Vasos de Honra

sábado, 5 de maio de 2012

O NOSSO CULTO A DEUS



Leitura Bíblica:  Hebreus 12:25-29 

Introdução: Cada capítulo da Carta aos Hebreus está relacionado com aspectos do culto que devemos oferecer a Deus. Os cristãos judaicos insistiam em guardar exigências do Antigo Testamento que caducaram por causa do Advento de Cristo. Em Cristo Jesus, as representações da Lei Mosaica foram plenamente cumpridas, portanto, o culto que prestamos a Deus tem que corresponder com a nova realidade. Nos Vs. 25 a 27 da nossa leitura, o escritor dá a seus leitores uma tríplice exortação: 

a) A importância de receber a Palavra de Deus. Desde a criação, Deus tem falado aos homens, primeiro, pelos profetas, mas, agora, através de seu Filho. Esta Palavra se compõe de dois grandes princípios: O que o homem deve crer sobre Deus, e o dever que Deus requer do homem. Obediência não é optativa, é uma obrigação inalienável. Se as pessoas que recusaram as palavras dos profetas não escaparam do castigo, muito menos nós, se recusarmos a palavra de Cristo, que é infinitamente superior em autoridade. “Tende cuidado, não recuseis ao que fala.” 

b) A necessidade de reconhecer a transitoriedade das Leis cerimoniais. As instituições de Moisés serviram para preparar o povo para o Advento de Cristo. Os sacrifícios de animais apontavam para o sacrifício superior de Jesus Cristo. “Porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados.” Mas Jesus Cristo entrou na presença de Deus com o seu próprio sangue que foi derramado na cruz do Calvário, tendo obtido eterna redenção para o seu povo. Remova o primeiro para estabelecer o segundo. 

c) A imutabilidade do Novo Testamento. O sangue de Cristo foi derramado uma vez por todas. Este sangue é tão superior e eficaz que não há necessidade de repetições, como acontecia no Antigo Testamento. O texto lido fala que Deus abalou a terra, ou seja, abalou o conhecido sistema religioso como uma instituição. Por quê? Para que as coisas transitórias pudessem ser removidas a fim de que os valores eternos do Novo Testamento pudessem dar início a seu ministério. O que Cristo inaugurou é um reino inabalável que jamais terá fim. 

Com estas observações, sentimos a necessidade de perguntar: Como podemos cultuar a Deus sob as novas condições do tempo atual? Os Vs. 28 e 29 nos dão a resposta que satisfaz as necessidades imediatas. 

1. O Motivo do Nosso Culto. Os tempos de preparação já passaram; agora, podemos desfrutar de realidades que jamais passarão. “Por isso, recebendo nós um reino inabalável.” O motivo do culto neo-testamentário, que agora oferecemos a Deus, é o fruto da nossa gratidão diante desta dádiva inefável. Temos recebido um reino inabalável no qual os privilégios estão garantidos durante toda a eternidade, isto é, vivemos dentro do reino onde Deus é o Soberano Absoluto e de onde recebemos, em Cristo Jesus, toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais; a Ele manifestamos a nossa gratidão. Quais são as bênçãos principais que nos consolarão durante toda a eternidade? Através do soberano poder do Espírito Santo agindo pela pregação do Evangelho, fomos unidos a Cristo Jesus, e, nele, recebemos todas as demais bênçãos, tais como: Redenção, Justificação, Adoção, Santificação e Glorificação. O que significa estes termos? 

a) Redenção. Por causa do nosso pecado, a sentença de morte eterna pairava sobre nós, mas Cristo, através da sua morte redentora, nos libertou desta sentença. Em Cristo, temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, Ef.1:7. Agora, estamos livres da sentença da morte. 

b) Justificação, isto é: declarados inocentes diante da lei de Deus. “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” Rm.5:1. Não temos mais uma consciência acusadora. Somos perdoados. 

c) Adoção. Cristo veio “para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” Gl.4:5. E o Ap. João acrescenta: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus” 1Jo.3:1. Somos membros da família de Deus. 

d) Santificação. Em Cristo Jesus, somos santificados, isto é: “O pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” Rm.6:14. 

e) Glorificação. A morte não pode nos prender na sepultura; seremos ressuscitados e elevados para o céu, “e, assim, estaremos para sempre com o Senhor” 1Ts.4:17. As dádivas divinas estão inseparavelmente unidas uma à outra. Os que são chamados por Deus, são também justificados e glorificados, Rm.8:30. “Graças a Deus pelo seu dom inefável” 2Co.9:15: a esperança da vida eterna. 

2. O Modelo do Nosso Culto. Para que o nosso culto seja bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, ele tem que ser caracterizado com “reverência e santo temor”. Estas duas frases são de suma importância em nosso culto a Deus. 

a) Reverência. É o reconhecimento de um Ser Superior. Vivemos diante de Deus, confessando a sua supremacia absoluta. Ele é muito mais elevado em majestade do que qualquer ser humano. No Livro de Ester, lemos que Mordecai recusou reverenciar Hamã, isto é, “Mordecai não se inclinava, nem se prostrava diante de Hamã” Et.3:5. Por quê? Porque Hamã era um mero homem e não podia receber aquela reverência e culto que pertence exclusivamente a Deus. Semelhantemente, os três amigos de Daniel foram convocados para reverenciar “a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor levantou,” isto é, eles tinham que se prostrar e adorar a imagem, algo que estes homens, tementes a Deus, não podiam fazer. Por quê? A lei do Deus vivo e verdadeiro ordena: “Não farás para ti imagem de escultura,... Não as adorarás, nem lhes darás culto” Dn.3:1-19; Ex. 20:4-5. Para estes homens, Deus era tão sublime, que não se atreveram a transgredir a sua lei, antes, preferiram enfrentar a fornalha de fogo ardente. Portanto, quando cultuamos a Deus com reverência, estamos revelando o nosso reconhecimento da sua superioridade, uma atitude que nos constrange a obedecê-lo em tudo; não com um servilismo legalista, antes, com uma espontaneidade que exclama: 

“Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia” Sl.119:97. O nosso culto é uma manifestação de amor e de gratidão. 

b) Santo temor. Esta frase é semelhante à de reverência, porém, com este acréscimo: o medo. Reconhecemos não apenas a sua superioridade, mas também a sua santidade inacessível. Quando nós percebemos esta pureza imaculada, de necessidade, sentimos a nossa imundícia espiritual. Quando Isaías viu a santidade do Senhor, sentiu medo, a ponto de exclamar: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros” Is.6:5. Semelhantemente, o Ap. Pedro, quando reconheceu a Divindade de Cristo, “prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador” Lc.5:8. Por que esta reação de medo? O Senhor é tão puro de olhos, que não pode ver o mal e permanecer passivo. Ele tem que agir e castigar o transgressor. Não temos razão para temer? Mas o temor do cristão não é aquele pavor do incrédulo, antes, é um santo temor, um sentimento filial que o faz respeitar e obedecer a Deus. “Agrada-me fazer a vontade de Deus”, Sl.40:8. 

c) Para servir a Deus, isto é, oferecer-lhe o devido culto, como Ele mesmo tem preordenado. E, para que este culto seja aceitável, ele tem que ser realizado em plena dependência da graça de Deus. Não podemos confiar em nossa própria capacidade, antes, temos que reter, temos que segurar esta graça, porque sem ela, o nosso culto seria carnal e, portanto, inaceitável diante de Deus. 

3.O Monarca do Nosso Culto. Quem é este Grande Rei, que temos que servir com reverência e santo temor? Ele é o “Senhor dos Exércitos” Zc.14:16-17. Ele é o “Rei das Nações”, justo e verdadeiro em todos os seus caminhos. Ap.15:3. 

A descrição de Deus como “fogo consumidor”, ou, “fogo que consome” Dt.4:24, é quase sempre, usada no contexto de deveres religiosos, e no caso de desobediência, o prometido castigo. Quando Moisés queria reforçar as suas exortações à obediência, dizia: “Sabe, pois, hoje, que o Senhor, teu Deus, ... é fogo que consome, e os destruirá como te prometeu o Senhor” Dt.9:3. No Novo Testamento, a ênfase é a mesma: 

“Quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho do nosso Senhor Jesus” 2Ts.1:7-8. 

Os versículos do nosso texto se referem ao culto que devemos prestar a Deus e como este ato deve ser observado. Portanto, as seguintes perguntas devem ser feitas: O culto que oferecemos ao Senhor é direcionado pela graça de Deus, ou é um mero ato humano? O culto que praticamos reflete a nossa total obediência ao que o próprio Deus prescreveu na Bíblia? As nossas atitudes durante o culto revelam reverência e santo temor? Estas perguntas devem ser respondidas honestamente, “porque o nosso Deus é fogo consumidor.” Ele visita os transgressores da sua lei, Ex.20:5. Portanto, esforcemo-nos para que o nosso culto seja “de modo agradável a Deus.” O anseio do nosso coração deve ser: “As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração, sejam agradáveis na tua presença, Senhor, rocha minha e redentor meu!” Sl.19:14. 


Itajubá, 20 de Fevereiro de 2008. 
          Rev. Ivan G. G. Ross.

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