Vasos de Honra

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O OITAVO MANDAMENTO



“Eu sou o Senhor teu Deus... Não furtarás” Ex.20:2,15.

            O que significa isto? Devemos temer e amar a Deus, pois Ele é o nosso Legislador. “O Oitavo Mandamento exige que procuremos o lícito adiantamento das riquezas e do estado exterior, tanto nosso como do nosso próximo” Resposta 74 do Breve Catecismo. Quando Deus criou o homem, ele recebeu o Mandato do Trabalho. No Quarto Mandamento, a santidade do trabalho é explícita: “Seis dias trabalharás e farás toda tua obra” Ex.20:9. Através desta atividade, o homem ganhava o seu sustento diário. Seu serviço não era difícil e nem penoso; estes aspectos negativos começaram somente depois da queda. E, como foi observada, a transgressão de Adão desfigurou e corrompeu a totalidade da natureza humana, inclusive o seu dever de trabalho. Em que sentido o Mandato do Trabalho ficou deturpado pelo pecado?
            a) Sim, o homem ainda trabalha a fim de ganhar o seu sustento, porém, não mais com aquela diligência original.
            b) Muitas vezes, o motivo do trabalho é uma ganância agressiva; ele quer ganhar para alcançar prestígio e domínio sobre os mais fracos.
            c) Mas, para alguns, o Mandato do Trabalho é desprezado; a vagabundagem prevalece e, com isto, os bens que outros ganharam através do suor de seu rosto, são saqueados.
            d) A propriedade que adquirimos não é apenas um direito e a recompensa do nosso trabalho, mas é também algo sagrado, que os outros devem respeitar. Por isso o Oitavo Mandamento visa à proteção dos nossos bens. A lei estabelece de uma forma definitiva: “Não furtarás”. O roubo é uma das maneiras mais nocivas de desprezar o direito dos outros.
            e) Há muitas maneiras para furtar e defraudar o nosso próximo: um serviço mal feito; preguiça e desleixo no ofício; desperdício do tempo em conversas desnecessárias; negligência em observar os horários estipulados; e, lançar mão de peças que “estão sobrando” no serviço. O pecado descobriu tantas possibilidades e oportunidades para “levar vantagem”, que o número é quase incontável.
           
1. Atos de Maleficência. O resumo da segunda tábua dos Dez Mandamentos é: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Lc.10:27. O Ap. Paulo escreveu: “O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor” Rm.13:12. O amor respeita a propriedade de outros e jamais praticará o mal do furto. Pergunta 110. “O que Deus proíbe no Oitavo Mandamento?” Resposta. “Deus não somente proíbe o furto e o roubo que as autoridades castigam, mas também classifica como roubo todos os maus propósitos e as práticas maliciosas, através dos quais tentamos nos apropriar dos bens do próximo, seja por força, seja por aparência de direito.” O roubo é sempre uma maleficência, pois seu objetivo é prejudicar e tomar vantagem de sua vítima. Podemos observar:
            a) O Catecismo novamente fala do ministério das “autoridades”, que são os ministros de Deus para “castigar” os ladrões. Elas representam a lei e o seu cumprimento, tendo o poder de impor restrições sobre o comportamento de todos. E, no caso de transgressões, têm o poder de estipular indenizações; o transgressor é obrigado a restituir o valor daquilo em que prejudicou o outro, Ex.22:1-9. No caso de roubo, a pessoa tinha de devolver o valor do objeto roubado, mais os juros, etc. Lv.6:4-5; Lc.19:8. Mas a questão não se encerra com a sentença das autoridades civis, porque o crime não é apenas contra a outra pessoa, é também um atentado contra a autoridade de Deus, pois Ele é o nosso Legislador. A Bíblia fala repetidamente sobre o “Dia do Juízo”, quando “cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus” Mt.12:36; Rm.14:12. Todas as formas de furto são uma “abominação ao Senhor”, por isso, os ladrões não podem herdar o reino de Deus. Todavia, há uma esperança para os contritos de coração, Dt.25:13-16; I Co.6:9-11.
               b) O Catecismo fala, como advertência, dos perigos de “todos os maus propósitos e as práticas maliciosas”. Por que estes maus desígnios entram no coração do homem? A Bíblia responde: Pela cobiça. A pessoa vê os bens do próximo e faz de tudo para se apropriar deles. O simples olhar de cobiça já é classificado como roubo. A cobiça tem um poder para atrair, seduzir e levar o homem à prática dos crimes mais afrontosos. “Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” – a sentença irrevogável, Tg.1:14-15. Por isso, o Décimo Mandamento avisa: “Não cobiçaras”, porque a morte está perto.
            c) A hipocrisia tem muitas máscaras. Quando alguém está querendo se aproveitar de uma circunstância, a fim de se apropriar dos bens do próximo, ele se justifica: A minha causa é justa, eu quero apenas os meus direitos. Ele tem a “aparência” certa, porém seus olhos estão se alimentando com os bens do próximo. Este tipo de hipocrisia existe não somente no mundo secular, mas, infelizmente, também dentro da própria Casa de Deus. Quando dois membros da Igreja entraram em litígio sobre propriedades, qual foi a sentença do Apóstolo? “Por que não sofreis, antes, a injustiça? Por que não sofreis, antes, o dano?” ICo.6:7. É melhor sofrer uma perda pessoal do que  expor o santo nome de Deus à blasfêmia pelos incrédulos; afinal, Ele é  poderoso para suprir  cada uma das nossas necessidades, Fl.4:19.
           
2. Atos de Malvadeza. Enganar o comprador através de produtos inferiores ou medidas falsas é uma manifestação comum de roubo popular. Mas o furto, seja qual for a sua expressão, é sempre uma malvadeza, pois revela a perversidade que está no coração do pecador. Resposta. Deus proíbe a “falsificação de peso, de medida, de mercadorias e de moeda, seja por juros exorbitantes ou por qualquer outro meio proibido por Deus. Também proíbe toda avareza, bem como todo abuso e desperdício de suas dádivas”.
            a) A lei reconhece a corrupção da natureza humana, por isso condena o roubo através de medidas falsas. “Dois pesos e duas medidas são abomináveis ao Senhor” Pv.20:10,23; Dt.25:13-16. Aquele que engana a seu próximo desta maneira vai perder no Dia do Juízo, porque a Bíblia afirma: “Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também” Mt.7:2.
            b) Outra forma de roubo é a retenção de mercadorias ou salários, a fim de alcançar um lucro maior. “Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do jornaleiro não ficará contigo até pela manhã” Lv.19:13; Tg.5:4.
            c) A agiotagem é uma das maneiras mais cruéis de oprimir o pobre, pois este não consegue pagar os juros exorbitantes, Ex.18:10-13. Uma das marcas do amor cristão é que este empresta o seu dinheiro sem esperar retorno, Sl.15:5; Lc.6:35.
            d) Deus proíbe toda avareza, este excessivo e sórdido apego ao dinheiro. Por que essa proibição? “Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores” ITm.6:10. O avarento é sempre orgulhoso, e isso Deus não aceita. I Pe.5:5. Além destes perigos, aquele que tem apego ao dinheiro tende a depositar toda a sua confiança nele e, fazendo assim, perde a possibilidade da vida eterna. I Tm.6:17; Tg.2:6-7.
            e) O desperdício de recursos. As coisas boas desta vida, tais como alimentos, vestuário e dinheiro, são dádivas de Deus, portanto, têm de ser usados e administrados para a glória de Deus e o bem do próximo. O profeta faz uma pergunta oportuna: “Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz?” Is.55:2. Muitas vezes, este gasto desnecessário em coisas supérfluas prejudica a salvação do aliciado, pois ninguém pode servir a dois senhores, Mt.6:24. Como podemos alcançar aquilo que realmente satisfaz os nossos anseios? O Senhor Deus é que responde: “Inclina os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis misericórdias prometidas a Davi” Is.55:3.
           
3. Atos de Malandragem. A ociosidade é a causa de muitas formas de malandragem. Todos têm necessidade de comer, inclusive o ocioso; e quando este não quer trabalhar, porém, do mesmo jeito, quer desfrutar dos bens desta vida, o que ele faz? Lança mão sobre os bens de outros. Pergunta. “Mas o que Deus ordena nesse mandamento?” Resposta. “Devo promover, tanto quanto possível, o bem do meu próximo e tratá-lo como quero que outros me tratem. Além disso, devo fazer fielmente o meu trabalho para que possa ajudar ao necessitado”. Promover o bem através de um trabalho honesto é a glória do homem. Por isso, a Bíblia insiste no cumprimento de princípios cívicos: “Lembra-lhes que se sujeitem aos que governam, às autoridades; sejam obedientes, estejam prontos para toda boa obra, não difamem a ninguém; não sejam altercadores, mas cordatos, dando provas de toda cortesia, para com todos os homens”. Tt.3:1-2.
            O problema de pequenos furtos. “Aquele que furtava, não furte mais; antes, trabalhe fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado”. Ef.4:28 Possivelmente, o Apóstolo estava pensando nos escravos, uma classe notoriamente desonesta. Não praticavam grandes furtos, apenas os objetos pequenos que ninguém sentia falta. Mas, no texto, observemos a ênfase. Independente do passado, aquele que agora é crente em Jesus Cristo, tem esta ordem: “Não furte mais”. No passado, era tão fácil praticar estes pequenos furtos, ninguém ficava sabendo; mas agora, na vida cristã, a tentação continua. A melhor maneira para modificar esta tendência é trabalhar honestamente. Em vez de sermos controlados pelo egoísmo, praticamos o altruísmo. É isto que agrada a Deus. Evitemos as formas de preguiça, pois este é o testemunho do cristão. 2 Ts.3:7-8.

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