Vasos de Honra

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

UM CONVITE AOS SEDENTOS



Leitura Bíblica: João 7:37-39

Introdução: Jesus estava em Jerusalém assistindo a Festa dos Tabernáculos quando anunciou essas palavras, (Jo. 7:2). Esta foi uma das três festas anuais quando “três vezes no ano, todo homem aparecerá diante do Senhor Deus” (Ex. 23:17). Por causa dessa obrigação, os judeus entenderam que Jesus estaria presente, (Jo. 7:11). A Festa dos Tabernáculos, ou, a Festa da Sega, celebrava “os primeiros frutos do seu trabalho que houver semeado no campo” (Ex. 23:16). Apesar de não estar presente na instituição original da festa, os judeus introduziram o rito da água. No último dia da festa, uma procissão se formaria trazendo um cântaro cheio das águas de Siloé (o canal que trazia água para suprir as necessidades de Jerusalém), o qual, derramado ao pé do altar, simbolizava a água como uma dádiva de Deus para garantir o crescimento e a frutificação das plantações. A festa, portanto, foi um tempo de gratidão a Deus por todas as suas boas e reconhecidas providências para o bem de seu povo.

Dentro do contexto dessa festa, o convite de Jesus, com certeza, fez o povo lembrar das referências às águas vivas contidas nas Escrituras do Antigo Testamento. O próprio Senhor Deus convidava: “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas” (Is. 55:1). Vinde à fonte dessas águas! Ele mesmo, Jesus Cristo, é “o manancial de águas vivas” (Jr. 2:13). E, quando Jesus conversou com a mulher samaritana, Ele prometeu  dar-lhe “água viva”, porque Ele mesmo é a fonte dela, (Jo. 4:10). E, finalmente, ao chegarmos no céu, “o Cordeiro que se encontra no meio do trono, os guiará para as fontes da água da vida” (Ap. 7:17). E Jesus esclareceu: aquele “que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo. 4:14). Vamos ao estudo para sentirmos a preciosidade desse convite que Jesus está nos dando.

1. Uma Convocação Insistente: No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba” (V.37). Por um momento, vamos tentar imaginar quais foram os pensamentos que ocuparam o foro íntimo daquela multidão religiosa. Será que eles estavam plenamente satisfeitos com os resultados finais da festa? Eles assistiram todas as partes da celebração; testemunharam o sacrifício de animais, ouviram as explicações dadas pelos sacerdotes: e, talvez, alguns deles entraram na procissão na esperança de sentir algo que saciasse a sua sede espiritual. Afinal, foram à festa na expectativa de receber uma benção que pudesse alimentar a sua fome espiritual. Acreditamos que Jesus percebeu uma lacuna no coração de muitos. A festa foi bonita e bem organizada, contudo, muitos voltariam para casa com uma carência espiritual no coração. Cerimônias e representações materiais podem satisfazer os sentimentos do momento, porém, terminando o evento, o coração continua vazio e esfomeado. Por isso, Jesus se levantou e se apresentou como o único que tem o poder para satisfazer a sede espiritual de qualquer pessoa. Ele convida: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba”. Ele tem autoridade para falar desta maneira, porque foi enviado pelo Pai para comunicar vida aos desalentos e satisfazer a sede espiritual de todos aqueles que o buscam. Existe uma água enganosa que o mundo oferece a seus adeptos. Por isso, Jesus explicou: “Quem beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede” (Jo. 4:13-14).

A mulher samaritana acreditou que Cristo podia lhe dar essa água viva, e logo a pediu: “Senhor, dá-me dessa água para que eu não tenha sede” (Jo. 4:15). Mas, em vez de dar-lhe a dádiva, sem mais nada, “disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido e vem pra cá” (Jo. 4:16). Em outras palavras, o Senhor estava dizendo: Antes de poder receber o dom dessa água viva, o problema do pecado tem que ser resolvido, pois você não pode beber dessa água viva e ao mesmo tempo continuar na prática do pecado. A mulher não vacilou, confessou e abandonou a sua transgressão da lei de Deus, recebeu o pleno perdão de tudo e começou a viver como testemunha fiel a Jesus Cristo. Com esse ato, ela estava bebendo das águas vivas. Qual foi o resultado de sua conversão? “ Muitos outros creram em Jesus Cristo por causa do testemunho desta seva de Deus”, (Jo. 4:39). Vamos sempre lembrar: Confessar fé em Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, continuar na prática do pecado, é uma contradição e totalmente inaceitável diante de Deus. Sim, Cristo nos convoca com uma insistência para chegar a Ele e beber das águas vivas, porém, temos que chegar a Ele dispostos para viver de acordo com as normas que Ele mesmo prescreve: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele” (Jo. 14:21).  

2. Uma Condição Insistente. “Quem crer em mim, como diz a Escritura” (V.38a). Crer em Cristo significa muito mais do que uma mera crença em sua existência. Segundo a Bíblia, crer indica uma aproximação a fim de desfrutar de uma comunhão espiritual com Ele. Muitas vezes Cristo usava a palavra “Vem”. Por exemplo: “O quem vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (Jo. 6:37).  Chegamos a Cristo porque cremos e confiamos na veracidade da sua Pessoa e na suficiência do que Ele fez, a fim de garantir o perdão de todos os nossos pecados e conduzir-nos para a vida eterna. Cristo deu início a seu ministério, dizendo: “Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc. 1:15). O evangelho é a mensagem que descreve a Pessoa e a Obra de Jesus Cristo. Crer no Evangelho significa acreditar na Divindade de Cristo. Ele é o prometido “Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc. 2:11). “Nele habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl. 2:9). Ele é aquele que “subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e reconhecido em forma humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz” (Fl. 2:6-8). O que nós devíamos à lei, em termos de obediência, Cristo pagou tudo. Por exemplo, como transgressores da lei, a pena da morte pairava sobre nós, mas Ele mesmo cumpriu a sentença quando deu a sua vida em resgate por nós. Por causa da eficácia dessa morte substitutiva, Cristo recebeu a autoridade para perdoar pecadores, (Mc. 2:10). O Ap. Paulo resumiu esta verdade, escrevendo: “E a vós outros, que estáveis mortos em vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com Cristo, perdoando todos os nossos delitos; tendo cancelado o escrito de dívida que era contra nós” (Cl. 2:13-14). Agora, a nossa confiança está na infalibilidade desta promessa: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo. 1:9). Vamos desenvolver uma certeza quanto à nossa fé em Jesus Cristo, pois a nossa crença nele tem que estar de acordo com os ensinos específicos das Escrituras Sagradas.

3. Uma Conclusão Insistente. Quem crer em Cristo, a conclusão é inevitável: “Do seu interior fluirão rios de água viva” (V. 38b). Essa frase se refere ao Espírito Santo e à sua obra na vida de seu povo (V.39). Devemos aprender a valorizar a atuação do Espírito Santo em nossa vida. É Ele que opera em nosso “homem interior”, fortalecendo-o com poder para que possamos viver a vida cristã, (Ef. 3:16). Uma das dádivas mais importantes do Espírito Santo é a “sabedoria”, (Cl. 1:9). Salomão, reconhecendo as suas limitações, pediu a Deus: “Dá-me, pois, agora, sabedoria e conhecimento, para que possa sair e entrar perante este povo” (2Cr. 1:10). É de suma importância que sejamos vistos como pessoas que sabem como se portar de modo santo e irrepreensível, porque, como testemunhas, representamos a Pessoa de Jesus Cristo e a sua santidade (1 Ts.4:12). E, para isso, precisamos do toque vivificante do Espírito Santo.

Quando o nosso texto fala: “Do seu interior fluirão rios de água viva”, está se referindo à manifestação do fruto do Espírito Santo que transborda da nossa vida, como se fosse uma torrente de evidências comunicando a realidade de “Cristo em nós, a esperança da glória” (Cl. 1:27). É necessário que as pessoas ao nosso redor  vejam esse fruto em termos de amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio, (Gl. 5:22-23). Devemos tomar posse da promessa: “Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (Jo. 14:26). Quanto a este ensino que Cristo nos legou para a nossa edificação, está agora registrado, em toda a sua riqueza, nas Escrituras Sagradas. (Jo. 20:31).

Resta-nos uma pergunta importante: Como podemos experimentar a continuidade dessa obra do Espírito Santo em nossa vida? O Ap. Paulo nos dá a resposta certa: “ E não vos embriagueis com vinho (estimulantes carnais), no qual há dissolução, mas enchei-vos (tomai-vos) do Espírito” Como? Alimentando a nossa espiritualidade, “falando entre vós com Salmos (que representam a Bíblia inteira), entoando e louvando de coração o Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome do Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo” (Ef. 5:18-21). E um dos meios mais práticos para receber esse alimento espiritual é o exercício diário do culto familiar: a  família toda, pai, mãe e filhos, juntos, para cantar hinos, ler a Bíblia e orar. Na vida cristã não há como encurtar o processo de adquirir crescimento espiritual. “Porque é preceito sobre preceito, preceito e mais preceito, regra sobre regra, regra e mais regra; um pouco aqui, um pouco ali” (Is. 28:10).

Conclusão: Certo dia, vendo as multidões, Jesus “compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor” (Mt. 9:36). Jesus ainda revela essa mesma compaixão. Assim, ao contemplar as pessoas presentes na Festa dos Tabernáculos, Ele se apresentou como “o manancial de águas vivas” (Jr. 2:13); o único que pode saciar a sede espiritual dos povos. Por isso, Ele disse: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba”. Ele garantiu o resultado dessa aproximação, acrescentando: “Quem  crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”. Ele terá uma experiência espiritual que realmente sacia a alma sedenta. Mas, para desfrutar de uma vida com Cristo, temos que atender a sua convocação, obedecer à condição, que é crer que Jesus Cristo pode nos abençoar, e, com certeza, experimentaremos a conclusão: teremos uma vida espiritual que realmente satisfaz as necessidades da nossa alma. Portanto, o desafio é: “Oh! Provai e vede que o Senhor é bom. Bem-aventurado o homem que nele se refugia” (Sl. 34:8).           



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