Vasos de Honra

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

A PRÁTICA DO AMOR NA IGREJA


Rev. Ivan G. G. Ross

Leitura Bíblica: 1 Tessalonicenses 1:2-10
Introdução. Se alguém nos pedisse para detalhar as ênfases mais fortes em nossa Igreja, quais seriam os destaques mais evidentes? Ao escrever as suas Cartas à Igreja dos Tessalonicenses, o Ap. Paulo salientou três características, dizendo: “Damos, sempre,  graças a Deus por todos vós em nossas orações e, sem cessar, recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa , da abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição”. A existência dessas três verdades evidenciaram a realidade de sua eleição. O Apóstolo acrescentou a respeito dessa igreja: “Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade”, (2 Ts. 2:13). Notemos que a salvação e a santificação sempre agem juntas; a santificação é a evidência inconfundível da salvação, e, sem esse sinal, ninguém verá o Senhor” (Hb. 12:14).

Infelizmente, as observações do Apóstolo não foram tão positivas acerca das Igrejas dos Coríntios e dos Gálatas. Em Corinto, houve uma falta de amor, divisões, heresias e imoralidade, (1Co. 1:10 -13; 5:1). É triste observar que, quando os membros da Igreja estão divididos entre si, todo tipo de pecado começa a entrar, maculando a santificação que deve caracterizar o povo de Deus. O pecado nunca entra na pessoa sozinho; ele é sempre acompanhado por “sete espíritos, piores do que ele” (Mt. 12:43-45). Em Galácia, a falta de amor reinava entre os membros, deixando-os a morderem e devorarem uns aos outros, assim, destruindo-se mutuamente, (Gl. 5:15). E, juntamente com a falta de amor, dissensões, heresias e imoralidades entraram (Gl. 3:1-5, 19-21). Mas, na Igreja dos tessalonicenses, o amor a Deus e ao próximo caracterizaram os membros; e não há registro direto de heresias e nem de imoralidades. Portanto, meditaremos sobre o poder e a prática do amor na vida da Igreja, observando que a palavra “amor” é usada nove vezes nas duas Cartas aos Tessalonicenses. Essa frequência me despertou para preparar esta mensagem.

1. O Amor a Deus. Se nós amamos a Deus, seremos operosos na fé. O Ap. Paulo escreveu: “Damos sempre graças a Deus por todos vós, mencionando-vos em nossas orações e, sem cessar, recordando-nos, diante de nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa fé”. Essa operosidade se refere, principalmente, à salvação e à sua manifestação. O Apóstolo escreveu: “Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé e do amor e tomando como capacete a esperança da salvação”. (1Ts. 5:8). A operosidade da nossa fé se manifestará mediante a maneira em que usarmos a fé, o amor e a esperança da salvação. Esses três elementos são, basicamente, uma armadura que nos protegerá contra os males que caracterizam as obras das trevas, tal como uma dormência entorpecente, uma insensibilidade diante dos valores espirituais.

a) Como usar a fé. O Apóstolo fala de pessoas que “não acolheram o amor da verdade, para serem salvos” (2Ts. 2:10). Pela fé, temos uma confiança fundamentada sobre as verdades da Bíblia Sagrada. Cremos que “nestes últimos dias (Deus) nos falou pelo Filho”. E, o que Ele tem falado é fielmente registrado nas Escrituras Sagradas. Pela fé, cremos “que nenhuma profecia da Escrituras provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2Pe. 1:21-22). Nós não somos iguais àqueles que não acolheram o amor da verdade, antes, amamos cada parte das Escrituras: as ameaças, as promessas e os convites. Pela fé, os antigos conseguiram acreditar em tudo o que Deus falara, e obtiveram promessas, (Hb. 11:33). Não sejamos como os incrédulos, antes, usemos a nossa fé para viver segundo os ensinos das Escrituras e obteremos a salvação da nossa vida por meio de Jesus Cristo.

b) Como usar o amor. Dentro desse contexto, o  amor a Deus nos constrangerá para que não sejamos “cúmplices nas obras infrutíferas das trevas” (Ef. 5:11). Por que José não se entregou à tentação? Porque seu amor a Deus o fez exclamar: “Como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?” (Gn. 39:9). Cristo disse:  “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama, e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu  também o amarei e me manifestarei a ele” (Jo. 14:21). Quando amamos, somos constrangidos a obedecer a tudo o que Deus ordena. Temos a mesma disposição do nosso Senhor e Salvador, que confessou: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e a realizar a sua obra” (Jo. 4:34). Fazendo assim, estamos usando o amor para obedecer a Deus.

c) Como usar a esperança da salvação. Embora aquele que crê em Jesus Cristo tenha a salvação, devemos reconsiderar o que aconteceu no ato de receber essa salvação: fomos redimidos da culpa, poluição e castigo do pecado, ou seja, livramento da  ira de Deus que paira sobre o pecado, o qual será revelado no Dia do Juízo, (1Ts. 1:10). Devemos reconhecer a realidade da redenção, porque é  fruto do sacrifício substitutivo de Jesus Cristo. Enfim, a esperança da salvação é resumida nestas palavras: “Porque Deus não nos destinou para ira, mas para alcançar a salvação, mediante o nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós, para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos em união com Ele. Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai-vos reciprocamente como também estais fazendo”. (1Ts. 5:9-10). Usemos a nossa esperança da salvação para ajudar os novos na fé. O Ap. Paulo, comentando sobre o agrupamento  dessas três palavras, disse: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém, o maior deles, é o amor” (1Co.13:13).

2. O Amor ao Irmão. Se nós realmente amamos o nosso irmão, temos de praticar a abnegação. O Apóstolo escreveu: “Dou sempre graças a Deus por todos vós, mencionando-vos diante de Deus e Pai (...) da abnegação do vosso amor”. Abnegação significa: desprendimento do interesse próprio. Portanto, para amar o nosso irmão, não podemos ser egoístas, isto é, alguém que trata só de seus próprios interesses. Um dos grandes problemas dos nossos dias é o excesso de egoísmo; cada um querendo impor a sua própria vontade. O ensino da Bíblia é este: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros”. Em seguida, o texto nos ensina como Cristo praticou essa abnegação: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus, antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz” (Fp. 2:5-8). O Ap. Paulo podia confessar: “Eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol da vossa alma. Se mais vos amo, serei menos amado?” (2Co. 12:15). Não podemos ser limitados em nossos próprios afetos. A exortação é esta: “Dilatai-vos também vós” (2Co. 6:12-13). Temos que abrir o nosso coração, bem como a nossa mão e o nosso tempo, a fim de demonstrar que amamos de verdade. “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar a nossa vida pelos irmãos. Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade e fechar-lhe o coração, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade” (1Jo. 3:16-18).

A Igreja dos tessalonicenses foi renomada por seu amor aos irmãos. O Apóstolo registrou em favor deles: “No tocante ao amor fraternal, não há necessidade de que eu vos escreva, porquanto vós mesmos estais por Deus instruídos que deveis  amar uns aos outros; e, na verdade, estais praticando isso mesmo para com todos os irmãos em  toda a Macedônia. Contudo, vos exortamos, irmãos, a progredirdes cada vez mais” (1Ts. 4:9-10). O amor é como se fosse um organismo vivo, que precisa ser praticado a fim de crescer cada vez mais. O Ap. Pedro escreveu com o mesmo sentimento: “Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados” (1Pe. 4:8). Talvez, podemos estar falhando em muitas coisas, porém, a falta de amor não pode ser inocentada. Por quê? Porque a falta de amor põe em dúvida a realidade da nossa experiência cristã. “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor”. (1Jo. 4:7-8).

3. O Amor às Missões. Se nós amamos as missões, temos que estar bem alicerçados nos princípios espirituais que se encontram nas Escrituras Sagradas. O Apóstolo escreveu: “Damos sempre graças a Deus por  todos vós, mencionando-vos em nossas orações e, sem cessar, recordando-nos diante do nosso Deus e Pai (...) da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo”. Essa esperança se refere mais à disposição espiritual desses recém-convertidos em Tessalônica, no meio de tribulações. Esses cristãos tinham deixado o judaísmo a fim de viver de acordo com a “esperança em nosso Senhor Jesus Cristo”. Por  isso, seus compatriotas desencadearam uma perseguição cruel contra eles. O Apóstolo registrou esta denúncia contra eles: “Os quais não somente mataram o Senhor Jesus e os profetas, como também nos perseguiram, e não agradam a Deus, e são adversários de todos os homens, a ponto de nos impedirem de falar aos gentios para que estes sejam salvos” (1Ts. 2:14-16). O Ap. Paulo foi apedrejado pelos judeus, “dando-o por morto”, mas o Senhor o levantou, (At. 14:19-20). Nesse contexto, podemos entender a alegria do Apóstolo, quando disse: ”Damos, sempre, graças a Deus por vós (...) e da firmeza da vossa esperança em  nosso Senhor Jesus Cristo”. Nele, “temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu” (Hb. 6:19). Nós, que nunca enfrentamos uma perseguição dessa natureza, devemos usar a nossa liberdade para nos envolver no trabalho de Missões, orando, contribuindo, ou, até indo, porque os campos “já branquejam para a ceifa” (Jo. 4:35). Apesar das perseguições, os tessalonicenses não negligenciaram esse aspecto da vida cristã.

Qual é a característica básica daquele que anuncia as boas novas do evangelho? Entre outras qualidades, é indispensável que tenha uma firmeza na sua esperança em Jesus Cristo. Ele tem que ter experimentado, em sua própria vida, uma obra regeneradora e renovadora pelo Espírito Santo, evidenciada mediante uma vida santa e irrepreensível. Em outras palavras, deve ser uma nova criatura em Cristo Jesus, (2Co. 5:17). É a obra do Espírito Santo que lhe dá esta esperança, uma confiança imperturbável na eficácia da obra redentora de Jesus Cristo, no qual há o perdão de todos os pecados e a certeza da vida eterna. Qual é a obra principal daquele que anuncia as boas novas do evangelho? Os tessalonicenses se tornaram um modelo para todos os crentes na Macedônia e na Acaia. “Porque de vós repercutiu a palavra, não só na Macedônia e Acaia, mas também por toda parte se divulgou a vossa fé para com Deus, a tal ponto de não termos necessidade de acrescentar coisa alguma; pois eles mesmos, no tocante a nós, proclamam que repercussão teve o nosso ingresso no vosso  meio, e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus para servirdes o Deus vivo e verdadeiro e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura”. Percebemos a intensidade do trabalho realizado pelos tessalonicenses. Qual é a maneira certa para recepcionar esses homens que trabalham incessantemente na seara do Senhor? “Agora, vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós e que vos presidem no Senhor e vos admoestam; e que tenhais com amor em máxima consideração, por causa do trabalho que realizam. Vivei em paz uns com os outros” (1Ts. 5:12-13).

Conclusão: Terminamos com a pergunta que fizemos no início da meditação. Se alguém nos pedisse para detalhar as ênfases mais fortes em nossa Igreja, quais seriam os destaques mais evidentes? Deixamos a resposta para a consciência de cada um, lembrando que a nossa resposta, em parte, será uma revelação da nossa própria espiritualidade, pois nós somos a Igreja. A Igreja de Tessalônica foi reconhecida pela operosidade da sua fé, pela abnegação de seu amor; e pela firmeza da sua esperança em Jesus Cristo. E, com essas características, os tessalonicenses se tornaram modelo para as Igrejas em toda a região. Em nossa Igreja, bem como em nossa própria vida, que tipo de repercussão estamos produzindo? Que Deus nos ajude para que alcancemos um testemunho santo e irrepreensível mediante o nosso modo de viver no meio das pessoas ao nosso redor.
Amém.  


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