Vasos de Honra

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

A PREGAÇÃO DO EVANGELHO


Rev. Ivan G .G. Ross

Leitura Bíblica: Marcos 1:1-8; Lc. 3:7-14

Introdução: João Batista nasceu já comissionado para anunciar os propósitos de Deus. O anjo Gabriel disse a seu pai, Zacarias: “Pois ele será grande diante do Senhor, (...) será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno. E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus” (Lc. 1:15-16). E, mais tarde, quando o seu filho nasceu, Zacarias lhe disse: “Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos, para dar ao seu povo conhecimento da salvação, no redimo-lo dos seus pecados, graças à entranhável misericórdia do nosso Deus, pela qual nos visitará o sol nascente das alturas (isto é, a Pessoa de Jesus Cristo), para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da paz” (Lc. 1:76-79).

Temos nessas duas citações, a essência da verdadeira pregação da mensagem de Deus. O objetivo principal é a conversão de pecadores ao Senhor, o nosso Deus. Essa mensagem é a boa notícia que fala da misericórdia de Deus e como Ele providencia, em Cristo Jesus, a redenção e a  remissão dos pecados para aqueles que “jazem nas trevas e na sombra da morte”. Devemos mencionar, também, as conseqüências de uma verdadeira conversão. O nosso Senhor “dirigirá os nossos pés pelo caminho da paz”. É como Ele mesmo prometeu: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo” (Jo. 14:27). É uma paz “que excede todo o entendimento”. É uma paz que  “guardará o nosso coração e a nossa mente em Cristo Jesus” (Fl. 4:7).

No Evangelho segundo Marcos, temos alguns dos assuntos que João Batista abordava, a fim de produzir conversões. E o que deu tantos bons resultados para a glória de Deus, certamente, terá efeitos semelhantes para os pregadores modernos, se utilizarem os mesmos temas. Vamos aprender do estilo de João Batista em suas mensagens. Ele enfatizava quatro pontos.

1. A necessidade de Convicção. É o Espírito Santo que convence o homem de seus pecados, (Jo. 16:8). Mas, para que seja assim, o pregador não pode falar sobre o pecado de uma maneira geral, ele tem que ser específico, citando o nome dos pecados de seus ouvintes. Veja como João Batista falou sobre pecados específicos em Lucas 3:8-14. Os Judeus confessavam o seu orgulho espiritual, dizendo: “Temos por pai a Abraão”. Não necessitamos de mais nada. A presunção, a confiança nos valores humanos, não prepara ninguém para o Juízo Vindouro, antes, leva multidões para o inferno. “Então, as multidões o interrogavam, dizendo: Que havemos, pois, de fazer?”. As pessoas estavam sentindo as primeiras pontadas da convicção. Qual foi o pecado específico? A falta de um amor prático ao próximo. Portanto, a resposta é: “Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem; quem tiver comida, faça o mesmo”. A convicção do pecado faz a pessoa agir, a fim de corrigir o seu erro. A roubaria praticada pelos coletores de impostos era notória. As denúncias de João Batista fizeram com que esses publicanos perguntassem: “Mestre, que havemos de fazer?”. A convicção do pecado mexe com a consciência. Qual é a resposta? Em vez de continuar na roubaria, esses cobradores têm que ser honestos, cobrando somente “o estipulado”. Os soldados eram igualmente notórios por suas mentiras, crueldades e exigências de subornos. Porém, ouvindo a mensagem de João Batista, e o Espírito Santo usando a sua palavra como espada eficaz, esses homens de coração insensível também perguntaram: “E nós, que faremos?”. Em vez de continuarem nas práticas pecaminosas, eles devem ser tratáveis: “A ninguém maltrateis, não deis denúncia falsa, contentai-vos com o vosso soldo”. A verdadeira convicção do pecado sempre conduz a pessoa a obedecer ao que Deus tem prescrito nas Escrituras Sagradas, a sua revelação escrita.   

2. A Necessidade de Contrição. João Batista exortava a seus ouvintes: “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento”. O arrependimento não é um sentimento vago, antes, é algo vivo que exige a correção dos erros, frutos que possam evidenciar sua realidade. O Breve Catecismo da nossa Igreja nos ensina: “Arrependimento para a vida é uma graça salvadora, pela qual o pecador, tendo um verdadeiro sentimento de seu pecado e percepção da misericórdia de Deus em Cristo, se enche de tristeza e de horror pelos pecados, abandonando-os e volta-se para Deus, inteiramente resolvido a prestar-lhe nova obediência” (Resp. 87). Embora um arrependimento geral por causa das muitas falhas em nosso procedimento seja importante,  devemos praticar o arrependimento específico quando somos surpreendidos por um pecado particular. João Batista condenou os pecados praticados pelos cobradores de impostos, bem como os dos soldados. Roubarias, crueldades, mentiras e ganância são pecados específicos que têm que ser odiados e abandonados. O fruto do arrependimento é o temor de Deus e uma piedade praticada para agradar a Deus.

Mas o arrependimento é mais do que o abandono de todos os pecados conhecidos. Aquele que é verdadeiramente arrependido de seus erros assume uma nova atitude. Ele se volta para Deus inteiramente resolvido a prestar-lhe nova obediência. Reconhecemos que o arrependimento é uma graça salvadora. Se não fosse por esse dom da misericórdia de Deus, estaríamos ainda sujeitos à condenação eterna (At. 11:17-18). Por isso, nós nos entregamos a Ele como um ato de gratidão, dizendo: “Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade”, a prática de uma nova obediência (Hb. 10:9).

3. A Necessidade de Confissão. Os ouvintes de João Batista ficaram possuídos de medo quando ouviram  sobre a ira vindoura e a possibilidade de serem cortados e lançados ao fogo. Em seu desespero, eles começaram a perguntar: “Que havemos, pois, de fazer?” (Lc. 3:10). E, semelhantemente, os ouvintes do Ap. Pedro, convencidos de seus pecados, fizeram a mesma pergunta: “Que faremos, irmãos?”. Como se estivessem dizendo: Não podemos continuar neste estado de desespero, queremos uma resposta que nos traga alívio! O Apóstolo deu uma resposta simples e acessível, porém, abrangente: “Arrependei-vos”. Esse ato é realizado pela confissão dos pecados. Essa revelação do nosso estado é um tipo de transferência (Lv. 16:21). Entregamos os nossos pecados ao Único que pode recebê-los e conceder-nos o desejado perdão. Pela confissão, Cristo recebe o nosso pecado: “Carregando ele mesmo, em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados” (1Pe.2:24).

A orientação é esta: “O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia” (Pv. 28:13).

É importante que tomemos conhecimento do ensino da Confissão de Fé da nossa Igreja sobre a confissão do nosso pecado: “Como cada homem é obrigado a fazer a Deus confissão particular de seus pecados, pedindo-lhe o perdão deles, e abandonando-os, achará misericórdia; assim, também, aquele que escandaliza a seu irmão ou a Igreja de Cristo deve estar pronto, por meio de uma confissão particular ou pública de seu pecado e do pesar que por ele sente, a declarar o seu arrependimento aos que estão ofendidos; isto feito, estes devem se reconciliar com o penitente e recebê-lo em amor” (Cap 15:6). Observemos os dois pontos destacados: Confessamos a Deus o nome do pecado praticado, porque Ele é o único que pode nos dar perdão completo; e, quando o nosso pecado tem prejudicado outras pessoas, devemos buscar reconciliação com elas, admitindo a nossa culpa e pedindo-lhe o perdão. “Confessei-te o meu pecado e a minha iniqüidade não mais ocultei” (Sl. 32:5a).   

4. A Necessidade de Confiança. Confiança nas promessas que Deus tem dado a todos os que buscam a sua benção. Confessar o nosso pecado é um ato de confiança, porque cremos na promessa de sermos perdoados: “Disse: confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniqüidade do meu pecado” (Sl. 32:5b). A Bíblia nos encoraja “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”(1Jo.1:9). Confiamos na veracidade dessa promessa. Como transgressores da lei de Deus, somos exortados a nos arrepender; e fazendo-o, temos a promessa de “tempos de refrigério”. Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério” (At. 3:19-20). Confiamos nessa promessa de perdão e de tempos de refrigério, isto é, encorajamento e alento no meio das nossas tribulações. A Bíblia  sempre nos exorta a confiar nas suas promessas, porque, em as “guardar, há grande recompensa” (Sl. 19:11).

Mas, o ato principal da nossa confiança deve ser dirigido a Jesus Cristo. Ele é o nosso Salvador. A nossa confiança em Cristo é justificada porque temos certeza quanto à eficácia e à veracidade da sua obra redentora em favor da nossa salvação. Cristo agiu como o nosso Fiador. “Pois o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc. 10:45). Esse povo que Ele veio para auxiliar foi encontrado com uma dívida enorme a ser paga, por causa da sua transgressão da lei de Deus. Qual foi o caminho a ser trilhado? Cristo veio para resgatar esse povo e tirá-lo da sua condenação. Mas, como? “Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave” (Ef. 5:2). Em outras palavras, Ele assumiu a nossa dívida diante da lei de Deus. A dívida da nossa desobediência foi paga mediante a sua obediência imaculada: “ Por meio da obediência de um só (Jesus Cristo) muitos se tornarão justos” (Rm. 5:19). Confiamos na suficiência da obediência de Cristo como o nosso substituto. De forma semelhante, Cristo assumiu a dívida da nossa morte, morrendo em nosso lugar. “Pois também Cristo morreu, uma vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus” (1Pe. 3:18). Confiamos na realidade e na suficiência desta morte em nosso lugar, uma morte que satisfez todas as exigências da lei. “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm. 8:1). A Bíblia enfatiza, por toda parte, a necessidade de crer e confiar na eficácia de tudo o que Cristo fez, a fim de adquirir a salvação eterna para o seu povo. Confiamos nele, por isso nós O chamamos: Nosso Salvador.


Conclusão: João Batista nasceu já comissionado para “dar ao seu povo conhecimento da salvação” (Lc. 1:77). E, para fazer isso, ele enfatizava a necessidade da Convicção do pecado; uma Contrição que produz o abandono do pecado; a Confissão do pecado a Deus, que é misericordioso e que perdoa os pecados confessados; e a Confiança na obra redentora de Jesus Cristo, pois, quem nele crê tem a vida eterna, (1Jo. 5:11-12). Que possamos estar sempre dispostos a ouvir e nos alimentar com tais palavras orientadoras!    

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