Vasos de Honra

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

A Encarnação de Cristo




Leitura Bíblica: Hebreus 2:14-18

Introdução: Todos os anos, o Natal é comemorado com muitas atividades. Para alguns, será um tempo de férias e festividades; para outros, uma oportunidade para reviver tradições, árvore de Natal, presentes e comidas especiais. Mas, quantas pessoas lembrarão o verdadeiro sentido desta data? Em Israel, quando as famílias celebravam a Festa da Páscoa, alguns dos filhos perguntavam: “Que rito é este? Os pais tinham a responsabilidade de responder de acordo com o que está escrito nas Escrituras Sagradas: “É o sacrifício da Páscoa do Senhor, que passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os egípcios e livrou as nossas casas” (Ex. 12:26-27).  E, por meio de uma explicação, temos este exemplo: “Assim, comeram a Páscoa os filhos de Israel que tinham voltado do exílio e todos os que, unindo-se a eles, e haviam separado da imundícia dos gentios da terra, para buscarem o Senhor, Deus de Israel” (Ed. 6:21). E, em nossos dias, se os nossos  filhos perguntarem: Por que temos o Natal? Quantos pais têm o conhecimento para lhes dar uma resposta bíblica? Por exemplo: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is. 9:6). E, por meio de explicação: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl. 4:4-5).

Em vez de oferecer uma explanação tradicional do Natal, meditaremos sobre a exposição do assunto dada pelo escritor aos Hebreus. A encarnação do Filho de Deus deve ser um assunto que cativa o nosso coração todos os dias, e não apenas uma vez por ano, “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade. E vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo. 1:14).

1. O Beneplácito da Encarnação, Vs 14-15. A encarnação de Cristo revela o seu beneplácito insondável, a sua boa vontade para fazer tudo o que era necessário para a redenção de pecadores. E, para realizar essa obra, Ele tomou para si a natureza humana, a mesma da descendência de Adão. Como podemos explicar essa condescendência? O nosso texto nos oferece um exemplo. Como os filhos têm participação comum da carne e sangue de seus pais, mediante um ato de procriação, também, Cristo, por ser nascido de mulher, igualmente, participou destes mesmos elementos; mas, por ser gerado pelo Espírito Santo, Ele nasceu totalmente livre do pecado que Adão legou à sua descendência, (V.14a; Lc.1:35).

Quais foram os motivos da encarnação? O nosso texto fala de três:

Em primeiro lugar, “ por sua morte”. Devemos reconhecer que o poder natural da morte substitutiva de Jesus Cristo resolveu, definitivamente, todas as questões que impediam a plena salvação de pecadores. Por sua morte, Ele pagou a nossa dívida diante da lei de Deus; isto  é, não apenas cumpriu a lei em nosso lugar, mas, também, experimentou a sentença da morte que os nossos pecados deviam receber. Por isso, a Bíblia ensina: Em Cristo “temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência” (Ef. 1:7-8).

Em segundo lugar, Cristo se fez carne para poder destruir “aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo”. Embora o diabo não tenha poder absoluto para infligir a morte, porque esta é a prerrogativa exclusiva de Deus, Satanás, através de mentiras e tentações, pode induzir o incauto à morte, por causa do pecado que pratica. Por isso, somos instruídos a “resistir-lhe firmes na fé” (1Pe. 5:9).

Em terceiro lugar: “livrasse todos que, pelo pavor da morte” (V.15.). Por que o homem tem “pavor da morte?” Porque ele sabe que, “depois da morte, o juízo”, quando cada um terá de dar “contas de si mesmo a Deus” (Hb.9:27; Rm. 14:12). E, de forma semelhante, o homem sabe que “horrível cousa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb. 10:31). Por isso, um pavor toma conta do homem despreparado para enfrentar o juízo vindouro. Como é diferente a esperança do homem que já fez as suas pazes com Deus! Fica admirado, podendo confessar: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus” (1Jo. 3:1). Temos esse privilégio porque entregamos a nossa vida aos cuidados de Jesus Cristo, o nosso Salvador, crendo, de coração, no seu nome, (Jo.1:12).

2. O Beneficiário da Encarnação, Vs 16-17. Cristo se fez carne em favor de quem? O texto responde: “Pois Cristo, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a descendência de Abraão”. Quem é essa descendência de Abraão que Cristo veio para buscar e salvar? Certamente não se limita, literalmente, àquela família. A descendência do nosso texto é o “seu povo” (Mt. 1:23); “todo aquele que o Pai me dá” (Jo. 6:37). Tudo depende da nossa fé em Jesus Cristo. O Apóstolo deu esta explicação: “De sorte, não pode haver judeu, nem grego; nem escravo, nem liberto; nem homem, nem mulher; porque todos vós sois um em Jesus Cristo. E, se sois de Cristo, também sois descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa” (Gl. 3:28-29). Essa é a mesma verdade anunciada em João 3:16, “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

Por que Cristo tinha que se tornar homem para salvar o seu povo? O nosso texto responde: “Por isso mesmo, convinha que, em todas as cousas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas causas referentes a Deus e para fazer propiciação (um cobertor) pelos pecados do povo”. Observemos duas verdades com referência à necessidade da encarnação:

a) A fim de salvar o homem, a sua dívida da lei de Deus tinha que ser paga, não necessariamente pelo próprio pecador, se tivesse um fiador, um homem sem nenhuma dívida. Mas onde está o homem que tem as condições judiciais para pagar essa dívida, visto que todos pecaram e carecem da glória de Deus? O pecado é uma ofensa tão infinita contra a santidade de Deus, que o culpado não pode saldá-la, nem com uma eternidade de sofrimento. Por isso Deus, em seu grande amor, providenciou um Homem, o seu próprio Filho, que se fez carne, como único meio para resolver o problema da dívida de seu povo. “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm. 5:8). Cristo é o nosso fiador que garante a nossa inocência diante da lei de Deus, (Hb. 11:22).

b) Por causa de seu pecado, o homem perdeu a sua liberdade original de ter livre acesso à presença de Deus. Mas o Senhor, querendo reestabelecer a sua comunhão com o homem, instituiu o ofício de Mediador, dando-lhe o título de Sumo-Sacerdote, “pelo qual, temos ousadia e acesso com confiança, mediante a fé nele” (Ef. 3:12). O ministério desse Sumo-Sacerdote, Jesus Cristo, consiste, principalmente, de duas partes: oferecer um sacrifício e interceder em favor de seu povo. Cristo “se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado” (Hb. 9:26). Através desse sacrifício, Cristo providenciou “propiciação pelos pecados do povo”, isto é, um cobertor, pelo qual os nossos pecados são escondidos da presença de Deus; e, com essa proteção, somos declarados inocentes diante da lei divina. A segunda parte desse ministério é a intercessão. Cristo continua, para sempre, “por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb.7:24-25). O Apóstolo nos dá um exemplo dessa intercessão: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro” (1Jo. 2:1-2).

3. O Benefício da Encarnação V. 18. Para o nosso consolo, o nosso texto destaca duas verdades relacionadas com a adequação do sacerdócio de  Jesus Cristo:

a) Cristo sofreu, tendo sido tentado. “Embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas cousas que sofreu” (Hb. 5:8). “Porque não temos sumo-sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as cousas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hb. 4:15). A tentação, bem como a necessidade de obedecer a Deus em todas as circunstâncias, quase sempre envolve uma medida de sofrimento. Sentir a repugnância do pecado querendo nos tocar, faz o piedoso gemer em seu íntimo. E, Cristo, em sua pureza imaculada, o que sentiu ao ser tentado? Uma cousa sabemos: Ele soube como ficar incontaminado e permanecer sem pecado. Obediência também pode causar sofrimento. Como? Porque sempre existem duas opções: uma fácil e a outra, não tão agradável. Como podemos  escolher o caminho certo? Temos um exemplo dado por Cristo. Quando Ele teve que encarar os horrores da cruz, uma questão de obediência estava diante dele. Em oração, Ele disse: “Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice, todavia, não seja como eu quero, e, sim como tu queres!” (Mt. 26:39). Por que Cristo continuou rumo à cruz? Porque Ele soube que essa era a vontade de seu Pai. Todos os atos da nossa obediência devem manifestar a nossa submissão à vontade de Deus, que Ele tem declarado nas Escrituras Sagradas. Custe o que custar. Cristo “a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz” (Fl. 2:8).

b) Por causa das experiências de Cristo nas áreas de tentação e obediência, Ele é poderoso para socorrer os que são tentados. O Ap. Pedro obedeceu ao convite de Jesus, e começou a andar por sobre as águas; “reparando, porém, na força do vento, teve medo; e, começando a submergir, gritou: Salva-me Senhor! E prontamente, Jesus, estendendo a mão, tomou-o”,(Mt. 14:22:33). E nós, quando tentados ou sentindo dificuldade para obedecer a vontade de Deus numa dada circunstância, basta imitar o exemplo de Pedro e gritar por socorro, e, com certeza, seremos fortalecidos para agir como convém. Eis o benefício da encarnação: Temos um Sumo-Sacerdote que sabe compadecer-se de nós em todos os momentos difíceis da nossa vida. “Forte alento tenhamos nós que já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta; a qual temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu, onde Jesus, como precursor, entrou por nós” (Hb. 6:18-20).

Conclusão: O Natal! Qual é o sentido desta data? É a comemoração do nascimento de Jesus Cristo, a encarnação do Filho de Deus. “E o Verbo (Jesus Cristo) se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo. 1:14).

Na leitura de Hebreus 2, observamos o beneplácito da encarnação de Jesus Cristo, como Ele nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus. E, tomamos conhecimento do beneficiário da encarnação de Jesus Cristo. Somos nós os beneficiários, porque cremos em sua morte e o amamos. E acreditamos no benefício da encarnação de Jesus Cristo, o nosso Sumo-Sacerdote, tendo sido tentado, mas sem pecar, é poderoso para socorrer os que são tentados. E, cada um de nós, por estarmos sujeitos à tentação, temos necessidade constante desse socorro.


Como podemos expressar a nossa gratidão a Deus pela encarnação de Jesus Cristo, o seu Filho unigênito? Certamente, uma das maneiras mais práticas é viver de acordo com os privilégios que estão, agora, ao nosso alcance; tais como os que se encontram em Hebreus 10:19-23. “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemos-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura (o efeito purificador da regeneração ). Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel”. 

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