Vasos de Honra

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A VOCAÇÃO DO APÓSTOLO PAULO



Leitura Bíblica:  Romanos 1:16-17

Introdução: O Ap. Paulo deu início à sua carta descrevendo o seu chamado para o ministério, (V1). Tudo começou quando ele teve aquele encontro com Jesus Cristo no caminho para Damasco.Naquela ocasião, três coisas marcantes aconteceram: Ele foi poderosamente regenerado, perdoado, e enviado para pregar o evangelho, (At. 9:1-19). O Apóstolo ficou tão maravilhado com essa manifestação da graça e da misericórdia de Deus, que escreveu: “Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Jesus Cristo, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim, que noutro tempo era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia”, (1Tm. 1:11-12). Agora, escrevendo aos Romanos, ele registrou a sua motivação para exercer o seu ministério. Foi um amor singular a Jesus Cristo e um anseio forte para ver os gentios obedecendo à fé no mesmo Salvador (V.5), confessando: “Pois sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes; por isso, quanto está em mim, estou pronto a anunciar o evangelho também a vós outros, em Roma” (V.14-15). Vamos ao texto lido nos Vs. 16-17.

1. A Prontidão do Apóstolo. Por que ele está pronto para pregar o evangelho em Roma? Porque ele não tem vergonha do evangelho; não tem medo de ser ridicularizado por causa desta mensagem de “Jesus Cristo e este crucificado” (1Co. 2:2). Muitas pessoas, especialmente entre os sábios deste mundo, zombam do Cristo crucificado e o rejeitam como o único que conduz o pecador para a vida eterna. A pergunta do incrédulo é: Como pode um crucificado salvar alguém? Sim, Cristo crucificado pode ser um escândalo para os judeus e loucura para os gentios, mas, para nós, “aprouve a Deus salvar os que crêem” (1Co. 1:21-23).

Por causa dessa reação negativa à mensagem da cruz, muitos já tentaram, sem negar a sua realidade, modificar a unicidade de Cristo como a única providência de Deus para a salvação eterna de pecadores. Os judaizantes da Galácia projetaram a importância da circuncisão, dizendo: Não negamos a cruz de Cristo, mas, o que vale para a nossa salvação total é a circuncisão. E, com essa ênfase, desfizeram o escândalo da cruz (Gl. 5:11). Outros evitaram a ofensa da cruz, dando-lhe uma outra interpretação. Em vez de ser a providência de Deus para a nossa salvação, ela é um exemplo de paciência quando os homens maus nos injuriarem. Em vez de reagir, imitemos a paciência de Cristo.

Mas, por que a cruz de Cristo causa tanto constrangimento? Porque ela desencadeia uma perseguição sem medidas. Essa mensagem humilha a auto-suficiência do homem, ensinando que as suas boas obras não têm valor diante de Deus para ajudar na sua salvação. O evangelho exalta a gratuidade da providência divina para  a salvação do homem. Portanto, para ser salvo, o homem tem que se humilhar e reconhecer que não tem nenhum recurso que possa facilitar a sua salvação, ele tem que se lançar sobre a misericórdia de Deus e depender da suficiência da morte substitutiva de Jesus Cristo. O Ap. Paulo sofria uma perseguição incansável por causa da sua insistência sobre a centralidade da cruz de Cristo no plano da salvação de pecadores. Mas ele não se envergonhava dessa mensagem, preferindo a perseguição à apagar o único caminho para a nossa salvação. Veja Gálatas 5:11; 6:12.

2. A Propulsão do Apóstolo. Por que o Apóstolo não se envergonhava da cruz de Cristo? Porque ela é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Reconhecemos que Deus é todo poderoso e independente; contudo, Ele é servido em usar meios para comunicar seus propósitos salvíficos a seu povo. E o meio específico para esse fim é a pregação do evangelho, um ministério realizado exclusivamente por pessoas que Ele mesmo prepara e envia, (Rm. 10:15-17). Quando Deus estava encaminhando o centurião para receber o dom da salvação, Ele não usou o anjo para  anunciar as boas novas, isto seria o privilégio de um homem, o Ap. Pedro, (At. 10:1-43). O mesmo princípio foi usado para ajudar o eunuco a reconhecer a presença de Cristo na profecia de Isaias 53:7-8. Desta vez, Filipe foi o mensageiro escolhido para lhe dar a desejada explicação, (At. 8:26-35). Missões de evangelização são realizadas pela exclusividade de homens que obedecem à ordem de Jesus Cristo: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc. 16:15). Os primeiros cristãos reconheceram essa obrigação, e, apesar dos perigos, “os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra” (At. 8:4).

Em que sentido podemos dizer que o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê? O homem natural não tem nenhuma inclinação para conhecer a vontade de Deus para a sua vida. Ele é espiritualmente morto em seus delitos e pecados (Ef. 2:1). Portanto, para que o homem seja salvo, Deus tem que usar o seu poder para desfazer essa resistência espiritual.  “Eis que o Senhor virá com poder, e o seu braço dominará” (Is. 40:10). Ele usa o seu poder soberano para derrubar tudo o que se levanta para impedir a plena salvação de seu povo, seja a incredulidade ou a dureza do coração impenitente. Podemos pensar no Ap. Paulo antes do seu encontro com Jesus Cristo, homem que respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, (At. 9:1). Mas, ele foi derrotado, e, quando ouviu a voz acusadora de seu Salvador, pediu quebrantadamente: “ Que farei, Senhor?” (At. 22:10). E, por resposta, Cristo o  considerou fiel  e apto para o ministério (1Tm. 1:12), justificando a sua determinação, dizendo: “Este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel” (At. 9:15). Esse é o mesmo poder que operou em nós, dando-nos a força para confessar Jesus Cristo como Senhor e Salvador.

3. A Proclamação do Apóstolo. Por que o evangelho é o poder de Deus? Porque a justiça de Deus se revela no evangelho. Através dessa mensagem, vemos como Deus pode “ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm. 3:26). Para que alguém seja aceito diante da santidade de Deus, ele tem que ter uma justiça imaculada, isto é, uma obediência perfeita à lei divina, a partir de seu nascimento e até o último momento de sua vida aqui na terra. Mas como pode um homem, nascido de mulher, alcançar esse padrão de obediência,  visto que “todos pecaram e carecem da glória de Deus?” (Rm. 3:23). A resposta se encontra na lei da representação. “Pois assim como, por uma só ofensa (aquela de Adão, o nosso primeiro representante), veio o juízo sobre todos os homens para a condenação, assim também, por um só ato de justiça (a perfeita obediência de Jesus Cristo, o nosso novo representante), veio a graça sobre todos os homens, para a justificação que dá vida” (Rm. 5:18). Como o ato de Adão representou o procedimento de toda a sua descendência, assim, o ato de Cristo representou o procedimento de todo o seu povo. Quando a Bíblia diz que “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito” (Jo.3:16), está dizendo que Jesus Cristo foi dado para servir de representante para todos os que nele crêem. Como o pecado de Adão foi imputado à sua descendência, assim, a perfeita obediência de Cristo, que é a sua justiça, é imputada a todo o seu povo. Abraão foi um homem “plenamente convicto de que Deus era poderoso para cumprir o que prometera. Pelo que isso lhe foi também imputado para justiça. E não somente por causa dele está escrito que lhe foi levado em conta, mas também por nossa causa, posto que a nós igualmente nos será imputado, a saber, a nós que cremos naquele que ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação” (Rm. 4:21-25).

Agora, para sermos salvos, temos que, pela fé, nos revestir de Jesus Cristo e da sua justiça. “Cantarei a Cristo! Por nós cumpriu a Lei! Seu manto de justiça, alegre, vestirei” (HNC-50) E assim, com certeza, seremos aceitos diante do tribunal de Deus, (Rm 13:14). Quando a Bíblia ensina que Deus é justo, está dizendo que o nosso pecado não foi desprezado, antes, ele recebeu o devido salário, não em nós, mas, sim, em Jesus Cristo, o nosso Substituto. E, por modo semelhante, Deus é justificador de todos os que crêem em Jesus Cristo, porque Ele os vê vestidos das perfeições de seu próprio Filho. Como Abraão creu,  nós também temos que crer, a fim de receber a vida eterna.


Conclusão: O Ap. Paulo confessou: “Sou devedor”. Essa dívida do Apóstolo seria paga dando às nações o evangelho de Jesus Cristo. No exercício de seu ministério, o Apóstolo sempre demonstrou uma prontidão para pregar o evangelho a qualquer pessoa. A sua propulsão nesse trabalho foi o reconhecimento de que o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. A proclamação principal do Apóstolo foi a justiça de Deus, explicando como Ele pode seu justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus Cristo. Devemos orar para que Deus nos dê a mesma espontaneidade do Ap. Paulo para  testificar de Jesus Cristo, porque somos as suas testemunhas.

Rev. Ivan G. G. Ross

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

UM CONVITE AOS SEDENTOS



Leitura Bíblica: João 7:37-39

Introdução: Jesus estava em Jerusalém assistindo a Festa dos Tabernáculos quando anunciou essas palavras, (Jo. 7:2). Esta foi uma das três festas anuais quando “três vezes no ano, todo homem aparecerá diante do Senhor Deus” (Ex. 23:17). Por causa dessa obrigação, os judeus entenderam que Jesus estaria presente, (Jo. 7:11). A Festa dos Tabernáculos, ou, a Festa da Sega, celebrava “os primeiros frutos do seu trabalho que houver semeado no campo” (Ex. 23:16). Apesar de não estar presente na instituição original da festa, os judeus introduziram o rito da água. No último dia da festa, uma procissão se formaria trazendo um cântaro cheio das águas de Siloé (o canal que trazia água para suprir as necessidades de Jerusalém), o qual, derramado ao pé do altar, simbolizava a água como uma dádiva de Deus para garantir o crescimento e a frutificação das plantações. A festa, portanto, foi um tempo de gratidão a Deus por todas as suas boas e reconhecidas providências para o bem de seu povo.

Dentro do contexto dessa festa, o convite de Jesus, com certeza, fez o povo lembrar das referências às águas vivas contidas nas Escrituras do Antigo Testamento. O próprio Senhor Deus convidava: “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas” (Is. 55:1). Vinde à fonte dessas águas! Ele mesmo, Jesus Cristo, é “o manancial de águas vivas” (Jr. 2:13). E, quando Jesus conversou com a mulher samaritana, Ele prometeu  dar-lhe “água viva”, porque Ele mesmo é a fonte dela, (Jo. 4:10). E, finalmente, ao chegarmos no céu, “o Cordeiro que se encontra no meio do trono, os guiará para as fontes da água da vida” (Ap. 7:17). E Jesus esclareceu: aquele “que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo. 4:14). Vamos ao estudo para sentirmos a preciosidade desse convite que Jesus está nos dando.

1. Uma Convocação Insistente: No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba” (V.37). Por um momento, vamos tentar imaginar quais foram os pensamentos que ocuparam o foro íntimo daquela multidão religiosa. Será que eles estavam plenamente satisfeitos com os resultados finais da festa? Eles assistiram todas as partes da celebração; testemunharam o sacrifício de animais, ouviram as explicações dadas pelos sacerdotes: e, talvez, alguns deles entraram na procissão na esperança de sentir algo que saciasse a sua sede espiritual. Afinal, foram à festa na expectativa de receber uma benção que pudesse alimentar a sua fome espiritual. Acreditamos que Jesus percebeu uma lacuna no coração de muitos. A festa foi bonita e bem organizada, contudo, muitos voltariam para casa com uma carência espiritual no coração. Cerimônias e representações materiais podem satisfazer os sentimentos do momento, porém, terminando o evento, o coração continua vazio e esfomeado. Por isso, Jesus se levantou e se apresentou como o único que tem o poder para satisfazer a sede espiritual de qualquer pessoa. Ele convida: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba”. Ele tem autoridade para falar desta maneira, porque foi enviado pelo Pai para comunicar vida aos desalentos e satisfazer a sede espiritual de todos aqueles que o buscam. Existe uma água enganosa que o mundo oferece a seus adeptos. Por isso, Jesus explicou: “Quem beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede” (Jo. 4:13-14).

A mulher samaritana acreditou que Cristo podia lhe dar essa água viva, e logo a pediu: “Senhor, dá-me dessa água para que eu não tenha sede” (Jo. 4:15). Mas, em vez de dar-lhe a dádiva, sem mais nada, “disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido e vem pra cá” (Jo. 4:16). Em outras palavras, o Senhor estava dizendo: Antes de poder receber o dom dessa água viva, o problema do pecado tem que ser resolvido, pois você não pode beber dessa água viva e ao mesmo tempo continuar na prática do pecado. A mulher não vacilou, confessou e abandonou a sua transgressão da lei de Deus, recebeu o pleno perdão de tudo e começou a viver como testemunha fiel a Jesus Cristo. Com esse ato, ela estava bebendo das águas vivas. Qual foi o resultado de sua conversão? “ Muitos outros creram em Jesus Cristo por causa do testemunho desta seva de Deus”, (Jo. 4:39). Vamos sempre lembrar: Confessar fé em Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, continuar na prática do pecado, é uma contradição e totalmente inaceitável diante de Deus. Sim, Cristo nos convoca com uma insistência para chegar a Ele e beber das águas vivas, porém, temos que chegar a Ele dispostos para viver de acordo com as normas que Ele mesmo prescreve: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele” (Jo. 14:21).  

2. Uma Condição Insistente. “Quem crer em mim, como diz a Escritura” (V.38a). Crer em Cristo significa muito mais do que uma mera crença em sua existência. Segundo a Bíblia, crer indica uma aproximação a fim de desfrutar de uma comunhão espiritual com Ele. Muitas vezes Cristo usava a palavra “Vem”. Por exemplo: “O quem vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (Jo. 6:37).  Chegamos a Cristo porque cremos e confiamos na veracidade da sua Pessoa e na suficiência do que Ele fez, a fim de garantir o perdão de todos os nossos pecados e conduzir-nos para a vida eterna. Cristo deu início a seu ministério, dizendo: “Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc. 1:15). O evangelho é a mensagem que descreve a Pessoa e a Obra de Jesus Cristo. Crer no Evangelho significa acreditar na Divindade de Cristo. Ele é o prometido “Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc. 2:11). “Nele habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl. 2:9). Ele é aquele que “subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e reconhecido em forma humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz” (Fl. 2:6-8). O que nós devíamos à lei, em termos de obediência, Cristo pagou tudo. Por exemplo, como transgressores da lei, a pena da morte pairava sobre nós, mas Ele mesmo cumpriu a sentença quando deu a sua vida em resgate por nós. Por causa da eficácia dessa morte substitutiva, Cristo recebeu a autoridade para perdoar pecadores, (Mc. 2:10). O Ap. Paulo resumiu esta verdade, escrevendo: “E a vós outros, que estáveis mortos em vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com Cristo, perdoando todos os nossos delitos; tendo cancelado o escrito de dívida que era contra nós” (Cl. 2:13-14). Agora, a nossa confiança está na infalibilidade desta promessa: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo. 1:9). Vamos desenvolver uma certeza quanto à nossa fé em Jesus Cristo, pois a nossa crença nele tem que estar de acordo com os ensinos específicos das Escrituras Sagradas.

3. Uma Conclusão Insistente. Quem crer em Cristo, a conclusão é inevitável: “Do seu interior fluirão rios de água viva” (V. 38b). Essa frase se refere ao Espírito Santo e à sua obra na vida de seu povo (V.39). Devemos aprender a valorizar a atuação do Espírito Santo em nossa vida. É Ele que opera em nosso “homem interior”, fortalecendo-o com poder para que possamos viver a vida cristã, (Ef. 3:16). Uma das dádivas mais importantes do Espírito Santo é a “sabedoria”, (Cl. 1:9). Salomão, reconhecendo as suas limitações, pediu a Deus: “Dá-me, pois, agora, sabedoria e conhecimento, para que possa sair e entrar perante este povo” (2Cr. 1:10). É de suma importância que sejamos vistos como pessoas que sabem como se portar de modo santo e irrepreensível, porque, como testemunhas, representamos a Pessoa de Jesus Cristo e a sua santidade (1 Ts.4:12). E, para isso, precisamos do toque vivificante do Espírito Santo.

Quando o nosso texto fala: “Do seu interior fluirão rios de água viva”, está se referindo à manifestação do fruto do Espírito Santo que transborda da nossa vida, como se fosse uma torrente de evidências comunicando a realidade de “Cristo em nós, a esperança da glória” (Cl. 1:27). É necessário que as pessoas ao nosso redor  vejam esse fruto em termos de amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio, (Gl. 5:22-23). Devemos tomar posse da promessa: “Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (Jo. 14:26). Quanto a este ensino que Cristo nos legou para a nossa edificação, está agora registrado, em toda a sua riqueza, nas Escrituras Sagradas. (Jo. 20:31).

Resta-nos uma pergunta importante: Como podemos experimentar a continuidade dessa obra do Espírito Santo em nossa vida? O Ap. Paulo nos dá a resposta certa: “ E não vos embriagueis com vinho (estimulantes carnais), no qual há dissolução, mas enchei-vos (tomai-vos) do Espírito” Como? Alimentando a nossa espiritualidade, “falando entre vós com Salmos (que representam a Bíblia inteira), entoando e louvando de coração o Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome do Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo” (Ef. 5:18-21). E um dos meios mais práticos para receber esse alimento espiritual é o exercício diário do culto familiar: a  família toda, pai, mãe e filhos, juntos, para cantar hinos, ler a Bíblia e orar. Na vida cristã não há como encurtar o processo de adquirir crescimento espiritual. “Porque é preceito sobre preceito, preceito e mais preceito, regra sobre regra, regra e mais regra; um pouco aqui, um pouco ali” (Is. 28:10).

Conclusão: Certo dia, vendo as multidões, Jesus “compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor” (Mt. 9:36). Jesus ainda revela essa mesma compaixão. Assim, ao contemplar as pessoas presentes na Festa dos Tabernáculos, Ele se apresentou como “o manancial de águas vivas” (Jr. 2:13); o único que pode saciar a sede espiritual dos povos. Por isso, Ele disse: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba”. Ele garantiu o resultado dessa aproximação, acrescentando: “Quem  crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”. Ele terá uma experiência espiritual que realmente sacia a alma sedenta. Mas, para desfrutar de uma vida com Cristo, temos que atender a sua convocação, obedecer à condição, que é crer que Jesus Cristo pode nos abençoar, e, com certeza, experimentaremos a conclusão: teremos uma vida espiritual que realmente satisfaz as necessidades da nossa alma. Portanto, o desafio é: “Oh! Provai e vede que o Senhor é bom. Bem-aventurado o homem que nele se refugia” (Sl. 34:8).           



UMA MENSAGEM ESPIRITUAL


Rev. Ivan G. G. Ross

Leitura Bíblica: Isaías 40:1-11

Introdução: Nesta leitura, temos um relance da situação política e espiritual de Israel nos dias do profeta Isaías. A nação tinha se degenerado moralmente até o ponto de Deus querer cumprir as suas ameaças de castigo contra o povo, por causa da sua desobediência generalizada. Em Levíticos 26:33, Deus predissera que a nação seria desterrada e levada ao cativeiro. “Espalhar-vos-ei por entre as nações e desembainharei a espada atrás de vós; a vossa terra será assolada, e as vossas cidades serão desertas”. Agora, no tempo de Isaías, esta ameaça está se preparando para ser cumprida.

Quando um país recebe um castigo divino por causa de seus pecados, os piedosos também participam de tudo o que acontece. Em Israel, Daniel e seus três amigos, todos de sangue real, foram rebaixados à escravidão e levados ao cativeiro. Enfim, o povo de Deus não fica isento das consequências negativas causadas pela desobediência nacional. Mas, para estes, a dor da tribulação é suavizada pela consciência evidente da presença sustentadora de Deus, que continua acompanhando e abençoando os seus servos fiéis, mesmo quando estão em cativeiro. Lembramos da história de José no Egito: “O Senhor abençoou a casa do egípcio por amor de José – O Senhor, porém, era com José, e lhe foi benigno, e lhe deu mercê perante o carcereiro” (Gn. 39:5,21). Daniel e seus três amigos, bem como José, são testemunhas dessa presença do Senhor.

No caso de Israel, ou de qualquer outro povo, Deus demonstra a sua boa vontade para com as pessoas mediante a pregação do evangelho, uma mensagem de perdão para os arrependidos; um perdão fundamentado sobre o fato de que o Senhor de todas as misericórdias já providenciou um resgate que satisfez todas as exigências da lei, pois o salário do pecado foi recebido por um Fiador, Jesus Cristo, que morreu em nosso lugar na cruz do Calvário. Portanto, os mensageiros do evangelho são ordenados a proclamar: “Consolai, consolai o meu povo, diz o Senhor Deus. Falai ao coração de Jerusalém, bradai-lhe que já é findo o tempo da sua milícia (luta), que a sua iniquidade está perdoada” (Vs. 1-2). Mas, para que o povo possa receber essas boas novas, três acontecimentos são necessários:

1. A Necessidade de uma Preparação Vs. 3-5. A profecia nos faz lembrar do ministério de João Batista, o precursor e preparador do caminho para o ministério de Jesus Cristo. A Bíblia usa uma linguagem figurativa para descrever esse ministério. “Todo vale será aterrado, e nivelados todos os montes e outeiros; o que é tortuoso será retificado, e os lugares escabrosos aplanados”. Tudo isso significa que João Batista iria criar uma expectativa no coração do povo, a esperança do cumprimento das profecias messiânicas, o prometido Salvador. No início, o povo pensava que João Batista era o Messias, mas ele corrigiu as pessoas, dizendo: “Eu não sou o Cristo, mas fui enviado como seu precursor” (Jo. 3:28). Essa obra de preparação consistia na proclamação de três grandes princípios:

a)      A necessidade de arrependimento. “Dizia ele (João Batista), pois, às multidões que saíam para serem batizadas: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos do arrependimento”. Ele definiu o arrependimento como um abandono de todas as confianças alheias; por exemplo: “Temos por pai a Abraão”. Meus pais são crentes fiéis. Ou, eu procuro cumprir os meus deveres, etc. Mas arrependimento é mais do que isso; é uma mudança radical nas atitudes básicas. O egoísta passa a ser altruísta. O ladrão não rouba mais, antes, ele trabalha com suas próprias mãos. Aquele que maltratava as pessoas, passa a ser misericordioso. O trabalhador vive contente com o soldo que recebe, (Lc. 3:7-14). Esses frutos do arrependimento são as evidências práticas de uma vida transformada pela regeneração.
b)      A necessidade de crer no juízo vindouro. A realidade deste “Dia” serve para inibir os impulsos pecaminosos da nossa natureza. João Batista advertia o povo, dizendo: “E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo” (Lc. 3:9). E o Ap.Paulo explicou: “Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2Co. 5:10). Quando o Ap. Paulo dissertou perante Felix “acerca da justiça, do domínio próprio e do juízo vindouro”, o homem ficou amedrontado, (At. 24:25). Por isso, a advertência de “fugir da ira vindoura” (Lc. 3:7). “Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb. 10:31).
c)       A necessidade de crer em Jesus Cristo. A primeira vinda de Cristo foi profetizada desta maneira: “A glória do Senhor se manifestará, e toda a carne a verá, pois a boca do Senhor o disse” (V5). O Ap. João testificou: “E o verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória como do unigênito do Pai” (Jo. 1:14).   A glória de Cristo é o seu poder para buscar e salvar pecadores, tais como qualquer um de nós. O ministério de João Batista chegou ao ponto máximo quando ele viu Jesus, e olhando para Ele, declarou a todos ao seu redor: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo. 1:29). Agora devemos ouvir e crer no que a Escritura diz: “Quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (Jo. 3:36). Portanto, para crer em Cristo, temos que nos aproximar dEle pela fé. Como Ele mesmo disse: “O que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (Jo. 6:37). A obra de preparação se cumpre quando chegamos a Cristo pela fé e o recebemos como nosso Salvador.

2. A Necessidade de uma preordenação. Vs. 6-8.  A pregação do evangelho não se limita à exposição de arrependimento, o juízo vindouro e fé em Jesus Cristo. O ministro foi preordenado para incluir mais três elementos: a brevidade da nossa vida; a realidade da morte; e, a eternidade da palavra de Deus.

a)      A brevidade da nossa vida. Ouve-se uma voz anunciando uma única palavra: “Clama”. E o ministro de Deus que está sempre atento à voz do seu Senhor, responde, perguntando: “Que hei de clamar?” E a resposta é: Proclame a preordenação da brevidade da vida humana: “ Toda carne é erva, e toda a sua glória como a flor da erva” (V.6). Por um momento, vemos a vida humana coroada de belezas, consecuções e vitórias; contudo, toda essa glória é como a flor da erva que logo murcha e desvanece. O pregador descreve essa glória como uma “vaidade e correr atrás de vento” (Ec. 2:26). Existem valores mais importantes do que essas glórias momentâneas. A brevidade da nossa vida deve nos ensinar a buscar glórias que jamais desvanecerão.
b)      A realidade da nossa morte. A morte é vista como uma intervenção divina na vida do homem. Soprando nele o hálito do Senhor, o que acontece? “Seca-se a erva, e caem as flores” (V7). Devemos lembrar: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo” (Hb. 9:27). Apesar de Adão ter alcançado tantos anos, a sua história termina com esta nota sombria: “E morreu” (Gn 5:5).  A longevidade não ameniza a dor da morte. Ezequias recebeu esta preordenação da parte do Senhor: “Põe em ordem a tua casa, porque morrerás e não viverás” (2Rs. 20:1). O rei recebeu tempo para se preparar antes de morrer. Porém, não foi assim com um certo homem rico, porque enquanto comia, bebia e regozijava-se, Deus, de repente, lhe disse: “Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lc. 12:16-21). A lição é esta: Estejamos preparados enquanto temos tempo, porque não sabemos em que dia a morte nos visitará.
c)      A eternidade da palavra de Deus. O texto está estabelecendo um contraste entre a transitoriedade da vida humana e a permanência da palavra de Deus. “Seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra do nosso Deus permanece eternamente”, (V.8). Por que este contraste? Devemos entender que não há nada neste mundo que podemos guardar para sempre. Portanto, em vez de construir sobre aquilo que é transitório, devemos buscar o tesouro que jamais passará: “Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente” (1Jo. 2:17). Eis o objetivo principal para cada um de nós. Juntamente com a devida consagração de nossa vida, descobrimos “qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12:2). Esta é a preordenação que Deus estabeleceu para o seu povo: Conhecer a sua vontade em toda a sua abrangência.   

3. A necessidade de uma Preanunciação. (Vs. 9-11). Novamente, a palavra dirigida ao pregador e o que ele tem que anunciar: “Tu, ó Sião que anuncias boas novas, sobe a um monte alto!” A sua mensagem tem que ser ouvida pelo maior número de pessoas possível. “Tu que anuncias boas novas a Jerusalém, ergue a tua voz fortemente; levante-a, não temas, e dize às cidades de Judá”. Os povos de todos os lugares têm que ouvir essas boas-novas. Quais são essas notícias que têm tamanha urgência? Destacamos três: O que Deus já está fazendo; o que Deus ainda fará; e, como Deus cuida de seu povo.

a)      O que Deus está fazendo, (V9). “Eis aí está o vosso Deus”. Esta frase é uma exclamação de admiração, ao reconhecer que Deus continua trabalhando entre os povos deste mundo, dando-lhes as boas-novas de salvação, anunciando que o perdão dos pecados está ao alcance de todos os que o buscam. Esse perdão é oferecido gratuitamente, porque um Fiador pagou a dívida judicial de seu povo. O piedoso Zacarias louvou a Deus por essas mesmas verdades: “Bendito o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo, e nos suscitou plena e poderosa salvação na casa de Davi, seu servo, como prometeu desde a antiguidade, por boca dos seus santos profetas” (Lc. 1:68-70). O que Deus preanunciou, Ele está cumprindo em nossos dias. “Eis aí está o nosso Deus!” O Fiel cumpridor de cada uma de suas mui grandes e preciosas promessas. Louvado seja o seu santo nome.
b)      O que Deus ainda fará. “Eis que o Senhor Deus virá com poder, o seu braço dominará; o seu galardão está com ele, e diante dele, a sua recompensa” (V.10). Este versículo tem, talvez, uma dupla aplicação. Em nossos dias, o Senhor vem ao seu povo mediante a pregação do evangelho, como dissemos no primeiro ponto. Ele vem com seu braço estendido, dominando e julgando todos os inimigos de seu povo para que as pessoas estejam livres para crer em Jesus Cristo. O galardão que vem com Ele é a salvação eterna para todos os que crêem; e a recompensa de crer é saber que todas os nossos pecados são gratuitamente perdoados. O Ap.João afirmou: “Estas cousas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus”. Mas o segundo sentido do versículo é igualmente válido, e se refere, talvez, à segunda vinda de Jesus Cristo. Naquele dia, veremos a grandeza de seu poder através do ajuntamento de todas as nações perante o seu trono. “Quando vier o Filho do homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença” para serem julgadas segundo as suas obras. Assim, cada um dos indivíduos receberá de acordo com o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo, (Mt. 25:31-32; 2Co. 5:10). Notemos o destaque dado ao galardão: “cada um receberá”. Cristo prometeu: “E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras” (Ap. 22:12). Portanto, a exortação para cada um de nós é: “Vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor” (Mt 24:42).
c)      Como Deus cuida de seu povo. Vamos sentir a preciosidade desta verdade: “Como pastor, apascenta os cordeirinhos e os levará no seio; as que amamentam ele guiará mansamente” (V11). Notemos as três atitudes desse “bom pastor”:
                                I.      “Como pastor apascenta o seu rebanho”. A responsabilidade do pastor é suprir todas as necessidades de seu rebanho. O salmista confessou confiantemente: “ O Senhor é o meu pastor, nada me faltará” (Sl. 23:1). E, semelhantemente, o Ap. Paulo: “ E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma das vossas necessidades” (Fl. 4:19). O “nada me faltará” se refere às três necessidades básicas: alimento, vestimenta e moradia. Tendo essas coisas, “estejamos contentes” (1Tm 6:8). Mas, pela experiência pessoal, sabemos que Deus, em sua bondade, nos dá muito mais do que o básico: “O meu cálice transborda” (Sl. 23:5-6).    
                             II.      O cuidado do Senhor para com as crianças: “Entre seus braços recolherá os cordeirinhos e os levará no seio”. Vemos Jesus “ tomando-as nos braços e impondo-lhes  as mãos as abençoava” (Mc.10:16). Crianças e pessoas com deficiências físicas, por causa de suas limitações, recebem um cuidado especial. E, quando não podem andar sozinhas, Ele as “levará no seio”, perto de seu coração. O amor de Deus para com seu povo é indizivelmente maravilhoso e confortador.
                           III.      O cuidado do Senhor para com as mães. Por causa das responsabilidades maternas, as mães nem sempre conseguem acompanhar o ritmo dos demais membros da Igreja. Mas o Senhor não fica impaciente com elas. “As que amamentam, ele guiará mansamente”. Por causa dessas disposições de condescendência, Ele nos convida: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave e meu fardo é leve” (Mt. 11:28-30).


Conclusão: A nossa leitura começou com esta ordem: “ Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus”. Consolamos e saciamos os anseios do povo de Deus através da exposição da sua natureza. Ele que ser conhecido como o Deus perdoador, que apaga as nossas transgressões, (Is. 43:25). Por causa da brevidade da nossa vida, Ele quer que estejamos preparados para aquele dia solene, quando “cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus” (Rm. 14:12). E, finalmente, Deus quer que o seu povo tenha confiança na sua condescendência. Ele é o Bom Pastor que cuida do seu rebanho, “Oh! Provai e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia” (Sl. 34:8).