Vasos de Honra

segunda-feira, 24 de abril de 2017

PAZ COM DEUS



Leitura Bíblica: Romanos 5:1-2.

Introdução: A paz é o estado mais desejado pelo ser humano; contudo, apesar de todos os apelos e propostas dos homens, a paz continua sendo um estado fugitivo. Existem dois tipos de paz: a que o mundo oferece e a que Cristo promete dar a seu povo. Eis a palavra que Cristo nos deu: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou com a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo. 14:27). A paz que o mundo oferece é transitória e enganadora; pensamos que temos uma certa paz, porém, com uma mudança negativa em nossas circunstâncias, ela foge, deixando-nos vazios e desesperados. Ficamos enganados por causa de uma impressão imaginária. E como dói quando descobrimos o engano. Mas, como é diferente a paz que Cristo nos dá; ela não é como a do mundo; é um estado de tranquilidade que emana da consciência de que os nossos pecados são perdoados. É uma paz que não depende de circunstâncias favoráveis. Eis a promessa dada para nos encorajar: “O Senhor dá força ao seu povo, o Senhor abençoa com paz o seu povo” (Sl. 29:1). Portanto, a paz é um estado de favor diante de Deus, pois os nossos pecados foram lançados “nas profundezas do mar” (Mq. 7:19). Agora, somos reconhecidos como “filhos da obediência” (1Pe. 1:14). O versículo chave da nossa mensagem explica melhor como recebemos esta paz: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm. 5:1).

1. O Acontecimento desta Paz. “Temos paz com Deus”. Nunca devemos esquecer que somos pecadores e, por causa dos nossos pecados, existe uma barreira de inimizade entre nós e o nosso Deus santo. Essa inimizade impossibilita qualquer paz ou comunhão espiritual entre Deus e o pecador. E, para facultar uma paz entre os dois, uma reconciliação tem que ser realizada, isto é, a causa da inimizade tem que ser removida. Novamente, temos que reconhecer a soberania de Deus. Não foi o homem que procurou uma reconciliação, antes, por amor a seu povo, o próprio Deus providenciou os meios para realizar a necessária harmonização. Como a Bíblia ensina: “Ora, tudo provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões e nos confiou a palavra da reconciliação” (2Co. 5:18-19).

Vamos aprender como Deus removeu esta barreira de inimizade. A causa da hostilidade são as “transgressões” dos homens. Portanto, Deus tinha que providenciar um meio para remover essas transgressões. Mas, como? “Não imputando aos homens as suas transgressões”, antes, foram tiradas do pecador e colocadas sobre o seu próprio Filho, Jesus Cristo, “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados” (1Pe. 2:24). Como a profecia predisse: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele (Jesus Cristo) a iniquidade de nós todos” (Is. 53:6). Dessa maneira, “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo”. Mas, vamos sentir algo sobre o preço que Cristo pagou: “Aquele que não conheceu pecado, ele (Deus Pai) o fez pecado por nós, para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co. 5:21). Por amor a nós, Cristo foi castigado como se fosse Ele o pecador. “O castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is. 53:5 ). Agora, sendo reconciliados e perdoados, tendo a paz de Deus em nosso coração, damos toda a glória a Deus, com gratidão por Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador.

2.O Argumento da Paz. “Justificados”. Na Bíblia, essa palavra é usada no tribunal de Deus. O pecador é julgado segundo “o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo”, para depois ser declarado: ou culpado e condenado; ou inocente e justificado, de acordo com a lei divina. Não há como escapar. Para sermos justificados, temos que ter uma página em branco diante dessa lei. Mas, por natureza, ninguém tem a devida inocência. A Bíblia condena a todos, “pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado; como está escrito: “Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura; são os seus pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos, há destruição e miséria; desconheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos” (Rm. 3:9-18). Como o profeta acrescentou: “Para os perversos, todavia, não há paz, diz o Senhor” (Is. 48:22). O seu pecado é a causa dessa desarmonia, a qual se manifesta através de uma agressividade contra o seu próximo.

Mas, apesar desse quadro negativo, Deus continua desejando salvar e santificar o pecador. A pergunta se levanta: Como pode Deus ser justo e, ao mesmo tempo, ser o justificador do ímpio? Exigir uma obediência perfeita à lei é uma futilidade: “Visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rm. 3:20). Em vez de salvar, a lei somente intensifica a culpabilidade do pecador e confirma a sua condenação. Contudo, eis a resposta de Deus: “Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo” (Rm. 3:21-22). Somos justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus. Ele resolveu definitivamente o problema do nosso pecado. Ele é a nossa paz, (Ef. 2:4). Por Ele somos justificados. E o profeta descreveu o fruto desta dádiva: “O efeito da justiça será paz, e o fruto da justiça, repouso e segurança para sempre” (Is. 32:17). Novamente, reiteramos o versículo do nosso texto: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”. Vamos valorizar a letra do hino: “Cantarei a Cristo! Por nós cumpriu a lei! Seu manto de justiça, alegre, vestirei”. (HNC 50).

3. O Alicerce desta Paz. Temos esta paz com Deus “por meio do nosso Senhor Jesus Cristo”. Ele é a nossa “âncora da alma, seguro e firme e que penetra além do véu, onde Jesus entrou por nós, tendo-se tornado sumo-sacerdote para sempre” (Hb.6:19-20).

Por sermos pecadores e totalmente inabilitados a cuidar da nossa vida espiritual, somos completamente dependentes da mediação de um outro que tem a autoridade e o poder para nos salvar. E este é Jesus Cristo. Tudo o que temos e precisamos vem a nós “por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”. Como Ele mesmo disse: “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo. 15:5). Por isso, cheio de compreensão, Ele nos convida: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jogo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave e meu fardo é leve” (Mt. 11:28-30). Feliz a pessoa que sente uma necessidade espiritual e toma posse dessa promessa, aproximando-se, pela fé, daquele que o convida.

A mediação de Jesus Cristo é uma das verdades fundamentais da fé cristã. Veja como Efésios 1:3-14 apresenta essa verdade: Quando Deus o Pai age em nosso favor, é sempre e unicamente “em Cristo” (V3). Fomos escolhidos “nele” para viver uma vida santa e irrepreensível, (V4). Fomos adotados como filhos de Deus, “por meio de Jesus Cristo”, (V5). Nele, “temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (V7). E os que esperam em Cristo, foram “selados com o Santo Espírito da promessa” (Vs12-14). Sempre enfatizamos que o acesso que temos ao trono da graça é, exclusivamente, pela fé, em plena submissão à eficácia da mediação de Jesus Cristo. “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb. 4:14-16).

E, para que o homem pudesse ser justificado e tivesse paz com Deus, Cristo tinha que realizar três atos indispensáveis em nosso favor: 1) Ele assumiu o lugar judicial de seu povo, como seu fiador e substituto, tomando sobre si mesmo tudo o que esse povo devia à lei de Deus. “Ele derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu” (Is. 53:12). Por causa disso, o verdadeiro cristão é um homem justificado, porque ele crê na fidelidade de seu Substituto. 2) Ele pagou a dívida que pairava sobre o cristão, liquidou tudo, até o último centavo; não com ouro ou prata, mas, sim, com o seu próprio sangue, (1Pe. 1:18-19). 3) Ele cumpriu todas as exigências da lei, para que o cristão, aquele que entregou sua vida aos cuidados de seu Salvador, pudesse ser justificado e desfrutasse das bem-aventuranças de paz com Deus. Graças a Deus, “porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo o que crê” (Rm. 10:4). A lei não salva ninguém, antes, a sua missão é conduzir-nos a Jesus Cristo, para que nele sejamos recebidos por Deus (Gl. 3:24).

4. O Aceitamento da Paz. “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus”. Primeiro, temos que definir a palavra “fé”. A Bíblia diz:  “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb. 11:6). Portanto, o primeiro ponto para definir a fé é crer que Deus realmente existe e que Ele se revela aos que o buscam. Ele não é um Ser abstrato, antes, Ele  é vivo e cheio de atributos atuantes. Num momento de auto-revelação, ele clamou: “Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocenta o culpado e visita a iniquidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos, até a terceira e quarta geração” (Ex. 34:6-7). Crer em Deus significa que cremos que Ele é misericordioso, fiel à sua palavra, perdoador e justo; e que Ele se comunica com a humanidade. Em nossos dias, essa comunicação vem a nós de uma forma inalterável nas Escrituras Sagradas.

Como podemos exercer a nossa fé? É crer, genuinamente, nas evidências que Ele mesmo nos deu através de suas obras na criação, (Sl.19:1). É usar a nossa inteligência, é desprender-se de qualquer dúvida, é crer que Deus usa seus atributos em favor de seu povo, pois Ele é galardoador dos que o buscam. Por ser um Deus que fala conosco através das Sagradas Escrituras, temos que acreditar e obedecer tudo o que Ele fala para o nosso bem. Em Hebreus onze, temos diversos exemplos de como os antigos usaram a sua fé. Tomamos o modelo de Abraão. Deus lhe deu uma promessa, e também os meios que deveriam ser praticados, a fim de tomar posse da herança. Ele teria que deixar o país onde nasceu e viver em plena dependência da direção de Deus. “Pela fé, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que deveria receber por herança; e partiu sem saber aonde ia” (Hb. 11:8). Vamos observar os seus passos no exercício da sua fé: ouviu a ordem, acreditou no que Deus lhe disse, e obedeceu às direções a fim de receber a promessa. E ele não ficou decepcionado: recebeu a promessa. Em todos os exemplos de como os homens exerceram a sua fé, os passos básicos são os mesmos: ouviram a palavra de Deus, acreditaram nos termos propostos e agiram pela fé, a fim de receber a prometida benção. E, para receber a salvação da nossa vida, os passos são os mesmos. Veja como o Apóstolo ratificou o que estamos dizendo: “Depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa, o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória” (Ef. 1:13-14). Temos que acreditar na mediação de Cristo, lembrando que “o Pai ama o Filho, e todas as coisas tem confiado às suas mãos” (Jo. 3:35). Cristo é o administrador das bênçãos de seu Pai; e é da sua mão que recebemos toda sorte de benção espiritual nas regiões celestiais, (Ef. 1:3). Nesse contexto, o Ap. Paulo podia escrever: “Justificados, pois, mediante a fé (na obra redentora do Filho de Deus) temos paz com Deus por meio do nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem obtivemos acesso, pela fé, a esta graça, na qual estamos firmes” (Rm. 5:1-2). Agora, vamos ouvir a palavra convidativa do nosso Senhor e Salvador: “Até agora nada tendes pedido em meu nome, pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa” (Jo. 16:24).

Conclusão: Temos falado sobre a paz. Apesar de não ser uma experiência universal, é evidente que algumas pessoas podem testemunhar: “Temos paz com Deus”. Por que elas têm essa convicção? Porque são justificadas na presença de Deus. Por que elas podem falar dessa maneira? Porque crêem no que a Bíblia ensina sobre a obra redentora de Jesus Cristo, o qual justifica aquele que crê. “Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave” (Ef. 5:2). Justificação é sempre mediante a fé, uma confiança completa na suficiência da morte substitutiva do Filho de Deus. E a evidência da veracidade da nossa fé será paz com Deus; paz em nossa consciência, sabendo que o “sangue de Jesus o Filho de Deus, nos purifica de todo pecado” (1Jo. 1:7). Uma única pergunta resta para nós: Temos esta paz? Estamos preparados para comparecer perante o tribunal de Deus para darmos contas de nós mesmos ao nosso Juiz? (Rm. 14:10-12). Que estejamos preparados.