“Examinai-vos a vós
mesmos se realmente estais na fé” (2 Co. 13:5).
Muitas
das mensagens que se ouvem nas Igrejas são exposições, ensinando como o povo
deve se comportar na prática de uma ética cristã. Contudo, apesar de ouvir
tantas exortações claras para praticar o que se ouve, especialmente no que se
refere ao nosso relacionamento com os demais membros da Igreja, não estamos
ouvindo de um convívio harmonioso entre os circunstantes. Somos exortados para
que o nosso “amor seja sem hipocrisia”. Pois o amor não pode ser de ânimo dobre,
falando com a boca, porém, agindo ao contrário, (Rm. 12:9). Mas, na prática,
estamos amando com alegria e singeleza de coração? (At. 2:46). Pelo que se ouve
entre os membros da Igreja, não é bem assim. Somos exortados: “amai-vos
cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos
outros” (Rm. 10:12). Mas esse princípio está sempre entre nós? Parece que não.
Sabemos que rixas, fofocas, rivalidades e críticas são bastante comuns em todos
os departamentos da Igreja. Por que as exortações éticas não estão surtindo o
devido efeito? Será que estamos lidando com um povo que ainda não “está na fé”,
que nunca teve a experiência de um encontro salvador e santificador com Cristo
Jesus?
O
Apóstolo está respondendo essa pergunta no texto escolhido para a nossa
mensagem. “Examinai-vos a vós mesmos (e não uns aos outros, como é o costume de
muitos) se realmente estais na fé”. É de suma importância que descubramos a
respeito do nosso estado espiritual. Afinal, existem apenas duas
possibilidades, ou estamos na fé ou estamos entre os “reprovados”. Não existe
um meio termo, só é possível estar ou em um estado ou em outro.
Mas
como podemos fazer esse auto-exame? Ofereço algumas perguntas que devem receber
uma resposta honesta, pois estamos lidando com o nosso destino na eternidade.
1.
Você tem uma preocupação espiritual? Milhares de pessoas não têm nenhuma
inquietação quanto ao destino de sua alma depois da morte. Vivem como as
pessoas nos dias de Noé: “Comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento”,
enfim, viviam uma vida mais ou menos normal, porém, sem nenhum cuidado em favor
de sua alma; aquela parte do ser que jamais deixará de existir. Mas, qual foi o
fim dessas pessoas tranqüilas e omissas? Elas não perceberam a insensatez da
sua negligência “senão quando veio o dilúvio e os levou a todos” para uma
eternidade onde “haverá choro e ranger de dentes” (Mt. 24:38-39; 22:13). E o
que pode ser dito com respeito ao homem que alcançou uma certa prosperidade e
disse à sua alma: “tens em depósito muitos bens para muitos anos: descansa,
come, bebe e regala-te”? A palavra de Deus para aquele homem egocêntrico foi:
“Louco, esta noite te pedirão a tua alma” (Lc. 12:16-21). Não viva sem pensar
na sua alma e onde ela estará na eternidade. Cristo advertiu: “O tempo está
cumprido, e o reino de Deus está próximo: arrependei-vos e crede no evangelho”
(Mc 1:15). E o Apóstolo acrescentou: “Se, pois, se tornou firme a palavra
falada por meio de anjos, e toda transgressão ou desobediência recebeu justo
castigo, como escaparemos nós se negligenciarmos tão grande salvação?” (Hb.
2:2-3). Os dias do homem são incertos, por isso: “Eis, agora, o tempo sobremodo
oportuno, eis, agora, o dia da salvação” (2Co. 6:2). Não a perca!
2.
Você está tentando salvar-se a si mesmo pelas obras da lei de Deus? Você já
demonstrou que tem uma preocupação pelo estado de sua alma; mas, agora, está
tentando resolver o seu problema mediante os seus próprios esforços. Essa
atitude foi a ruína dos judeus. “Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus (o
que Deus requer do homem para que seja salvo) e procurando estabelecer a sua
própria (vontade para se salvar), não se sujeitaram à que vem de Deus ( o que
Ele colocou nas Escrituras Sagradas). Porque o fim da lei é Cristo, para justiça
de todo aquele que crê” (Rm. 10:3-4). Convém lembrar o que a Bíblia estabelece:
“Sabendo, contudo, que o homem não é justificado (salvo) por obras da lei e sim
mediante a fé em Jesus Cristo”. E o Apóstolo acrescentou: “Também temos crido
em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados por fé em Cristo e não por
obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado (inocentado e
recebido por Deus)” (Gl. 2:16). Seja prudente, ande no caminho que Deus lhe deu
em Cristo Jesus.
3.
Você sabe como pode ser salvo? Eis o resumo em toda a sua simplicidade
acessível. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”
(Jo. 3:16).Crer em Cristo significa que entendemos a razão da sua morte na
cruz. Ele, como fiador do seu povo, pagou toda a sua dívida diante da lei de
Deus, que foi incorrida pela transgressão dessa mesma lei. Crer em Cristo
significa que o pecador sente a culpa de seu pecado, arrepende-se dele e o
confessa, pedindo o perdão. Crer em Cristo significa vir e descansar na
veracidade de sua promessa de um perdão inteiramente gratuito. Tudo se resume
nesta palavra: “E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta
vida está no seu Filho. Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o
Filho de Deus não tem a vida” (1 Jo. 5:11-12). Não demore, venha a Cristo e
receba já a sua salvação. Cristo prometeu: “Todo aquele que o Pai me dá, esse
virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (Jo. 6:37).
4.
Você tem certeza da sua conversão? Cristo ensinou: “Não pode a árvore boa
(o pecador convertido) produzir frutos maus, nem a árvore má (o pecador não
convertido) produzir frutos bons. (...) Assim, pois, pelos frutos os
conhecereis” (Mt. 7:18, 20). Quais são alguns desses frutos? Aquele que crê em Jesus Cristo foi “selado
com o Santo Espírito da promessa” (Ef. 1:13). É Ele que opera em seu povo as
evidências da sua conversão. “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio”
(Gl. 5: 22-23). Você está vivendo a realidade da sua conversão? “No zelo, não
sejais remissos; sede fervorosos de espírito servindo ao Senhor” (Rm. 12:11).
5.
Você tem uma vida santa e irrepreensível? Deus escolheu o seu povo para que
tivesse um padrão de comportamento. Esta é a evidência infalível da sua
eleição. O Apóstolo afirmou: “Se alguém está em Cristo, é nova criatura; as
cousas antigas (os costumes impuros) já passaram; eis que se fizeram novas (uma
vida santa e irrepreensível)” (2Co. 5:17). A santidade é de tal modo necessária
que, sem ela, ninguém verá o Senhor, (Hb.12:14). Cristo ensinou: “Assim brilhe
também a vossa luz (a vossa santidade) diante dos homens, para que vejam as
vossas boas obras (as evidências da vossa santidade) e glorifiquem o vosso Pai
que está nos céus” (Mt. 5:16).
6.
Você está usando os meios da graça? Este termo é composto de pelo menos
cinco elementos: leitura diária das Escrituras Sagradas, (Jo. 5:39; 1Tm. 4:13);
oração incessante, (At. 12:5; 1Ts. 5:17); assiduidade nos cultos da Igreja,
(At. 2:46; Hb. 10:25); participação da
Ceia do Senhor, (At. 20:7; 1Co. 11:26); e, respeito ao Dia do Senhor com o
devido descanso, seguindo o exemplo de Deus, (Is. 58:13-14; Hb. 4:4; Ef. 5:1).
Com a devida observância desses recursos, o cristão crescerá na graça e no
conhecimento do seu Senhor e Salvador, (2Pe. 3:18). Deus deu esses meios para o
nosso desenvolvimento espiritual, portanto, não seja negligente naquilo que
Deus lhe deu para a segurança da sua alma.
7.
Você vive em plena comunhão com Cristo, ou seja, em plena dependência de seu
sustento? Ele mesmo disse: “Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo
se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes
em mim. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele,
esse dá muito fruto (a presença do fruto do Espírito Santo); porque sem mim
nada podeis fazer” (Jo. 15-4-5). Como o ramo depende da seiva que recebe do
tronco, assim, o cristão depende da sua união com Cristo para viver e
frutificar para a glória de Deus. O Ap. Paulo experimentou a realidade dessa
comunhão, por isso, podia confessar: “Estou crucificado com Cristo; logo, já
não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na
carne, vivo pela fé no Filho de Deus que me amou e a si mesmo se entregou por
mim” (Gl. 2:19-20). Você tem esse tipo de comunhão com Cristo? Então aplique-se
ao devido uso dos meios da graça para experimentar toda sorte de benção
espiritual em sua vida.
8.
Você tem uma vida consagrada a Deus? Cada cristão sente que é um devedor
diante de Deus por causa das inúmeras bênçãos recebidas. Por isso, paira sobre
a sua mente uma pergunta: “Que darei ao Senhor por todos os seus benefícios
para comigo?” (Sl. 116:12). O Ap. Paulo deu esta resposta: “Rogo-vos, pois,
irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” Mas
como essa oferta deve ser feita? O Ap. continua: “E não vos conformeis com este
século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm.
12:1-2). Consagração a Deus significa que Ele tem toda a liberdade para moldar
a vida de seu povo de acordo com a sua própria vontade. A sua vida está sendo moldada
pela palavra de Deus ou pelas influências deste século? Deus quer direitos totais sobre a vida de seu
povo.
9.
Você está servindo a Cristo? Este serviço obrigatório é realizado mediante
o amor aos irmãos na fé. Como Cristo disse: “Sempre que o fizestes a um destes
meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”. Quando um cristão cuida do
esfomeado, sedento, desabrigado, desvestido ou encarcerado, é um ato de amor
aceitável a Cristo. Este serviço aos irmãos na fé, quando feito
inconscientemente, é reconhecido como se fosse feito ao próprio Cristo. É
importante observar que este amor específico será o padrão usado para estabelecer
a diferença entre aquele que serviu a Cristo e aquele que serviu os seus
próprios interesses, (Mt. 25:31-46). “ E ele (Cristo) morreu por todos, para
que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles
morreu e ressuscitou” (2Co. 5:15).
10.
Você anseia pela Vinda de Cristo? O Ap. Paulo vivia na expectativa da Vinda
do Senhor. Por quê? Entre outras razões,
porque é o Dia quando Jesus Cristo “há de julgar os vivos e os mortos, para que
cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2Tm.
4:1; 2Co. 5:10). Para o Apóstolo, este Dia seria o momento para receber a sua
recompensa por seu serviço a Cristo. “Já agora a coroa de justiça me está
guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia”. E, para o consolo
do povo de Deus, ele logo acrescenta: “E não somente a mim, mas também a todos
quantos amam a sua vinda” (2Tm. 4:8). A Bíblia encerra a sua mensagem,
registrando o anseio do povo salvo por Cristo: “Vem, Senhor Jesus!” (Ap.
22:20).
Conclusão:
Reconhecemos que a Igreja visível é
composta de “joio no meio do trigo”, e, “os maus entre os justos” (Mt. 13:25,
49). É de suma importância que você saiba já se está “realmente na fé”. O Dia
do Juízo é autorizado para declarar o seu estado na eternidade e não para
oferecer uma segunda oportunidade para se fazer as pazes com Deus. “Eis agora,
o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação” (2 Co. 6:2). Não
brinque com o destino da sua alma!
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