Vasos de Honra

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

UMA MENSAGEM ESPIRITUAL


Rev. Ivan G. G. Ross

Leitura Bíblica: Isaías 40:1-11

Introdução: Nesta leitura, temos um relance da situação política e espiritual de Israel nos dias do profeta Isaías. A nação tinha se degenerado moralmente até o ponto de Deus querer cumprir as suas ameaças de castigo contra o povo, por causa da sua desobediência generalizada. Em Levíticos 26:33, Deus predissera que a nação seria desterrada e levada ao cativeiro. “Espalhar-vos-ei por entre as nações e desembainharei a espada atrás de vós; a vossa terra será assolada, e as vossas cidades serão desertas”. Agora, no tempo de Isaías, esta ameaça está se preparando para ser cumprida.

Quando um país recebe um castigo divino por causa de seus pecados, os piedosos também participam de tudo o que acontece. Em Israel, Daniel e seus três amigos, todos de sangue real, foram rebaixados à escravidão e levados ao cativeiro. Enfim, o povo de Deus não fica isento das consequências negativas causadas pela desobediência nacional. Mas, para estes, a dor da tribulação é suavizada pela consciência evidente da presença sustentadora de Deus, que continua acompanhando e abençoando os seus servos fiéis, mesmo quando estão em cativeiro. Lembramos da história de José no Egito: “O Senhor abençoou a casa do egípcio por amor de José – O Senhor, porém, era com José, e lhe foi benigno, e lhe deu mercê perante o carcereiro” (Gn. 39:5,21). Daniel e seus três amigos, bem como José, são testemunhas dessa presença do Senhor.

No caso de Israel, ou de qualquer outro povo, Deus demonstra a sua boa vontade para com as pessoas mediante a pregação do evangelho, uma mensagem de perdão para os arrependidos; um perdão fundamentado sobre o fato de que o Senhor de todas as misericórdias já providenciou um resgate que satisfez todas as exigências da lei, pois o salário do pecado foi recebido por um Fiador, Jesus Cristo, que morreu em nosso lugar na cruz do Calvário. Portanto, os mensageiros do evangelho são ordenados a proclamar: “Consolai, consolai o meu povo, diz o Senhor Deus. Falai ao coração de Jerusalém, bradai-lhe que já é findo o tempo da sua milícia (luta), que a sua iniquidade está perdoada” (Vs. 1-2). Mas, para que o povo possa receber essas boas novas, três acontecimentos são necessários:

1. A Necessidade de uma Preparação Vs. 3-5. A profecia nos faz lembrar do ministério de João Batista, o precursor e preparador do caminho para o ministério de Jesus Cristo. A Bíblia usa uma linguagem figurativa para descrever esse ministério. “Todo vale será aterrado, e nivelados todos os montes e outeiros; o que é tortuoso será retificado, e os lugares escabrosos aplanados”. Tudo isso significa que João Batista iria criar uma expectativa no coração do povo, a esperança do cumprimento das profecias messiânicas, o prometido Salvador. No início, o povo pensava que João Batista era o Messias, mas ele corrigiu as pessoas, dizendo: “Eu não sou o Cristo, mas fui enviado como seu precursor” (Jo. 3:28). Essa obra de preparação consistia na proclamação de três grandes princípios:

a)      A necessidade de arrependimento. “Dizia ele (João Batista), pois, às multidões que saíam para serem batizadas: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos do arrependimento”. Ele definiu o arrependimento como um abandono de todas as confianças alheias; por exemplo: “Temos por pai a Abraão”. Meus pais são crentes fiéis. Ou, eu procuro cumprir os meus deveres, etc. Mas arrependimento é mais do que isso; é uma mudança radical nas atitudes básicas. O egoísta passa a ser altruísta. O ladrão não rouba mais, antes, ele trabalha com suas próprias mãos. Aquele que maltratava as pessoas, passa a ser misericordioso. O trabalhador vive contente com o soldo que recebe, (Lc. 3:7-14). Esses frutos do arrependimento são as evidências práticas de uma vida transformada pela regeneração.
b)      A necessidade de crer no juízo vindouro. A realidade deste “Dia” serve para inibir os impulsos pecaminosos da nossa natureza. João Batista advertia o povo, dizendo: “E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo” (Lc. 3:9). E o Ap.Paulo explicou: “Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2Co. 5:10). Quando o Ap. Paulo dissertou perante Felix “acerca da justiça, do domínio próprio e do juízo vindouro”, o homem ficou amedrontado, (At. 24:25). Por isso, a advertência de “fugir da ira vindoura” (Lc. 3:7). “Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb. 10:31).
c)       A necessidade de crer em Jesus Cristo. A primeira vinda de Cristo foi profetizada desta maneira: “A glória do Senhor se manifestará, e toda a carne a verá, pois a boca do Senhor o disse” (V5). O Ap. João testificou: “E o verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória como do unigênito do Pai” (Jo. 1:14).   A glória de Cristo é o seu poder para buscar e salvar pecadores, tais como qualquer um de nós. O ministério de João Batista chegou ao ponto máximo quando ele viu Jesus, e olhando para Ele, declarou a todos ao seu redor: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo. 1:29). Agora devemos ouvir e crer no que a Escritura diz: “Quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (Jo. 3:36). Portanto, para crer em Cristo, temos que nos aproximar dEle pela fé. Como Ele mesmo disse: “O que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (Jo. 6:37). A obra de preparação se cumpre quando chegamos a Cristo pela fé e o recebemos como nosso Salvador.

2. A Necessidade de uma preordenação. Vs. 6-8.  A pregação do evangelho não se limita à exposição de arrependimento, o juízo vindouro e fé em Jesus Cristo. O ministro foi preordenado para incluir mais três elementos: a brevidade da nossa vida; a realidade da morte; e, a eternidade da palavra de Deus.

a)      A brevidade da nossa vida. Ouve-se uma voz anunciando uma única palavra: “Clama”. E o ministro de Deus que está sempre atento à voz do seu Senhor, responde, perguntando: “Que hei de clamar?” E a resposta é: Proclame a preordenação da brevidade da vida humana: “ Toda carne é erva, e toda a sua glória como a flor da erva” (V.6). Por um momento, vemos a vida humana coroada de belezas, consecuções e vitórias; contudo, toda essa glória é como a flor da erva que logo murcha e desvanece. O pregador descreve essa glória como uma “vaidade e correr atrás de vento” (Ec. 2:26). Existem valores mais importantes do que essas glórias momentâneas. A brevidade da nossa vida deve nos ensinar a buscar glórias que jamais desvanecerão.
b)      A realidade da nossa morte. A morte é vista como uma intervenção divina na vida do homem. Soprando nele o hálito do Senhor, o que acontece? “Seca-se a erva, e caem as flores” (V7). Devemos lembrar: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo” (Hb. 9:27). Apesar de Adão ter alcançado tantos anos, a sua história termina com esta nota sombria: “E morreu” (Gn 5:5).  A longevidade não ameniza a dor da morte. Ezequias recebeu esta preordenação da parte do Senhor: “Põe em ordem a tua casa, porque morrerás e não viverás” (2Rs. 20:1). O rei recebeu tempo para se preparar antes de morrer. Porém, não foi assim com um certo homem rico, porque enquanto comia, bebia e regozijava-se, Deus, de repente, lhe disse: “Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lc. 12:16-21). A lição é esta: Estejamos preparados enquanto temos tempo, porque não sabemos em que dia a morte nos visitará.
c)      A eternidade da palavra de Deus. O texto está estabelecendo um contraste entre a transitoriedade da vida humana e a permanência da palavra de Deus. “Seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra do nosso Deus permanece eternamente”, (V.8). Por que este contraste? Devemos entender que não há nada neste mundo que podemos guardar para sempre. Portanto, em vez de construir sobre aquilo que é transitório, devemos buscar o tesouro que jamais passará: “Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente” (1Jo. 2:17). Eis o objetivo principal para cada um de nós. Juntamente com a devida consagração de nossa vida, descobrimos “qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12:2). Esta é a preordenação que Deus estabeleceu para o seu povo: Conhecer a sua vontade em toda a sua abrangência.   

3. A necessidade de uma Preanunciação. (Vs. 9-11). Novamente, a palavra dirigida ao pregador e o que ele tem que anunciar: “Tu, ó Sião que anuncias boas novas, sobe a um monte alto!” A sua mensagem tem que ser ouvida pelo maior número de pessoas possível. “Tu que anuncias boas novas a Jerusalém, ergue a tua voz fortemente; levante-a, não temas, e dize às cidades de Judá”. Os povos de todos os lugares têm que ouvir essas boas-novas. Quais são essas notícias que têm tamanha urgência? Destacamos três: O que Deus já está fazendo; o que Deus ainda fará; e, como Deus cuida de seu povo.

a)      O que Deus está fazendo, (V9). “Eis aí está o vosso Deus”. Esta frase é uma exclamação de admiração, ao reconhecer que Deus continua trabalhando entre os povos deste mundo, dando-lhes as boas-novas de salvação, anunciando que o perdão dos pecados está ao alcance de todos os que o buscam. Esse perdão é oferecido gratuitamente, porque um Fiador pagou a dívida judicial de seu povo. O piedoso Zacarias louvou a Deus por essas mesmas verdades: “Bendito o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo, e nos suscitou plena e poderosa salvação na casa de Davi, seu servo, como prometeu desde a antiguidade, por boca dos seus santos profetas” (Lc. 1:68-70). O que Deus preanunciou, Ele está cumprindo em nossos dias. “Eis aí está o nosso Deus!” O Fiel cumpridor de cada uma de suas mui grandes e preciosas promessas. Louvado seja o seu santo nome.
b)      O que Deus ainda fará. “Eis que o Senhor Deus virá com poder, o seu braço dominará; o seu galardão está com ele, e diante dele, a sua recompensa” (V.10). Este versículo tem, talvez, uma dupla aplicação. Em nossos dias, o Senhor vem ao seu povo mediante a pregação do evangelho, como dissemos no primeiro ponto. Ele vem com seu braço estendido, dominando e julgando todos os inimigos de seu povo para que as pessoas estejam livres para crer em Jesus Cristo. O galardão que vem com Ele é a salvação eterna para todos os que crêem; e a recompensa de crer é saber que todas os nossos pecados são gratuitamente perdoados. O Ap.João afirmou: “Estas cousas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus”. Mas o segundo sentido do versículo é igualmente válido, e se refere, talvez, à segunda vinda de Jesus Cristo. Naquele dia, veremos a grandeza de seu poder através do ajuntamento de todas as nações perante o seu trono. “Quando vier o Filho do homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença” para serem julgadas segundo as suas obras. Assim, cada um dos indivíduos receberá de acordo com o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo, (Mt. 25:31-32; 2Co. 5:10). Notemos o destaque dado ao galardão: “cada um receberá”. Cristo prometeu: “E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras” (Ap. 22:12). Portanto, a exortação para cada um de nós é: “Vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor” (Mt 24:42).
c)      Como Deus cuida de seu povo. Vamos sentir a preciosidade desta verdade: “Como pastor, apascenta os cordeirinhos e os levará no seio; as que amamentam ele guiará mansamente” (V11). Notemos as três atitudes desse “bom pastor”:
                                I.      “Como pastor apascenta o seu rebanho”. A responsabilidade do pastor é suprir todas as necessidades de seu rebanho. O salmista confessou confiantemente: “ O Senhor é o meu pastor, nada me faltará” (Sl. 23:1). E, semelhantemente, o Ap. Paulo: “ E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma das vossas necessidades” (Fl. 4:19). O “nada me faltará” se refere às três necessidades básicas: alimento, vestimenta e moradia. Tendo essas coisas, “estejamos contentes” (1Tm 6:8). Mas, pela experiência pessoal, sabemos que Deus, em sua bondade, nos dá muito mais do que o básico: “O meu cálice transborda” (Sl. 23:5-6).    
                             II.      O cuidado do Senhor para com as crianças: “Entre seus braços recolherá os cordeirinhos e os levará no seio”. Vemos Jesus “ tomando-as nos braços e impondo-lhes  as mãos as abençoava” (Mc.10:16). Crianças e pessoas com deficiências físicas, por causa de suas limitações, recebem um cuidado especial. E, quando não podem andar sozinhas, Ele as “levará no seio”, perto de seu coração. O amor de Deus para com seu povo é indizivelmente maravilhoso e confortador.
                           III.      O cuidado do Senhor para com as mães. Por causa das responsabilidades maternas, as mães nem sempre conseguem acompanhar o ritmo dos demais membros da Igreja. Mas o Senhor não fica impaciente com elas. “As que amamentam, ele guiará mansamente”. Por causa dessas disposições de condescendência, Ele nos convida: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave e meu fardo é leve” (Mt. 11:28-30).


Conclusão: A nossa leitura começou com esta ordem: “ Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus”. Consolamos e saciamos os anseios do povo de Deus através da exposição da sua natureza. Ele que ser conhecido como o Deus perdoador, que apaga as nossas transgressões, (Is. 43:25). Por causa da brevidade da nossa vida, Ele quer que estejamos preparados para aquele dia solene, quando “cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus” (Rm. 14:12). E, finalmente, Deus quer que o seu povo tenha confiança na sua condescendência. Ele é o Bom Pastor que cuida do seu rebanho, “Oh! Provai e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia” (Sl. 34:8).

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