Vasos de Honra

segunda-feira, 13 de junho de 2011

ESPERANÇA APÓS A MORTE



Cada doutrina deve ser fruto da fiel exposição de um dado texto. É possível obrigar a Bíblia a falar segundo a nossa vontade pelo mero ajuntamento de versículos isolados.  Quanto à doutrina da Segunda Vinda de Cristo, Ele mesmo nos deu uma exposição completa e suficiente sobre o assunto em Mateus capítulos 24 e 25. Se acrescentarmos novas ou maiores elucidações, estaremos questionando a veracidade do ensino de Cristo.
 
Vamos ter em mente a seqüência ininterrupta dos quatro eventos principais que marcarão a consumação dos séculos, isto é, o fim do mundo como nós o conhecemos:
 
·    Uma única manifestação ou retorno de Jesus Cristo;
·    Uma única ressurreição geral;
·    Um único juízo geral;
·    Uma única distribuição de destinos.
 
 
A Bíblia costuma falar destes quatro eventos separadamente, por exemplo, a Segunda Vinda de Cristo (no sentido restrito), 1 Jo. 3:2; a Ressurreição geral, At. 24:15; o Juízo Final, 2 Tm. 4:1; e, os destinos finais, Rm.2:6-8. Em cada alusão escatológica, não há necessidade de repetir todos os eventos que acontecerão naquele dia. O Apóstolo Paulo, escrevendo aos Tessalonicenses, não quis dar uma exposição total da doutrina escatológica, mas sim, realçar os dois destaques relacionados à Segunda Vinda de Cristo. Contudo, os quatros eventos estão presentes: a manifestação de Cristo; a Ressurreição; os destinos; e, por inferência, o Juízo geral (1 Ts. 5:9), visto que ninguém entra nem no céu, nem no inferno, sem passar primeiro pelo tribunal de Cristo  (2 Co. 5:10).

Os tessalonicenses desenvolveram uma crença errônia à respeito do tempo da manifestação de Jesus Cristo. Eles acreditavam que seria dentro de poucos meses ou, pelo menos, antes da morte física de qualquer um deles. Mas, para a desorientação e desespero da Igreja, alguns começaram a morrer antes da suposta iminente manifestação de Cristo. Podemos imaginar as exclamações de angústia: E agora, o que vai acontecer com os nossos irmãos queridos? Certamente vão perder tudo porque não estão presentes para participar da manifestação de Cristo em sua glória!
            
O Apóstolo Paulo escreve para reorientar e consolar os crentes que perderam seus queridos; escreve para que eles não sejam ignorantes quanto ao estado dos crentes mortos. De todas as misérias desta vida, a ignorância espiritual talvez seja a pior. Os descrentes, aqueles que vivem as suas vidas sem tomar conhecimento de Deus, na hora da morte, são lançados no mais profundo desespero. E os crentes que não alcançaram o devido conhecimento de Deus, na hora da morte, são igualmente tomados de medo, lamentando-se como aqueles que não têm esperança.

 
A Base Fundamental da Esperança Cristã.
 
            
A fé na morte substitutiva de Jesus Cristo e em sua ressurreição corpórea ao terceiro dia é a base sólida para alcançar a certeza da salvação: “Se, com tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo”  (Rm.10:9). Salvação entende a nossa união indissolúvel com Jesus Cristo; uma união que nem a vida e nem a morte podem romper.
            
A morte não pode trazer terrores para aqueles que estão em Cristo Jesus, pois “A comunhão em glória, com Cristo, da qual os membros da Igreja invisível desfrutam imediatamente depois da morte, consiste em suas almas serem aperfeiçoadas em santidade e recebidas nos mais altos céus, onde contemplam a face de Deus em luz e glória, esperando a plena redenção de seus corpos, os quais, mesmo na morte, continuam unidos a Cristo, e descansam em suas sepulturas, como em seus leitos, até que no último dia sejam unidos novamente às almas” (Catecismo Maior, Resposta 86). Assim, no dia de seu retorno, como diz no texto de Tessalonicenses, Cristo “trará juntamente em sua companhia os que dormem” Naquele dia, mediante a ressurreição, estas almas serão novamente unidas a seus corpos ressurretos. Portanto, a morte não prejudica a total felicidade dos salvos.
            
Em seguida, o Apóstolo Paulo faz questão de citar a fonte de sua orientação escatológica. Não foi mediante uma nova revelação, foi a palavra do Senhor, aquela mesma confiada aos discípulos em  Mateus 24 e 25. Para Deus, não há acepção entre o seu povo. “De modo algum precederemos os que dormem”, ou seja, os que dormem não perdem nenhuma vantagem por causa da morte.
            
O Apóstolo passa agora a descrever a manifestação de Cristo em glória, a subseqüente ressurreição dos mortos e o arrebatamento dos vivos.
            
Talvez seja bom lembrar como Cristo descreveu este evento momentoso: “Porque assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até no ocidente, assim há de ser a vinda do Filho de homem” (Mt. 24:27). Este evento será acompanhado pelas milícias dos anjos, com grande clangor de trombeta e com poder e muita glória (Mt. 24:31). O nosso texto cita três sons estrondosos: a) Cristo dará a sua “palavra de ordem”, convocando os mortos a saírem de seus túmulos; b) Em seguida, a voz do arcanjo, dando ordem aos anjos a começarem a obra de separação entre os ressurretos (Mt. 25:31-32); c) Finalmente, ressoada a trombeta de Deus, é proclamada a chegada do grande dia do Senhor.
            
É fácil perceber que, nesse instante, o Apóstolo Paulo, quando escreve aos Tessalonicenses, não se preocupa em apresentar todos os detalhes escatológicos. Ele não menciona o que acontecerá com os ressurretos que ficaram com Cristo nos ares; e também não fala nada acerca dos descrentes. A sua preocupação imediata é descrever a total felicidade dos salvos no dia da Segunda Vinda de Jesus Cristo. Assim, responde magistralmente a pergunta: O que acontece com os crentes que morrem antes da Segunda vinda de Cristo?
            
Logo após essas explicações, Paulo preenche as lacunas que deixou na primeira parte do texto. Nestes versículos, ele fala da total infelicidade dos ímpios (1Ts. 5:1-11). Observemos que o contexto é o mesmo.Veja os três lembretes nos Vs. 1-3: a) A Igreja já tinha recebido uma boa orientação quanto aos tempos escatológicos, por isso, não havia necessidade de maiores esclarecimentos,V.1. b) A Igreja já tinha plena consciência da  repentinidade do dia do Senhor. Seria como ladrão, sem qualquer aviso prévio, que entra para saquear a casa com grande alvoroço, V.2. c) A Igreja já estava instruída quanto ao procedimento do mundo secular. Seria caracterizado por pregações de “paz e segurança”, apanhando todos completamente despreparados. Naquele dia, por causa do juízo geral que acompanhará a manifestação de Cristo (2 Tm.4:1), ninguém escapará, os descrentes e desprevenidos experimentarão o peso da sentença máxima, a “penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor”,  e haverá um juízo geral, quando cada um, crente e descrente, receberá segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2 Co. 5:10; Hb. 9:27 ).
            
Por causa da apreensão que o juízo vindouro provoca, o Apóstolo encerra o assunto com duas palavras de orientação: a) Ele faz os crentes se lembrarem da grande distinção que existe entre o crente e o descrente. Os crentes já estão prevenidos quanto à repentinidade da Segunda Vinda de Cristo, e jamais serão apanhado de surpresa, como no caso dos descrentes. Os crentes são filhos da luz, filhos do dia, jamais serão apanhados andando nas trevas, como no caso dos descrentes. Os crentes vigiam a espiritualidade de suas vidas e andam com toda sobriedade; não são como os descrentes, que estão dispostos a desperdiçar o tempo com embriaguez e obras das trevas. Os crentes se preocupam em vestir-se da couraça de fé e amor e tomar como capacete a esperança da salvação para que o dia do Senhor não os apanhe de surpresa; os descrentes não se preocupam com tais valores espirituais e não percebem que “horrível cousa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb. 10:31). b) Ele faz os crentes se lembrarem dos únicos dois destinos na eternidade: o inferno, onde a ira de Deus arde interminavelmente; e o céu, onde as plenitudes da eterna salvação se manifestam incansavelmente. E, para consolar os crentes ainda mais, ele fala novamente da indissolubilidade da nossa união com Cristo, uma comunhão espiritual ratificada por decreto divino: “Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo.”  
            
E, com os nossos corações já aquecidos com as verdades relacionadas à gloriosa vinda de Cristo, o Apóstolo exorta novamente: “Consolai-vos reciprocamente, como também estais fazendo.”
            
É bom falar fraternalmente sobre a nossa esperança escatológica. É bom deliberar sobre a Vinda de Cristo em glória, acompanhado pela milícia dos anjos e o grande clangor da trombeta. A ressurreição, a prova de que a morte não é o ponto final na experiência humana, enche o nosso coração de expectativas. A realidade do juízo geral, quando cada um receberá segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo, é muito séria. O encaminhamento de cada um para o seu respectivo lugar na eternidade é igualmente solene. Cristo disse que, naquele dia, os crentes ouvirão o convite “Vinde, benditos de meu Pai; entrai na posse do reino que os está preparado desde a fundação do mundo.” Mas qual será a palavra que os descrentes ouvirão? Será aquela sentença temível: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt.25:34,41).
            
Que Deus nos prepare de tal forma que este dia não nos apanhe de surpresa, antes, que estejamos prontos a dizer: “Vem, Senhor Jesus” (Ap.22:20).

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