Rev. Ivan G. G. Ross
Leitura
Bíblica: Salmo 2:1-12
Introdução:
Este Salmo nos mostra qual é a natureza da corrupção humana. O pecado é a
transgressão da lei e uma rebelião contra o único legislador do universo, e contra
as normas morais e espirituais que Ele prescreveu para toda a humanidade. Se o
pecado fosse permitido a continuar impune, aniquilaria o domínio soberano de
Deus e o destronizaria. Essa é a verdade a respeito de todos os pecados; e,
especialmente, quanto à rejeição de Jesus Cristo. O clamor universal é este:
“Não queremos que este (Jesus) reine sobre nós” (Lc. 19:1). Aqueles que recusam
prestar obediência à Jesus Cristo estão negando a autoridade do próprio Deus
que o enviou. Vamos examinar como este Salmo descreve as manifestações do
pecado.
Este
Salmo precioso tem uma seqüência de quatro pontos: A destemperança dos povos
provoca em Deus uma desafronta; por isso, Ele fez uma declaração quanto aos
seus propósitos diante da pecaminosidade humana. Por causa do prometido juízo,
os povos são exortados a tomar uma decisão a respeito de Jesus Cristo e da
necessidade de refugiar-se nele, a fim de serem salvos.
1.
A Grande Destemperança, Vs. 1-3. O primeiro versículo faz uma pergunta
séria: “Por que enfurecem os gentios e os povos imaginam coisas vãs?”. Qual é a
razão dessa fúria e de tantos sonhos impossíveis? É o pecado que provoca essa
grande destemperança. O diabo é “o pai da mentira” (Jo. 8:44). Ele incita os
povos para acreditar que podem se rebelar contra a lei de Deus e vencer
impunes. E, para promulgar essa mentira diabólica, ele reúne as lideranças a
fim de dar uma aparência formal de autoridade a seus ditames. No mundo inteiro,
são os governantes que, em vez de promoverem os interesses do reino de Deus,
fazem de tudo, através de suas legislações liberais, para prejudicar e impedir
a plena expressão do ministério da Igreja. O problema não é uma falta do
conhecimento das leis de Deus, antes, é uma revolta contra essas leis. O grande
anseio dessas lideranças é livrar-se de
Deus e de suas leis. O seu objetivo principal é resumido em sua própria
declaração: “Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas” (V.3).
Mas,
de uma maneira mais específica, estes “príncipes conspiram contra o Senhor e
contra o seu Ungido”, Jesus Cristo, (V.2). Basta ler os Evangelhos para
reconhecer a verdade dessa conspiração. Logo no início de seu ministério, Jesus
sentiu a fúria deste ódio: “Os fariseus conspiravam contra ele sobre como lhe
tirariam a vida” (Mt. 12:14). Até hoje, se falarmos de Jesus como o melhor
amigo, ninguém faz objeção séria, porém, se falarmos sobre o seu direito
soberano de reinar sobre a nossa vida, provocaremos uma onda de resistências e
até perseguições. Os povos não querem que Cristo reine sobre as suas vidas e sobre
os seus interesses pessoas. Qual é a atitude de Deus diante dessa
insurreição? Vemos...
2.
A Grande Desafronta, Vs. 4-6. Deus sente uma forte indignação. Qual é a
primeira manifestação desta desafronta? “Ri-se aquele que habita nos céus; o
Senhor zomba deles” (V4). O riso de Deus, nesse contexto, deve ser um som
extremamente terrificante, porque, na verdade, Ele está zombando da loucura
dessa rebelião. Como um homem, feito do pó da terra, pode prevalecer contra o
Deus Todo-Poderoso? Quem pode suportar as zombarias de Deus e suas
manifestações de ira? A luta entre os dois contendores é totalmente desigual.
Mesmo em nossos dias, a ira de Deus contra os ímpios se manifesta através de
circunstâncias adversas. “Por causa da ira do Senhor dos Exércitos, a terra
está abrasada, e o povo é pasto de fogo (Is. 9:19). Contudo, a plenitude dessa
ira é reservada para o Dia Final. “Na sua ira, a seu tempo, lhes há de falar e
no seu furor os confundirá” (V.5.) O que Deus vai falar a esses insurretos naquele
Dia? “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo
e seus anjos” (Mt. 25:41). Sim, “Horrível cousa é cair nas mãos do Deus vivo”
(Hb. 10:31).
Como
Deus realizará essas manifestações da sua justiça? Ele mesmo responde: “Eu,
porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião” (V.6). É de suma
importância que acreditemos que Deus realiza todos os seus propósitos a
respeito do homem pecador pela mediação exclusiva de Jesus Cristo. “Este é o
designo que se formou concernente a toda a terra; e esta é a mão que está
estendida sobre todas as nações. Porque o Senhor dos Exércitos o determinou;
quem, pois, o invalidará? A sua mão está estendida; quem, pois, a fará voltar
atrás?” (Is. 14:26-27).
O
Pai valoriza e “ama ao seu Filho, e todas as cousas tem confiado às suas mãos”
(Jo. 3:35). Estamos, agora, prontos para ouvir...
3.
A Grande Declaração, Vs. 7-9. Nesses
versículos, Cristo está repetindo o que o Pai lhe disse nos tempos da
eternidade. O assunto é o seu decreto inalterável. Cristo, como o Profeta de
Deus, é aquele que revela os propósitos da Divindade; por isso, Ele começa,
dizendo: “Proclamarei o decreto do Senhor” (V.7a). Cristo tem três assuntos
para revelar:
a) A
declaração pública de que o homem, Jesus de Nazaré, é o Cristo, o Filho de
Deus, (At. 2:36; 18:5). “Porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a
plenitude da Divindade” (Cl. 1:9). “Ele (o Pai) me disse: Tu és meu Filho, eu,
hoje, te gerei” (V.16). Essa declaração foi feita quando Cristo ressuscitou
dentre os mortos, (Rm. 1:4). O impacto da ressurreição silenciou todos os
argumentos contra a Divindade de Cristo. A sua ressurreição é o prometido
“sinal de Jonas” (Lc. 11:29-30).
b) A
herança oferecida a Jesus Cristo. O Pai o convidou: “Pede-me, e eu te darei as
nações por herança” (V.8). Aqui temos uma referência ao ministério intercessor
de Cristo e como Ele suplica pela salvação de seu povo. E, de fato, Ele ajuntou
para si mesmo uma “grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as
nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro,
vestidos de vestiduras brancas” (Ap. 7:9). A intercessão de Cristo garante a
salvação total de todo o seu povo; “e nenhum deles se perdeu” (Jo. 17:10).
c)
Como Cristo conseguirá receber essa prometida herança? “Com vara de ferro as
regerás e as despedaçarás como um vaso
de oleiro” (V.9). Cristo consegue as suas conquistas através de um domínio
soberano e inflexível. O decreto afirma: “O reino do mundo se tornou de nosso
Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos” (Ap. 11:15).
Esse reinado é tão soberano e seguro que ninguém pode resistir, (Rm. 9:19-24).
À luz desse reinado, queremos saber o que devemos fazer em termos de preparo
espiritual. Portanto, a necessidade de tomar...
4.
A Grande Decisão, Vs. 10:12. Em vez de ser despedaçado pela ira de Cristo,
é melhor sujeitar-se à sua regência, tomando as devidas decisões.
Primeiro,
o texto se dirige às lideranças mundiais: “Agora, pois, ó reis, sede prudentes;
deixai-vos advertir, juizes da terra. Servi ao Senhor com temor e alegrai-vos
nele com tremor” (Vs. 10-11). Em vez de levantar-se contra o Senhor em
rebelião, é melhor ser prudente e submeter-se a seu reinado. A advertência foi
dada, é melhor obedecer e conservar a sua vida. Qual seria a evidência de uma
decisão séria? Servindo ao Senhor com
temor e respeitando a sua majestade. Essa obediência não pode ser insincera e
de má vontade, antes, deve ser realizada com alegria e tremor. Em outras
palavras, por esse serviço as lideranças devem legislar leis justas que
promovem a glória de Deus.
Em
segundo lugar, a advertência é dirigida aos povos em geral. “Beijai o Filho
para que não se irrite e não pereçais no caminho; porque dentro em pouco se lhe
inflamará a ira” (V.12a). O beijo, nesse contexto, é o ato de adoração. Os
povos beijavam o deus Baal, (1Rs. 19:18). Mas, a ordem de Deus é “Não adorarás
outro deus; pois o nome do Senhor é zeloso, sim, Deus zeloso é Ele” (Ex.
34:14). O resumo do nosso culto é este: “Beijai o Filho”, ou seja: “Ouve, ó
Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! Amarás, pois, o Senhor, teu
Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e
de toda a tua força” (Mc. 12:29-30).
E,
finalmente, qual é a recompensa de tomar essas duas decisões? “Bem-aventurados
todos os que nele se refugiam” (v.12). Beijar o filho, Jesus Cristo, é um ato
de reconciliação, uma confiança na veracidade de sua Palavra, um sinal de
submissão à sua autoridade e uma manifestação da adoração que lhe devemos. Eis
o caminho para uma verdadeira bem-aventurança.
Conclusão:
O Salmo começou descrevendo a fúria dos povos, uma fúria dirigida “contra o
Senhor e o seu Ungido”, Jesus Cristo. Qual é a razão que provoca essa rebelião?
Eles não aceitam as leis e o domínio de Deus. Por isso, a luta é para romper os
laços e sacudir de si mesmos as restrições que a lei lhes impõe.
Mas,
qual é a atitude de Deus diante dessa insurreição? “Ri-se aquele que habita nos
céus; o Senhor zomba deles”. A rebelião é destinada a falhar e deixar os povos
em plena confusão.
Qual
é a providência que Deus deu, a fim de estabelecer ordem e justiça entre os
povos? Ele enviou o seu próprio Filho, para reinar, soberanamente, com uma vara de ferro, a fim
de tomar posse da sua herança.
Qual
é o conselho dado aos povos? Beijai o Filho e dai-lhe o culto que Ele tem o
direito de receber. Esse é o caminho que nos oferece uma verdadeira segurança
espiritual. Bem-aventurados todos os que se refugiam em Jesus Cristo, porque,
nele, terão a salvação eterna.
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