Leitura Bíblica: 1 Coríntios 15:20-26
Introdução:
Creio que não há necessidade de repetir provas da ressurreição corpórea de
Jesus Cristo, basta acreditar naquilo que a Bíblia afirma: “Mas, de fato, Cristo
ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem” (1Co.
15:20). Cristo foi o primeiro para ressuscitar escatologicamente dentre os
mortos, e nós, o seu povo, o seguiremos no devido tempo. O que deve ocupar os
nossos pensamentos é a importância da ressurreição de Jesus Cristo.
No
Antigo Testamento, o sacrifício de animais prefigurava o sacrifício superior do
Filho de Deus. Quando o animal foi imolado, ele jamais reviveu, e o pecado
permanecia sobre ele, imperdoado. É a ressurreição que dá a eficácia ao
sacrifício substitutivo. “Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único
sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus” (Hb. 10:12). É
entendido que a ressurreição precedeu a sua ascensão. O fato de Cristo estar
assentado à destra de Deus é uma posição de vitória, confirmando a aceitação
desse sacrifício pelo Pai. Agora, em virtude da ressurreição de Cristo dentre
os mortos, podemos afirmar, confiadamente, que “ nele, temos a redenção, pelo
sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef. 1:7). Da
sua ressurreição emana “toda sorte de benção espiritual nas regiões celestiais”
(Ef. 1:3). Vamos sentir a importância da ressurreição de Jesus Cristo, ouvindo
a instrução do Catecismo de Heidelberg, que ensina:
“Perg
45. Que importância tem para nós a ressurreição de Cristo?
Resp.
Primeiro: pela ressurreição, ele venceu a morte, para que nós pudéssemos
participar da justiça que ele conquistou por sua morte.
Segundo: nós, também, por seu poder, somos ressuscitados
para a nova vida.
Terceiro:
a ressurreição de Cristo é uma garantia da nossa ressurreição em glória.”
A
resposta se divide em três pontos de suma relevância. O gozo da nossa salvação
depende da compreensão dessas três dádivas que são concebidas a todos nós, os
que cremos, por causa da ressurreição de Jesus Cristo.
“Primeiro:
pela ressurreição, ele venceu a morte, para que nós pudéssemos participar
da justiça que ele conquistou por sua morte”. Essa frase se refere à nossa justificação.
“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor
Jesus Cristo” (Rm. 5:1). A morte de Cristo derrotou o poder da morte
espiritual. Como? Mediante a sua perfeita obediência à lei de Deus e a sua
morte vicária na cruz, Ele satisfez, plenamente, todas as exigências dessa lei,
“para fazer cessar a transgressão, para dar fim
aos pecados, para expiar a iniquidade,
para trazer a justiça eterna” (Dn 9:24). Podemos dizer, com certo temor, que a
morte, sozinha, não era suficiente “para dar fim aos pecados”, era necessário
legitimar o sacrifício pela ressurreição corpórea do sacrificado. O Ap. Pedro
deu esta explicação: “Sendo este (Jesus Cristo) entregue pelo determinado
desígnio e presciência de Deus, vós o mataste, crucificando-o por mãos de
iníquos; ao qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte;
porquanto era impossível fosse ele retido por ela” (At. 2:23-24). A pessoa
permanece no estado de morte enquanto o pecado continua sobre ela; porém,
quando o pecado é removido, a morte perde o seu poder de prender a sua vítima, e,
por necessidade, a vida é devolvida pela ressurreição corpórea. Tudo o que
Cristo fez em favor de seu povo, chama-se: os méritos salvíficos de Cristo.
Quando nós o recebemos como nosso Redentor e Salvador, passamos a ser “vestidos
do Senhor Jesus Cristo”, vestidos de
todos os méritos que Ele alcançou por nós mediante a sua morte e ressurreição”
(Rm.13:14). Quando Deus nos vê vestidos dessa maneira, Ele nos vê como
inocentes, sem qualquer culpa, por isso, Ele nos declara como justificados
diante da sua lei. Para esse fim, Jesus “foi entregue por causa das nossas
transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação” (Rm. 4:25). Assim,
percebemos a importância da ressurreição de Jesus Cristo, porque ela garante a
nossa justificação.
“Segundo:
nós, também, por seu poder, somos ressuscitados para a nova vida”. Essa parte se refere à nossa santificação.
“Assim como oferecestes os vossos
membros para a escravidão da impureza e da maldade para maldade, assim oferecei,
agora, os vossos membros para servirem a justiça para a santificação” (Rm.
6:19). Como é que conseguimos “servir a justiça para a santificação”? “A
suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da
força do seu poder; o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os
mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais” (Ef. 1:19-20).
O poder que Deus usou para ressuscitar o seu Filho dentre os mortos é o mesmo
poder que Ele empregou para nos conceder a nossa ressurreição espiritual, isto
é, a nossa regeneração. “Estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos deu
vida juntamente com Cristo – pela graça sois salvos” (Ef. 2:5).
Quando
nós recebemos Cristo como o nosso Salvador, passamos a ser espiritualmente “unidos
com ele” (Rm.6:5). E, por causa dessa união, as suas experiências na morte,
sepultamento e ressurreição, num sentido espiritual, são também as nossas. A
Bíblia ensina: Quando Ele morreu para o pecado, nós, também, com Ele, morremos
para o pecado, (Rm. 6:6). Mediante essa morte, o poder do pecado recebeu um
golpe fatal. Por isso, o Apóstolo nos aconselhou: “Assim, também, vós
considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus (...)
Porque o pecado não terá domínio sobre
vós, pois não estais debaixo da lei e sim da graça” (Rm. 6:11,14). A graça de
Deus é um novo princípio de direção que opera em nós. Por isso, o Apóstolo faz
uma pergunta retórica: “Como viveremos ainda no pecado, nós, os para ele
morremos?” (Rm. 6:2). Se nós estamos verdadeiramente unidos com Cristo em sua
morte, é uma impossibilidade continuar, propositadamente, no pecado. A nossa
santificação é garantida por causa do poder que emana da ressurreição de Jesus
Cristo. Mas o Apóstolo continua falando sobre as consequências da nossa união
com Cristo: “Fomos, pois, sepultados com Cristo na morte” (Rm.6:4). O
sepultamento é o término de tudo o que praticamos aqui na Terra. Para aqueles
que estão unidos com Cristo, o nosso pecado foi sepultado com Ele para sempre e
nunca mais se levantará para nos assediar. Que verdade consoladora! Cantamos o
hino: “Livres do medo! Já resgatados! Cristo morreu por nossos pecados! Na sua
cruz o pacto se fez. Fomos remidos de uma vez” (NC. 150). E, a terceira
experiência que temos em virtude da nossa
união com Cristo: “Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte,
certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição” (Rm. 6:5).
Assim, como Cristo experimentou uma vida diferente e gloriosa, “também andemos
nós em novidade de vida” (Rm.6:4). O poder da ressurreição de Cristo que opera
em nós, nos dá, não somente uma vida santa e irrepreensível, mas, também, uma
vida celestial, pois Ele nos ressuscitou, nos regenerou, “e nos fez assentar
nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Ef. 2:6). Dessa posição, temos as condições para
praticar o que o Apóstolo recomendou: “Portanto, se fostes ressuscitados
juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive,
assentando à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são
aqui da terra; porque morreste, e a vossa vida está oculta, juntamente com
Cristo em Deus” (Cl. 3:1-3) A nossa santificação, que emana da ressurreição de
Jesus Cristo, é de tal modo necessária, que, sem ela, ninguém verá o Senhor.
Graças a Deus que podemos praticar essa santificação, quando a nossa vida é
entregue à direção de Jesus Cristo. Ele é o nosso Redentor, Salvador e Senhor.
“Terceiro:
a ressurreição de Cristo é uma garantia da nossa ressurreição em glória”. Essa
parte se refere a nossa Glorificação. “Sabemos que, se a nossa casa
terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício,
casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (2Co. 5:1). É muito difícil
descrever como será a nossa glorificação, porque “Nem olhos viram, nem ouvidos
ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para
aqueles que o amam” (1Co. 2:9). Contudo, a Bíblia nos dá ligeiros relances da
bem-aventurança dessa glorificação. Vamos sempre lembrar que “a ressurreição de
Jesus Cristo é uma garantia da nossa ressurreição em glória”. Cristo nos deu
uma promessa que nos consola enquanto aguardamos a nossa glorificação vindoura.
“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de
meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos
lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim
mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também” (Jo. 14:1-3). Parte da
nossa glorificação é poder habitar nesse lugar preparado nas moradas do Pai,
onde estaremos com o Senhor, contemplando a sua face, para todo o sempre. O
Salmista fez uma pergunta comovente: “Quem mais tenho eu no céu? Não há outro
em quem eu me compraza na terra” (Sl. 73:25). Por isso, o Apóstolo podia
confessar, saudosamente: “Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o
desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor” (Fp.
1:23). Nesse contexto, podemos cantar: “Graça real! Não há mais castigo! Não mais
temor, nem sombra de perigo! Vestes reais, não triste nudez, Cristo enriquece de uma vez! Sim, de uma vez!
Amigo acredita, no Salvador tens sorte bendita! Cristo na cruz, a lei satisfez
e redimiu-nos de uma vez!” (NC 150). O
Ap. João alimenta o nosso coração quanto a nossa esperança vindoura: “Amados,
agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser.
Sabemos que, quando ele se manifestar,
seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é” (1Jo. 3:2).
Vamos valorizar mais e mais a Pessoa de Jesus Cristo, “a quem, não havendo
visto, amais; no qual não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria
indizível e cheia de glória, obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa
alma” (1Pe. 1:8-9).
Conclusão:
Devemos estar preparados para responder a pergunta: “Que importância tem para nós
a ressurreição de Cristo?” Ela deve
ocupar um lugar central em nossa crença, pois a nossa compreensão das
experiências cristãs de justificação,
santificação e glorificação dependem desta verdade. O desejo incansável do Ap.
Paulo foi: conhecer a Cristo, “e o poder da sua ressurreição” (Fp. 3:10). Que
nós tenhamos um anseio semelhante!
Rev. Ivan G. G. Ross
Páscoa de 2016
Páscoa de 2016
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