Vasos de Honra

sexta-feira, 17 de março de 2017

AS INSONDÁVEIS RIQUEZAS DE CRISTO




Leitura Bíblica: Efésios 3:7-8

Introdução: O Ap. Paulo nunca cessou de ficar maravilhado com o fato de ser “constituído ministro da graça de Deus”. E, logo em seguida, acrescenta: “A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das Insondáveis Riquezas de Cristo”.  Por qual razão ele ficou tão maravilhado? Ele nunca se esqueceu da sua vida anterior; um perseguidor da Igreja. Como pode um Deus tão santo escolher tal pecador para ser o seu ministro? Essa lembrança o humilhava, fazendo-o confessar, de coração contrito: “Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a Igreja de Deus” (1Co. 15:9). Nesse contexto, podemos entender a razão pela qual repetia tantas vezes o dom da graça de Deus. Somos salvos pela graça de Deus, (Ef. 2:8). O sentido desta palavra, “graça”, está neste versículo: “Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou” (Tt. 3:4-5). Deus não buscou em nós um mérito chamativo, antes, quando escolheu o seu povo, Ele manifestou a sua benignidade e a sua misericórdia para com os seus escolhidos. E, a partir desse ato, Ele “nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt.3:5). Temos que reconhecer que tudo o que temos é devido ao dom gratuito da graça de Deus. Como o Salmista exclamou: “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua misericórdia e da tua fidelidade” (Sl. 115:1).

Com essa introdução, estamos prontos para entender a exultação do Apóstolo para “pregar aos gentios (pecadores) o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo”. Devemos lembrar que essa graça não se limitou aos apóstolos, antes, é o dever dos membros da Igreja, porque todos nós somos as testemunhas de Cristo, e temos uma experiência da sua graça em nossa vida. As insondáveis riquezas de Cristo são tão incalculáveis quanto a distância que Ele afasta de nós os nossos pecados perdoados, (Sl. 103: 11-12). Por causa disso, a nossa compreensão dessas riquezas é extremamente limitada. A Bíblia, porém, nos oferece muitas indicações dessa riqueza, tais como:

1. A Condescendência de Cristo. Para entender a condescendência de Cristo, devemos sentir o contraste entre o seu estado na eternidade, antes da fundação do mundo, e como Ele deixou tudo a fim de entrar neste mundo como servo.
a)      O seu estado na eternidade, “conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém, manifestado no fim dos tempos, por amor de vós” (1Pe 1:20). Ele não foi criado, porque Ele é “desde os dias da eternidade” (Mq. 5:2). Veja como a Bíblia O introduz: “No princípio era o Verbo (Cristo, a Palavra viva de Deus), e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram criadas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” (Jo. 1:1-3). Vemos Cristo na eternidade, assentado à direita da majestade, coroado de glória e honra, com um nome que está acima de todo nome, (Hb. 1:3; 2:7; Fp. 2:7). Por isso, Cristo podia falar da glória que Ele teve, junto do Pai, antes que houvesse mundo, (Jo. 17:5). Na Bíblia, percebemos uma igualdade entre o Pai e seu Filho Jesus Cristo. Ele confessou: “Quem me vê a mim vê o Pai” e “Eu e o Pai somos um” (Jo. 14:9; 10:30). Agora, chegando o tempo da encarnação de Jesus Cristo, lemos: “Pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus” (Fp. 2:6). Este é aquele que veio para dar a sua vida em resgate por muitos, (Mc. 10:45). Assim, temos um relance das insondáveis riquezas de Cristo; o dom de Deus para nós, pecadores.
b)      Como Ele entrou neste mundo para servir. Apesar de ser igual a Deus, pois, “nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl. 2:9), Ele, “a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fp. 2:7-8). Quem pode sondar a condescendência desse ato? A Bíblia descreve essa transição, dizendo: “Vindo, porém, a plenitude do tempo,  Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl. 4:4-5). Uma das insondáveis riquezas de Cristo é o que Ele fez a fim de que sejamos chamados filhos de Deus. “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1Jo. 4:10). Agora, por causa dessa insondável riqueza de Cristo, podemos comparecer perante o tribunal de Deus sem medo, porque os nossos pecados estão encobertos e perdoados, pois Ele é a nossa propiciação; aquele que encobre o nosso pecado.

2. A Concordância de Cristo. Quando o conselho da Divindade (a intercomunicação entre Pai, Filho e Espírito Santo) elaborou o plano para redimir o seu povo mediante uma morte substitutiva, Jesus Cristo, imediatamente, se apresentou, dizendo: “Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb.10:9). Ele sabia tudo o que essa decisão envolveria; encarnar-se, viver no meio de pecadores, ser desprezado, e, finalmente, morto por crucificação. Esse ato não foi uma imposição feita por ninguém, antes, foi uma decisão inteiramente livre e espontânea. E qual a explicação? “Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave” (Ef. 5:2). Nesse ato, percebemos as insondáveis riquezas do amor de Cristo. Falando da sua morte vicária, Ele disse: “Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai” (Jo. 10:18). Observemos dois aspectos de concordância que Cristo assumiu:

a)      A sua vida entre os pecadores. A Bíblia registra estes lamentáveis feitos quanto à recepção que Cristo recebeu dos homens: “Veio para os que eram seus, e os seus ( o povo que confessava o nome de Deus) não o receberam” (Jo.1:11). A partir dessa rejeição, Ele “era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizeram caso” (Is. 53:3). E, apesar de seus atos de misericórdia, lemos, repetidamente: Os fariseus conspiravam contra ele, em como lhe tirariam a vida, (Mc. 3:6). Cristo já previu e aceitou calmamente o que lhe aconteceria, dizendo aos discípulos: “Pois será ele (o Filho do homem) entregue aos gentios, escarnecido, ultrajado e cuspido; e, depois de o açoitarem, tirar-lhe-ão a vida”. Mas, embora sabendo que tudo isso aconteceria, Ele não quis desistir da sua missão redentora. Por quê? Porque soube que “ao terceiro dia ressuscitaria” (Lc. 18:31-33). Quem pode medir as insondáveis riquezas do amor de Cristo, quando aceitou o desafio de dar a sua vida dessa maneira por nós, pecadores, que, por natureza, não temos o temor de Deus!
b)      O que aconteceu quando Cristo estava dando a sua vida? Estava “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados” (1Pe. 2:24). Temos que entender e acreditar que, dentro dos propósitos do conselho da Divindade, Cristo estava pagando o preço da nossa redenção. E, por causa da sua morte vicária, Cristo recebeu esta promessa: “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si” (Is. 53:11). Novamente, vamos meditar sobre as insondáveis riquezas de Cristo, acreditando, agora,  que, nele, “temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef. 1:7). O que está implícito nesse ato de crer? A Bíblia nos dá este exemplo: “E, do modo  por que Moises levantou a serpente (de bronze) no deserto, assim  importa que o Filho do homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna” (Jo. 3:14-15).  Quando um israelita foi mordido por uma serpente abrasadora, “se olhava para a de bronze, sarava”(Nm. 21:9). Sem qualquer obra meritória, apenas em obediência à providência de Deus, um simples olhar pela fé era suficiente para ser salvo. O primeiro passo é sempre crer no que Cristo fez por nós, e todas as demais questões serão resolvidas.

3. A Constância de Cristo. Quando Cristo estava perto  de dar a sua vida em resgate por muitos, ele deixou para todos os seus seguidores uma abundância de promessas auxiliadoras. Ouça o que o Ap. Pedro diz: “Visto como, pelo seu divino poder nos tem sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude, pelas quais  nos têm sido doadas as suas preciosas  e mui grandes promessas, para que, por elas, vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção, das paixões que há no mundo” (2Pe. 1:3-4). Por estarmos em Cristo, temos a promessa de receber quatro dádivas que são essenciais  para se ter uma vida cristã; cada uma revelando as insondáveis riquezas de Cristo. E, pela constância de Cristo, podemos experimentar  a suficiência de suas promessas para suprir cada uma de nossas necessidades, porque Ele mesmo prometeu: “E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século” (Mt. 28:20). Eis as quatro dádivas: “Mas vós sois de Deus em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus: sabedoria, e justiça, e santificação e redenção” (1Co. 1:30).

a)      Sabedoria. Nós somos insensatos, mas a nossa sabedoria provém de Cristo. Como podemos receber essa sabedoria? Pela oração e pela leitura das Escrituras. “Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida” (Tg.1:5). “Compreendo mais do que todos os meus mestres, porque medito nos teus testemunhos” (Sl. 119:99). O Apóstolo Paulo, em suas orações pelas igrejas, pediu que elas transbordassem “em toda a sabedoria e entendimento espiritual; a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado” (Cl. 1:9-11). Precisamos dessa sabedoria para que a insensatez da nossa imaturidade não impeça o progresso do evangelho. O importante é que nos tornemos “sábios para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2Tm 3:15).
b)      Justiça. Nós somos culpados, mas a nossa justiça provém de Cristo. A pergunta pungente continua inquietando o coração de muitos: “Na verdade, sei que assim é; porque, como pode o homem ser justo para com Deus?” (Jó 9:2). Por seu próprio esforço, é uma impossibilidade. “E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus” (Gl. 3:11). A nossa única esperança é acreditar na providência de Deus para a nossa justiça. “Seremos justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rm. 3:24). A exortação é esta: “Mas revisti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne” (Rm. 13:14). É um ato de fé. Cremos e agimos de acordo com o contexto. E qual será o resultado? “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm. 5:1).
c)      Santificação. Nós somos corrompidos, mas a nossa santificação provém de Cristo. A nossa santificação foi providenciada mediante a morte, sepultamento e ressurreição de Jesus Cristo. Romanos 6 deve ser estudado cuidadosamente a fim de entender melhor esse assunto. Mas devemos esclarecer um ponto de suma importância. Quando o Apóstolo usa a palavra “batismo” nesse capítulo, ele não está fazendo nenhuma referência ao sacramento do batismo que a Igreja observa, antes, o termo se refere à nossa união com Cristo, conforme a exposição do versículo 5. Resumidamente, quando Cristo morreu, Ele morreu para o pecado; e nós, unidos com Ele, também morremos para o pecado. Semelhantemente, quando Cristo foi sepultado, nós fomos sepultados com Ele. O poder do pecado sobre a nossa vida ficou encerrado, foi sepultado para nunca mais nos escravizar. E, por fim, quando Cristo ressuscitou, nós, também, ressuscitamos com Ele, para andarmos em novidade de vida. O que significa tudo isso? “Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna” (Rm. 6:22). Agora, vamos sempre lembrar da verdade intocável: “ E, assim, se alguém está em Cristo (unido com Ele), é nova criatura; as coisas antigas já passaram; e eis que se fizeram novas” (2Co. 5:17).        
d)     Redenção. Nós somos encarcerados, mas a nossa redenção provém de Cristo. Nos tempos antigos, o endividado ficava na prisão até que fosse paga toda a sua dívida (Lc. 12:58-59). Mas como podia um encarcerado pagar a sua dívida? Ele era dependente de um resgatador e, se não tivesse um, morreria no cárcere. Assim, nós, também, ficamos impossibilitados de pagar a dívida do nosso pecado. Mas Deus, em sua misericórdia infinita, providenciou um Resgatador para o seu povo, um que pagaria toda a sua dívida. Jesus Cristo é este Resgatador, “ no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef. 1:7). Em cada um desses quatro itens, temos uma mina das insondáveis riquezas de Cristo. Que elas sejam o assunto em nossas meditações espirituais todos os dias!


Conclusão: Vamos lembrar que nós somos as testemunhas de Jesus Cristo. Portanto, devemos cultivar o mesmo sentimento que houve no Ap. Paulo: “A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar (testemunhar) aos gentios (pecadores) o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo”. E, finalmente, vamos sentir a responsabilidade implícita na palavra do Apóstolo: “Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros (o que nós somos) é que cada um deles seja encontrado fiel” (1Co. 4:2).

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