Vasos de Honra

domingo, 20 de outubro de 2013

O CONTENTAMENTO CRISTÃO


Leitura Bíblica: Salmo 16:1-11

Introdução: Uma das características do Salmo número dezesseis é que o Salmista fala das suas circunstâncias usando sempre a primeira pessoa do singular. O “eu” e o “tu” indicam um relacionamento intensamente particular, enquanto que o “meu” nos aponta para aquele que está recebendo todas as ricas dádivas do Senhor. Portanto, todos os cristãos podem usar essas palavras como se fossem as suas próprias reflexões. Vamos meditar sobre essas ponderações, que são tão  pessoais. O Salmista olha para quatro áreas diferentes em sua vida:

1.  Ele olha para cima, Vs 1-2. Todos nós, que cremos em Jesus Cristo, temos acesso ao trono da graça. Por isso, somos convidados: “Acheguemo-nos, portanto, confiantemente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb. 4:16). A frase “guarda-me ó Deus” indica que o salmista estava prevendo uma dificuldade e se sentindo incapaz de enfrentá-la sozinho. Mas, como homem de fé, soube que podia lançar sobre Deus toda a sua ansiedade, sabendo que Deus tem cuidado dele, (1 Pe. 5:7). Por que a prática da oração? Porque o Senhor é o meu refúgio. Ele é a minha fortaleza, a minha proteção e o meu defensor. Somos felizes porque podemos pedir e receber o auxílio do Senhor. Por isso, somos “mais que vencedores” (Rm. 8:37).

Depois de falar sobre o privilégio da oração, o Salmista faz uma confissão ao Senhor: “Tu és o meu Senhor”, o Dono da minha vida. Portanto, confesso constantemente: “Eis que estou a fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb. 10:9). Mas, por que tenho essa disposição? Porque “outro bem (outro senhor) não possuo, senão a ti somente”. Na verdade, não existe nenhuma outra disposição que é aceitável diante de Deus: “ Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou há de se devotar a um e desprezar ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Mt. 6:24). Vamos continuar olhando para cima para desfrutar dos privilégios da oração e da direção do Senhor. Que a minha vontade “não seja como eu quero, e sim, como tu queres” (Mt. 26:39).

2. Ele olha ao redor, Vs. 3-4. Ele quis tomar conhecimento do que estava acontecendo ao seu redor. Primeiro, ele viu “os santos que há na terra”. Quem são esses “santos”? São as pessoas que crêem em Jesus Cristo como Senhor; e que são nascidas de novo pelo poder do Espírito Santo. E, por causa dessa união com Cristo, passam a desenvolver uma vida santa e irrepreensível diante de todos. Por isso, são “os notáveis” que vivem na terra. A sua vida piedosa os distingue de todos os demais. Somos exortados a receber, amar e honrar tais pessoas (Fl. 2:29) Devemos agir assim porque, neles, “tenho todo o meu prazer.” Veja como o Ap. Paulo se sentiu a respeito desses “santos”: “Pois a minha testemunha é Deus da saudade que tenho de todos vós, na tenra misericórdia de Cristo Jesus” (Fl. 1:8). Que possamos valorizar, mais e mais, os “santos que há na terra”.

No entanto, em segundo lugar, olhando ao seu redor, o Salmista notou a presença de pessoas “ que trocam o Senhor por outros deuses”; o deus do materialismo, ou, até o deus da sua própria imaginação. São pessoas que buscam um deus que possa satisfazer todos os seus egoísmos. Qual é o resultado de buscar bens de outros deuses? Dores, tais como repetidas decepções, tristezas e sofrimentos físicos e emocionais. “Para os perversos (os que buscam deuses mentirosos), diz o meu Deus, não há paz” (Is. 57:21).

Após essas observações, qual foi a reação do Salmista? Ele tomou uma decisão resoluta: “Não oferecerei as suas libações de sangue”. Não participarei em seus ritos de buscar bens materiais. A ordem bíblica é esta: “Retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em cousas impuras; e eu vos receberei e serei vosso Pai, e  vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso” (2 Co 6:17-18). Mas o Salmista resolveu ainda mais: “Os meus lábios não pronunciarão o seu nome”.  Por que essa determinação? A conversa sobre os costumes de certas religiões pode despertar uma curiosidade e a tentação para experimentar o proibido. Esse foi o grande mal de Israel. É de suma importância que tomemos decisões sérias sobre questões religiosas, a fim de manter a pureza da nossa fé em Jesus Cristo.

3. Ele olha para dentro, Vs. 5-8. Olhar para dentro da sua própria vida significa discernir quais são as suas atitudes acerca das circunstâncias em que vive. O Salmista comenta sobre quatro dessas circunstâncias:

Primeira: A herança que recebeu para a sua vida. “ O Senhor é a porção da minha herança e o meu cálice”. Ao entrar na terra de Canaã, cada tribo recebeu a sua herança, uma parcela de terras, bem definidas e cercadas. No mesmo sentido, quando entramos na vida cristã, cada um recebe a sua herança, bem definida e segura: o Deus vivo e verdadeiro, que é bem melhor do que qualquer pedaço de terra. “ O Senhor é a porção da minha herança”. O Salmista gostava de confessar: “Ainda que a minha carne e o meu coração desfalecem, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre” (Sl. 73:26). Por causa da natureza da sua herança, qual foi a declaração do Salmista? “Tu és o arrimo (esteio, apoio) da minha sorte”. Sim, “bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, cuja esperança está no Senhor, seu Deus” (Sl. 146:5),

Segunda: A preciosidade dessa herança. “Caem-me as divisas em lugares amenos (agradáveis)”. Os levitas não receberam uma parcela de terra, porque o Senhor foi a herança deles. E, semelhantemente, a nossa herança não é material, antes, é espiritual, o próprio Senhor. Por isso, o Salmista podia confessar: “ É mui linda a minha herança”. Tendo o Senhor como nosso esteio, temos tudo. Por isso, vivemos plenamente satisfeitos com a nossa porção, sem nenhuma necessidade para murmurar.

Terceira: Em relação a essa herança, o Senhor me ensina como devo andar: “Bendigo ao Senhor, que me aconselha, pois até durante a noite o meu coração me ensina”. Se o Senhor é a nossa herança, devemos ter um desejo ardente para conhecer a respeito dele. Mas como? Existe uma única maneira! Temos que tomar o tempo necessário para ler e meditar sobre a sua auto-revelação, que está registrada inerrantemente nas Escrituras Sagradas. “Meditarei no glorioso resplendor da tua majestade e nas tuas maravilhas” (Sl. 145:5). Sejamos como o Salmista: “Os meus olhos antecipam-se às vigílias noturnas, para que eu medite nas tuas palavras” (Sl. 119:148).

Quarta: Nessa herança, o Senhor está comigo: “O Senhor, tenho-o sempre à minha presença: estando ele à minha direita, não serei abalado”. Por que essa confiança? Porque, quando clamo a Ele: “Ele dos céus me envia o seu auxílio e me livra (...). Envia a sua misericórdia e a sua fidelidade” (Sl. 57:3). Quando olhamos dentro do nosso coração, será que podemos dizer que as nossas atitudes, disposições espirituais, são semelhantes às do Salmista nesses quatros versículos? Que a resposta seja: Sim !

4. Ele olha para o futuro, Vs. 9-11. Querendo ou não, todos nós teremos que encarar a realidade da nossa morte, o dia quando teremos que deixar esta vida na terra e entrar na vida na eternidade. Quais são as nossas esperanças para esse evento momentoso? O Salmista fala de três realidades que o consolam:

Primeira: A morte não é necessariamente uma experiência sombria. Antes, para aqueles que têm Jesus Cristo como Salvador, é uma experiência alegre, porque, para “partir e estar com Cristo é incomparavelmente melhor” (Fl. 1:23). Por isso, confessamos: “Alegra-se, pois, o meu coração, e o meu espírito exulta; até o meu corpo repousará seguro”. Os que estão unidos com Cristo em vida continuarão unidos com Ele na morte. O apóstolo declarou confiadamente: “Nem a morte (...) poderá separar-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm. 8:38-39)

Segunda: A esperança da ressurreição do nosso corpo no Dia da Segunda Vinda de Jesus Cristo. “Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção”. Essa foi a verdade que encorajou Jesus Cristo para enfrentar a morte e morte de cruz; essa deve ser, também, a fonte da nossa esperança na hora da morte. “E ressoada a trombeta de Deus, (Cristo) descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro” (1 Ts 4:16).

Terceira: A segurança que teremos na hora da morte: “Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente”. Na hora da morte veremos o caminho aberto que nos conduzirá à presença daquele que nos amou e a si mesmo se entregou por nós, Jesus Cristo. Ao entrarmos na presença do Senhor, que é “incomparavelmente melhor” do que qualquer experiência que poderemos ter na terra, teremos a “plenitude de alegria”, e, à “destra do Senhor, delícias perpetuamente”. O céu é um lugar infinitamente melhor que a terra. Aqui, tudo é vaidade, mas lá, tudo é perfeito, glorioso e permanente. Aqueles que têm essa percepção na hora da morte terão uma transferência tranquila.


Se a nossa vida mortal estiver cheia de Deus, podemos ter certeza quanto à nossa imortalidade. “E, assim, estaremos para sempre com o Senhor” (I Ts. 4:17).

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