“Eu sou o Senhor teu Deus... Não dirás falso testemunho contra o teu próximo”. Ex.20:2,16.
O que significa isto? Devemos temer e amar a Deus, pois Ele é o nosso Legislador. “O Nono Mandamento exige a conservação e a promoção da verdade entre os homens e a manutenção da nossa boa reputação e a do nosso próximo, especialmente quando chamados a dar testemunho”. Resposta 77 do Breve Catecismo. Observemos a santidade da verdade. “O que diz a verdade manifesta a justiça, mas a testemunha falsa, a fraude” Pv.12:17. Por uma simples omissão, intencional ou involuntária, vidas inteiras podem ser prejudicadas. “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros” Ef.4:25. Para facilitar a compreensão deste princípio, oferecemos duas definições parciais.
a) O que é uma mentira? É conscientemente afirmar algo contrário à verdade. De modo geral, a pessoa mente na esperança de proteger a si mesma. Portanto, o ato de mentir é uma agressão contra a dignidade do próximo. A mentira é uma maneira de zombar do infeliz, Jz.16:13.
b) A mentira se apresenta de várias maneiras. Caim deu uma resposta evasiva, pois sabia muito bem o que havia acontecido com o seu irmão, Gn.4:9. Jacó mentiu, propositada e premeditadamente a fim de enganar a seu pai, Gn.27:19. Geazi representou falsamente o Profeta Eliseu, a fim de receber “alguma coisa” da riqueza que Naamã havia trazido consigo, 2 Rs.5:20-27. O mentiroso pensa que pode enganar o próprio Deus com as suas palavras de boa ação, como no caso de Ananias e Safira, At.5:1-10. A mentira é o pecado do anticristo, I Jo.2:22. E, como advertência, o mentiroso inveterado jamais penetrará no reino de Deus, Ap.21:27.
Um dos resultados da mentira é o castigo judicial, no qual Deus entrega o pecador obstinado às conseqüências de sua própria falsidade. “Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira” 2Ts.2:11. Outra expressão semelhante: “Deus entregou tais homens à imundícia”. Evidentemente, quando um pecador insiste em seus desejos perversos, Deus o entrega para praticar tais insensatezes, e, simultaneamente, para receber, em si mesmo, a merecida punição do seu erro, Rm.1:24-27. Quando o homem quer a mentira, Deus pode lhe dar o que deseja, 2Cr.18:19-22. Neste mesmo sentido, devemos estar atentos quando a nossa própria consciência age contra os nossos melhores interesses, dando um falso testemunho e contrariando a palavra de Deus. É tão comum ouvir esta justificativa acerca de um procedimento repreensível: “A minha consciência não me acusa!” Isto quer dizer: “A minha consciência está aprovando o meu modo de agir.” A totalidade do nosso ser, corpo e alma, ficou atingida pelo pecado original, inclusive a nossa consciência. Ela não é uma autoridade final em questões morais e espirituais; esta pertence exclusivamente ao testemunho inerrante das Escrituras Sagradas. “Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus” I Pe.4:11.
1. A Importância de Palavras Corretas. As atitudes do cristão, bem como as suas palavras, são de suma importância. “O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem” Rm.12:9. “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe; e sim, unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem” Ef.4:29. Pergunta 112. “O que Deus exige no Nono Mandamento? Resposta. Jamais posso dar falso testemunho contra meu próximo, nem torcer suas palavras, ou ser mexeriqueiro ou caluniador. Também não posso ajudar a condenar alguém levianamente sem o ter ouvido.” Observemos as quatro áreas onde as palavras corretas têm de caracterizar o nosso depoimento.
a) O problema do falso testemunho, que viola a justiça e despreza os direitos do próximo. Deus se compadece das vítimas da desonestidade, por isso, Ele julga o transgressor do Nono Mandamento. “A falsa testemunha não fica impune, e o que profere mentiras não escapa” Pv.19:5. O uso de falsas testemunhas tem causado todo tipo de crimes contra inocentes.
b) O problema de distorcer as palavras, ou, desvirtuar as palavras ouvidas. Não é uma mentira patente, antes, o depoimento é manipulado para apresentar uma história completamente diferente. As palavras de Cristo foram muitas vezes distorcidas na esperança de condená-lo, Mc.14:55-29; Lc.23:2. O verdadeiro cidadão dos céus é aquele “que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra seu vizinho” Sl.15:3.
c) O problema de mexericar e caluniar: quando palavras são usadas para prejudicar alguém que está passando por tempos difíceis. Não importa se o assunto é baseado em fatos, a fofoca é um crime à lei do amor, pois de uma maneira direta, agrava o problema que a vítima está enfrentando, e prejudica a sua reintegração no círculo de amizades. Os mexeriqueiros são classificados como aqueles que desprezaram o conhecimento e, como resultado, agem sem afeição natural e sem misericórdia, Rm.1:28-21. Cuidado com a língua! Tg.3:1-2.
d) O problema de ser testemunha judiciária. Os tribunais existem a fim de promover e assegurar a justiça, contudo, estes têm sido instrumentos de grandes injustiças por causa das palavras de falsas testemunhas. E, em nossas avaliações pessoais, não devemos condenar alguém levianamente sem o ter ouvido. Cristo disse: “Não julgueis, para que não sejais julgados” Mt.7:1-5.
2. A Impregnação de Palavras Corretas. Não devemos subestimar a importância de palavras apropriadas para cada ocasião. O Apóstolo Paulo nos encoraja neste dever: “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada (impregnada) com sal, para saberdes como deveis responder a cada um” Cl.4:6. Notemos a ênfase do Apóstolo: a nossa palavra “seja sempre agradável”, falando a verdade “em amor” Ef.4:15. Aqueles que são “o sal da terra” não podem ser insípidos em suas comunicações, Mt.5:13. “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe; e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem” Ef.4:29. Resposta. “Mas devo evitar toda mentira e engano, obras próprias do diabo, para Deus não ficar aborrecido comigo”.
a) A origem de palavras mentirosas. Filhos não apenas obedecem a seus pais, mas, também, os hábitos básicos são a manifestação da influência paternal, adquiridos pela imitação. Devemos tomar conhecimento de uma conclusão bíblica - o mundo é composto de apenas duas classes de pessoas: “Os filhos de Deus e os filhos do diabo”. O Apóstolo João é bem claro quanto à identificação destes. “Todo aquele que não pratica justiça (que vive mentindo e prejudicando o próximo) não procede de Deus, nem aquele que não ama seu irmão” I Jo.3:10. Por isso, Cristo logo descobriu a filiação dos judeus descrentes: “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhes os desejos. Desde o princípio, ele jamais se firmou na verdade, porque é mentiroso e o pai da mentira,” Jo.8:44. Pelos frutos, pelas palavras que proferimos, declaramos a nossa filiação. Não há como fugir desta conclusão, Mt.7:20.
b) A dupla reação que palavras podem causar. “Os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor, mas os que obram fielmente são o seu prazer.” Por nossas palavras, podemos provocar, ou aborrecimento, ou prazer ao Senhor, Pv.12:22. O Salmista orava com urgência: “Que as palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor, rocha minha e, redentor meu!” Sl.19:14.
3. A Implantação de Palavras Corretas. As nossas palavras, como sementes vivas e verdadeiras, devem caracterizar todas as nossas comunicações. E quando temos de avaliar o procedimento de outrem, implantamos a verdade. “O amor não pratica o mal contra o próximo” Rm.13:10. Resposta. “Em julgamentos e em qualquer outra ocasião, devo amar a verdade e confessá-la francamente. Também devo defender e promover, tanto quanto puder, a honra e a boa reputação de meu próximo”.
a) A primazia da verdade. É a verdade que deve ter a precedência em todas as nossas conclusões. Às vezes temos de revelar o nosso conhecimento a respeito do caráter de uma pessoa. A nossa palavra pode ser a causa da promoção ou da demoção. Por isso, “devo amar a verdade, falar a verdade e confessá-la francamente”. A característica dominante do cidadão dos céus é esta: Ele vive com integridade, sem dissimulações; pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade, Sl.15:2. Deus é puro em seu julgar, e nós, o seu povo, o imitamos em nossos pronunciamentos. Deus tem prazer em contemplar a verdade no íntimo de seu povo, Sl.51:6.
b) A primazia do nosso próximo. Como cristãos, não podemos viver egoisticamente, o nosso próximo deve ter a precedência. “Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros” Fl.2:4. A atitude do bom samaritano ilustra este princípio. Certamente ele estava com pressa para resolver seus negócios, porém, vendo a necessidade do ferido, esqueceu-se da sua pressa e deu de si mesmo para ajudar o homem, que se tornou seu próximo, Lc.10:33-35. No mesmo sentido, o Apóstolo Paulo escreveu: “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra (importância) uns aos outros” Rm.12:10. A honra e a boa reputação do nosso próximo são importantes em nosso círculo de valores. Não medimos esforços quando se trata do próximo. “Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados” I Pe.4:7. No amor, não há lugar para falso testemunho contra o próximo.
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