Leitura
Bíblica: Apocalipse 7:9-17
Introdução:
Todos nós desejamos saber como será a nossa vida no céu. O sétimo
capítulo de Apocalipse nos dá um relance de algumas das atividades que nos
aguardam. Devemos entender que o nosso conhecimento dessa realidade é muito
limitado, porque Deus é servido em não nos dar maiores detalhes. Como a Bíblia
diz: “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou no coração
humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (ICo. 2:9). Portanto,
temos que ser cuidadosos para não ultrapassar o que está revelado nas
Escrituras Sagradas.
Na
primeira parte do capítulo, vs. 1-8, vemos uma cena do que está acontecendo
aqui na terra. Um anjo está segurando os quatro ventos que estão prontos para
castigar os habitantes da terra. Porém, nada, em termos escatológicos, pode
acontecer até que todos “os servos do nosso Deus” sejam arrebanhados e
preparados para a vida eterna. Contudo, haverá certos sinais que indicam a
aproximação desse Dia. Por isso, Cristo disse: “Ora, ao começarem estas cousas
a suceder, exultai e erguei a vossa cabeça; porque a vossa redenção se
aproxima” (Lc. 21:28). Na segunda parte do capítulo, vs. 9-17, podemos
visualizar e sentir o que está acontecendo no céu:
1.
A Extração dos Redimidos, v. 9a. Uma “grande multidão que ninguém podia
enumerar” foi extraída do mundo inteiro, “todas as nações, tribos, povos e
línguas” são representadas nessa profusão dos redimidos do Senhor. Este é o
fruto visível da pregação do Evangelho, uma obra que tem que continuar, porque
a consumação dos séculos ainda não chegou.
A
história do progresso do conhecimento de Deus no mundo foi sempre embasada na
esperança da vinda do Messias, o prometido Salvador de pecadores, que feriria o
causador de todos os males espirituais, (Gn 3:15). “Para isto se manifestou o
Filho de Deus: para destruir as obras do diabo” (1 Jo.3:8). Através desse
ministério de Cristo, serão “benditas todas as famílias da terra” (Gn. 12:3).
Eis o incentivo para pregar o Evangelho;
temos vidas para colher que serão parte dessa “grande multidão” que se encontra
diante do trono de Deus.
No
início do século 19 aqui no Brasil, o Evangelho começou a ser anunciado com uma
intensidade mais concentrada. Certamente seria impossível descobrir quantos
brasileiros estão agora no meio daquela grande multidão de pessoas que estão
“diante do trono e diante do Cordeiro”. Por isso cantamos: “Ao Deus eterno,
Criador, mil graças tributemos, por tantos anos de labor, a nossa gratidão”
(HNC -59). Mas essa obra não pode parar, pois a ordem do Senhor “Ide por todo
mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” nunca foi revogada, (Mc. 16:15).
Sejamos instantes na oração, “para que me seja dada, no abrir da minha boca, a
palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho” (Ef.
6:19).
2.
A Exposição dos Redimidos, v. 9b. Essa grande multidão dos salvos é exposta
para a nossa admiração, cada cristão particular é um troféu da misericórdia do
nosso Deus. Eles estão “em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de
vestiduras brancas com palmas nas mãos”. Uma grande nuvem de testemunhas; são
os justos aperfeiçoados, (Hb. 12:1,23). O Salmista perguntou: “Quem subirá ao
monte do Senhor? Quem há de permanecer no seu santo lugar?”. Existe uma única
resposta: “O que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma
à falsidade, nem jura dolosamente. Este obterá do Senhor a benção e a justiça
do Deus da sua salvação” (Sl. 24:3-5). Essa benção é o direito de estar “em pé
diante do trono e diante do Cordeiro”. E a justiça é a vestidura das perfeições
de Jesus Cristo que nos fazem aceitáveis diante da santidade de Deus. As vestes
brancas simbolizam a sua pureza. E as palmas nas mãos são sinais de sua
vitória, porque venceram “ o Maligno” (1Jo. 2:13). Feliz a pessoa que pode
confessar: “ Eis que Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei, porque o
Senhor Deus é a minha força e o meu cântico; ele se tornou a minha salvação”.
(Is.12:2).
3.
A Exclamação dos Redimidos, v.10. Ao entrarem no céu, os redimidos
receberam as vestes brancas, próprias para uma nova vida, e, em seguida, foram
conduzidos para estarem diante do trono e diante do Cordeiro. Tudo isso causou
um impacto indelével sobre a consciência daquela multidão. De uma maneira
completamente nova, compreenderam que foram salvos por um ato soberano da parte
de Deus, por isso, a exclamação espontânea: “Ao nosso Deus, que se assenta no
trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação”. Sentimos a exclusividade dessa
salvação. Não há nenhuma multiplicidade de autores. Como a Bíblia assevera:
“Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há Salvador. Eu anunciei salvação,
realizei-a e a fiz ouvir” (Is. 43:11-12). Jesus Cristo é reconhecido como o
único Senhor e Salvador. Por isso o Ap. Pedro declarou: “E não há salvação em
nenhum outro, porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os
homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At. 4:12).
Os
hereges negam a unicidade e a exclusividade de Cristo para salvar, totalmente,
pecadores. A mensagem deles é sempre: Cristo e uma obra humana; ou seja, Cristo
sozinho não pode salvar a ninguém, é necessário acrescentar algo da nossa
parte. Esses acréscimos podem ser o batismo, ou a prática de obras, ou
restrições quanto a “comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados”,
ou ainda: “Não manuseies isto, não proveis aquilo, não toques aquiloutro,
segundo os preceitos e doutrinas dos homens” (Cl. 2:16,21-22). É como alguns
indivíduos da Judéia ensinaram: “Se não vos circuncidares segundo o costume de
Moisés, não podereis ser salvos” (At. 15:1). Qual é a conseqüência de submeter-se
a um desses acréscimos? “Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar
(ou adotar qualquer outra obra humana), Cristo de nada vos aproveitará. De novo,
testifico a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a guardar
toda a lei. De Cristo vos desligaste, vós que procurais justificar-vos na lei;
da graça decaístes” (Gl.5:2-4). A Bíblia pede uma única disposição da nossa
parte a fim de sermos salvos: Crer, de coração, que Jesus Cristo morreu pelos
nossos pecados, e que foi sepultado e ressuscitado ao terceiro dia” (1Co.
15:3-4). E, que “está assentado à mão direita de Deus Pai Todo-poderoso, de
onde há de vir para julgar os vivos e os mortos”, (Credo Apostólico, com At.
1:10-11;17:31). “Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a
entrada no reino eterno do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2. Pe.1:15).
4.
A Expansão dos Redimidos vs. 11-12. O número dos habitantes no céu é expandido
com a presença de anjos e outros seres celestiais. Os anjos ajudaram o povo de
Deus enquanto viviam aqui na terra, agindo como “espíritos ministradores,
enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação” (Hb. 1:14).
Agora, no céu, os anjos estão observando o procedimento desses herdeiros da
vida eterna e escutando a sua exclamação a respeito do Autor dessa salvação. Ao
ouvirem a declaração de reconhecimento, todos os anjos, em uma só voz, dizem: “Amém”.
Eles também reconhecem que pecadores são salvos somente pela soberana graça de
Deus, por isso, acrescentam suas vozes em louvor e adoração, dizendo: “O
louvor, e a glória, e a sabedoria, e as ações de graça, e a honra, e o poder, e
a força sejam ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amém”. Notemos que
todas as partes dessa adoração se referem à intervenção de Deus na salvação de
pessoas. No céu, homens e anjos dão glória a Deus por sua misericórdia
demonstrada na salvação de pecadores.
5.
A Explanação dos Redimidos vs 13-15a.
Não apenas os anjos estão contemplando os redimidos, mas, também, uma
outra classe de seres celestiais, chamados “os anciões”. Pairando na mente do
Ap. João está implícita uma pergunta. Por isso, um dos anciões vem para lhe dar
a devida explanação. “Estes que se vestem de vestiduras brancas, quem são e
donde vieram?” Na resposta do ancião, ele menciona quatro fatos que fizeram
parte da experiência dos redimidos: a) A “grande tribulação” se refere a todas
as dificuldades, perseguições cruéis e tentações que questionam o valor de se continuar
na prática da fé cristã. Contudo, cada um nessa grande multidão venceu e agora eles
estão desfrutando da bem-aventurança da sua firmeza. Convém lembrar da palavra
do Apóstolo: “Fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer
firmes na fé; e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa
entrar no reino de Deus” (At. 14:22). b) Como é que essa multidão alcançou a
devida pureza necessária para entrar no céu? “Lavaram as suas vestiduras e as
alvejaram no sangue do Cordeiro”. A Bíblia dá muita ênfase ao valor do sangue
precioso de Jesus Cristo, porque ele, e somente ele, tem o poder para “nos
purificar de todo pecado” (1Jo. 1:7). c) A eficácia do sangue de Cristo na vida
dos redimidos é a “razão por que (eles) se acham diante do trono de Deus”. “Eles,
pois, o venceram (o acusador dos nossos irmãos) por causa do sangue do Cordeiro
e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não
amaram a própria vida” (Ap. 12:11). Confiança no poder purificador do sangue de
Cristo e o testemunho audível dessa certeza nos dão força para não temer a
morte e vencer todos os obstáculos na vida cristã. d) Qual será a nossa atividade
no céu? Tudo se resume nesta frase: Demonstramos a nossa gratidão a Deus pela
dádiva da salvação através de uma obediência incessante. “E o servem de dia e
de noite no seu santuário” – como os seus sacerdotes, (1Pe. 2:9).
6.
A exultação dos remidos. vs 15b -17. O ancião continua a sua explanação,
mas, agora, descreve alguns motivos que os redimidos têm para fruir uma
exultação que jamais terá fim. a) O primeiro motivo é uma proteção. O ancião
está fazendo um tipo de comparação. Aqui, na terra, os cristãos ficaram
expostos a todo tipo de mal, porém, no céu, não terão nada dessas coisas,
porque estão debaixo de um tabernáculo, de uma tenda protetora. “E aquele que
se assenta no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo”. b) Debaixo desse
tabernáculo é providenciado um conforto total aos redimidos. O que aconteceu
contra eles na terra, jamais sucederá no céu. “Jamais terão fome, nunca mais
terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum”. O céu é gloriosamente
diferente do que a vida na terra. c) Por que os redimidos têm toda essa
proteção? “Pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os
guiará para as fontes da água da vida”. Sob a liderança guiadora de Cristo, os redimidos
experimentam a plenitude da vida celestial, nada faltando. d) Entendemos que
alguns chegarão no céu com os olhos molhados de lágrimas por causa de
sofrimentos amargos que a morte lhes trouxe. Mas estes vão experimentar a mão
carinhosa de Deus enxugando “dos olhos toda lágrima”. Sim, os redimidos têm
muitas razões para exultar no céu, pois, “eles serão povos de Deus, e Deus
mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não
existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras cousas
passaram” (Ap. 21:3-4).
Conclusão:
O livro de Apocalipse foi escrito para consolar e encorajar os cristãos que
passam por dificuldades angustiantes na prática da sua fé. A leitura que
acabamos de explicar deve alimentar o nosso anseio de estar com o Senhor, que é
infinitamente melhor do que qualquer experiência aqui na terra. Que cada um de
nós estejamos preparados para o nosso encontro com o Senhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário