Leitura Bíblica: Romanos 1:16-17
Introdução: O Ap. Paulo deu início à sua carta
descrevendo o seu chamado para o ministério, (V1). Tudo começou quando ele teve
aquele encontro com Jesus Cristo no caminho para Damasco.Naquela ocasião, três
coisas marcantes aconteceram: Ele foi poderosamente regenerado, perdoado, e enviado
para pregar o evangelho, (At. 9:1-19). O Apóstolo ficou tão maravilhado com essa
manifestação da graça e da misericórdia de Deus, que escreveu: “Sou grato para
com aquele que me fortaleceu, Jesus Cristo, nosso Senhor, que me considerou
fiel, designando-me para o ministério, a mim, que noutro tempo era blasfemo, e
perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia”, (1Tm. 1:11-12). Agora, escrevendo
aos Romanos, ele registrou a sua motivação para exercer o seu ministério. Foi
um amor singular a Jesus Cristo e um anseio forte para ver os gentios
obedecendo à fé no mesmo Salvador (V.5), confessando: “Pois sou devedor tanto a
gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes; por isso, quanto está
em mim, estou pronto a anunciar o evangelho também a vós outros, em Roma”
(V.14-15). Vamos ao texto lido nos Vs. 16-17.
1. A Prontidão do Apóstolo. Por que ele está pronto para
pregar o evangelho em Roma? Porque ele não tem vergonha do evangelho; não tem
medo de ser ridicularizado por causa desta mensagem de “Jesus Cristo e este
crucificado” (1Co. 2:2). Muitas pessoas, especialmente entre os sábios deste
mundo, zombam do Cristo crucificado e o rejeitam como o único que conduz o
pecador para a vida eterna. A pergunta do incrédulo é: Como pode um crucificado
salvar alguém? Sim, Cristo crucificado pode ser um escândalo para os judeus e
loucura para os gentios, mas, para nós, “aprouve a Deus salvar os que crêem”
(1Co. 1:21-23).
Por causa dessa reação negativa à
mensagem da cruz, muitos já tentaram, sem negar a sua realidade, modificar a
unicidade de Cristo como a única providência de Deus para a salvação eterna de
pecadores. Os judaizantes da Galácia projetaram a importância da circuncisão,
dizendo: Não negamos a cruz de Cristo, mas, o que vale para a nossa salvação
total é a circuncisão. E, com essa ênfase, desfizeram o escândalo da cruz (Gl.
5:11). Outros evitaram a ofensa da cruz, dando-lhe uma outra interpretação. Em
vez de ser a providência de Deus para a nossa salvação, ela é um exemplo de
paciência quando os homens maus nos injuriarem. Em vez de reagir, imitemos a
paciência de Cristo.
Mas, por que a cruz de Cristo causa
tanto constrangimento? Porque ela desencadeia uma perseguição sem medidas. Essa
mensagem humilha a auto-suficiência do homem, ensinando que as suas boas obras
não têm valor diante de Deus para ajudar na sua salvação. O evangelho exalta a
gratuidade da providência divina para a
salvação do homem. Portanto, para ser salvo, o homem tem que se humilhar e
reconhecer que não tem nenhum recurso que possa facilitar a sua salvação, ele
tem que se lançar sobre a misericórdia de Deus e depender da suficiência da
morte substitutiva de Jesus Cristo. O Ap. Paulo sofria uma perseguição
incansável por causa da sua insistência sobre a centralidade da cruz de Cristo
no plano da salvação de pecadores. Mas ele não se envergonhava dessa mensagem,
preferindo a perseguição à apagar o único caminho para a nossa salvação. Veja
Gálatas 5:11; 6:12.
2. A Propulsão do Apóstolo. Por que o Apóstolo não se
envergonhava da cruz de Cristo? Porque ela é o poder de Deus para a salvação de
todo aquele que crê. Reconhecemos que Deus é todo poderoso e independente;
contudo, Ele é servido em usar meios para comunicar seus propósitos salvíficos
a seu povo. E o meio específico para esse fim é a pregação do evangelho, um
ministério realizado exclusivamente por pessoas que Ele mesmo prepara e envia,
(Rm. 10:15-17). Quando Deus estava encaminhando o centurião para receber o dom
da salvação, Ele não usou o anjo para
anunciar as boas novas, isto seria o privilégio de um homem, o Ap. Pedro,
(At. 10:1-43). O mesmo princípio foi usado para ajudar o eunuco a reconhecer a
presença de Cristo na profecia de Isaias 53:7-8. Desta vez, Filipe foi o
mensageiro escolhido para lhe dar a desejada explicação, (At. 8:26-35). Missões
de evangelização são realizadas pela exclusividade de homens que obedecem à
ordem de Jesus Cristo: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda
criatura” (Mc. 16:15). Os primeiros cristãos reconheceram essa obrigação, e,
apesar dos perigos, “os que foram dispersos iam por toda parte pregando a
palavra” (At. 8:4).
Em que sentido podemos dizer que o
evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê? O homem
natural não tem nenhuma inclinação para conhecer a vontade de Deus para a sua
vida. Ele é espiritualmente morto em seus delitos e pecados (Ef. 2:1).
Portanto, para que o homem seja salvo, Deus tem que usar o seu poder para
desfazer essa resistência espiritual. “Eis que o Senhor virá com poder, e o seu
braço dominará” (Is. 40:10). Ele usa o seu poder soberano para derrubar tudo o
que se levanta para impedir a plena salvação de seu povo, seja a incredulidade
ou a dureza do coração impenitente. Podemos pensar no Ap. Paulo antes do seu
encontro com Jesus Cristo, homem que respirava ameaças e morte contra os
discípulos do Senhor, (At. 9:1). Mas, ele foi derrotado, e, quando ouviu a voz
acusadora de seu Salvador, pediu quebrantadamente: “ Que farei, Senhor?” (At.
22:10). E, por resposta, Cristo o
considerou fiel e apto para o
ministério (1Tm. 1:12), justificando a sua determinação, dizendo: “Este é para
mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis,
bem como perante os filhos de Israel” (At. 9:15). Esse é o mesmo poder que
operou em nós, dando-nos a força para confessar Jesus Cristo como Senhor e
Salvador.
3. A Proclamação do Apóstolo. Por que o evangelho é o poder de
Deus? Porque a justiça de Deus se revela no evangelho. Através dessa mensagem,
vemos como Deus pode “ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus”
(Rm. 3:26). Para que alguém seja aceito diante da santidade de Deus, ele tem
que ter uma justiça imaculada, isto é, uma obediência perfeita à lei divina, a
partir de seu nascimento e até o último momento de sua vida aqui na terra. Mas
como pode um homem, nascido de mulher, alcançar esse padrão de obediência, visto que “todos pecaram e carecem da glória
de Deus?” (Rm. 3:23). A resposta se encontra na lei da representação. “Pois
assim como, por uma só ofensa (aquela de Adão, o nosso primeiro representante),
veio o juízo sobre todos os homens para a condenação, assim também, por um só
ato de justiça (a perfeita obediência de Jesus Cristo, o nosso novo
representante), veio a graça sobre todos os homens, para a justificação que dá
vida” (Rm. 5:18). Como o ato de Adão representou o procedimento de toda a sua
descendência, assim, o ato de Cristo representou o procedimento de todo o seu
povo. Quando a Bíblia diz que “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu
Filho unigênito” (Jo.3:16), está dizendo que Jesus Cristo foi dado para servir
de representante para todos os que nele crêem. Como o pecado de Adão foi imputado
à sua descendência, assim, a perfeita obediência de Cristo, que é a sua
justiça, é imputada a todo o seu povo. Abraão foi um homem “plenamente convicto
de que Deus era poderoso para cumprir o que prometera. Pelo que isso lhe foi
também imputado para justiça. E não somente por causa dele está escrito que lhe
foi levado em conta, mas também por nossa causa, posto que a nós igualmente nos
será imputado, a saber, a nós que cremos naquele que ressuscitou dentre os
mortos a Jesus, nosso Senhor, o qual foi entregue por causa das nossas
transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação” (Rm. 4:21-25).
Agora, para sermos salvos, temos
que, pela fé, nos revestir de Jesus Cristo e da sua justiça. “Cantarei a
Cristo! Por nós cumpriu a Lei! Seu manto de justiça, alegre, vestirei” (HNC-50)
E assim, com certeza, seremos aceitos diante do tribunal de Deus, (Rm 13:14).
Quando a Bíblia ensina que Deus é justo, está dizendo que o nosso pecado não
foi desprezado, antes, ele recebeu o devido salário, não em nós, mas, sim, em
Jesus Cristo, o nosso Substituto. E, por modo semelhante, Deus é justificador
de todos os que crêem em Jesus Cristo, porque Ele os vê vestidos das perfeições
de seu próprio Filho. Como Abraão creu,
nós também temos que crer, a fim de receber a vida eterna.
Conclusão: O Ap. Paulo confessou: “Sou
devedor”. Essa dívida do Apóstolo seria paga dando às nações o evangelho de
Jesus Cristo. No exercício de seu ministério, o Apóstolo sempre demonstrou uma
prontidão para pregar o evangelho a qualquer pessoa. A sua propulsão nesse
trabalho foi o reconhecimento de que o evangelho é o poder de Deus para a
salvação de todo aquele que crê. A proclamação principal do Apóstolo foi a
justiça de Deus, explicando como Ele pode seu justo e o justificador daquele
que tem fé em Jesus Cristo. Devemos orar para que Deus nos dê a mesma
espontaneidade do Ap. Paulo para
testificar de Jesus Cristo, porque somos as suas testemunhas.
Rev. Ivan G. G. Ross
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