Vasos de Honra

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

O MEU AMADO É MEU





Leitura Bíblica: Cântico dos Cânticos 5:8-10.
Introdução: O livro é uma alegoria, composto de diálogos entre, principalmente, o esposo e a esposa; e, às vezes, entre a esposa e as filhas de Jerusalém. Em qualquer alegoria, as palavras não podem ser vistas e interpretadas literalmente. Quando Cristo disse: “Eu sou o pão da vida” (Jo. 6:35), ninguém interpreta  a figura em termos literais, antes, sob o símbolo de pão, Cristo está dizendo que é Ele que sustenta a nossa vida espiritual.
Assim, no livro de o Cântico dos Cânticos, quando o esposo diz que os dentes da esposa são “como o rebanho das ovelhas recém-tosquiadas, que sobem do lavadouro” (Ct. 4:2), ninguém pensa em ovelhas literais, antes, vê a brancura dos dentes.
Ao interpretarmos os personagens desse livro, cremos que o esposo representa Jesus Cristo, e a esposa, a Igreja, ou a representante dela. As filhas de Jerusalém representam os membros leigos da Igreja, que nem sempre estão comprometidos com a vida cristã.
Através dos diálogos entre o esposo e a esposa, sentimos, mediante uma linguagem singularmente expressiva, o amor que Cristo derrama sobre a sua Igreja. E, semelhantemente, com uma eloquência ímpar, aprendemos como a igreja pode corresponder ao amor de Cristo. Feliz a pessoa que pode testificar: O meu amado é Cristo, e eu sou dele (Ct. 2:16). Ou, como o Ap. Paulo confessou: “ Porque sei em quem tenho crido e estou bem certo de que Ele é poderoso para guardar o meu depósito (a minha alma que confiei ao seu cuidado) até aquele Dia” (2Tm 1:12). Sim, é possível ter a convicção de um relacionamento pessoal com Jesus Cristo. “Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl. 2:20).
No texto que estamos examinando, vemos a esposa, a representante da Igreja, desafiando os demais membros a buscar uma comunhão mais intensa com Cristo. Esses membros, que nem sempre têm uma vida muito comprometida com Cristo, estão observando o procedimento da representante e como ela vive a vida cristã. Por isso, a curiosidade delas ficou despertada.
1. O Destaque da Esposa. “Ó tu, a mais formosa entre as mulheres”. A esposa, ou, o cristão verdadeiro, tem um destaque vistoso, seu modo de proceder é diferente. Ele possui algo que outras pessoas não têm. Pedro e João possuíam esse algo, constrangendo o Sinédrio a concluir: “Ao verem a intrepidez de Pedro e João, sabendo que eram homens iletrados e incultos, admiraram-se; e reconheceram que haviam eles estado com Jesus” (At. 4:13). Eis a razão desse destaque na vida do cristão: É Jesus Cristo atuando em sua vida, direcionando o seu modo de viver, fazendo com que ele tenha uma vida santa e irrepreensível. Cristo é o Autor da nossa formosura. Essa irrepreensibilidade atua, principalmente, sobre duas áreas da vida do cristão comprometido:
Em primeiro lugar, ele é uma testemunha. Quando Pedro e João foram ordenados a não falar e nem ensinar em nome de Jesus, eles logo responderam: “Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus; pois nós não podemos deixar de falar das cousas que vimos e ouvimos” (At. 4:17-20). O cristão tem uma experiência salvadora com Cristo Jesus; seus pecados foram todos perdoados e agora regozija-se na promessa da vida eterna. Por isso, não pode ficar calado. O Ap. Paulo, como testemunha de Jesus Cristo, reconheceu uma urgência na sua missão, confessando: “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação, porque ai de mim se não pregar o evangelho” (ICo. 9:16). Ninguém pode se desculpar por não falar de Cristo na medida em que as circunstâncias o permitirem, porque Ele mesmo disse: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis as minhas testemunhas” (At. 1:8). Que cada um de nós sejamos fiéis a Cristo Jesus. A glória de seu nome, aqui na terra, depende do nosso testemunho audível.
Em segundo lugar, essa irrepreensibilidade tem que se manifestar em nosso relacionamento com as pessoas ao nosso redor. O Ap. João realçou esse princípio, afirmando: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus, e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor”(IJo. 4:18). Cristo nos deu esta ordem: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros” (Jo. 13:34). O mandamento é novo no sentido de que temos, agora, um modelo para imitar, o exemplo de Cristo. Como Ele nos ama, assim amemos uns aos outros. A prática desse amor é o que nos faz os mais formosos entre todas as pessoas. Devemos  cantar este cântico como uma oração: “Que a beleza de Cristo se veja em mim, toda a sua admirável pureza e amor. Ó tu, chama divina, todo o meu ser refina, até que a beleza de Cristo se veja em mim” (Coro XIV – H. S. Hinos).
2. O Desafio da Esposa. “Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, se encontrardes o meu amado, que lhe direis? Que desfaleço de amor”. Podemos observar três verdades nesse versículo:
a) A solenidade do desafio. Conjuro-vos, isto é, com toda urgência ordeno-vos. O Ap. Paulo usa essa mesma palavra, “Conjuro-te”, para pregar com toda a instância, (2 Tm. 4:1-2). A missão da Igreja não é algo optativo, antes, a ordem de Cristo é obrigatória: “Ide por todo mundo e pregai o evangelho” (Mc. 16:15).
b) A segunda verdade é a necessidade de buscar uma comunhão espiritual com Cristo. “Se encontrardes o meu amado”. Por diversas razões a presença de Cristo nem sempre é tão sensível no meio de seu povo. No contexto deste capítulo, a Igreja  ficou indolente, não atendendo ao apelos de Cristo. Por isso, quando ela finalmente se levantou, “Ele se retirara e tinha ido embora” (Ct. 5:6). Quando a Igreja descobriu  a falta da presença de Cristo, a sua “alma se derreteu”. Existe uma única maneira para consertar as negligências do passado: temos que voltar ao uso dos meios da graça; à leitura atenciosa das Escrituras e à oração persistente. Eis a promessa da parte do Senhor: “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jr. 29:13).
c) A terceira verdade se refere às palavras que usamos quando estamos em plena comunhão com Cristo. “Se encontrardes o meu amado, que lhe direis? Que desfaleço de amor”. Em todos os diálogos registrados no livro dos Cânticos, de uma ou de outra maneira, o assunto principal é o amor que existe entre Cristo e a sua Igreja. Neste versículo, a Igreja está confessando “que desfalece de amor”. O que ela está dizendo? Lembramos que seu coração “se derreteu” quando percebeu a ausência de Cristo. Agora, não mais experimentando a sua presença tocável, ela sente uma fraqueza tomando conta de seu ser. Ficou lembrando dos tempos preciosos do passado; os tempos na Igreja, ouvindo a fiel exposição das promessas das Escrituras Sagradas, e a comunhão espiritual com os demais membros. Com cada uma dessas recordações, o seu amor para com Cristo se intensificou a ponto de sentir um tipo de desfalecimento. Não podia mais suportar a ausência de seu amado. Em suas meditações, ficou perguntando a si mesma: Que posso falar com o meu Amado quando me encontrar com Ele? Sim, confessarei o meu amor a Ele. Direi que desfaleço de amor. Essa é a confissão que Cristo mais anseia ouvir dos lábios de seu povo. Por isso, quando Cristo reencontrou com Pedro, Ele não pediu uma explicação sobre a sua falta de coragem de confessá-lo publicamente, antes, Ele tinha uma única pergunta: “Simão, filho de João, tu me amas?” Agora, humildemente, e com uma voz trêmula, ele responde: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo” (Jo. 21:16). Essa confissão de amor é de tal modo necessária que: “Se alguém não ama o Senhor, seja anátema (que seja amaldiçoado). Maranata! ( o Senhor venha)” (ICo. 16:22). Eis o desafio da Igreja para cada um de nós: Que sejamos diligentes confessando o nome de Cristo em todos os lugares; que não sejamos remissos no uso dos meios da graça, a fim de alimentar a nossa comunhão com Ele; e que sejamos espontâneos para confessar o nosso amor a Cristo.
3. O Desabafo diante da Esposa. “Que é o teu amado mais que outro amado, ó tu, a mais formosa entre as mulheres? Que é o teu amado mais do que outro amado que tanto nos conjuras?” V.9. Com esse desabafo, repetido duas vezes para enfatizar a sua exasperação, as filhas de Jerusalém estão exigindo uma prova de que o amado da esposa é melhor do que os amados dessas filhas de Jerusalém. Que oportunidade maravilhosa para falar da superioridade infinita de Jesus Cristo! Antes de enumerar algumas virtudes, ela exulta, dizendo:        “O meu amado é alvo rosado, o mais distinguido entre dez mil”. Se fosse possível juntar dez mil dos amados que o mundo oferece a seus seguidores, o meu Amado, Jesus Cristo, seria o mais diferenciado. “Sim, ele é totalmente desejável” (Ct. 5:16).
Quais são alguns dos amados que o mundo oferece a seus adeptos? Valores que os homens prezam como a primeira preferência? Cristo mencionou alguns. “Os cuidados do mundo” – preocupações em como vencer as dificuldades desta vida – “a fascinação da riqueza” – o anseio de vencer na vida através do dinheiro – “e as demais ambições”- a busca de prestígio a fim de facilitar a vida social. Todas essas coisas têm o poder para sufocar a Palavra de Deus, anulando a sua influência sobre a vida do ouvinte, (Mc. 4:19). Outro amado extremamente popular é o futebol, quando jogado no Domingo, o Dia que deve ser consagrado inteiramente ao Senhor. Ninguém pode negar que essa diversão tem o primeiro lugar na vida de muitas pessoas. Cristo nos advertiu: “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e as riquezas” – os amados deste mundo, (Mt. 6:24). Não negamos que esses amados dão alguns instantes de prazer, porém, passando o seu termo, o que é que a pessoa tem de substância? “E eis que tudo era vaidade (futilidade), e correr atrás do vento” (Ec. 2:11).
Mas vamos para o que realmente cativa o coração do cristão. Em que sentido podemos dizer que Cristo é o Amado “ por excelência”? Ele dá, gratuitamente, o que todas as pessoas anseiam possuir: Paz. Cristo oferece: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo” (Jo.14:27). Qual é o efeito imediato dessa paz? Ela guarda, em plena segurança, o nosso coração e a nossa mente em todas as circunstâncias negativas desta vida, (Fl. 4:7). Sim, acharemos descanso para a nossa alma, (Mt. 11:29). Essa tranquilidade interior é o fruto da morte substitutiva de Jesus Cristo agindo eficazmente na vida de cada pessoa que nele crê. Deus, o Pai, “nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados”(Cl. 1:13-14).
Podíamos enumerar muitos outros valores que fazem o nosso Amado o mais distinguido entre dez mil. Contudo, os valores mais preciosos têm que ser vivenciados pessoalmente para se sentir o seu impacto. O caminho para essa plenitude é acessível a qualquer pessoa, basta atender o convite de Cristo: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt. 11:28). O salmista nos convida a experimentar: “Oh! Provai e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia” (Sl. 34:8).
Conclusão: O Livro O Cântico dos Cânticos é singular em sua categoria porque descreve, alegoricamente, a comunhão espiritual que existe entre Cristo e a sua Igreja. Por isso, a pessoa que tem essa união é a mais formosa entre todas as pessoas deste mundo. Esse foi o destaque da esposa. Há uma necessidade que cada cristão busque o Senhor e anuncie o seu nome. Esse foi o desafio da esposa. E, finalmente, existem pessoas que querem saber por que damos tanto valor a Jesus Cristo. Esse foi o desabafo diante da esposa. “Que é o teu Amado mais do que outro amado?” Que possamos descobrir mais e mais a riqueza dessa comunhão espiritual com Cristo.

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