Leitura
Bíblica: 1Coríntios 13:1-13
Introdução:
Em nossos dias, não faltam exortações para amar uns aos outros. Todo mundo sabe
que devemos praticar esta obrigação básica, para que haja paz em todos os
setores da nossa sociedade. Contudo, parece que ninguém consegue praticar esse
dever com a devida perfeição. Por que é tão difícil amar uns aos outros? Porque
para amar, como a Bíblia nos ensina, temos que estar dispostos a dar a própria
vida em favor do nosso irmão. Cristo praticou esse tipo de amor, dando a sua
vida em favor de seu povo. “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar a nossa
própria vida pelos irmãos” (1Jo. 3:16). Eis o problema que impede a devida prática desse amor. Alguns,
talvez, estejam prontos para auxiliar em alguma causa, porém, não a ponto de
dar a própria vida. Por causa do pecado que habita em nós, tornamo-nos
radicalmente egoístas. Queremos viver a
nossa vida de acordo com os nossos próprios impulsos egoístas. O Apóstolo
descreve esta característica, dizendo: “Sabe, porém, isto: nos últimos dias,
sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, avarentos,
jactanciosos, arrogantes”, e segue-se
uma lista longa das manifestações desse egoísmo, (2Tm. 3:1-5). Somente o poder
regenerador e renovador do Espírito Santo pode subjugar essas tendências
egoísticas que assediam o ser humano.
Mas, regenerados, temos o poder necessário para amar uns aos outros. Qual é a
melhor evidência de que somos nascidos de novo? “Amados, amemo-nos uns aos
outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus
e conhece a Deus” (1Jo. 4:7). Vamos seguir as explicações que o Apóstolo nos dá
em 1Coríntios, capítulo 13.
1.
A Perfuração do Amor, Vs. 1-3 (sofreu um desfalque). O Apóstolo começa explicando o seu propósito: “Eu passo a
oferecer-vos ainda um caminho sobremodo
excelente”. E esse caminho que temos que trilhar tem uma só direção, a prática
de um amor que não admite nenhum outro rival, um amor que envolve a totalidade
do nosso ser. O padrão é este: “O principal é: Amarás, pois, o Senhor, teu
Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e
de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há
outro mandamento maior do que estes” (Mc. 12:30-31).
O
Apóstolo cita cinco atos, que são atividades do culto que oferecemos ao nosso
Deus, porém, mostrando como eles podem ser usurpados por falsos obreiros, e,
portanto, ficar perfurados e esvaziados de seu valor diante de Deus, porque não
são realizados com o devido amor. Cada ato em nosso serviço espiritual deve ser
feito “como ao Senhor”, sem qualquer mistura de ambições pessoais. O escritor
Judas fala de uma tendência repreensível entre muitos homens, especialmente
aqueles que têm responsabilidades públicas: “São aduladores dos outros por
motivos interesseiros” (Jd.16). Não são manifestações de um amor sincero,
antes, são dissimulações feitas para
fins interesseiros. Os dons de Deus não são necessariamente retirados quando
usados para fins gananciosos, podem impressionar os ouvintes, porém, não são
abençoados por Deus, porque não são utilizados com amor e nem para a glória de
Deus. Veja os exemplos oferecidos pelo Apóstolo.
a) Línguas,
o dom de comunicação verbal, pode soar com eloqüência, como se fosse a voz de
anjo, mas sem o toque do amor, pode ecoar “como o bronze que soa ou como o
címbalo que retine”, bonito para ouvir, porém de pouco valor, porque não tem a
unção do amor. Pastores têm que ser cuidadosos para não confiar, indevidamente,
na suficiência de seus dons, porque podem excluir o amor aos ouvintes.
b) Profetizar,
o dom de proclamar os oráculos de Deus. E, para exercer este ministério, é
importante um bom conhecimento de “todos os mistérios e toda a ciência”; porém,
pode ser anulado, quando usado para fins pessoais. O Apóstolo Paulo tinha o dom
da profecia, contudo, ao entrar em Corinto, ele confessou que não foi enviado
para expor a sua cultura, “mas para pregar o evangelho; não com sabedoria de
palavras, para que se não anule a cruz de Cristo” (1Co. 1:17). Não convém
misturar a pregação com exibicionismo,
antes, deve ser a manifestação de um amor sincero aos ouvintes.
c) Fé
é um dom de suma importância, porque, sem ela “é impossível agradar a Deus”,
porém, pode ser usada inapropriadamente como os demais dons de Deus. Em nossos
dias, muita coisa estranha é praticada em nome de fé. Existe até um jornal cujo
título é: “Show da Fé”, que publica os milagres que estão acontecendo. Contudo,
devemos questionar a espiritualidade dessas apresentações, porque a Bíblia nos
adverte: “Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com
todo poder, e sinais, e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça
aos que perecem, porque não acolheram o
amor de verdade para serem salvos” (2Ts. 1:9-10). Cristo também nos
advertiu sobre o perigo desse tipo de
fé, dizendo: “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes
sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos” (Mt. 24:24).
Fé, sem o acréscimo do amor, pode conduzir à perdição, lembrando que, nesse
contexto, o falso profeta não produz os seus sinais como uma manifestação de
amor, antes, é o oposto, ele usa a esperteza para iludir os incautos.
d) Boas obras, a distribuição dos bens pessoais,
podem impressionar, porém, quando feito sem um amor sincero aos pobres, não
vale de nada. Os fariseus praticavam a distribuição de esmolas, só para serem
vistos pelos homens, e não por um amor aos necessitados, (Mt. 23:5). É o amor
não fingido que dá sentido às nossas contribuições.
e) E,
por fim, a dádiva máxima, a entrega da
própria vida em serviço ao próximo, pode dar a aparência de dedicação, porém,
quando dada somente para perpetuar o seu nome entre os heróis, ou por outros
motivos interesseiros, não tem valor algum; porém, quando dada com a mesma
atitude do Ap. Paulo, sim, tem valor, porque Deus é glorificado. Eis a
disposição do Apóstolo: “Porém, em nada considero a vida preciosa para mim
mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do
Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus” (At. 20:24). Essa é
a linguagem de um amor singular e uma dedicação que almeja somente a glória de
Deus. Que tenhamos o mesmo amor.
2.
A Percepção do Amor, Vs 4-7. O Apóstolo
acabou de falar de uma triste realidade: é possível usar os dons de Deus
por motivos de auto-promoção. Essa prática foi reconhecida no tempo dos
Apóstolos e condenada, porque não era uma manifestação do amor cristão. Apesar dos
sinais e milagres, não é necessariamente uma prova de que o operador é um servo
de Deus. Sobre esse assunto, Cristo comentou: “Muitos naquele dia (do juízo
vindouro), hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura não temos nós
profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome
não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: Nunca vos
conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade” – os que praticais
sinais em nome da fé, sem amor a Deus e sem amor aos que assistem os seus
trabalhos, (Mt. 7:22-23).
Por
isso, o Apóstolo passa a descrever, de uma maneira precisa, a natureza do amor
que identifica o verdadeiro servo de Deus. Com quinze palavras escolhidas,
somos instruídos quanto à abrangência desse amor que temos que demonstrar em
todas as nossas atividades e atitudes pessoais. Sete dessas palavras têm um
sentido positivo, o amor é; e oito, um sentido negativo, o amor não pratica: O
amor não convizinha com atitudes negativas.
a) As
atitudes Positivas: (01) O amor é paciente, podendo suportar adversidades sem
sentir mágoa ou desejo de vingança. (02) O amor é benigno, bondoso, não apenas
fazendo o bem, mas busca oportunidade para consolar os entristecidos. (03) O
amor regozija-se com a verdade, tem prazer em apoiar os obreiros que têm a
mensagem bíblica e evangélica. (04) O amor tudo sofre, suportando com paciência
os adversários e perdoando as suas maldades. (05) O amor tudo crê. O amor não
destrói a prudência, visto que a mentira é prática comum; porém, temos que
acreditar na sinceridade do irmão quando ele faz uma afirmação quanto ao seu
procedimento. (06) O amor tudo espera. Temos que nutrir esperanças positivas
quando vemos um irmão novo na fé lutando
contra o assédio do pecado. (07) O amor tudo suporta, porque “o amor
cobre todas as transgressões “ (Pv. 10:12).
b) As
atitudes Negativas: (01) O amor não arde de ciúmes, não se magoa ao ver a
prosperidade de seu vizinho ímpio, enquanto ele, que teme a Deus, permanece com
o mínimo. (02) O amor não se ufana, não fica envaidecido por causa de seus dons
espirituais. (03) O amor não se ensoberbece quando eleito como oficial na Igreja.
O diabo caiu por causa desse pecado, (1Tm. 3:6). (04) O amor não se conduz
inconvenientemente. O oficial, bem como os demais membros da Igreja, têm que apresentar uma vida santa e
irrepreensível, sem a qual ninguém verá
o Senhor. (05) O amor não procura os seus interesses, não ofende os outros no
anseio de garantir os seus próprios direitos. “Não tenha cada um em vista o que
é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros” (Fp. 2:4). (06)
O amor não se exaspera, não se irrita ou se enfurece por causa dos erros de um
irmão inexperiente na fé. (07) O amor não se ressente do mal, não fica acusando
precipitadamente o seu vizinho que possivelmente agiu com ingenuidade. (08) O
amor não se alegra com a injustiça, quando esta é dirigida inadvertidamente
contra um irmão que é ainda fraco na fé. A disciplina eclesiástica tem que ser
cuidadosa nesse ponto. Sim, a justiça imparcial é necessária e, quando
praticada no temor do Senhor, regozijamo-nos com a prevalência da verdade, O
amor é tão abrangente que temos de usar o domínio próprio em cada área da nossa
vida. O amor é o caminho sobremodo excelente, porém, tem que ser praticado.
3.
A Permanência do Amor, Vs 8-12. Nestes versículos, o Apóstolo está nos
conduzindo do presente para o futuro, ou enquanto estamos na terra, podemos
vislumbrar algumas realidades no céu. O Apóstolo começa esta parte falando
sobre a permanência do amor. Tudo passa, porém o amor continua. Devemos lembrar
que o amor cristão, que agora temos, é o dom de Deus; e Ele mesmo nos
instruiu quanto ao seu uso: “Deveis
amar-vos uns aos outros” (1Ts.4:9). E, por ser o dom de Deus, é irrevogável,
portanto, continuará sendo uma parte inseparável do nosso caráter na eternidade
celestial, “ O amor jamais acaba” (Rm. 11:29).
Cremos
que o amor continuará na eternidade porque “Deus é amor”. Porém, muitas outras
coisas que foram importantes aqui na Terra, desaparecerão no porvir. O Apóstolo
fala de três itens que não terão utilidade no céu:
a) “Havendo
profecias, desaparecerão”. Profecias, a pregação do evangelho, a fim de
arrebanhar todos os que são redimidos pelo Senhor, não terão mais sentido,
visto que todos os que iriam ser salvos, já estão na glória.
b) “Havendo
línguas cessarão”. Línguas, a causa de tantas dificuldades na área da
comunicação, será definitivamente resolvida no céu, porque haverá uma única
linguagem, que o próprio Deus usará para falar com o seu povo redimido. E os
habitantes no céu? “Então, darei lábios puros (linguagem pura) aos povos, para
que todos invoquem o nome do Senhor e o sirvam de comum acordo” (Sf. 3:9).
c) Havendo
ciência, passará”. Ciências humanas, que são indispensáveis para o nosso bem
estar aqui na terra, não terão valor no céu, porque as nossas necessidades
serão diferentes. Na vida celestial, estaremos ocupados aprendendo, de uma
maneira mais precisa, “qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”
(Rm. 12:2).
Tudo
na Terra tem as suas limitações, “porque em parte, conhecemos e, em parte,
profetizamos (dando instruções). Quando, porém, vier o que é perfeito (o
encerramento do mundo conhecido e a entrada na glória), então, o que é em parte
será aniquilado”. Aguardemos, ansiosamente, a vinda do que é perfeito.
O
Apóstolo nos traz de volta para enfatizar uma das responsabilidades mais
prementes, enquanto peregrinamos rumo
aos céus: a necessidade de “crescer na graça e no conhecimento do nosso Senhor
e Salvador Jesus Cristo” (2Pe. 3:18). Veja como o texto expressa essa
necessidade: “ Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino,
pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de
menino”. A criança passa o seu tempo brincando, nada tem importância senão o
seu próprio prazer; porém, chegando os anos de maturidade, tem que enfrentar as
responsabilidades da sua idade. Existem cristãos que ficam como crianças,
vivendo na imaturidade. Mas o Senhor pede de cada um de nós que procuremos
“progredir, para a edificação da Igreja” (1Co. 14:12). O escritor lamentava do
estado espiritual dos cristãos hebreus: “Pois, com efeito, quando devíeis ser
mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém
que vos ensine, de novo, quais são os principais elementos dos oráculos de
Deus; assim vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido.
Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça,
porque é criança. Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que,
pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem
mas também o mal” (Hb. 5:12-14). As nossas limitações do presente não devem ser
usadas para justificar a nossa indolência
espiritual. O Profeta lamentava, dizendo: “O meu povo está sendo
destruído, porque lhe falta conhecimento” (Os. 4:6). Sim, reconhecemos a nossa
letargia em progredir espiritualmente; porém, não fiquemos desanimados e nem
omissos no anseio de adquirir mais
conhecimento da graça de Deus. “Porque, agora, vemos como em espelho,
obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conhecemos em parte; então,
conhecerei como também sou conhecido”. Novamente, anelamos aquele “então”,
quando seremos livres para louvar a Deus para todo o sempre, sem as limitações
desta vida.
Conclusão:
A Persistência do Amor. O Apóstolo termina deixando-nos contemplar os três
grandes pilares da vida cristã, enquanto aguardamos a nossa entrada no céu:
“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior
destes é o amor”. A fé não terá mais necessidade, porque estaremos contemplando
as realidades espirituais face a face. Semelhantemente, a esperança não terá
mais sentido, porque estaremos vivendo o pleno cumprimento das promessas que
alimentaram a nossa perseverança. No céu, estaremos vivendo as perfeições do
amor, porque é ele que persiste depois de deixar esta vida a fim de entrarmos
no céu, onde estaremos contemplando, adoravelmente, o rosto do nosso Senhor e
Salvador, Jesus Cristo. Amém.
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