“Eu sou o Senhor teu Deus... Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus te dá” Ex.20:2,12.
O que significa isto? Devemos temer e amar a Deus, pois Ele é o nosso Legislador. “O Quinto Mandamento proíbe negligenciarmos a conservação da honra e o desempenho dos deveres pertencentes a cada um em suas diferentes condições e relações, como superiores, inferiores, ou iguais” Resp. 64 do Breve Catecismo. Observemos que a honra requerida neste mandamento não se limita aos nossos genitores, pai e mãe. Foi o Ap. Pedro que deu a síntese desta palavra: “Tratai todos com honra, amai os irmãos, temei a Deus, honrai o rei” 1Pe. 2:17. Ou, do Ap.Paulo: “A ninguém fiqueis devendo cousa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei... O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor” Rm.13:8-10.
Antes de proceder na exposição deste mandamento, convém relembrar o objetivo destes estudos.
a) Estamos refletindo sobre a prática de boas obras. “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” Ef. 2:10. Estas boas obras que Deus prescreveu são as suas leis; e tornamo-nos praticantes das mesmas através da nossa obediência ao que Deus determinou. Esta submissão é altamente espiritual, porque obedecemos a preceitos específicos, sabendo que são as normas que Deus, de antemão, preparou para o nosso procedimento entre os povos. Quando os judeus perguntaram a Jesus: “Que faremos para realizar as obras de Deus?” Ele logo respondeu: “A obra de Deus é esta: que creias naquele que por ele foi enviado” Jo.6:28-29. Crer e obedecer são a chave: crer que as leis regularizadoras foram dadas para que andássemos nelas. Observando estas normas, estamos realizando as obras de Deus.
b) O Quinto Mandamento dá início às leis escritas na segunda tábua dos Dez Mandamentos. As primeiras quatro contém os nossos deveres para com Deus; e as outras seis, os nossos deveres para com o homem. “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras (a vossa submissão às leis de Deus) e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” Mt.5:16.
1. A Distinção desta Honra. Todos os seres humanos, por serem criados à imagem de Deus, são dignos de receberem a devida honra e respeito: e, com uma distinção especial, os nossos genitores. Pergunta 104. “O que Deus exige no Quinto Mandamento?” Resposta. “Devo prestar toda honra, amor e fidelidade a meu pai, a minha mãe e a todos os meus superiores.”
a) O que significa honrar os meus genitores? Como filhos e filhas, honramos os nossos pais através de testemunhos que expressem o nosso amor para com eles, isto inclui o acatamento de todas as suas instruções (obviamente no temor do Senhor e obediência a Ele em primeiro lugar, pois o nosso dever aos pais não pode contrariar a vontade revelada de Deus), At.4:19-20. Quando Jesus falou de seu relacionamento com o Pai, Ele disse: “E aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada” Jo.8:29. Assim, devemos honrar os nossos pais, fazendo sempre o que lhes agrada, “pois fazê-lo é grato diante de Deus” Cl.3:20. A nossa tranqüilidade emocional, a nossa realização pessoal, e até a honra do nosso nome, dependem deste respeito e amor aos nossos pais, Pv.20:20.
Quando Cristo comentou sobre esta honra que os filhos devem a seus genitores, Ele deu uma ênfase sobre o cuidado que eles devem receber na velhice, Mt.15:1-6; 1Tm.5:4. Os filhos que fogem desta responsabilidade, seja qual for a desculpa, são réus de maledicência contra seus pais, pois estão lamentando a existência deles e as inconveniências que lhes causam. Em nossos dias de individualismo, o Quinto Mandamento deve ser inculcado na vida dos mais novos. No Antigo Testamento, os filhos que maltrataram a seus pais eram condenados à morte. Deus não inocenta os transgressores do Quinto Mandamento, Ex.21:15,17.
b) O que significa honrar os nossos superiores? A vontade de Deus é que a nossa sociedade tenha uma estrutura de organização, composta de governadores e de súditos, cada um exercendo a sua vocação no temor de Deus. O primeiro exemplo é da própria família: o marido é o cabeça, a esposa se submete a ele, e os filhos obedecem ao pai e à mãe. Um estabelece as normas, e todos, pai, mãe e filhos, andam de acordo. Ênfase especial é dada à esposa: “Esposas, sede submissas ao próprio marido, como convém no Senhor”. Depois, os filhos: “Filhos, em tudo obedecei a vossos pais, pois fazê-lo é grato ao Senhor”.Mas qual é a responsabilidade imediata do marido? “Maridos, amai vossa esposa, e não a trateis com amargura”. E qual é o dever dos pais para com seus filhos? “Pais (ambos), não irriteis os vossos filhos (com excesso de exigências), para que não fiquem desanimados.” Uma boa estrutura familiar é sempre benéfica; mas para que isso aconteça, “acima de tudo, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição” Cl.3:12-21.
O segundo exemplo é a organização das famílias em comunidade, uma instituição que cuida dos interesses coletivos. Mas o mesmo princípio permanece: submissão às autoridades superiores. As normas de procedimento para todos foram prescritas na Bíblia. É importante observar a colocação do Apóstolo quanto à origem divina destas autoridades: “Porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por Ele instituídas” Rm.13:1-7. De modo geral, obediência às autoridades é obediência a Deus. Veja o versículo 2.
2. A Disposição desta honra. Resposta. “Devo submeter-me à boa instrução e disciplina (de meus pais) com a devida obediência, e também ter paciência com seus defeitos.” Esta “boa instrução” é aquele ensino que está de pleno acordo com a manifestação da vontade de Deus. Tal revelação está presente nas obras da criação e, de uma maneira mais completa e inerrante, nas Escrituras Sagradas. Tudo é útil para nos conduzir à maturidade e à melhor compreensão da vontade de Deus.
a) A necessidade desta instrução. Todos nós entramos no mundo limitados pela imaturidade. Todavia, de acordo com a sabedoria divina, vencemos estas restrições através da instrução teocêntrica. Os nossos primeiros instrutores são os genitores. E, para alcançar os devidos objetivos, eles usam palavras de orientação, correções e, quando necessário, castigo, pois o importante é que os filhos aprendam, Hb.12:10. As repetidas exortações são: “Filho meu, ouve o ensino de teu pai e não deixes a instrução da tua mãe” Pv.1: 8; 4:1-2.
Em segundo lugar, a Igreja, através do ensino de seus ministros, é dotada com os dons necessários para auxiliar os pais, para que seus filhos cheguem “à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” Ef.4:11-14;
b) A necessidade de paciência com os nossos instrutores. Todos nós, mestres e alunos, somos cercados por limitações impostas pelo pecado. O mestre nem sempre tem a devida paciência com seus alunos, e estes, da mesma forma, nem sempre têm o devido respeito para com seus superiores. A palavra chave é paciência. “Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem” Cl.4:12-14. A disposição desta honra pressupõe a devida compreensão das falhas que caracterizam a natureza humana.
3. A Discrição desta Honra. Resposta. “Porque Deus nos quer governar pelas mãos deles,” pelas mãos de nossos superiores. Deus tem a sua própria maneira de executar os seus propósitos entre a humanidade. Sabemos que Ele tem as milícias celestiais à sua disposição, todos prontos para realizar a sua menor vontade. Porém, para lidar com os homens, Ele usa pessoas, da mesma constituição carnal. Uma das vantagens deste sistema é que ninguém pode reclamar que a exigência é sobre-humana; tudo o que acontece está dentro da possível experiência humana.
Deus quer que nossos filhos sejam instruídos, e Ele usa pais para lhes dar as primeiras lições. Em todo o processo de instrução, homens capacitados são os instrumentos nas mãos de Deus.
De modo semelhante, Deus quer que os homens, em coletividade, sejam governados, é para isso que as autoridades foram constituídas. Este princípio: “Deus nos governa pelas mãos de homens” é tão real e sério, que a Bíblia afirma: “A autoridade é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal” Rm.13:1-4.
Como ministros de Deus, as autoridades têm a responsabilidade, diante de Deus, de exercer e impor a justiça; e, semelhante, os governados têm a responsabilidade de mantê-los, através do pagamento dos devidos impostos, Rm.13:5-7.
A promessa do Quinto Mandamento: “Para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá,” não se refere à longevidade, visto que o número de anos, poucos ou muitos, é comum a todos os povos, independente de seu procedimento espiritual. A promessa se refere a Israel em Canaã. A obediência seria recompensada com permanência na terra; do contrário, seria desterrado, Lv.26:14-23.
Se a honra mútua e o honesto comportamento estiverem presentes no meio das famílias, estarão também presentes nas sociedades maiores. E qual será o fruto desta obediência ao Quinto Mandamento? Segurança e tranqüilidade. Eis a esperança nesta promessa, estabilidade, pois as conseqüências da instabilidade são extremamente cruéis. Porém, reconhecemos que esta paz prolongada vem somente através do ministério do Príncipe da Paz, Jesus Cristo. A sua ordem é: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho (o evangelho da paz, Ef.6:15) a toda criatura” Mc.16:15.
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