Vasos de Honra

quinta-feira, 24 de março de 2016

A IMPORTÂNCIA DA RESSURREIÇÃO



 Leitura Bíblica: 1 Coríntios 15:20-26

Introdução: Creio que não há necessidade de repetir provas da ressurreição corpórea de Jesus Cristo, basta acreditar naquilo que a Bíblia afirma: “Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem” (1Co. 15:20). Cristo foi o primeiro para ressuscitar escatologicamente dentre os mortos, e nós, o seu povo, o seguiremos no devido tempo. O que deve ocupar os nossos pensamentos é a importância da ressurreição de Jesus Cristo.

No Antigo Testamento, o sacrifício de animais prefigurava o sacrifício superior do Filho de Deus. Quando o animal foi imolado, ele jamais reviveu, e o pecado permanecia sobre ele, imperdoado. É a ressurreição que dá a eficácia ao sacrifício substitutivo. “Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus” (Hb. 10:12). É entendido que a ressurreição precedeu a sua ascensão. O fato de Cristo estar assentado à destra de Deus é uma posição de vitória, confirmando a aceitação desse sacrifício pelo Pai. Agora, em virtude da ressurreição de Cristo dentre os mortos, podemos afirmar, confiadamente, que “ nele, temos a redenção, pelo sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef. 1:7). Da sua ressurreição emana “toda sorte de benção espiritual nas regiões celestiais” (Ef. 1:3). Vamos sentir a importância da ressurreição de Jesus Cristo, ouvindo a instrução do Catecismo de Heidelberg, que ensina:

“Perg 45. Que importância tem para nós a ressurreição de Cristo?
Resp. Primeiro: pela ressurreição, ele venceu a morte, para que nós pudéssemos participar da justiça que ele conquistou por sua morte.
Segundo:  nós, também, por seu poder, somos ressuscitados para a nova vida.
Terceiro: a ressurreição de Cristo é uma garantia da nossa ressurreição em glória.”

A resposta se divide em três pontos de suma relevância. O gozo da nossa salvação depende da compreensão dessas três dádivas que são concebidas a todos nós, os que cremos, por causa da ressurreição de Jesus Cristo.

“Primeiro: pela ressurreição, ele venceu a morte, para que nós pudéssemos participar da justiça que ele conquistou por sua morte”. Essa frase se refere à nossa justificação. “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm. 5:1). A morte de Cristo derrotou o poder da morte espiritual. Como? Mediante a sua perfeita obediência à lei de Deus e a sua morte vicária na cruz, Ele satisfez, plenamente, todas as exigências dessa lei, “para fazer cessar a transgressão, para dar fim  aos pecados, para expiar  a iniquidade, para trazer a justiça eterna” (Dn 9:24). Podemos dizer, com certo temor, que a morte, sozinha, não era suficiente “para dar fim aos pecados”, era necessário legitimar o sacrifício pela ressurreição corpórea do sacrificado. O Ap. Pedro deu esta explicação: “Sendo este (Jesus Cristo) entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o mataste, crucificando-o por mãos de iníquos; ao qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte; porquanto era impossível fosse ele retido por ela” (At. 2:23-24). A pessoa permanece no estado de morte enquanto o pecado continua sobre ela; porém, quando o pecado é removido, a morte perde o seu poder de prender a sua vítima, e, por necessidade, a vida é devolvida pela ressurreição corpórea. Tudo o que Cristo fez em favor de seu povo, chama-se: os méritos salvíficos de Cristo. Quando nós o recebemos como nosso Redentor e Salvador, passamos a ser “vestidos do Senhor Jesus Cristo”,  vestidos de todos os méritos que Ele alcançou por nós mediante a sua morte e ressurreição” (Rm.13:14). Quando Deus nos vê vestidos dessa maneira, Ele nos vê como inocentes, sem qualquer culpa, por isso, Ele nos declara como justificados diante da sua lei. Para esse fim, Jesus “foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação” (Rm. 4:25). Assim, percebemos a importância da ressurreição de Jesus Cristo, porque ela garante a nossa justificação.   

“Segundo: nós, também, por seu poder, somos ressuscitados para a nova vida”.  Essa parte se refere à nossa santificação. “Assim como  oferecestes os vossos membros para a escravidão da impureza e da maldade para maldade, assim oferecei, agora, os vossos membros para servirem a justiça para a santificação” (Rm. 6:19). Como é que conseguimos “servir a justiça para a santificação”? “A suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder; o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais” (Ef. 1:19-20). O poder que Deus usou para ressuscitar o seu Filho dentre os mortos é o mesmo poder que Ele empregou para nos conceder a nossa ressurreição espiritual, isto é, a nossa regeneração. “Estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo – pela graça sois salvos” (Ef. 2:5).

Quando nós recebemos Cristo como o nosso Salvador, passamos a ser espiritualmente “unidos com ele” (Rm.6:5). E, por causa dessa união, as suas experiências na morte, sepultamento e ressurreição, num sentido espiritual, são também as nossas. A Bíblia ensina: Quando Ele morreu para o pecado, nós, também, com Ele, morremos para o pecado, (Rm. 6:6). Mediante essa morte, o poder do pecado recebeu um golpe fatal. Por isso, o Apóstolo nos aconselhou: “Assim, também, vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus (...) Porque o pecado não terá domínio  sobre vós, pois não estais debaixo da lei e sim da graça” (Rm. 6:11,14). A graça de Deus é um novo princípio de direção que opera em nós. Por isso, o Apóstolo faz uma pergunta retórica: “Como viveremos ainda no pecado, nós, os para ele morremos?” (Rm. 6:2). Se nós estamos verdadeiramente unidos com Cristo em sua morte, é uma impossibilidade continuar, propositadamente, no pecado. A nossa santificação é garantida por causa do poder que emana da ressurreição de Jesus Cristo. Mas o Apóstolo continua falando sobre as consequências da nossa união com Cristo: “Fomos, pois, sepultados com Cristo na morte” (Rm.6:4). O sepultamento é o término de tudo o que praticamos aqui na Terra. Para aqueles que estão unidos com Cristo, o nosso pecado foi sepultado com Ele para sempre e nunca mais se levantará para nos assediar. Que verdade consoladora! Cantamos o hino: “Livres do medo! Já resgatados! Cristo morreu por nossos pecados! Na sua cruz o pacto se fez. Fomos remidos de uma vez” (NC. 150). E, a terceira experiência  que temos em virtude da nossa união com Cristo: “Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição” (Rm. 6:5). Assim, como Cristo experimentou uma vida diferente e gloriosa, “também andemos nós em novidade de vida” (Rm.6:4). O poder da ressurreição de Cristo que opera em nós, nos dá, não somente uma vida santa e irrepreensível, mas, também, uma vida celestial, pois Ele nos ressuscitou, nos regenerou, “e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Ef. 2:6).  Dessa posição, temos as condições para praticar o que o Apóstolo recomendou: “Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentando à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morreste, e a vossa vida está oculta, juntamente com Cristo em Deus” (Cl. 3:1-3) A nossa santificação, que emana da ressurreição de Jesus Cristo, é de tal modo necessária, que, sem ela, ninguém verá o Senhor. Graças a Deus que podemos praticar essa santificação, quando a nossa vida é entregue à direção de Jesus Cristo. Ele é o nosso Redentor, Salvador e Senhor.     

“Terceiro: a ressurreição de Cristo é uma garantia da nossa ressurreição em glória”. Essa parte se refere a nossa Glorificação. “Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (2Co. 5:1). É muito difícil descrever como será a nossa glorificação, porque “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1Co. 2:9). Contudo, a Bíblia nos dá ligeiros relances da bem-aventurança dessa glorificação. Vamos sempre lembrar que “a ressurreição de Jesus Cristo é uma garantia da nossa ressurreição em glória”. Cristo nos deu uma promessa que nos consola enquanto aguardamos a nossa glorificação vindoura. “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu  vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também” (Jo. 14:1-3). Parte da nossa glorificação é poder habitar nesse lugar preparado nas moradas do Pai, onde estaremos com o Senhor, contemplando a sua face, para todo o sempre. O Salmista fez uma pergunta comovente: “Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra” (Sl. 73:25). Por isso, o Apóstolo podia confessar, saudosamente: “Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor” (Fp. 1:23). Nesse contexto, podemos cantar: “Graça real! Não há mais castigo! Não mais temor, nem sombra de perigo! Vestes reais, não triste nudez,  Cristo enriquece de uma vez! Sim, de uma vez! Amigo acredita, no Salvador tens sorte bendita! Cristo na cruz, a lei satisfez e redimiu-nos de  uma vez!” (NC 150). O Ap. João alimenta o nosso coração quanto a nossa esperança vindoura: “Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que,  quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é” (1Jo. 3:2). Vamos valorizar mais e mais a Pessoa de Jesus Cristo, “a quem, não havendo visto, amais; no qual não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória, obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma” (1Pe. 1:8-9).

Conclusão: Devemos estar preparados para responder a pergunta: “Que importância tem para nós a ressurreição de  Cristo?” Ela deve ocupar um lugar central em nossa crença, pois a nossa compreensão das experiências  cristãs de justificação, santificação e glorificação dependem desta verdade. O desejo incansável do Ap. Paulo foi: conhecer a Cristo, “e o poder da sua ressurreição” (Fp. 3:10). Que nós tenhamos um anseio semelhante!



Rev. Ivan G. G. Ross
Páscoa de 2016

O PROPÓSITO DE DEUS



 Leitura Bíblica: Romanos 8:28-30

Introdução: O V.28 fala “daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados  segundo o seu propósito”. E o V.29 afirma que esse propósito é que aqueles que amam a Deus sejam transformados a ponto de “serem conformes à imagem do Filho de Deus”. Essa transformação se refere ao nosso estado na eternidade. “Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é” (1Jo. 3:2). Seremos transformados  “na sua própria imagem” (2Co. 3:18). Mas cremos que essa frase comporta uma aplicação prática para os nossos dias. O propósito de Deus é que o seu povo seja transformado a ponto de “serem conformes à imagem do Filho de Deus”, imitadores  em seu modo de viver e de servir a Deus. O Ap. podia exortar: “Sede meus imitadores como também eu sou de Cristo” (1Co. 11:1). E esse propósito é tão garantido que não existe coisa alguma que possa impedir o pleno cumprimento. “Porque o Senhor dos Exércitos o determinou; quem, pois, o invalidará? A sua mão está estendida (para controlar soberanamente todas as possíveis circunstâncias que possam acontecer); quem, pois, a fará voltar?” (Is. 14:27). Com tal palavra profética, o Ap. Paulo perguntou retoricamente: “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou” – o Senhor Jesus Cristo, o Autor e Consumador da nossa  fé, (Rm. 8:35-37, Hb.12;2).

Cremos que antes da fundação do mundo um “povo de propriedade exclusiva de Deus” foi escolhido do meio de todas as nações. E, no céu, viveremos esta realidade. O Ap. João recebeu uma visão desses escolhidos, e registrou: “Vi, e eis  grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos” (Ap. 7:9). Essas vestiduras brancas simbolizam a sua pureza, porque “lavaram as vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro” (Ap. 7:14). E as palmas em suas mãos simbolizam a sua alegria e gratidão, podendo servir a Deus de dia e de noite no seu santuário. Esta é a “Igreja dos primogênitos arrolados nos céus, os justos aperfeiçoados” (Hb. 12:23).

Agora, temos que descobrir como Deus conseguiu separar esse povo para si, a fim de pôr em andamento o cumprimento do seu propósito. O V. 30 fala de três passos usados nesse processo.

Primeiro, Ele nos chamou. “ E aos que predestinou (aos que Ele separou do meio das nações) a esses também chamou”. Deus nos chama mediante o ouvir do Evangelho do nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. Ele é o Autor de todo o processo, como Ele mesmo afirma: “Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há salvador. Eu anunciei salvação, realizei-a, e a fiz ouvir” (Is. 43:11-12). Notemos a tríplice ênfase: O Senhor é o Autor do plano de salvação; Ele transformou o plano em uma realidade, fazendo o seu próprio Filho carregar os nossos pecados para o esquecimento; e Ele mesmo fez o seu povo ouvir essa mensagem. Como? Mediante o envio de pregadores do Evangelho. É indispensavelmente necessário que essa notícia seja anunciada e recebida pela fé. Nesse contexto, o Apóstolo faz mais uma pergunta afetada: “Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?” (Rm. 10:14). A Igreja, os membros particulares, tem o dever inadiável de obedecer à ordem de Jesus Cristo: “Ide por todo o mundo e pregai  o evangelho a toda criatura” (Mc. 16:15). A Igreja primitiva obedecia essa ordem: “Os (cristãos) que  foram dispersos iam por toda parte, pregando a palavra” (At. 8:4).

Por que é tão necessário semear a palavra de Deus? Porque sem ela o Espírito Santo  não pode realizar a sua obra de regeneração e nem comunicar o dom da fé. Devemos lembrar que a espada do Espírito Santo é a Palavra de Deus. Quanto à regeneração, o Ap. Pedro ensinou: “Pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente” (1Pe. 1:23). E, semelhantemente, o Ap. Paulo ensinou quanto ao  recebimento do dom da fé:  “E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Rm. 10:17). Cremos naquilo que a nossa Confissão de Fé ensina: Deus chama eficazmente o seu povo pela sua palavra  e pelo seu Espírito Santo, (Con. De Fé, 10:1).
Segundo, Ele nos justificou. “E aos que chamou, a esses também justificou”. Para apreciar melhor o plano da salvação, devemos lembrar que Deus está lidando com pessoas que não o amam, que não o buscam e que não o temem. E, por causa de seus pecados, já foram condenados à morte, ao banimento eterno da presença de Deus. Para libertar o seu povo dessa condenação, era necessário estabelecer um plano de redenção, providenciando alguém que podia pagar o preço do resgate. O próprio pecador é totalmente falido e incapaz de redimir-se a si mesmo, porque o salário do pecado é a morte. Não existe nenhuma outra maneira para resolver o problema do pecado, senão a morte. Ora, como pode o pecador sofrer a morte e banimento da presença de Deus e, ao mesmo tempo, viver e desfrutar da presença de Deus? É uma impossibilidade!

Nesse contexto, entendemos porque Deus tinha que agir soberanamente, independente de qualquer participação ou contribuição da parte do pecador. Por isso, Ele fala de uma maneira exclusiva: “Todo homem saberá que eu sou o Senhor, o teu Salvador e o teu Redentor, o Poderoso de Jacó” (Is. 49:26). Qual foi a sua maneira de agir? “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm. 5:8). Deus, em sua misericórdia, apresentou a nós o seu plano de substituição: um fiador, um que podia  incumbir-se da dívida de outro. E, não havendo nenhum outro para assumir vicariamente a dívida do pecador diante da lei inalterável de Deus, Ele “enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob (a condenação da) lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl. 4:4-5). Essa é a essência do Evangelho que deve ser proclamado aos pecadores, para que sejam salvos pela fé na sua veracidade.

A Bíblia enfatiza a necessidade de crer nessas  boas notícias: “Cristo veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Mas a todos quantos o  receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem em seu nome” (Jo. 1:11-12). Quando recebemos e cremos em Jesus Cristo e este crucificado, passamos a ser vestidos de todos os seus méritos salvíficos. Por isso, quando Deus nos vê vestidos desta maneira, Ele nos vê como inocentes, a mesma perfeição de seu próprio Filho, e, sendo assim, declara a nossa inocência, e nos justifica por causa de seu Filho amado. “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé (na obra redentora de Jesus Cristo), independente das obras da lei” (Rm. 3:28). Observe a ilustração que o Apóstolo usa para descrever a gratuidade da nossa justificação, sem qualquer contribuição da nossa parte: “Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim, como dívida. Mas ao que não trabalha, porém, crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça”. E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça, independentemente de obras (Rm. 4:4-6).

Terceiro, Ele nos glorificou. “E aos que justificou, a esses também glorificou”. A plenitude dessa glorificação será concedida somente quando entrarmos nas moradas celestiais; contudo, mesmo nesta vida, podemos experimentar as primícias da nossa glorificação vindoura. Podemos fazer algumas comparações a fim de sentir a realidade destes primeiros efeitos da nossa  bem-aventurança. “Estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo”. Do estado de morte espiritual, Ele nos regenerou, dando-nos uma verdadeira ressurreição dentre os mortos. Agora, temos vida em Cristo Jesus. Mas não apenas vida, Ele “nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus”, de onde temos pleno acesso “ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Ef. 2:5-6, Hb 4:16). Não é esta uma glorificação, uma felicidade sem igual?

“Ele (Deus Pai) nos libertou das trevas e nos transportou para o reino do Filho de seu amor” (Cl. 1:13). Outrora, vivíamos nas trevas, sem Cristo, separados da comunidade do povo de Deus e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, sem Deus e sem as suas bênçãos alentadoras em nossa vida (Ef. 2:12). E, ainda o pior: Uma consciência inquieta, sabendo: “Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb. 10:31). Mas esse desespero já passou, não estamos mais nas trevas; pela misericórdia da graça de Deus estamos no reino de Jesus Cristo: “a quem não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória, obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma” (1Pe. 1:8-9). Certamente esta é uma glorificação que deixa o nosso coração transbordar de gratidão!

E, por fim, a última comparação. Vamos contemplar o tribunal de Cristo, que será instalado na consumação dos séculos. Ele se assentará no trono da sua glória para julgar todas as nações que estão reunidas na sua presença. Haverá um processo de separação, alguns à sua direita, e os demais à sua esquerda. Podemos imaginar o medo que estará latejando em cada coração, cada um aguardando a palavra do Juiz. Agora, vamos sentir o contraste entre os dois grupos. As pessoas à sua direita, aquelas que creram em Jesus Cristo como seu único Salvador, ouvirão estas palavras consoladoras: “Vinde benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino preparado desde a fundação do mundo”. Nesse reino, os redimidos experimentarão a plenitude da sua glorificação, estando na presença do Senhor para todo o sempre. Mas, as pessoas à sua esquerda, aquelas que fizeram pouco caso de Jesus Cristo e das suas ofertas de salvação,  preferindo os prazeres transitórios deste mundo, ouvirão estas palavras fatídicas: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”. E o texto termina, dizendo: “E irão estes (os malditos) para o castigo eterno, porém, os justos, para a vida eterna” (Mt. 25:31-46). Nada de glorificação, antes, “sofrerão penalidade de eterna destruição (que jamais terminará), banidos da face do Senhor e da glória do seu poder”, o único que poderia lhes oferecer qualquer alento (2Ts. 1:9). Como podemos evitar o estado de sofrimento interminável? Cristo e este crucificado tem que ser reconhecido e recebido como o único Salvador. “Por isso, quem crê no Filho tem a vida; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (Jo. 3:36).


Conclusão: Se alguém desejar entrar na vida cristã, tem que começar lendo e ouvindo e praticando os ensinos da Palavra de Deus. “Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nelas escritas, pois o tempo está próximo” (Ap. 1:3). Notemos os três verbos: ler, ouvir e guardar. Agora, ouvimos a palavra do Apóstolo: “Porque os simples ouvidores da lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados” (Rm. 2:13). Pelo estudo da Palavra de Deus, nós entendemos a bem-aventurança de sermos chamados, justificados e glorificados, bênçãos que pertencem somente àqueles que crêem em Jesus Cristo e permanecem nele. 

Rev. Ivan G. G. Ross