Leitura Bíblica: 2 Timóteo 1:6-12
Introdução: Confiança em Cristo é
uma obra do Espírito Santo, pela qual somos fortalecidos para manter os nossos
olhos fixos em Jesus Cristo, seja qual for a circunstância do momento. O Ap.
Paulo afirmou a Timóteo estas palavras positivas: “Porque Deus não nos tem dado
espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação” (v.7). Nada de covardia ou falta de coragem, mas, sim, de
poder, poder para testemunhar da nossa devoção a Jesus Cristo; e não apenas isso,
mas, também, temos um amor ao nosso próximo que
nos faz intrépidos para anunciar Jesus Cristo e este crucificado, sem sentir
vergonha de nossa confiança; e, ainda mais, temos uma moderação, um auto-controle
que não nos deixa perder a paciência quando o nosso ouvinte procura contradizer
o que dizemos a favor de Cristo. Esse é o fruto da nossa confiança em Cristo,
uma segurança para testemunhar da nossa fé no Salvador.
Confiança em Cristo não pode ser algo
guardado como um segredo, ela tem que se manifestar audivelmente. Quando o Apóstolo exortou Timóteo: “Não te envergonhes,
portanto, do testemunho de nosso Senhor” (V8,) ele teve que lembrar que Cristo,
por amor a nós, aceitou a vergonha da cruz, assim, testemunhou da realidade do
seu amor para conosco. “Certamente a palavra da cruz é loucura para os que se
perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus” (1Co. 1:18). Por causa
do seu amor a Cristo, o Apóstolo suportou todo tipo de sofrimento, confessando:
“ Estou sofrendo estas cousas, todavia, não me envergonho, porque sei em quem
tenho crido” (v12). Esta confiança em Cristo é que me dá forças para suportar
cada uma dessas coisas negativas. E o que foi eficaz na vida do Apóstolo,
certamente será suficiente para cada um de nós que temos Cristo por nosso
socorro.
Vamos observar três áreas na vida
do Apóstolo Paulo onde ele sentiu a recompensa da sua confiança em Cristo
Jesus.
1. Confiança na Fidelidade de
Cristo, V.12. O Apóstolo confessou: “Porque sei em quem tenho crido, e
estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia”
(V12). Ele conhecia, por experiência própria, a fidelidade de Cristo, por isso,
tinha plena confiança nele.
Primeiro, temos que determinar a
natureza desse “depósito” que foi entregue aos cuidados de Jesus Cristo. Sem
dúvida alguma, esse depósito se refere à salvação da alma do Apóstolo. Cristo o
redimiu, perdoou todos os seus pecados e prometeu cuidar dele até a consumação
do século. Foi exatamente para esse fim que Cristo “não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade” (V10). Como ele mesmo
prometeu a todos que nele crêem: “Eu lhes dou a vida eterna, jamais perecerão,
e ninguém as arrebatará da minha mão” (Jo. 10:28). Devemos cultivar esta
confiança em Cristo: “Por isso, também
pode salvar totalmente os que por ele se
chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb. 7:25). Como é
preciosa a palavra “totalmente”! Cristo é “poderoso para socorrer” o seu povo
em todas as adversidades, (Hb.2:18).
O testemunho de Paulo: “Eu sei em
quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso” (V12), nos faz perguntar:
Como ele consegue alcançar uma confiança tão forte em Jesus Cristo? Cremos que
tudo começou no dia da sua conversão, quando ele teve um encontro pessoal com
Jesus Cristo. Devemos lembrar quem era esse homem. Ele era cruel, insolente,
blasfemo e perseguidor dos seguidores de Cristo, (1Tm. 1:13). “Saulo,
respirando ainda ameaça de morte contra os discípulos do Senhor”, saiu de
Jerusalém munido com cartas autorizando-o a prender homens como mulheres e os
levassem a Jerusalém como presos. “Saindo ele estrada fora, ao aproximar-se de
Damasco, subitamente uma luz do céu
brilhou ao seu redor, e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo,
Saulo, por que me persegues?” Por que estás agindo tão violentamente contra
minha pessoa? Então Saulo respondeu: “Quem és tu, Senhor? E a resposta foi: Eu
sou Jesus, a quem tu persegues” (At. 9:1-6). Notemos a atitude de Cristo. Ele
não repreendeu o homem, nem o condenou por causa de suas maldades, antes, lhe
deu uma palavra de esperança: “Levanta-te e entra na cidade, onde dirão o que
te convém fazer”. Em vez de sofrer um castigo fulminante por causa de seus
crimes, ele obteve misericórdia, o perdão de seus pecados e a promessa de vida
eterna. Nesse contexto, ouvimos o Apóstolo testemunhando: “Eu sei em que tenho
crido”. Cristo é aquele que não me condenou, antes, Ele me amou e me salvou,
Ele tem toda a minha confiança, por isso, “eu de boa vontade me gastarei e
ainda me deixarei gastar” por amor a Ele (2 Co.12:15). Sim, “eu sei em quem
tenho crido”.
2. Confiança no Sofrimento.
Ao ser convertido, Paulo foi “designado pregador, apóstolo e mestre”. Porém,
juntamente com o privilégio desta vocação, ele teve que suportar todo tipo de
sofrimento. Cristo profetizou: “Este é para mim um instrumento escolhido para
levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel;
pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome” (At. 9:15-16). O
Apóstolo nos dá um relatório do quanto sofria. Ao defender-se diante de pessoas
que questionavam o seu apostolado, ele respondeu: “São ministros de Cristo?
(Falo como fora de mim). Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; muito mais em
prisões, em açoites, sem medidas; em prisões de morte, muitas vezes. Cinco
vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um; fui três vezes
fustigado com varas, uma vez apedrejado; em naufrágios, três vezes; uma noite e
um dia passei na voragem do mar; em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios,
em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre
gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em
perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes;
em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez. Além das causas
exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as
igrejas” (2Co. 12:23-28).
Apesar desse sofrimento, o Apóstolo
podia testemunhar: “Eu sei em quem tenho crido”. Eu sei que Cristo pode me
sustentar. Às vezes, no meio de circunstâncias aflitivas, ele recebia uma
palavra de encorajamento. Em Corinto, sozinho e sentindo-se desamparado, “o
Senhor lhe disse: Não temas; pelo contrário, fala e não te cales; porquanto eu
estou contigo, e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho muito povo nesta
cidade.” (At. 18:9-10). E, numa outra ocasião, sendo maltratado pelo Sinédrio,
o Apóstolo recebeu mais uma palavra de ânimo: “Na noite seguinte, o Senhor,
pondo-se ao lado dele, disse: Coragem! Pois do modo por que deste testemunho a
meu respeito em Jerusalém, assim importa que também o faças em Roma” (At. 23:11). E, mais uma comunicação
especial: O Apóstolo estava num navio, que estava prestes a ser perdido em
naufrágio, quando o anjo de Deus lhe apareceu e disse: “Paulo, não temas! É
preciso que compareças perante César, e eis que Deus, por sua graça, te deu
todos quantos navegam contigo”. Aqueles que conhecem a Jesus Cristo como
Salvador têm uma autoridade para comunicar esperança para os necessitados ao
seu redor. Por isso, num dado momento, o Apóstolo se dirigiu aos marinheiros,
dizendo-lhes: “Hoje, é o décimo-quarto dia em que esperando, estais sem comer,
nada tendo provado. Eu vos rogo que comais alguma cousa; porque disto depende a
vossa segurança; pois nenhum de vós perderá nem mesmo um fio de cabelo. Tendo
dito isto, tomando um pão, deu graças a Deus na presença de todos e, depois de
o partir, começou a comer. Todos cobraram ânimo e se puseram a comer” (At.
27:23-24, 33-36). Sim, no meio do sofrimento, podemos sempre confiar no amparo
do Senhor.
Devemos meditar muito sobre o
testemunho do Apóstolo e procurar descobrir o poder espiritual ao confessar:
“Eu sei em quem tenho crido”, eu sei que Cristo é poderoso para me socorrer e
encorajar em todos os momentos desta vida. Portanto, o nosso anseio deve ser:
“Crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo”
(2Pe. 3:18).
3. Confiança no Dia do Senhor.
O Dia do Senhor, ou seja, a manifestação de Jesus Cristo para julgar os vivos e
os mortos, estava sempre diante dos olhos do Ap. Paulo, (2Tm. 4:1). Ele amava a
vinda do Senhor. Por que ele dava tanto valor a essa intervenção escatológica
na experiência dos homens?
Naquele dia, a reta justiça de
Deus será manifestada a todos os homens, justos e ímpios. A nossa Confissão de
Fé tem uma palavra preciosa sobre esse Dia, uma palavra de consolo. “Assim como
Cristo, para afastar os homens do pecado e para maior consolação dos justos nas
suas adversidades, quer que estejamos firmemente convencidos de que haverá um
dia de juízo, assim também quer que esse dia não seja conhecido dos homens, a
fim de que eles despojem de toda confiança carnal, sejam sempre vigilantes, não
sabendo a que horas virá o Senhor, e estejam prontos a dizer: Vem logo, Senhor
Jesus! Amém” (Con. de Fé 33:3). Sim, é importante que tenhamos confiança na
realidade do Juízo Final. Podemos discernir o consolo que o Apóstolo sentiu
quanto a certeza desse Dia Vindouro quando fez referência a um homem
extremamente antipático: “Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o
Senhor lhe dará a paga segundo as sua obras” (2Tm 4:14). Podemos pensar nas
muitas injustiças que passam, aparentemente, impunes. Por isso, cremos que Deus
estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de Jesus
Cristo, que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os
mortos (At.17:31). O Dia pode tardar em vir, mas, com toda certeza virá e,
então, cada um receberá segundo as suas obras, (2Co. 5:10). “Mas o Senhor
permanece no seu trono eternamente, trono que erigiu para julgar” (Sl. 9:7).
Naquele Dia, os justos receberão
o seu galardão. Cristo prometeu: “E eis que venho sem demora, e comigo está o
galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras” (Ap. 22:12).
O Ap. Paulo confiava na realidade dessa promessa. Ao chegar o fim de sua vida,
confessou: “Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto
juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam
a sua vinda” (2Tm 4:8). Podemos voltar para o texto da nossa meditação, quando
o Apóstolo confessou: “Porque sei em quem tenho crido, e estou certo de que ele
é poderoso para guardar o meu depósito (a minha alma) até aquele Dia”, quando
voltará, trazendo o galardão que Ele tem reservado para os seus servos fiéis.
Esta confiança em Cristo é o que nos dá forças para perseverar firmes até o fim
da nossa vida, capacitando-nos a confessar: “Combati o bom combate, completei a
carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o
Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia, e não somente a mim, mas também a todos
quantos amam a sua vinda” (2 Tm 4:7-8).
Conclusão: Confiança em
Cristo é uma obra do Espírito Santo, pela qual somos fortalecidos a manter
nossos olhos fixos em Jesus Cristo, seja qual for a circunstância do
momento. Temos confiança na fidelidade
de Cristo. Ele é poderoso para guardar a minha alma em toda segurança até o Dia
Final, apesar das falhas e das fraquezas da nossa natureza. Esta é salvação de
verdade! Temos confiança em Cristo ao sentir o sofrimento. Fidelidade a Cristo
sempre envolve formas de perseguição, mas, juntamente com o Ap. Paulo, o nosso
testemunho será: “Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças” para
continuar fiel a Ele, (2Tm, 4:17). E, finalmente, temos confiança na vinda do
Dia do Senhor, o Dia em que todos nós receberemos do Senhor o galardão segundo
as nossas obras. A Bíblia afirma: “Porque importa que todos nós compareçamos
perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal
que tiver feito por meio do corpo” (2Co. 5:10). Que cada um de nós possamos
entender mais e mais o sentido deste testemunho: “Porque sei em quem tenho
crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito (a minha
alma) até aquele Dia.”
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