Vasos de Honra

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

A PRÁTICA DO AMOR NA IGREJA


Rev. Ivan G. G. Ross

Leitura Bíblica: 1 Tessalonicenses 1:2-10
Introdução. Se alguém nos pedisse para detalhar as ênfases mais fortes em nossa Igreja, quais seriam os destaques mais evidentes? Ao escrever as suas Cartas à Igreja dos Tessalonicenses, o Ap. Paulo salientou três características, dizendo: “Damos, sempre,  graças a Deus por todos vós em nossas orações e, sem cessar, recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa , da abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição”. A existência dessas três verdades evidenciaram a realidade de sua eleição. O Apóstolo acrescentou a respeito dessa igreja: “Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade”, (2 Ts. 2:13). Notemos que a salvação e a santificação sempre agem juntas; a santificação é a evidência inconfundível da salvação, e, sem esse sinal, ninguém verá o Senhor” (Hb. 12:14).

Infelizmente, as observações do Apóstolo não foram tão positivas acerca das Igrejas dos Coríntios e dos Gálatas. Em Corinto, houve uma falta de amor, divisões, heresias e imoralidade, (1Co. 1:10 -13; 5:1). É triste observar que, quando os membros da Igreja estão divididos entre si, todo tipo de pecado começa a entrar, maculando a santificação que deve caracterizar o povo de Deus. O pecado nunca entra na pessoa sozinho; ele é sempre acompanhado por “sete espíritos, piores do que ele” (Mt. 12:43-45). Em Galácia, a falta de amor reinava entre os membros, deixando-os a morderem e devorarem uns aos outros, assim, destruindo-se mutuamente, (Gl. 5:15). E, juntamente com a falta de amor, dissensões, heresias e imoralidades entraram (Gl. 3:1-5, 19-21). Mas, na Igreja dos tessalonicenses, o amor a Deus e ao próximo caracterizaram os membros; e não há registro direto de heresias e nem de imoralidades. Portanto, meditaremos sobre o poder e a prática do amor na vida da Igreja, observando que a palavra “amor” é usada nove vezes nas duas Cartas aos Tessalonicenses. Essa frequência me despertou para preparar esta mensagem.

1. O Amor a Deus. Se nós amamos a Deus, seremos operosos na fé. O Ap. Paulo escreveu: “Damos sempre graças a Deus por todos vós, mencionando-vos em nossas orações e, sem cessar, recordando-nos, diante de nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa fé”. Essa operosidade se refere, principalmente, à salvação e à sua manifestação. O Apóstolo escreveu: “Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé e do amor e tomando como capacete a esperança da salvação”. (1Ts. 5:8). A operosidade da nossa fé se manifestará mediante a maneira em que usarmos a fé, o amor e a esperança da salvação. Esses três elementos são, basicamente, uma armadura que nos protegerá contra os males que caracterizam as obras das trevas, tal como uma dormência entorpecente, uma insensibilidade diante dos valores espirituais.

a) Como usar a fé. O Apóstolo fala de pessoas que “não acolheram o amor da verdade, para serem salvos” (2Ts. 2:10). Pela fé, temos uma confiança fundamentada sobre as verdades da Bíblia Sagrada. Cremos que “nestes últimos dias (Deus) nos falou pelo Filho”. E, o que Ele tem falado é fielmente registrado nas Escrituras Sagradas. Pela fé, cremos “que nenhuma profecia da Escrituras provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2Pe. 1:21-22). Nós não somos iguais àqueles que não acolheram o amor da verdade, antes, amamos cada parte das Escrituras: as ameaças, as promessas e os convites. Pela fé, os antigos conseguiram acreditar em tudo o que Deus falara, e obtiveram promessas, (Hb. 11:33). Não sejamos como os incrédulos, antes, usemos a nossa fé para viver segundo os ensinos das Escrituras e obteremos a salvação da nossa vida por meio de Jesus Cristo.

b) Como usar o amor. Dentro desse contexto, o  amor a Deus nos constrangerá para que não sejamos “cúmplices nas obras infrutíferas das trevas” (Ef. 5:11). Por que José não se entregou à tentação? Porque seu amor a Deus o fez exclamar: “Como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?” (Gn. 39:9). Cristo disse:  “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama, e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu  também o amarei e me manifestarei a ele” (Jo. 14:21). Quando amamos, somos constrangidos a obedecer a tudo o que Deus ordena. Temos a mesma disposição do nosso Senhor e Salvador, que confessou: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e a realizar a sua obra” (Jo. 4:34). Fazendo assim, estamos usando o amor para obedecer a Deus.

c) Como usar a esperança da salvação. Embora aquele que crê em Jesus Cristo tenha a salvação, devemos reconsiderar o que aconteceu no ato de receber essa salvação: fomos redimidos da culpa, poluição e castigo do pecado, ou seja, livramento da  ira de Deus que paira sobre o pecado, o qual será revelado no Dia do Juízo, (1Ts. 1:10). Devemos reconhecer a realidade da redenção, porque é  fruto do sacrifício substitutivo de Jesus Cristo. Enfim, a esperança da salvação é resumida nestas palavras: “Porque Deus não nos destinou para ira, mas para alcançar a salvação, mediante o nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós, para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos em união com Ele. Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai-vos reciprocamente como também estais fazendo”. (1Ts. 5:9-10). Usemos a nossa esperança da salvação para ajudar os novos na fé. O Ap. Paulo, comentando sobre o agrupamento  dessas três palavras, disse: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém, o maior deles, é o amor” (1Co.13:13).

2. O Amor ao Irmão. Se nós realmente amamos o nosso irmão, temos de praticar a abnegação. O Apóstolo escreveu: “Dou sempre graças a Deus por todos vós, mencionando-vos diante de Deus e Pai (...) da abnegação do vosso amor”. Abnegação significa: desprendimento do interesse próprio. Portanto, para amar o nosso irmão, não podemos ser egoístas, isto é, alguém que trata só de seus próprios interesses. Um dos grandes problemas dos nossos dias é o excesso de egoísmo; cada um querendo impor a sua própria vontade. O ensino da Bíblia é este: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros”. Em seguida, o texto nos ensina como Cristo praticou essa abnegação: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus, antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz” (Fp. 2:5-8). O Ap. Paulo podia confessar: “Eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol da vossa alma. Se mais vos amo, serei menos amado?” (2Co. 12:15). Não podemos ser limitados em nossos próprios afetos. A exortação é esta: “Dilatai-vos também vós” (2Co. 6:12-13). Temos que abrir o nosso coração, bem como a nossa mão e o nosso tempo, a fim de demonstrar que amamos de verdade. “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar a nossa vida pelos irmãos. Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade e fechar-lhe o coração, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade” (1Jo. 3:16-18).

A Igreja dos tessalonicenses foi renomada por seu amor aos irmãos. O Apóstolo registrou em favor deles: “No tocante ao amor fraternal, não há necessidade de que eu vos escreva, porquanto vós mesmos estais por Deus instruídos que deveis  amar uns aos outros; e, na verdade, estais praticando isso mesmo para com todos os irmãos em  toda a Macedônia. Contudo, vos exortamos, irmãos, a progredirdes cada vez mais” (1Ts. 4:9-10). O amor é como se fosse um organismo vivo, que precisa ser praticado a fim de crescer cada vez mais. O Ap. Pedro escreveu com o mesmo sentimento: “Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados” (1Pe. 4:8). Talvez, podemos estar falhando em muitas coisas, porém, a falta de amor não pode ser inocentada. Por quê? Porque a falta de amor põe em dúvida a realidade da nossa experiência cristã. “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor”. (1Jo. 4:7-8).

3. O Amor às Missões. Se nós amamos as missões, temos que estar bem alicerçados nos princípios espirituais que se encontram nas Escrituras Sagradas. O Apóstolo escreveu: “Damos sempre graças a Deus por  todos vós, mencionando-vos em nossas orações e, sem cessar, recordando-nos diante do nosso Deus e Pai (...) da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo”. Essa esperança se refere mais à disposição espiritual desses recém-convertidos em Tessalônica, no meio de tribulações. Esses cristãos tinham deixado o judaísmo a fim de viver de acordo com a “esperança em nosso Senhor Jesus Cristo”. Por  isso, seus compatriotas desencadearam uma perseguição cruel contra eles. O Apóstolo registrou esta denúncia contra eles: “Os quais não somente mataram o Senhor Jesus e os profetas, como também nos perseguiram, e não agradam a Deus, e são adversários de todos os homens, a ponto de nos impedirem de falar aos gentios para que estes sejam salvos” (1Ts. 2:14-16). O Ap. Paulo foi apedrejado pelos judeus, “dando-o por morto”, mas o Senhor o levantou, (At. 14:19-20). Nesse contexto, podemos entender a alegria do Apóstolo, quando disse: ”Damos, sempre, graças a Deus por vós (...) e da firmeza da vossa esperança em  nosso Senhor Jesus Cristo”. Nele, “temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu” (Hb. 6:19). Nós, que nunca enfrentamos uma perseguição dessa natureza, devemos usar a nossa liberdade para nos envolver no trabalho de Missões, orando, contribuindo, ou, até indo, porque os campos “já branquejam para a ceifa” (Jo. 4:35). Apesar das perseguições, os tessalonicenses não negligenciaram esse aspecto da vida cristã.

Qual é a característica básica daquele que anuncia as boas novas do evangelho? Entre outras qualidades, é indispensável que tenha uma firmeza na sua esperança em Jesus Cristo. Ele tem que ter experimentado, em sua própria vida, uma obra regeneradora e renovadora pelo Espírito Santo, evidenciada mediante uma vida santa e irrepreensível. Em outras palavras, deve ser uma nova criatura em Cristo Jesus, (2Co. 5:17). É a obra do Espírito Santo que lhe dá esta esperança, uma confiança imperturbável na eficácia da obra redentora de Jesus Cristo, no qual há o perdão de todos os pecados e a certeza da vida eterna. Qual é a obra principal daquele que anuncia as boas novas do evangelho? Os tessalonicenses se tornaram um modelo para todos os crentes na Macedônia e na Acaia. “Porque de vós repercutiu a palavra, não só na Macedônia e Acaia, mas também por toda parte se divulgou a vossa fé para com Deus, a tal ponto de não termos necessidade de acrescentar coisa alguma; pois eles mesmos, no tocante a nós, proclamam que repercussão teve o nosso ingresso no vosso  meio, e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus para servirdes o Deus vivo e verdadeiro e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura”. Percebemos a intensidade do trabalho realizado pelos tessalonicenses. Qual é a maneira certa para recepcionar esses homens que trabalham incessantemente na seara do Senhor? “Agora, vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós e que vos presidem no Senhor e vos admoestam; e que tenhais com amor em máxima consideração, por causa do trabalho que realizam. Vivei em paz uns com os outros” (1Ts. 5:12-13).

Conclusão: Terminamos com a pergunta que fizemos no início da meditação. Se alguém nos pedisse para detalhar as ênfases mais fortes em nossa Igreja, quais seriam os destaques mais evidentes? Deixamos a resposta para a consciência de cada um, lembrando que a nossa resposta, em parte, será uma revelação da nossa própria espiritualidade, pois nós somos a Igreja. A Igreja de Tessalônica foi reconhecida pela operosidade da sua fé, pela abnegação de seu amor; e pela firmeza da sua esperança em Jesus Cristo. E, com essas características, os tessalonicenses se tornaram modelo para as Igrejas em toda a região. Em nossa Igreja, bem como em nossa própria vida, que tipo de repercussão estamos produzindo? Que Deus nos ajude para que alcancemos um testemunho santo e irrepreensível mediante o nosso modo de viver no meio das pessoas ao nosso redor.
Amém.  


O CUIDADO DO SENHOR



Versículo Bíblico: “De Benjamim disse: O Amado do Senhor habitará seguro com ele; todo dia o Senhor o protegerá, e ele descansará nos seus braços”, Deut. 33:12. 

Introdução: Quem são esses “amados do Senhor”? Não pode ser cada pessoa nascida de mulher, pelo simples fato de existir duas classes, bem dessemelhantes. A diferença é tal como o branco e o preto, o dia e a noite. Não existe uma classe neutra, nem clara e nem escura. A diferença é moral e espiritual. Alguns amam e servem a Deus, enquanto outros o rejeitam e servem os seus próprios interesses. 
Esses amados do Senhor são designados como: “raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamarem as virtudes daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; os que antes, não eram povo, mas, agora, são povo de Deus; que não tinham alcançado misericórdia, mas, agora, alcançaram misericórdia”, 1 Pe.2:9-10. A diferença entre as duas classes é um fato bíblico, porque os amados do Senhor são aqueles que foram separados “antes da fundação do mundo, para serem santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor os predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade”,  Ef.1:4-5. A prova desse beneplácito tem este selo: “E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba Pai!”. Esse clamor é o nosso reconhecimento da nossa adoção e a paternidade de Deus. Ele é o nosso Pai que está nos céus. Somos os amados do Senhor por causa da mediação de Jesus Cristo e o que Ele fez, a fim de sermos adotados como filhos. Sem Ele, estaríamos ainda “mortos em nossos delitos e pecados”, Ef.2:1. Agora, vamos meditar sobre o cuidado que o Senhor tem para com esse povo amado.

1.Um Cuidado Seleto: “O amado do Senhor habitará seguro com ele”. Esse cuidado é seleto, é especial. Embora o cuidado do Senhor se estenda para toda a  humanidade pela graça comum, no sentido de que Deus “não deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos bênçãos do céu, chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e alegria”, At.14:17. Contudo, no meio dessas bênçãos comuns, não se encontram as dádivas da salvação; elas pertencem, exclusivamente, aos amados do Senhor, aos que crêem no seu nome.

O amado do Senhor recebe um cuidado seleto, um cuidado diferenciado. Ele é  guardado pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo, 1Pe.1:15. O descrente não tem essa distinção, antes,  ele é abandonado para andar “segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência”,  Ef.2:2. Mas o amado do Senhor não é abençoado sem a sua participação consciente; ele tem que estar “com o Senhor”, em plena comunhão espiritual com Ele. Mas, como ele pode alcançar essa comunhão? Cristo disse : “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele”, Jo.14:21. E, como podemos conhecer esses mandamentos que revelam o amor do Pai e do seu Filho Jesus Cristo? A resposta é uma só: através da leitura diária das Escrituras Sagradas e com a oração entregando a nossa  vida aos cuidados do Senhor. O salmista pedia:  “Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei”, acrescentando: “Com efeito, os teus testemunhos são o meu prazer, são os meus conselheiros”, Sl.119:18,24. Dessa maneira, a benção do Senhor repousará sobre nós, os seus amados; e, cresceremos na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, 2 Pe.3:18.

O que mais podemos dizer sobre a preferência que os amados do Senhor experimentam? Certamente, a evidência da nossa salvação eterna não pode ser esquecida. E, devemos lembrar que ela é inteiramente devida à graça e misericórdia de Deus: “Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque  Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação e fé na verdade, para que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para alcançardes a glória do nosso Senhor Jesus Cristo”, 2 Ts. 2:13-14. Sim, devemos sempre dar graças ao Senhor, porque somos aqueles amados que ele mesmo escolheu. Que possamos andar de modo digno da nossa vocação, Ef. 4:1. 

2. Um Cuidado Seguro: O amado do Senhor tem esta promessa: “Todo o dia o Senhor o protegerá.” Qual é a extensão dessa proteção? Não apenas cada dia, mas, sim, durante o dia inteiro. Precisamos desse cuidado constante, porque podemos ser surpreendidos a qualquer momento numa intriga espiritual que tem reflexos morais. Mas a promessa é esta: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus”, Fp.4:7 Precisamos dessa proteção a cada instante! Muitas das nossas lutas espirituais não são com poderes externos, antes, acontecem dentro do nosso coração e da nossa mente; desejos conflituosos. Qual é a natureza dessas intrigas espirituais? Devemos sempre nos lembrar deste alerta: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar”. Mas ele tem que ser resistido, 1Pe.5:7-8. Como? Eis a resposta: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo, porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim, contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.” Essa armadura é composta de oito itens essenciais: 1° Cingindo-nos com as verdades das Escrituras Sagradas. Temos que conhecê-las e praticar os seus ensinos. 2° Vestindo-nos da justiça de Jesus Cristo, que Ele adquiriu por nós mediante a sua obediência imaculada à lei de Deus. 3° O nosso procedimento deve ser caracterizado com o evangelho da paz, paz com Deus e com o nosso próximo. 4° Embraçando a fé na providência de Deus, através da qual podemos apagar todos os dardos inflamados do Maligno; dardos que carregam o veneno de pensamentos pecaminosos. 5° A importância da certeza da nossa salvação, podendo dizer: “E, de fato, somos filhos de Deus”, 1Jo 3:1, uma convicção que alcançamos quando estamos alicerçados na obra redentora de Jesus Cristo. 6° Temos que saber como usar a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus. Satanás não tem como resistir quando o refutamos com: “ Assim diz o Senhor”, ou, “Está escrito”. Cristo venceu declarando seu compromisso com as Escrituras, Mt. 4:1-11. 7° A oração e a súplica, direcionadas pelo Espírito Santo, que nos faz pedir segundo a vontade de Deus. Dessa maneira, seremos ouvidos, 1 Jo5:14. 8° Vigiando com perseverança, cuidando da nossa vida espiritual e a dos nossos irmãos, com as nossas súplicas. É importante estudar Efésios 6:10-18.

Temos que reconhecer o poder dessas intrigas espirituais. Temos que resistir à tendência de ficarmos frios e desanimados com esse assédio incansável do nosso adversário, cujo propósito é assolar a nossa firmeza em Cristo; mas, vestidos de toda a armadura de Deus, com esses oito itens já apresentados, seremos mais que vencedores. E, finalmente, temos que recusar os convites do mundo secular, a fascinação da segurança social a qualquer preço, pois essa tendência pode prejudicar a nossa vida espiritual, uma perda cara demais. Para terminar este ponto com uma verdade positiva: os amados do Senhor são protegidos com um cuidado seguro, todo o dia, pois Ele é o nosso Salvador.

3.Um Cuidado Sereno: O amado do Senhor “descansará nos seus braços”. Cristo podia declarar: “As minhas  ovelhas ouvem a minha voz, elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão”,  Jo. 10:27-28. Nesses dois versículos, observe como Jesus elogia o seu povo: As minhas ovelhas, quando ouvem a minha voz, me obedecem. Agora, veja como Cristo serena os seus seguidores. Cuido de cada um, e ninguém os tirará da minha proteção. De fato, o amado do Senhor  pode descansar em seus braços. E, para enfatizar com maior intensidade esse cuidado, Cristo acrescentou no versículo 29: “Aquilo que meu Pai me deu (essas ovelhas) é maior do que tudo (as ovelhas são os tesouros mais valiosos, por causa do preço da sua redenção, por isso) da mão do meu Pai ninguém pode arrebatar”. Com essas verdades, entendemos como os amados do Senhor podem “ descansar nos seus braços”.

Voltamos para meditar mais demoradamente sobre os dois versículos de João 10:27-28. O que essas ovelhas, que o Pai entregou a seu Filho, precisam ouvir para seguir a Jesus Cristo? Deus chama o seu povo mediante uma mensagem específica: “A palavra da verdade, o evangelho da sua salvação”, Ef. 1:13. Reconhecemos que esse chamado, ou “vocação eficaz provém unicamente da livre e especial graça de Deus, e não de qualquer coisa prevista no homem.” Qual é a reação da pessoa que recebe esse chamado eficaz? A resposta deve ser entendida desta maneira: “Nesta vocação, o homem é inteiramente passivo, até que, vivificado e renovado pelo Espírito Santo, fica habilitado a responder a ela e a receber a graça nela oferecida e comunicada.” Sem essa vivificação pelo Espírito Santo, o homem jamais seguiria a doce voz de Jesus. Mas a prova de que temos ouvido o evangelho eficaz e salvificamente é que vimos “mui livremente, sendo por isso dispostos pela sua graça”, Con. de Fé, Cap.10. E, agora, feitos “sábios para a salvação pela fé em Jesus Cristo”, o Salvador se dirige às suas ovelhas, dizendo: “E ninguém as arrebatará da minha mão”. Ouvimos o evangelho e passamos a seguir a Jesus Cristo, que fala ao nosso coração, dizendo: A sua salvação está garantida, porque ninguém pode te arrebatar da minha mão. Aqui, a mão simboliza seu grande poder, pois Ele “pode salvar totalmente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre a interceder por eles”, Hb 7:25. 

Os amados do Senhor são um povo que habitará seguro com Ele, “ todo o dia o Senhor o protegerá e ele descansará nos seus braços.” Aqui temos um cuidado seleto, seguro e sereno, o que mais poderíamos desejar?

Conclusão: O Apóstolo João comentou: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus, e, de fato, somos filhos de Deus”, 1 Jo. 3:1. Sim, somos os amados do Senhor. Que cada um de nós possamos viver, conscientemente, como na presença de Deus, honrando o privilégio de sermos conhecidos como os amados do Senhor. Amém!



segunda-feira, 4 de setembro de 2017

O ESTUDANTE DE TEOLOGIA



Warfield (um conhecido teólogo) conclui seu estudo sobre a ideia de Teologia Sistemática com esta mui comovente declaração em relação ao estudante de teologia:

“Se é este o valor no uso da doutrina, o teólogo sistemático é, preeminentemente, um pregador do evangelho; e o propósito de seu trabalho é, obviamente, não apenas a organização lógica das verdades que pertencem à sua disciplina, mas, comover os homens, mediante o seu poder, para  amar a Deus de todo seu coração e o seu próximo como a si mesmo; escolher a sua vocação com o Salvador de suas almas; achar e apegar-se a Ele como uma preciosidade; e  reconhecer e entregar-se às mansas direções do Espírito Santo, o qual foi enviado por Ele (Jesus Cristo). Com uma verdade como esta, ele não se atreverá a  lidar com o seu estudo de uma maneira meramente fria e científica, antes, permitirá, com justiça e necessidade, a sua preciosidade e o seu  propósito prático a determinar a atitude pela  qual ele procede no seu estudo, e despertar um amor reverencial, sem o qual ele não pode compreender as suas relações recíprocas. Para isso, ele precisa ser infundido, o tempo todo, com uma apreciação inefável do valor da revelação que está diante dele, como a fonte de seu material, e com a postura pessoal de suas verdades individuais sobre a sua própria vida e coração; ele precisa ter uma experiência religiosa plena, rica e profunda das grandes doutrinas que ele estuda; ele precisa estar vivendo em plena comunhão com Deus, estar sempre descansando nos braços de seu Redentor, para sempre estar cheio das direções reveladas do Espírito Santo. O estudante de teologia sistemática precisa ter uma natureza religiosa, que é mui sensível, um coração totalmente consagrado e um derramamento do Espírito Santo sobre a sua vida, que o encherá com aquele discernimento, sem o qual, toda a sua capacidade é vã. Ele precisa ser, não apenas um estudante, não apenas um pensador, não apenas um sistematizador, não apenas um professor, antes, ele mesmo precisa ser semelhante àquele discípulo amado no sentido mais elevado, verdadeiro e santificado, enfim, um que teme a Deus.



Extraído de Teologia Sistemática, por Morton H. Smith, página 20

A PRONTIDÃO DO SENHOR




Rev. Ivan G. G. Ross

Leitura Bíblica: Salmo 23:1-6.

Introdução:  Embora tenhamos o costume de ouvir: “O Senhor é o meu pastor”, creio que é igualmente apropriado e bíblico dizer: “O Senhor é o meu Guia”. O Salmista, exaltando o Senhor, confessou: “Que este é Deus, o nosso Deus para sempre; Ele será o nosso Guia até a morte” (Sl. 48:14). E esta oração ao Senhor pode ser a nossa: “Guia-me na tua verdade e ensina-me, pois tu és o Deus da minha salvação” (Sl. 25:5). Agora, em vez de me considerar como uma ovelha, quero me apreciar como um peregrino, caminhando para a minha morada lá no céu. Creio que  o contexto do Salmo 23 permite vermos o Senhor como nosso Guia, que é sinônimo de Pastor, aquele que cuida de todas as nossas necessidades enquanto caminhamos pelo vale de Sidim (local de guerra, Gn. 14:8).

Notemos que o Salmo 23 é intensamente pessoal, eu e o meu Senhor. Por causa dessa intimidade, “não temerei mal nenhum, porque tu (o Senhor) estás comigo”. Embora existam milhões de pessoas invocando o nome do Senhor, temos que reconhecer a nossa singularidade, temos que lidar com o nosso Deus como indivíduos responsáveis. “E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele para quem temos de prestar contas” (Hb. 4:13).

1. A Provisão do Senhor, Vs. 1-2. Ao peregrinar para o lar celestial, quais são algumas das provisões incluídas nesta promessa preciosa: “Nada me faltará”? O Senhor não nos guia por caminhos que causam decepção, antes, Ele nos “faz repousar em pastos verdejantes”. Ele não nos guia por caminhos áridos, antes, Ele nos leva “para junto das águas de descanso”. Nessas duas figuras, que têm basicamente o mesmo sentido, percebemos o cuidado que o Senhor tem para com o seu povo. Ele consola os desanimados, ampara os fracos e é longânimo para com todos. “Faz forte ao cansado, multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansam e se fatigam e os moços de exaustos caem, mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águia, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam” (Is. 40:29-31).

Visto que estamos caminhando para o lar celestial, fundamentamos a nossa vida sobre valores espirituais, aprendemos de Cristo e andamos com Ele. “Aquele que diz que permanece em Cristo, esse deve também andar assim como Ele andou” (1Jo. 2:6). Vamos meditar, por um momento, sobre o que Cristo fez por nós: “Comigo houve pobreza e vacuidade; porém, com Ele, riquezas e plenitudes. Por causa da minha pobreza, Ele se fez pobre; porém, agora, as suas riquezas me fizeram rico, para nunca mais ser pobre. Eu era, muitas vezes, cansado; porém, Ele é sempre forte. Havia um tempo quando o meu cansaço o fez cansado; mas, agora, a sua força me faz forte. Eu conhecia somente os lugares pesados e barulhentos; porém, Ele me fez conhecer os lugares lenimentos (suaves) e tranquilos. Havia um tempo quando Ele, para me buscar, entrou nesses lugares mundanos; e, agora, habito com Ele em pastos verdejantes e águas de descanso. Eu estava com fome e sede num lugar desértico; porém, nele, tenho todas as plenitudes da providência de Deus, onde ele refrigera a minha alma, dia após dia” (citado do livro: The Psalms, por W. E. Scroggie). Agora, o Salmista faz uma pergunta pertinente: “Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me comprazo na terra” (Sl. 73:25). “Digo ao Senhor: Tu és o meu Senhor; outro bem não possuo, senão a ti somente” (Sl. 16:2).  

2. A Proteção do Senhor, Vs 3:4. Ele me guia pelas veredas da justiça, por amor do seu nome”. Primeiro, Ele “refrigera” (restaura) a minha alma, colocando-a em plena comunhão espiritual consigo mesmo, para,  em segundo lugar, guiar-me pelas veredas da justiça. A conversão, ser nascido de novo, sempre precede qualquer direção espiritual em nossa vida. Ele não nos guia para alcançar preeminência nos negócios deste mundo, mas, sim, excelência na prática da justiça. E qual a razão dessa direção? Por amor do nome do Senhor. De certa forma, quando fomos chamados para glorificar a Deus pela prática da justiça, Ele envolveu a honra do seu nome em nosso procedimento. Mas Ele não nos deixou sozinhos para glorificar o seu nome, antes, Ele mesmo nos guia soberanamente, dando-nos as necessárias forças para agir de acordo com a sua vontade, por amor do seu nome. Assim, é Ele quem recebe toda glória e é a graça imerecida que há de completar a sua obra santificadora que Ele começou quando fomos “chamados para sermos de Jesus Cristo” (Rm. 1:6).

Na Bíblia, o verbo “andar” normalmente se refere ao nosso modo de viver, “andar nas trevas” (Jo. 8:12); “andar na luz” (Ef. 5:8). O Apóstolo falou sobre o andar negativo: “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andaste outrora, segundo o curso deste mundo” (Ef. 2:2). E, agora, o andar positivo: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis dignos da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz” (Ef. 4:1-3). Andar, portanto, sempre envolve direção; estamos andando de acordo com a vontade de Deus. A experiência nos ensina que, nesse andar, temos que enfrentar todo o tipo de circunstâncias, coisas agradáveis, bem como desagradáveis. Nunca saberemos o que pode acontecer no amanhã; contudo, para o cristão, o desconhecido não lhe dá medo, porque Cristo prometeu: “E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século” (Mt. 28:20).

Nesse contexto, o Salmista declarou: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo”. Esse “vale” se refere às circunstâncias aflitivas, e não necessariamente à morte física. Contudo, o Salmista emprega uma frase expressiva: “A sombra da morte”. Uma sombra, apesar de indicar uma presença, não é o objeto em si. Sentimos a possibilidade de um problema, porém, muitas vezes, ele não nos toca. Mas, por outro lado, especialmente no caso da morte, ou de um querido, ou da nossa própria, temos que ficar de sobreaviso.  

Então, como podemos nos preparar para qualquer eventualidade? A resposta do Salmista é que devemos confiar na prometida proteção, cuidado e presença consoladora do Senhor. “Não temerei mal nenhum, porque tu (o Senhor) estás comigo; o teu bordão e o teu cajado (os meios da graça: a Palavra de Deus e a oração), me consolam”. O Apóstolo acrescenta: “Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino, foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras tenhamos esperança” (Rm. 15:4). Tempos de grandes elevações espirituais devem ser moderados com a lembrança das palavras solenes do Apóstolo no exercício de seu ministério: “Fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé; mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus” (At. 14:22) Variadas circunstâncias, sim, mas em todas essas coisas, somos peregrinos vitoriosos por meio de Jesus Cristo (Rm. 8:37).

3. A Profusão do Senhor, Vs.5-6. O peregrino chegou ao término da sua carreira. Mas qual é a esperança do cristão, que andava no Espírito, evitando as concupiscências da carne? (Gl.5:16). Ele ouvirá: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt. 25:34). Em seguida, será recepcionado de acordo com os costumes de hospedagem do Oriente. Uma mesa de delícias o aguardará; sua cabeça será ungida com óleo e receberá um cálice transbordante de “água das fontes da salvação” (Is. 12:3). Uma referência a esse costume pode ser encontrada em Lucas 7:36-50, onde o convidado receberia os sinais de boas vindas: ter os pés lavados; ter a cabeça ungida com óleo ou bálsamo; receber um ósculo. No caso relatado por Lucas, embora convidado por um fariseu, Jesus não foi honrado com esses sinais de boas vindas, porém, uma pecadora veio com um vaso de alabastro e derramou tudo sobre a pessoa de Jesus, demonstrando, publicamente, o seu muito amor, porque Ele perdoara os seus muitos pecados. O nosso peregrino não foi desprezado, como aconteceu com Jesus na casa do fariseu, antes, foi recebido com uma festa luxuosa, sua cabeça foi ungida com óleo, e na sua mão recebeu um cálice transbordante de toda sorte de bênçãos espirituais. É quase impossível imaginar o que “Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1Co. 2:9).

Outro detalhe que enaltece o recebimento do peregrino: “Prepara-me uma mesa na presença dos meus adversários”. O povo de Deus tem os seus adversários, pessoas que têm prazer em demonstrar a sua rejeição a Deus e a seu povo. Mas, no Dia Final, esses zombadores serão obrigados, em seu tormento, a contemplar a bem-aventurança daqueles que amam e respeitam a Deus. Na parábola do Rico e do Mendigo, o rico via a felicidade de Lázaro. A circunstância dos dois é resumida com estas palavras ao rico: “Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro, igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos”. (Lc. 16:19-31). A lição que  Jesus está inculcando é esta: “Não vos enganeis: de  Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl. 6:7).

Qual é a bem-aventurança do peregrino, já no céu? Com a sua cabeça ungida com óleo purificador, ele tem pensamentos de gratidão, confessando: “ O meu cálice transborda”. O nosso gozo é completo, (Jo. 15:11). Ligado inseparavelmente a esse gozo está a confiança de continuidade: “Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida (na eternidade); e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre”. Davi previu essa bem-aventurança espiritual quando escreveu: “Como é preciosa, ó Deus, a tua benignidade! Por isso, os filhos dos homens se acolhem à sombra das tuas asas. Fartam-se da abundância da tua casa, e na torrente das tuas delícias lhes dás de beber. Pois em ti está o manancial da vida; na tua luz, vemos a luz” (Sl.36:7-9). 

Conclusão: No Salmo 23, temos uma fonte de riquezas, porém, elas têm que ser descobertas mediante um tempo dedicado a esse fim. O Senhor é o meu Pastor; mas Ele é também o meu guia, “Guiando-me na verdade do  Senhor e ensinando-me, pois Ele é o Deus da minha salvação, em quem eu espero todo o dia” (Sl. 25:5). Temos visto a Provisão do Senhor: “Nada me faltará”. Temos visto a Proteção do Senhor: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo”. E temos visto a Profusão do Senhor: “Preparas-me uma mesa ... o meu cálice transborda”. Terminamos citando o hino: “Peregrinando por sobre os montes, e pelos vales, sempre na luz! Cristo promete nunca deixar-me, eis-me convosco, disse Jesus. – Brilho Celeste! Brilho Celeste! Enche a minha alma, glória do céu! Aleluia! Sigo cantando, dando louvores, pois Cristo é meu!” (HNC 114).