Vasos de Honra

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A VOCAÇÃO DO APÓSTOLO PAULO



Leitura Bíblica:  Romanos 1:16-17

Introdução: O Ap. Paulo deu início à sua carta descrevendo o seu chamado para o ministério, (V1). Tudo começou quando ele teve aquele encontro com Jesus Cristo no caminho para Damasco.Naquela ocasião, três coisas marcantes aconteceram: Ele foi poderosamente regenerado, perdoado, e enviado para pregar o evangelho, (At. 9:1-19). O Apóstolo ficou tão maravilhado com essa manifestação da graça e da misericórdia de Deus, que escreveu: “Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Jesus Cristo, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim, que noutro tempo era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia”, (1Tm. 1:11-12). Agora, escrevendo aos Romanos, ele registrou a sua motivação para exercer o seu ministério. Foi um amor singular a Jesus Cristo e um anseio forte para ver os gentios obedecendo à fé no mesmo Salvador (V.5), confessando: “Pois sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes; por isso, quanto está em mim, estou pronto a anunciar o evangelho também a vós outros, em Roma” (V.14-15). Vamos ao texto lido nos Vs. 16-17.

1. A Prontidão do Apóstolo. Por que ele está pronto para pregar o evangelho em Roma? Porque ele não tem vergonha do evangelho; não tem medo de ser ridicularizado por causa desta mensagem de “Jesus Cristo e este crucificado” (1Co. 2:2). Muitas pessoas, especialmente entre os sábios deste mundo, zombam do Cristo crucificado e o rejeitam como o único que conduz o pecador para a vida eterna. A pergunta do incrédulo é: Como pode um crucificado salvar alguém? Sim, Cristo crucificado pode ser um escândalo para os judeus e loucura para os gentios, mas, para nós, “aprouve a Deus salvar os que crêem” (1Co. 1:21-23).

Por causa dessa reação negativa à mensagem da cruz, muitos já tentaram, sem negar a sua realidade, modificar a unicidade de Cristo como a única providência de Deus para a salvação eterna de pecadores. Os judaizantes da Galácia projetaram a importância da circuncisão, dizendo: Não negamos a cruz de Cristo, mas, o que vale para a nossa salvação total é a circuncisão. E, com essa ênfase, desfizeram o escândalo da cruz (Gl. 5:11). Outros evitaram a ofensa da cruz, dando-lhe uma outra interpretação. Em vez de ser a providência de Deus para a nossa salvação, ela é um exemplo de paciência quando os homens maus nos injuriarem. Em vez de reagir, imitemos a paciência de Cristo.

Mas, por que a cruz de Cristo causa tanto constrangimento? Porque ela desencadeia uma perseguição sem medidas. Essa mensagem humilha a auto-suficiência do homem, ensinando que as suas boas obras não têm valor diante de Deus para ajudar na sua salvação. O evangelho exalta a gratuidade da providência divina para  a salvação do homem. Portanto, para ser salvo, o homem tem que se humilhar e reconhecer que não tem nenhum recurso que possa facilitar a sua salvação, ele tem que se lançar sobre a misericórdia de Deus e depender da suficiência da morte substitutiva de Jesus Cristo. O Ap. Paulo sofria uma perseguição incansável por causa da sua insistência sobre a centralidade da cruz de Cristo no plano da salvação de pecadores. Mas ele não se envergonhava dessa mensagem, preferindo a perseguição à apagar o único caminho para a nossa salvação. Veja Gálatas 5:11; 6:12.

2. A Propulsão do Apóstolo. Por que o Apóstolo não se envergonhava da cruz de Cristo? Porque ela é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Reconhecemos que Deus é todo poderoso e independente; contudo, Ele é servido em usar meios para comunicar seus propósitos salvíficos a seu povo. E o meio específico para esse fim é a pregação do evangelho, um ministério realizado exclusivamente por pessoas que Ele mesmo prepara e envia, (Rm. 10:15-17). Quando Deus estava encaminhando o centurião para receber o dom da salvação, Ele não usou o anjo para  anunciar as boas novas, isto seria o privilégio de um homem, o Ap. Pedro, (At. 10:1-43). O mesmo princípio foi usado para ajudar o eunuco a reconhecer a presença de Cristo na profecia de Isaias 53:7-8. Desta vez, Filipe foi o mensageiro escolhido para lhe dar a desejada explicação, (At. 8:26-35). Missões de evangelização são realizadas pela exclusividade de homens que obedecem à ordem de Jesus Cristo: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc. 16:15). Os primeiros cristãos reconheceram essa obrigação, e, apesar dos perigos, “os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra” (At. 8:4).

Em que sentido podemos dizer que o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê? O homem natural não tem nenhuma inclinação para conhecer a vontade de Deus para a sua vida. Ele é espiritualmente morto em seus delitos e pecados (Ef. 2:1). Portanto, para que o homem seja salvo, Deus tem que usar o seu poder para desfazer essa resistência espiritual.  “Eis que o Senhor virá com poder, e o seu braço dominará” (Is. 40:10). Ele usa o seu poder soberano para derrubar tudo o que se levanta para impedir a plena salvação de seu povo, seja a incredulidade ou a dureza do coração impenitente. Podemos pensar no Ap. Paulo antes do seu encontro com Jesus Cristo, homem que respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, (At. 9:1). Mas, ele foi derrotado, e, quando ouviu a voz acusadora de seu Salvador, pediu quebrantadamente: “ Que farei, Senhor?” (At. 22:10). E, por resposta, Cristo o  considerou fiel  e apto para o ministério (1Tm. 1:12), justificando a sua determinação, dizendo: “Este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel” (At. 9:15). Esse é o mesmo poder que operou em nós, dando-nos a força para confessar Jesus Cristo como Senhor e Salvador.

3. A Proclamação do Apóstolo. Por que o evangelho é o poder de Deus? Porque a justiça de Deus se revela no evangelho. Através dessa mensagem, vemos como Deus pode “ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm. 3:26). Para que alguém seja aceito diante da santidade de Deus, ele tem que ter uma justiça imaculada, isto é, uma obediência perfeita à lei divina, a partir de seu nascimento e até o último momento de sua vida aqui na terra. Mas como pode um homem, nascido de mulher, alcançar esse padrão de obediência,  visto que “todos pecaram e carecem da glória de Deus?” (Rm. 3:23). A resposta se encontra na lei da representação. “Pois assim como, por uma só ofensa (aquela de Adão, o nosso primeiro representante), veio o juízo sobre todos os homens para a condenação, assim também, por um só ato de justiça (a perfeita obediência de Jesus Cristo, o nosso novo representante), veio a graça sobre todos os homens, para a justificação que dá vida” (Rm. 5:18). Como o ato de Adão representou o procedimento de toda a sua descendência, assim, o ato de Cristo representou o procedimento de todo o seu povo. Quando a Bíblia diz que “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito” (Jo.3:16), está dizendo que Jesus Cristo foi dado para servir de representante para todos os que nele crêem. Como o pecado de Adão foi imputado à sua descendência, assim, a perfeita obediência de Cristo, que é a sua justiça, é imputada a todo o seu povo. Abraão foi um homem “plenamente convicto de que Deus era poderoso para cumprir o que prometera. Pelo que isso lhe foi também imputado para justiça. E não somente por causa dele está escrito que lhe foi levado em conta, mas também por nossa causa, posto que a nós igualmente nos será imputado, a saber, a nós que cremos naquele que ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação” (Rm. 4:21-25).

Agora, para sermos salvos, temos que, pela fé, nos revestir de Jesus Cristo e da sua justiça. “Cantarei a Cristo! Por nós cumpriu a Lei! Seu manto de justiça, alegre, vestirei” (HNC-50) E assim, com certeza, seremos aceitos diante do tribunal de Deus, (Rm 13:14). Quando a Bíblia ensina que Deus é justo, está dizendo que o nosso pecado não foi desprezado, antes, ele recebeu o devido salário, não em nós, mas, sim, em Jesus Cristo, o nosso Substituto. E, por modo semelhante, Deus é justificador de todos os que crêem em Jesus Cristo, porque Ele os vê vestidos das perfeições de seu próprio Filho. Como Abraão creu,  nós também temos que crer, a fim de receber a vida eterna.


Conclusão: O Ap. Paulo confessou: “Sou devedor”. Essa dívida do Apóstolo seria paga dando às nações o evangelho de Jesus Cristo. No exercício de seu ministério, o Apóstolo sempre demonstrou uma prontidão para pregar o evangelho a qualquer pessoa. A sua propulsão nesse trabalho foi o reconhecimento de que o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. A proclamação principal do Apóstolo foi a justiça de Deus, explicando como Ele pode seu justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus Cristo. Devemos orar para que Deus nos dê a mesma espontaneidade do Ap. Paulo para  testificar de Jesus Cristo, porque somos as suas testemunhas.

Rev. Ivan G. G. Ross

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