Vasos de Honra

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O PRIMEIRO MANDAMENTO




“Eu sou o Senhor, teu Deus... Não terás outros deuses diante de mim” Ex. 20:2-3.

 O que significa isto? Devemos temer e amar a Deus, pois Ele é o nosso Legislador. “O Primeiro Mandamento exige de nós o conhecer e reconhecer a Deus como o único Deus verdadeiro e o nosso Deus; e, como tal, adorá-lo” Resposta 46 do Breve Catecismo. Observemos a tríplice natureza do nosso dever diante de Deus:
            a) Devemos conhecer a Deus, e isto é possível, pois Ele mesmo nos deu uma revelação suficiente da sua Pessoa e do que Ele requer de nós. Este conhecimento se encontra:
 I) Na natureza. “Os céus proclamam a glória de Deus” Sl. 19:1. “O que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles (os homens), porque Deus lhe manifestou” Rm. 1:19-20;
II) Na consciência do homem. O homem tem o conhecimento de Deus, porque foi criado à semelhança dele, mas, por causa do pecado, este conhecimento não foi desenvolvido nem obedecido, Rm. 1:21; 2:14-16. O Ap. João fala do “testemunho de Deus” e da obra do Espírito Santo na experiência do homem, 1Jo. 5:6, 9; 
III) Na Bíblia. A Palavra de Deus escrita é a única revelação inerrante da Pessoa de Deus, portanto, deve ser estudada diligentemente e crida de todo o coração, “a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperanças” Rm.15:4; 2Tm. 3:14-17.
            b) Devemos reconhecer este Deus como o único Deus vivo e verdadeiro. Embora os homens falem de muitos deuses, “Ele é o único (Deus), e não há outro senão Ele” Mc.12:28-34.
            c) Devemos adorar este Deus, pois Ele é o nosso Criador, Redentor e Senhor. Adorar significa sentir a sublimidade imensurável da sua Pessoa, por isso, prostramo-nos diante dele em reverência, amor e temor, prontos para prestar-lhe uma obediência total em todas as áreas de sua vontade revelada nas Escrituras Sagradas. “Agora, pois, ó Israel, que é que o Senhor requer de ti? Não é que temes o Senhor, teu Deus, e andes em todos os caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma, para guardares os mandamentos do Senhor e os seus estatutos que hoje te ordeno, para o teu bem”? Dt.10:12.
           
1. A Idolatria Desprezada. Quando Cristo é a nossa suficiência, podemos desprezar todos os demais supostos auxílios, porque Ele é o Mediador designado por Deus, para administrar os valores da Nova Aliança. Pergunta 94. “O que Deus ordena no Primeiro Mandamento?” Resposta. “Primeiro: no mesmo sentido em que desejo a minha salvação, assim, devo evitar e fugir de toda idolatria, feitiçaria, adivinhação e superstição. Também não posso invocar os santos ou outras criaturas”.
            A idolatria se apresenta de muitas formas diferentes. O Catecismo menciona algumas que, identificadas, devem ser desprezadas com uma santa repulsa.
            a) O perigo da idolatria. A idolatria promove o sincretismo (a fusão de doutrinas contraditórias), por isso, impossibilita a salvação daquele que a pratica. A esperança da vida eterna é recebida somente pela fé em Jesus Cristo; uma fé dividida entre dois objetos não é fé. O assunto é encerrado desta maneira: “Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida” 1 Jo.5:12. Convém lembrar que idólatras jamais herdarão o reino de Deus, 1 Co.6:9-10.
            b) As formas de idolatria:
I) Feitiçaria. É a invocação dos poderes malignos a fim de alcançar certos desejos que o verdadeiro Deus não pode conceder. Assim, estas práticas são um insulto à soberania de Deus.
II) Adivinhação. O conhecimento do futuro, ou de coisas invisíveis e não reveladas, pertence exclusivamente a Deus. O pecador que não tem nenhuma comunhão espiritual com Deus recorre ao uso de artes mágicas e de todo tipo de mentira na esperança de desvendar o desconhecido - uma outra maneira para descartar a soberania de Deus.
III) Superstição. O ato de atribuir poderes a certos acontecimentos casuais ou datas de calendário - as possibilidades são inúmeras. Novamente, tais crendices são uma ofensa contra a sabedoria de Deus. Portanto, a necessidade de desprezar e fugir de tais costumes.
            c) A insolência da idolatria. “Também não posso invocar santos ou outras criaturas.” Somente Deus é onisciente, onipresente e onipotente para ouvir os clamores aqui na terra. A invocação de outras criaturas pressupõe o endeusamento destes seres, atribuindo-lhes poderes que pertencem exclusivamente à soberania de Deus, Criador dos céus e da terra. “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus” 1 Tm. 2:5. A invocação de seres estranhos é repetidamente condenada nas Escrituras Sagradas. “Porque o Senhor, teu Deus, é fogo que consome, é Deus zeloso” Dt. 4:24. Ele não aceita de forma alguma a intercalação de outros deuses. O certo é: “Meus amados, fugi da idolatria” 1 Co. 10:14.

2. A Idolatria Despojada. Com todas as formas de idolatria despojadas, estamos livres para adorar a Deus em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adorantes, Jo.4:23. Resposta. “Segundo: devo reconhecer devidamente o único e verdadeiro Deus, confiar somente nele, me submeter somente a Ele com toda humildade e paciência. Devo amar, temer e honrar a Deus de todo o coração, e esperar todo o bem somente dele. Em resumo, é preferível abandonar todas as criaturas a fazer a menor coisa contra a vontade de Deus”.
            Dentro do contexto desta resposta, “reconhecer” significa, pelo menos, quatro disposições de procedimento.
a) Entendemos que Deus pode ser reconhecido através da auto-revelação de seus atributos, as características da sua natureza essencial. “O que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles (os homens), porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhece, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso (por causa desta auto-revelação de Deus), indesculpáveis” Rm. 1:19-20. Entre outras características, o Breve Catecismo da IPB destaca as seguintes: “Sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade” Resp. N°4. Podemos sentir a reação de Moisés: “E, passando o Senhor por diante dele, clamou: Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniqüidade, a transgressão e o pecado...” Ex. 34:6-7.
b) Este conhecimento, se, de fato temos aprendido, nos estimulará a “confiar somente nele e a nos submeter somente a Ele com toda humildade e paciência”. Esta disposição é necessária porque nem sempre compreendemos as suas providências.
c) Este novo conhecimento produzirá atitudes permanentes em todos os que nele crêem. “Devo honrar, amar e temer a Deus de todo o coração, e esperar todo o bem somente dele”. Cristo descreveu esta nova disposição expondo a primazia da lei do amor, Lc.10:27; e a lei das prioridades: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino (o reino de Deus) e a sua justiça, e todas estas cousas vos serão acrescentadas” Mt.6:33.
d) Este conhecimento nos dará o desejo de nos apresentarmos a Deus para obedecer-lhe em tudo. Temos de usar a abnegação, porque “é preferível abandonar todas as criaturas a fazer a menor coisa contra a vontade de Deus”.

3. A Idolatria Definida. Idolatria é aquele objeto ou desejo que toma o lugar que pertence exclusivamente a Deus, em termos de preferência imediata. Cristo disse: “Ninguém pode servir a dois senhores (que têm prerrogativas iguais); porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e as riquezas” Mt. 6:24.
Pergunta 95. “Que é idolatria?” Resposta: “Idolatria é inventar ou ter alguma coisa em que se deposite confiança, em lugar ou ao lado do único e verdadeiro Deus que se revelou em sua Palavra”.
            Idolatria nem sempre é uma rejeição do Deus vivo e verdadeiro; antes, o problema está com o sincretismo e uma mudança na maneira de prestar culto a Deus. Um exemplo clássico desta modificação foi o ato de Joroboão, quando inaugurou as cidades de Betel e Dã como os lugares mais acessíveis para fazer os sacrifícios a Deus, em vez de subir para Jerusalém, a cidade autorizada. E, para fazer a substituição mais visível e convidativa, colocou nelas os bezerros de ouro, atribuindo-lhes poderes divinos, o que se tornou pecado, 1 Rs.12:25-33.a
            A nossa Igreja ensina: “O modo aceitável de adorar o verdadeiro Deus é instituído por Ele mesmo, e é tão limitado pela sua própria vontade revelada, que Ele não pode ser adorado segundo as imaginações e invenções dos homens, ou sugestões de Satanás, nem sob qualquer representação visível, ou de qualquer outro modo não prescrito nas Santas Escrituras” Confissão de Fé, 21:1. Quando Israel transgrediu os princípios estabelecidos por Deus para oferecer-lhe um culto aceitável, foi severamente castigado, Ex.32:1-35.
            Outras formas de idolatria são: impureza sexual, avareza e glutonaria, Ef. 5:5-7; Fl.3:19; Cl. 3:5. Pessoas que praticam tais coisas jamais terão a vida eterna; antes “o destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na infâmia, visto que só se preocupam com as cousas terrenas”. “Portanto, meus amados, fugi da idolatria” 1Co. 10:14.       

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