“Considerai, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, a bondade de Deus, se nela permaneceres; doutra sorte também tu serás cortado” (Rm. 11:22).
 Introdução:
Um dos aspectos mais      difíceis da soberania de Deus é a questão da salvação de alguns e a perdição      de outros. Devemos, antes de tudo, observar alguns princípios de suma      importância.
A soberania de Deus é de tal forma intrínseca      à sua Divindade que Ele não precisa prestar contas ou dar explicações a      homem algum. Deus vive assentado sobre um alto e sublime trono (Is. 6:1),      onde os próprios anjos são constrangidos a encobrirem os seus rostos diante      de tamanha majestade; nós, a humanidade pecaminosa, vivemos no pó da terra.      Devemos reconhecer a infinidade que separa o homem de seu Criador. Por causa      da infinita superioridade da Pessoa de Deus, devemos nos humilhar e ficar      calados diante das ações divinas que excedem a nossa compreensão. É muito      atrevimento da nossa parte pensar que Deus nos deve explicações que o possam      justificar.       
O termo bíblico que estabelece a nossa      comunhão com Deus é Credulidade (fé); e a palavra que impossibilita esta      comunhão é Incredulidade (falta de fé). Dentro dos propósitos de Deus, esta      fé nasce pelo ouvir da Palavra de Deus (Rm. 10:17), por isso, o próprio      Filho de Deus advertiu: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (Mt.      13:9). E, para enfatizar a importância do ouvir, o escritor aos Hebreus      observou:
“Porque também a nós foram anunciadas as      boas novas, como se deu com eles; mas a palavra que ouviram não lhes      aproveitou, visto não ter sido acompanhada pela fé, naqueles que a ouviram”     (Hb. 4:2).
Como no caso de Israel, é possível ser      cercado por privilégios espirituais mas, por falta de fé individual, perder      tudo. Não há nada que possa substituir uma fé pessoal. Todos os propósitos      que Deus preparou para a salvação estão revelados nas Escrituras Sagradas;      quando estas são rejeitadas, não há nenhuma outra possibilidade de salvação.      Pecadores são salvos mediante a fé em Jesus Cristo, quando Ele é rejeitado,      não há outro meio para alcançar essa graça. A ordem é esta: “Crê no      Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua casa” (At.16:31).
Em Romanos 9:6-24, o Apóstolo Paulo aborda o      problema da rejeição de Israel e o reconhecimento dos gentios. Está      implícito em seu argumento o por quê da salvação de alguns pecadores e a      rejeição dos demais. Portanto, não podemos negligenciar esse assunto, que é      de suma importância para cada um de nós, pois envolve a salvação de nossas      vidas.
1. A Soberania e as Promessas de Deus.
De todas as nações do mundo, os israelitas      foram os mais privilegiados: “Pertence-lhes a adoção, e também a glória,      as alianças, a legislação, o culto e as promessas” e, como coroa destes      privilégios espirituais: “deles descende o Cristo, segundo a carne, o      qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém” (Rm. 9:4-5).      Mas, apesar destes privilégios e destas promessas, o Apóstolo Paulo      registrou a sua grande tristeza, pois reconheceu a incredulidade e a      conseqüente rejeição de Israel como uma nação privilegiada. 
À semelhança de Israel, é possível pertencer      à Igreja Cristã pelo batismo, ter contato com as Escrituras Sagradas e, ao      mesmo tempo, ser rejeitado por Deus. Israel foi rejeitado por causa de      “sua incredulidade”, mas, “se não permanecerem na incredulidade,      serão enxertado.”  E para nós, os gentios, o que acontece se cairmos na      incredulidade? A resposta do Apóstolo Paulo é decisiva: “Também, tu serás      cortado” (Rm. 11:20-24).
As promessas de Deus nunca foram universais,      nem para os próprios israelitas. As promessas de salvação pertencem      exclusivamente aos “filhos da promessa” (Rm. 9:8). Salvação não é uma      benção coletiva, é algo que pertence a indivíduos, pessoas escolhidas      “segundo o beneplácito da vontade de Deus” (Ef. 1:5).
O Apóstolo Paulo toma os exemplos de eleição      individual da História para demonstrar que “nem todos os de Israel são de      fato Israelitas”; ou seja: “nem por serem descendentes de Abraão são      todos os seus filhos” (Rm.9:6-7). Ismael era filho de Abraão, porém, não      herdou nada de seu pai. Isaque, por ser filho da promessa, tornou-se      herdeiro. Ismael é visto como filho da carne, porque nasceu segundo o poder      da vontade humana; Isaque é visto como filho da promessa, porque nasceu      segundo o poder da promessa de Deus.  As promessas de Deus pertencem      exclusivamente aos filhos da promessa “os quais não nasceram do sangue,      nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo.      1:13).
Outro exemplo desta distinção que Deus      estabelece entre os homens é o caso de Esaú e Jacó, gêmeos do mesmo pai,      Isaque. Por que esta distinção? “Para que o propósito de Deus quanto à      eleição prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama” (Rm.      9:11). Deus quer que entendamos claramente que a salvação não pode ser      adquirida por obras ou méritos humanos, é uma dádiva de sua soberana      intervenção, “para que ninguém se glorie” (Ef.2:9). Temos que      aprender a deixar que Deus seja Deus. Soberania tem seus próprios caminhos e      suas próprias razões.   
2. A Soberania e os Propósitos de Deus.
“Que diremos pois? Há injustiça da parte      de Deus?” (Rm. 9:14) Muitos fazem objeção às distinções que a soberania      de Deus estabelece entre os homens. Deus é acusado de ser injusto. O      Apóstolo Paulo se sente tão indignado por causa do atrevimento desta      acusação, que nem se preocupa em respondê-la. Ele se limita a reafirmar os      direitos da soberania de Deus, citando textos do Antigo Testamento. Deus não      tem nenhuma responsabilidade de ser misericordioso para com aqueles que se      rebelam contra Ele (Sl. 5:10). Contudo, em sua soberania, Ele pode dizer: “Terei      misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e compadecer-me-ei de      quem me aprouver ter compaixão” (Rm. 9:15).  O pecador não pode usar de      coerção para alcançar favores de Deus, por isso, Paulo acrescenta: “Assim,      pois, não depende de quem quer, ou de quem corre, mas de usar Deus a sua      misericórdia” (Rm. 9:16).
O pecador faz de tudo para despir de Deus os      seus direitos de soberania. Mas quem é o pecador para questionar os      propósitos de Deus? “Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do      mesmo barro fazer um vaso para honra e outro para desonra?” (Rm. 9:21)      Os propósitos de Deus se realizam através do uso de vasos de honra e de      vasos de desonra. Alguns vasos provocam a paciência de Deus e recebem o      merecido castigo porque se rebelam contra seu soberano domínio; outros      submetem-se à soberana direção de Deus e recebem a sua misericórdia. Porém,      todos os vasos têm o seu lugar dentro dos eternos propósitos de Deus, seja      Judas Iscariotes ou o Apóstolo Paulo.
A conclusão do Apóstolo Paulo é que, se Deus      não agisse soberanamente entre os pecadores através da eleição individual,      ninguém seria salvo. “Como Isaias já disse:     Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse      deixado descendência, ter-nos-íamos tornado como Sodoma e semelhantes a      Gomorra” (Rm 9:29),      destruídos pelo fogo da parte do Senhor.
Quando meditamos sobre a soberania de Deus,      convém lembrar de dois textos bíblicos: “Todo aquele que invocar o nome      do Senhor (segundo o ensino das Escrituras), será salvo” (Rm.      10:13). “Eis que envergonhados e confundidos serão todos os que estão      indignados contra o Senhor; serão reduzidos a nada, e os que contendem com o      Senhor perecerão” (Is. 41:11).

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