Leitura
Bíblica: Salmo 16:1-11
Introdução:
Uma das características do Salmo número dezesseis é que o Salmista fala das
suas circunstâncias usando sempre a primeira pessoa do singular. O “eu” e o
“tu” indicam um relacionamento intensamente particular, enquanto que o “meu”
nos aponta para aquele que está recebendo todas as ricas dádivas do Senhor.
Portanto, todos os cristãos podem usar essas palavras como se fossem as suas
próprias reflexões. Vamos meditar sobre essas ponderações, que são tão pessoais. O Salmista olha para quatro áreas
diferentes em sua vida:
1. Ele olha para cima, Vs 1-2. Todos nós,
que cremos em Jesus Cristo, temos acesso ao trono da graça. Por isso, somos
convidados: “Acheguemo-nos, portanto, confiantemente, junto ao trono da graça,
a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna”
(Hb. 4:16). A frase “guarda-me ó Deus” indica que o salmista estava prevendo
uma dificuldade e se sentindo incapaz de enfrentá-la sozinho. Mas, como homem
de fé, soube que podia lançar sobre Deus toda a sua ansiedade, sabendo que Deus
tem cuidado dele, (1 Pe. 5:7). Por que a prática da oração? Porque o Senhor é o
meu refúgio. Ele é a minha fortaleza, a minha proteção e o meu defensor. Somos
felizes porque podemos pedir e receber o auxílio do Senhor. Por isso, somos
“mais que vencedores” (Rm. 8:37).
Depois
de falar sobre o privilégio da oração, o Salmista faz uma confissão ao Senhor:
“Tu és o meu Senhor”, o Dono da minha vida. Portanto, confesso constantemente:
“Eis que estou a fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb. 10:9). Mas, por que tenho
essa disposição? Porque “outro bem (outro senhor) não possuo, senão a ti
somente”. Na verdade, não existe nenhuma outra disposição que é aceitável
diante de Deus: “ Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de
aborrecer-se de um e amar ao outro, ou há de se devotar a um e desprezar ao
outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Mt. 6:24). Vamos continuar
olhando para cima para desfrutar dos privilégios da oração e da direção do
Senhor. Que a minha vontade “não seja como eu quero, e sim, como tu queres”
(Mt. 26:39).
2.
Ele olha ao redor, Vs. 3-4. Ele quis tomar conhecimento do que estava
acontecendo ao seu redor. Primeiro, ele viu “os santos que há na terra”. Quem são
esses “santos”? São as pessoas que crêem em Jesus Cristo como Senhor; e que são
nascidas de novo pelo poder do Espírito Santo. E, por causa dessa união com
Cristo, passam a desenvolver uma vida santa e irrepreensível diante de todos.
Por isso, são “os notáveis” que vivem na terra. A sua vida piedosa os distingue
de todos os demais. Somos exortados a receber, amar e honrar tais pessoas (Fl.
2:29) Devemos agir assim porque, neles, “tenho todo o meu prazer.” Veja como o
Ap. Paulo se sentiu a respeito desses “santos”: “Pois a minha testemunha é Deus
da saudade que tenho de todos vós, na tenra misericórdia de Cristo Jesus” (Fl.
1:8). Que possamos valorizar, mais e mais, os “santos que há na terra”.
No
entanto, em segundo lugar, olhando ao seu redor, o Salmista notou a presença de
pessoas “ que trocam o Senhor por outros deuses”; o deus do materialismo, ou,
até o deus da sua própria imaginação. São pessoas que buscam um deus que possa
satisfazer todos os seus egoísmos. Qual é o resultado de buscar bens de outros
deuses? Dores, tais como repetidas decepções, tristezas e sofrimentos físicos e
emocionais. “Para os perversos (os que buscam deuses mentirosos), diz o meu
Deus, não há paz” (Is. 57:21).
Após
essas observações, qual foi a reação do Salmista? Ele tomou uma decisão
resoluta: “Não oferecerei as suas libações de sangue”. Não participarei em seus
ritos de buscar bens materiais. A ordem bíblica é esta: “Retirai-vos do meio
deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em cousas impuras; e eu vos
receberei e serei vosso Pai, e vós
sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso” (2 Co 6:17-18).
Mas o Salmista resolveu ainda mais: “Os meus lábios não pronunciarão o seu
nome”. Por que essa determinação? A
conversa sobre os costumes de certas religiões pode despertar uma curiosidade e
a tentação para experimentar o proibido. Esse foi o grande mal de Israel. É de
suma importância que tomemos decisões sérias sobre questões religiosas, a fim
de manter a pureza da nossa fé em Jesus Cristo.
3.
Ele olha para dentro, Vs. 5-8. Olhar para dentro da sua própria vida
significa discernir quais são as suas atitudes acerca das circunstâncias em que
vive. O Salmista comenta sobre quatro dessas circunstâncias:
Primeira:
A herança que recebeu para a sua vida. “ O Senhor é a porção da minha herança e
o meu cálice”. Ao entrar na terra de Canaã, cada tribo recebeu a sua herança,
uma parcela de terras, bem definidas e cercadas. No mesmo sentido, quando entramos
na vida cristã, cada um recebe a sua herança, bem definida e segura: o Deus
vivo e verdadeiro, que é bem melhor do que qualquer pedaço de terra. “ O Senhor
é a porção da minha herança”. O Salmista gostava de confessar: “Ainda que a
minha carne e o meu coração desfalecem, Deus é a fortaleza do meu coração e a
minha herança para sempre” (Sl. 73:26). Por causa da natureza da sua herança,
qual foi a declaração do Salmista? “Tu és o arrimo (esteio, apoio) da minha
sorte”. Sim, “bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio,
cuja esperança está no Senhor, seu Deus” (Sl. 146:5),
Segunda:
A preciosidade dessa herança. “Caem-me as divisas em lugares amenos
(agradáveis)”. Os levitas não receberam uma parcela de terra, porque o Senhor
foi a herança deles. E, semelhantemente, a nossa herança não é material, antes,
é espiritual, o próprio Senhor. Por isso, o Salmista podia confessar: “ É mui
linda a minha herança”. Tendo o Senhor como nosso esteio, temos tudo. Por isso,
vivemos plenamente satisfeitos com a nossa porção, sem nenhuma necessidade para
murmurar.
Terceira:
Em relação a essa herança, o Senhor me ensina como devo andar: “Bendigo ao
Senhor, que me aconselha, pois até durante a noite o meu coração me ensina”. Se
o Senhor é a nossa herança, devemos ter um desejo ardente para conhecer a
respeito dele. Mas como? Existe uma única maneira! Temos que tomar o tempo
necessário para ler e meditar sobre a sua auto-revelação, que está registrada
inerrantemente nas Escrituras Sagradas. “Meditarei no glorioso resplendor da
tua majestade e nas tuas maravilhas” (Sl. 145:5). Sejamos como o Salmista: “Os
meus olhos antecipam-se às vigílias noturnas, para que eu medite nas tuas
palavras” (Sl. 119:148).
Quarta:
Nessa herança, o Senhor está comigo: “O Senhor, tenho-o sempre à minha
presença: estando ele à minha direita, não serei abalado”. Por que essa
confiança? Porque, quando clamo a Ele: “Ele dos céus me envia o seu auxílio e
me livra (...). Envia a sua misericórdia e a sua fidelidade” (Sl. 57:3). Quando
olhamos dentro do nosso coração, será que podemos dizer que as nossas atitudes,
disposições espirituais, são semelhantes às do Salmista nesses quatros
versículos? Que a resposta seja: Sim !
4.
Ele olha para o futuro, Vs. 9-11. Querendo ou não, todos nós teremos que
encarar a realidade da nossa morte, o dia quando teremos que deixar esta vida
na terra e entrar na vida na eternidade. Quais são as nossas esperanças para
esse evento momentoso? O Salmista fala de três realidades que o consolam:
Primeira:
A morte não é necessariamente uma experiência sombria. Antes, para aqueles que
têm Jesus Cristo como Salvador, é uma experiência alegre, porque, para “partir
e estar com Cristo é incomparavelmente melhor” (Fl. 1:23). Por isso,
confessamos: “Alegra-se, pois, o meu coração, e o meu espírito exulta; até o
meu corpo repousará seguro”. Os que estão unidos com Cristo em vida continuarão
unidos com Ele na morte. O apóstolo declarou confiadamente: “Nem a morte (...)
poderá separar-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm.
8:38-39)
Segunda:
A esperança da ressurreição do nosso corpo no Dia da Segunda Vinda de Jesus
Cristo. “Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu
Santo veja corrupção”. Essa foi a verdade que encorajou Jesus Cristo para enfrentar
a morte e morte de cruz; essa deve ser, também, a fonte da nossa esperança na
hora da morte. “E ressoada a trombeta de Deus, (Cristo) descerá dos céus, e os
mortos em Cristo ressuscitarão primeiro” (1 Ts 4:16).
Terceira:
A segurança que teremos na hora da morte: “Tu me farás ver os caminhos da vida;
na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente”.
Na hora da morte veremos o caminho aberto que nos conduzirá à presença daquele
que nos amou e a si mesmo se entregou por nós, Jesus Cristo. Ao entrarmos na
presença do Senhor, que é “incomparavelmente melhor” do que qualquer
experiência que poderemos ter na terra, teremos a “plenitude de alegria”, e, à
“destra do Senhor, delícias perpetuamente”. O céu é um lugar infinitamente
melhor que a terra. Aqui, tudo é vaidade, mas lá, tudo é perfeito, glorioso e
permanente. Aqueles que têm essa percepção na hora da morte terão uma
transferência tranquila.
Se a
nossa vida mortal estiver cheia de Deus, podemos ter certeza quanto à nossa
imortalidade. “E, assim, estaremos para sempre com o Senhor” (I Ts. 4:17).
Nenhum comentário:
Postar um comentário