da terra” (Gn. 12:3). Eis o incentivo para  pregar o Evangelho; temos vidas para colher que serão parte dessa “grande multidão” que se encontra diante do trono de Deus.

No início do século 19 aqui no Brasil, o Evangelho começou a ser anunciado com uma intensidade mais concentrada. Certamente seria impossível descobrir quantos brasileiros estão agora no meio daquela grande multidão de pessoas que estão “diante do trono e diante do Cordeiro”. Por isso cantamos: “Ao Deus eterno, Criador, mil graças tributemos, por tantos anos de labor, a nossa gratidão” (HNC -59). Mas essa obra não pode parar, pois a ordem do Senhor “Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” nunca foi revogada, (Mc. 16:15). Sejamos instantes na oração, “para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho” (Ef. 6:19).

2. A Exposição dos Redimidos, v. 9b. Essa grande multidão dos salvos é exposta para a nossa admiração, cada cristão particular é um troféu da misericórdia do nosso Deus. Eles estão “em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas com palmas nas mãos”. Uma grande nuvem de testemunhas; são os justos aperfeiçoados, (Hb. 12:1,23). O Salmista perguntou: “Quem subirá ao monte do Senhor? Quem há de permanecer no seu santo lugar?”. Existe uma única resposta: “O que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à falsidade, nem jura dolosamente. Este obterá do Senhor a benção e a justiça do Deus da sua salvação” (Sl. 24:3-5). Essa benção é o direito de estar “em pé diante do trono e diante do Cordeiro”. E a justiça é a vestidura das perfeições de Jesus Cristo que nos fazem aceitáveis diante da santidade de Deus. As vestes brancas simbolizam a sua pureza. E as palmas nas mãos são sinais de sua vitória, porque venceram “ o Maligno” (1Jo. 2:13). Feliz a pessoa que pode confessar: “ Eis que Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei, porque o Senhor Deus é a minha força e o meu cântico; ele se tornou a minha salvação”. (Is.12:2).

3. A Exclamação dos Redimidos, v.10. Ao entrarem no céu, os redimidos receberam as vestes brancas, próprias para uma nova vida, e, em seguida, foram conduzidos para estarem diante do trono e diante do Cordeiro. Tudo isso causou um impacto indelével sobre a consciência daquela multidão. De uma maneira completamente nova, compreenderam que foram salvos por um ato soberano da parte de Deus, por isso, a exclamação espontânea: “Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação”. Sentimos a exclusividade dessa salvação. Não há nenhuma multiplicidade de autores. Como a Bíblia assevera: “Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há Salvador. Eu anunciei salvação, realizei-a e a fiz ouvir” (Is. 43:11-12). Jesus Cristo é reconhecido como o único Senhor e Salvador. Por isso o Ap. Pedro declarou: “E não há salvação em nenhum outro, porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At. 4:12).

Os hereges negam a unicidade e a exclusividade de Cristo para salvar, totalmente, pecadores. A mensagem deles é sempre: Cristo e uma obra humana; ou seja, Cristo sozinho não pode salvar a ninguém, é necessário acrescentar algo da nossa parte. Esses acréscimos podem ser o batismo, ou a prática de obras, ou restrições quanto a “comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados”, ou ainda: “Não manuseies isto, não proveis aquilo, não toques aquiloutro, segundo os preceitos e doutrinas dos homens” (Cl. 2:16,21-22). É como alguns indivíduos da Judéia ensinaram: “Se não vos circuncidares segundo o costume de Moisés, não podereis ser salvos” (At. 15:1). Qual é a conseqüência de submeter-se a um desses acréscimos? “Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar (ou adotar qualquer outra obra humana), Cristo de nada vos aproveitará. De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a guardar toda a lei. De Cristo vos desligaste, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes” (Gl.5:2-4). A Bíblia pede uma única disposição da nossa parte a fim de sermos salvos: Crer, de coração, que Jesus Cristo morreu pelos nossos pecados, e que foi sepultado e ressuscitado ao terceiro dia” (1Co. 15:3-4). E, que “está assentado à mão direita de Deus Pai Todo-poderoso, de onde há de vir para julgar os vivos e os mortos”, (Credo Apostólico, com At. 1:10-11;17:31). “Pois  desta  maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2. Pe.1:15).

4. A Expansão dos Redimidos vs. 11-12. O número dos habitantes no céu é expandido com a presença de anjos e outros seres celestiais. Os anjos ajudaram o povo de Deus enquanto viviam aqui na terra, agindo como “espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação” (Hb. 1:14). Agora, no céu, os anjos estão observando o procedimento desses herdeiros da vida eterna e escutando a sua exclamação a respeito do Autor dessa salvação. Ao ouvirem a declaração de reconhecimento, todos os anjos, em uma só voz, dizem: “Amém”. Eles também reconhecem que pecadores são salvos somente pela soberana graça de Deus, por isso, acrescentam suas vozes em louvor e adoração, dizendo: “O louvor, e a glória, e a sabedoria, e as ações de graça, e a honra, e o poder, e a força sejam ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amém”. Notemos que todas as partes dessa adoração se referem à intervenção de Deus na salvação de pessoas. No céu, homens e anjos dão glória a Deus por sua misericórdia demonstrada na salvação de pecadores.  

5. A Explanação dos Redimidos vs 13-15a.  Não apenas os anjos estão contemplando os redimidos, mas, também, uma outra classe de seres celestiais, chamados “os anciões”. Pairando na mente do Ap. João está implícita uma pergunta. Por isso, um dos anciões vem para lhe dar a devida explanação. “Estes que se vestem de vestiduras brancas, quem são e donde vieram?” Na resposta do ancião, ele menciona quatro fatos que fizeram parte da experiência dos redimidos: a) A “grande tribulação” se refere a todas as dificuldades, perseguições cruéis e tentações que questionam o valor de se continuar na prática da fé cristã. Contudo, cada um nessa grande multidão venceu e agora eles estão desfrutando da bem-aventurança da sua firmeza. Convém lembrar da palavra do Apóstolo: “Fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé; e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus” (At. 14:22). b) Como é que essa multidão alcançou a devida pureza necessária para entrar no céu? “Lavaram as suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro”. A Bíblia dá muita ênfase ao valor do sangue precioso de Jesus Cristo, porque ele, e somente ele, tem o poder para “nos purificar de todo pecado” (1Jo. 1:7). c) A eficácia do sangue de Cristo na vida dos redimidos é a “razão por que (eles) se acham diante do trono de Deus”. “Eles, pois, o venceram (o acusador dos nossos irmãos) por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida” (Ap. 12:11). Confiança no poder purificador do sangue de Cristo e o testemunho audível dessa certeza nos dão força para não temer a morte e vencer todos os obstáculos na vida cristã. d) Qual será a nossa atividade no céu? Tudo se resume nesta frase: Demonstramos a nossa gratidão a Deus pela dádiva da salvação através de uma obediência incessante. “E o servem de dia e de noite no seu santuário” – como os seus sacerdotes, (1Pe. 2:9).

6. A exultação dos remidos. vs 15b -17. O ancião continua a sua explanação, mas, agora, descreve alguns motivos que os redimidos têm para fruir uma exultação que jamais terá fim. a) O primeiro motivo é uma proteção. O ancião está fazendo um tipo de comparação. Aqui, na terra, os cristãos ficaram expostos a todo tipo de mal, porém, no céu, não terão nada dessas coisas, porque estão debaixo de um tabernáculo, de uma tenda protetora. “E aquele que se assenta no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo”. b) Debaixo desse tabernáculo é providenciado um conforto total aos redimidos. O que aconteceu contra eles na terra, jamais sucederá no céu. “Jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum”. O céu é gloriosamente diferente do que a vida na terra. c) Por que os redimidos têm toda essa proteção? “Pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida”. Sob a liderança guiadora de Cristo, os redimidos experimentam a plenitude da vida celestial, nada faltando. d) Entendemos que alguns chegarão no céu com os olhos molhados de lágrimas por causa de sofrimentos amargos que a morte lhes trouxe. Mas estes vão experimentar a mão carinhosa de Deus enxugando “dos olhos toda lágrima”. Sim, os redimidos têm muitas razões para exultar no céu, pois, “eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras cousas passaram” (Ap. 21:3-4).

Conclusão: O livro de Apocalipse foi escrito para consolar e encorajar os cristãos que passam por dificuldades angustiantes na prática da sua fé. A leitura que acabamos de explicar deve alimentar o nosso anseio de estar com o Senhor, que é infinitamente melhor do que qualquer experiência aqui na terra. Que cada um de nós estejamos preparados para o nosso encontro com o Senhor.



Rev. Ivan G. G. Ross