Leitura
Bíblica: Hebreus 2:14-18
Introdução:
Todos os anos, o Natal é comemorado com muitas atividades. Para alguns, será um
tempo de férias e festividades; para outros, uma oportunidade para reviver
tradições, árvore de Natal, presentes e comidas especiais. Mas, quantas pessoas
lembrarão o verdadeiro sentido desta data? Em Israel, quando as famílias
celebravam a Festa da Páscoa, alguns dos filhos perguntavam: “Que rito é este?
Os pais tinham a responsabilidade de responder de acordo com o que está escrito
nas Escrituras Sagradas: “É o sacrifício da Páscoa do Senhor, que passou por
cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os egípcios e livrou
as nossas casas” (Ex. 12:26-27). E, por
meio de uma explicação, temos este exemplo: “Assim, comeram a Páscoa os filhos
de Israel que tinham voltado do exílio e todos os que, unindo-se a eles, e
haviam separado da imundícia dos gentios da terra, para buscarem o Senhor, Deus
de Israel” (Ed. 6:21). E, em nossos dias, se os nossos filhos perguntarem: Por que temos o Natal?
Quantos pais têm o conhecimento para lhes dar uma resposta bíblica? Por
exemplo: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está
sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte,
Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is. 9:6). E, por meio de explicação:
“Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher,
nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que
recebêssemos a adoção de filhos” (Gl. 4:4-5).
Em
vez de oferecer uma explanação tradicional do Natal, meditaremos sobre a
exposição do assunto dada pelo escritor aos Hebreus. A encarnação do Filho de
Deus deve ser um assunto que cativa o nosso coração todos os dias, e não apenas
uma vez por ano, “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e
de verdade. E vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo. 1:14).
1.
O Beneplácito da Encarnação, Vs 14-15. A encarnação de Cristo revela o seu
beneplácito insondável, a sua boa vontade para fazer tudo o que era necessário
para a redenção de pecadores. E, para realizar essa obra, Ele tomou para si a
natureza humana, a mesma da descendência de Adão. Como podemos explicar essa
condescendência? O nosso texto nos oferece um exemplo. Como os filhos têm
participação comum da carne e sangue de seus pais, mediante um ato de
procriação, também, Cristo, por ser nascido de mulher, igualmente, participou
destes mesmos elementos; mas, por ser gerado pelo Espírito Santo, Ele nasceu
totalmente livre do pecado que Adão legou à sua descendência, (V.14a; Lc.1:35).
Quais
foram os motivos da encarnação? O nosso texto fala de três:
Em primeiro
lugar, “ por sua morte”. Devemos reconhecer que o poder natural da morte
substitutiva de Jesus Cristo resolveu, definitivamente, todas as questões que
impediam a plena salvação de pecadores. Por sua morte, Ele pagou a nossa dívida
diante da lei de Deus; isto é, não
apenas cumpriu a lei em nosso lugar, mas, também, experimentou a sentença da
morte que os nossos pecados deviam receber. Por isso, a Bíblia ensina: Em
Cristo “temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a
riqueza da sua graça, que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a
sabedoria e prudência” (Ef. 1:7-8).
Em
segundo lugar, Cristo se fez carne para poder destruir “aquele que tem o poder
da morte, a saber, o diabo”. Embora o diabo não tenha poder absoluto para
infligir a morte, porque esta é a prerrogativa exclusiva de Deus, Satanás,
através de mentiras e tentações, pode induzir o incauto à morte, por causa do
pecado que pratica. Por isso, somos instruídos a “resistir-lhe firmes na fé”
(1Pe. 5:9).
Em
terceiro lugar: “livrasse todos que, pelo pavor da morte” (V.15.). Por que o
homem tem “pavor da morte?” Porque ele sabe que, “depois da morte, o juízo”,
quando cada um terá de dar “contas de si mesmo a Deus” (Hb.9:27; Rm. 14:12). E,
de forma semelhante, o homem sabe que “horrível cousa é cair nas mãos do Deus
vivo” (Hb. 10:31). Por isso, um pavor toma conta do homem despreparado para
enfrentar o juízo vindouro. Como é diferente a esperança do homem que já fez as
suas pazes com Deus! Fica admirado, podendo confessar: “Vede que grande amor
nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato,
somos filhos de Deus” (1Jo. 3:1). Temos esse privilégio porque entregamos a
nossa vida aos cuidados de Jesus Cristo, o nosso Salvador, crendo, de coração,
no seu nome, (Jo.1:12).
2.
O Beneficiário da Encarnação, Vs 16-17. Cristo se fez carne em favor de
quem? O texto responde: “Pois Cristo, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre
a descendência de Abraão”. Quem é essa descendência de Abraão que Cristo veio
para buscar e salvar? Certamente não se limita, literalmente, àquela família. A
descendência do nosso texto é o “seu povo” (Mt. 1:23); “todo aquele que o Pai
me dá” (Jo. 6:37). Tudo depende da nossa fé em Jesus Cristo. O Apóstolo deu
esta explicação: “De sorte, não pode haver judeu, nem grego; nem escravo, nem
liberto; nem homem, nem mulher; porque todos vós sois um em Jesus Cristo. E, se
sois de Cristo, também sois descendência de Abraão e herdeiros segundo a
promessa” (Gl. 3:28-29). Essa é a mesma verdade anunciada em João 3:16, “Porque
Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo
o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
Por que
Cristo tinha que se tornar homem para salvar o seu povo? O nosso texto
responde: “Por isso mesmo, convinha que, em todas as cousas, se tornasse
semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas causas
referentes a Deus e para fazer propiciação (um cobertor) pelos pecados do
povo”. Observemos duas verdades com referência à necessidade da encarnação:
a) A
fim de salvar o homem, a sua dívida da lei de Deus tinha que ser paga, não
necessariamente pelo próprio pecador, se tivesse um fiador, um homem sem
nenhuma dívida. Mas onde está o homem que tem as condições judiciais para pagar
essa dívida, visto que todos pecaram e carecem da glória de Deus? O pecado é
uma ofensa tão infinita contra a santidade de Deus, que o culpado não pode
saldá-la, nem com uma eternidade de sofrimento. Por isso Deus, em seu grande
amor, providenciou um Homem, o seu próprio Filho, que se fez carne, como único
meio para resolver o problema da dívida de seu povo. “Mas Deus prova o seu
próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós
ainda pecadores” (Rm. 5:8). Cristo é o nosso fiador que garante a nossa
inocência diante da lei de Deus, (Hb. 11:22).
b) Por
causa de seu pecado, o homem perdeu a sua liberdade original de ter livre
acesso à presença de Deus. Mas o Senhor, querendo reestabelecer a sua comunhão
com o homem, instituiu o ofício de Mediador, dando-lhe o título de
Sumo-Sacerdote, “pelo qual, temos ousadia e acesso com confiança, mediante a fé
nele” (Ef. 3:12). O ministério desse Sumo-Sacerdote, Jesus Cristo, consiste,
principalmente, de duas partes: oferecer um sacrifício e interceder em favor de
seu povo. Cristo “se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício
de si mesmo, o pecado” (Hb. 9:26). Através desse sacrifício, Cristo
providenciou “propiciação pelos pecados do povo”, isto é, um cobertor, pelo
qual os nossos pecados são escondidos da presença de Deus; e, com essa
proteção, somos declarados inocentes diante da lei divina. A segunda parte
desse ministério é a intercessão. Cristo continua, para sempre, “por isso,
também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre
para interceder por eles” (Hb.7:24-25). O Apóstolo nos dá um exemplo dessa
intercessão: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis.
Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo;
e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios,
mas ainda pelos do mundo inteiro” (1Jo. 2:1-2).
3.
O Benefício da Encarnação V. 18. Para o nosso consolo, o nosso texto
destaca duas verdades relacionadas com a adequação do sacerdócio de Jesus Cristo:
a)
Cristo sofreu, tendo sido tentado. “Embora sendo Filho, aprendeu a obediência
pelas cousas que sofreu” (Hb. 5:8). “Porque não temos sumo-sacerdote que não
possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as
cousas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hb. 4:15). A tentação, bem como a
necessidade de obedecer a Deus em todas as circunstâncias, quase sempre envolve
uma medida de sofrimento. Sentir a repugnância do pecado querendo nos tocar,
faz o piedoso gemer em seu íntimo. E, Cristo, em sua pureza imaculada, o que
sentiu ao ser tentado? Uma cousa sabemos: Ele soube como ficar incontaminado e
permanecer sem pecado. Obediência também pode causar sofrimento. Como? Porque
sempre existem duas opções: uma fácil e a outra, não tão agradável. Como
podemos escolher o caminho certo? Temos
um exemplo dado por Cristo. Quando Ele teve que encarar os horrores da cruz,
uma questão de obediência estava diante dele. Em oração, Ele disse: “Meu Pai,
se possível, passe de mim este cálice, todavia, não seja como eu quero, e, sim
como tu queres!” (Mt. 26:39). Por que Cristo continuou rumo à cruz? Porque Ele
soube que essa era a vontade de seu Pai. Todos os atos da nossa obediência
devem manifestar a nossa submissão à vontade de Deus, que Ele tem declarado nas
Escrituras Sagradas. Custe o que custar. Cristo “a si mesmo se humilhou,
tornando-se obediente até a morte e morte de cruz” (Fl. 2:8).
b)
Por causa das experiências de Cristo nas áreas de tentação e obediência, Ele é
poderoso para socorrer os que são tentados. O Ap. Pedro obedeceu ao convite de
Jesus, e começou a andar por sobre as águas; “reparando, porém, na força do
vento, teve medo; e, começando a submergir, gritou: Salva-me Senhor! E
prontamente, Jesus, estendendo a mão, tomou-o”,(Mt. 14:22:33). E nós, quando
tentados ou sentindo dificuldade para obedecer a vontade de Deus numa dada
circunstância, basta imitar o exemplo de Pedro e gritar por socorro, e, com
certeza, seremos fortalecidos para agir como convém. Eis o benefício da
encarnação: Temos um Sumo-Sacerdote que sabe compadecer-se de nós em todos os
momentos difíceis da nossa vida. “Forte alento tenhamos nós que já corremos
para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta; a qual temos por
âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu, onde Jesus, como precursor,
entrou por nós” (Hb. 6:18-20).
Conclusão:
O Natal! Qual é o sentido desta data? É a comemoração do nascimento de Jesus
Cristo, a encarnação do Filho de Deus. “E o Verbo (Jesus Cristo) se fez carne e
habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória
como do unigênito do Pai” (Jo. 1:14).
Na
leitura de Hebreus 2, observamos o beneplácito da encarnação de Jesus Cristo,
como Ele nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a
Deus. E, tomamos conhecimento do beneficiário da encarnação de Jesus Cristo.
Somos nós os beneficiários, porque cremos em sua morte e o amamos. E
acreditamos no benefício da encarnação de Jesus Cristo, o nosso Sumo-Sacerdote,
tendo sido tentado, mas sem pecar, é poderoso para socorrer os que são
tentados. E, cada um de nós, por estarmos sujeitos à tentação, temos
necessidade constante desse socorro.
Como
podemos expressar a nossa gratidão a Deus pela encarnação de Jesus Cristo, o
seu Filho unigênito? Certamente, uma das maneiras mais práticas é viver de
acordo com os privilégios que estão, agora, ao nosso alcance; tais como os que
se encontram em Hebreus 10:19-23. “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar
no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos
consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a
casa de Deus, aproximemos-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé,
tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura (o
efeito purificador da regeneração ). Guardemos firme a confissão da esperança,
sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel”.
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