Vasos de Honra

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

A PRESENÇA DO SENHOR





Leitura Bíblica: Salmo 46: 1-11

Introdução: Embora não tenhamos certeza quanto às circunstâncias históricas deste Salmo, o texto descreve uma vitória esmagadora sobre um inimigo. A vitória que o rei Ezequias recebeu quando o exército da Assíria se acampou ao redor de Jerusalém e foi destruído por um anjo oferece um contexto possível para esse Salmo. Ao ver o exército de cento e oitenta e cinco mil homens, o rei Ezequias reuniu o seu povo e disse: “Sede fortes e corajosos, não temais,  nem vos assusteis por causa do rei da Assíria,  nem por causa de toda a multidão que está com ele. Com ele está o braço da carne, mas, conosco, o Senhor, nosso Deus, para nos ajudar e para guerrear nossas guerras. O povo cobrou ânimo com as palavras de Ezequias, rei de Judá” (2Cr. 32:7-8). Como Deus honrou a fé de Ezequias? A Bíblia dá este relatório: “Então, o Senhor enviou um anjo que destruiu todos os homens valentes, os chefes e os príncipes no arraial do rei da Assíria; e este, com o  rosto coberto de vergonha, voltou para a sua terra. Tendo ele entrado na casa de seu deus, os seus próprios filhos ali o mataram à espada” (2Cr. 32:21). Esta história nos ajuda a entender a gratidão que permeia esse Salmo.

O Salmo 46 descreve essa história, ou outra semelhante, poeticamente, espiritualizando os seus princípios. O poema se divide em três estrofes, cada uma terminando com a palavra “selá”  (não incluída na RA). Embora haja algumas dúvidas quanto ao sentido dessa palavra, a maioria entende que é um sinal musical, indicando uma pausa a fim de meditar sobre o assunto exposto. Por exemplo, podemos pensar sobre esta declaração de fé, feita no contexto de uma guerra iminente: “O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio”.

Notemos o uso do termo, “o Senhor de Jacó”, e não “o Deus de Israel” (Is. 41:17). Jacó, antes do seu encontro salvífico com o Senhor, era um usurpador e enganador, enfim, um pecador, e a sua descendência herdou essa mesma pecaminosidade, contudo, o Senhor não desprezou esse povo rebelde (At. 7:51). Por isso, a nação passou a ser conhecida com o nome sugestivo, o Deus de Jacó, o Deus de pecadores, o Deus salvador, “que justifica o ímpio que tem fé em Jesus Cristo, (Rm. 4:5).

Com esta introdução, vamos sentir a intensidade espiritual que permeia cada parte desse Salmo precioso e repleto de verdades, visando o fortalecimento da nossa fé, bem como o nosso crescimento na graça do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

1. A Presença do Senhor nas Tribulações, Vs. 1-3. O salmo começa com uma manifestação súbita de admiração espiritual, bem como o reconhecimento da singularidade de Deus. Vamos sentir a emoção inerente na declaração: “Deus (o Senhor dos Exércitos) é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações”.  O Salmista está lembrando de um livramento soberano que o Senhor concedeu. Qual foi o fruto imediato dessa recordação? Uma confiança na promessa do socorro do Senhor em todas as tribulações. “Portanto, não temeremos”, sejam quais forem as agressões. Em seguida, ele fala de quatro acontecimentos: “Ainda que a terra se transforme e os montes se abalem no seio dos mares; ainda que as águas tumultuem e espumejem e na sua fúria os montes se estremeçam”.

O Salmista está falando de tribulações, de ataques que podem nos surpreender em qualquer momento. Tais experiências são dadas para nos constranger a correr aos braços daquele que é poderoso para nos socorrer, (Hb. 2:18). São partes do nosso crescimento espiritual; sem elas, permaneceríamos como crianças em Cristo, (1Co. 3:1). Para o Ap.Paulo, tribulações eram algo positivo: “Mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança, experiência e esperança” (Rm. 5:3). Quando os cristãos são fracos, então é que são fortes; quando são pobres, então é que são ricos; quando são humilhados, então é que são exaltados; quando são grandemente afligidos, então é que são grandemente confortados porque “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na tribulação”. Quanto mais o cristão é atribulado, mais a sua confiança nas promessas de Deus será confirmada. Se a nossa fé fosse tão forte como a nossa segurança espiritual em Cristo, não teríamos medo de uma confrontação com inimigos declarados, ou de qualquer outra adversidade. “Graças, porém, a Deus, que, em Cristo,  sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento” (2Co. 2:14). O rei Ezequias  demonstrou a sua fé inabalável diante do exército da Assíria, comentando: “Com ele está o braço de carne, mas, conosco, o Senhor, nosso Deus, para nos ajudar e guerrear nossas guerras” (2Cr. 32:8). Que cada um de nós possamos revelar uma confiança semelhante nos dias da tribulação!

2. A Presença do Senhor no Santuário, Vs. 4-7. Por causa de suas meditações espirituais, o Salmista é transportado para “o santuário das moradas do Altíssimo”, e lá ele vê “um rio, cujas correntes alegram a cidade de Deus”. Cremos que esse rio é a figura poética que descreve as bênçãos que Deus derrama copiosamente sobre o seu povo. Cristo usou a mesma figura para descrever o ministério do Espírito Santo na vida de seu povo. Como Ele mesmo disse: “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior, fluirão rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem” (Jo. 7:38-39). Pela atuação do Espírito Santo, a cidade de Deus e seus habitantes têm uma alegria indizível. “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm. 14:17).

Voltando à figura do rio, cujas correntes falam das bênçãos que fluem da presença de Deus, podemos confessar que, de fato, Ele tem “nos abençoado com toda sorte de benção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (Ef. 1:3). E, nos versículos que se seguem, o Apóstolo numera algumas delas, tais como a nossa eleição. “Assim como nos escolheu, nele (em Cristo),  antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele” V.4 Sublinhamos  o propósito dessa escolha: a nossa santificação, “sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb. 12:14). No V.5, temos a nossa “adoção”. O Ap. João comentou, maravilhado: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus” (1Jo. 3:1). No V.7, temos os detalhes da nossa salvação eterna: Em Cristo “temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça”. E, nos Vs. 13-14, temos o dom do Espírito Santo. “Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória”. Essas e tantas outras, são as bênçãos que alegram os habitantes da cidade de Deus, “o santuário das moradas do Altíssimo”. Vamos sentir o motivo dessa alegria: “Deus está no meio dela; jamais será abalada; Deus ajudará desde antemanhã”.

Depois de passar um tempo no santuário, meditando sobre esse “rio cujas correntes alegram a cidade de Deus”, o Salmista sai para contemplar os acontecimentos no mundo secular. O que ele vê? Em linguagem poética, ele percebe como o mundo (de pessoas) está numa agitação de desespero: “Bramam nações (pagãs), reinos se abalam”. Mas, no meio dessa confusão, “ ele (o Senhor) faz ouvir a sua voz, e a terra se dissolve”. Qual é a reação do Salmista diante desse tumulto? Com as bênçãos do santuário ainda alimentando o seu coração, ele sente uma segurança que pertence somente aos que são guardado pelo poder de Deus e exclama jubilosamente: “O Senhor dos Exércitos está conosco. O Deus de Jacó é o nosso refúgio”. Feliz a pessoa que pode descansar no Senhor e esperar nele, porque esta é a nossa segurança e paz neste mundo desequilibrado.

3. A Presença do Senhor nas Assolações, Vs 8-11. O Salmista continua contemplando esse mundo agitado e fica maravilhado com o espetáculo, por isso, nos convida: “Vinde, contemplai as obras do Senhor, que assolações efetuou na terra”. Ele não se refere às assolações de uma maneira negativa, antes, está compreendendo, com maior clareza, “as obras do Senhor”. Ele está vendo como o Senhor protege e salva o seu povo. Em outro Salmo, o escritor exclama: “Reina o Senhor, tremam os povos. Ele está entronizado acima dos querubins; abala-se a terra. O Senhor é grande em Sião e sobremodo elevado acima de todos os povos” (Sl. 99:1-2). Por estar acima de todos os povos, “Ele põe termos à guerra até os confins do mundo; quebra o arco e despedaça a lança; queima os carros no fogo”. Sim, diante do Senhor esses instrumentos de guerra não têm nenhum poder. Basta pensar no exército da Assíria e seus 185 mil homens armados. Essa multidão de inimigos que queria tomar posse de Jerusalém, foi como nada diante do Senhor, que o frustrou com a maior facilidade todos os seus propósitos: “Então o Senhor enviou um anjo (um único anjo) que destruiu todos os homens valentes, os chefes e os príncipes do arraial do rei da Assíria” (2Cr. 32:21). E, com tal manifestação de poder soberano, não houve nenhuma guerra e Jerusalém permaneceu em paz. Assim, vemos a presença protetora do Senhor, mediante as suas obras assoladoras, que Ele realiza em favor do livramento de seu povo.

Agora, no meio destas reflexões, ouve-se a voz do Senhor, “o rei de toda a terra” (Sl. 47:7), dizendo: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra”. O verbo: “aquietai-vos”, tem o pensamento de ficar parado, sem agitar-se por causa dos acontecimentos que assolam esse mundo. A nossa intervenção poderia impedir a livre ação do Senhor. O Ap. Paulo expressou essa atitude quando falou sobre vingança: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira”, afaste-se do assunto e deixe o Senhor livre para resolver o problema sozinho, (Rm. 12:19). Esta disposição de “largar a mão”, requer um ato de fé, temos que crer que Deus é Deus, “um socorro bem presente nas tribulações”. Ele será, com toda certeza, “exaltado entre as nações”.

Essa frase permite uma pergunta: Como pode o  Senhor ser exaltado entre as nações? Cremos que a resposta certa é: Ele será exaltado mediante a  pregação do evangelho de Jesus Cristo. Como o Salmista disse: “Glorificar-te-ei, pois, entre os gentios, ó Senhor, e cantarei louvores ao teu nome” (Sl. 18:49). Assim, mediante a conversão, pessoas que andavam nas trevas, estão, agora, andando na luz, glorificando o Deus perdoador. “O povo que jazia em trevas viu grande Luz, e os que viviam na região da sombra da morte resplandeceu-lhes a luz” (Mt. 4:16). Tal mudança transformadora aconteceu porque o Senhor é soberano sobre as nações e determinou: “Eu sou exaltado na terra”. Com estas palavras, independente de tudo o que acontece nesse mundo, o Salmista, sentindo uma confiança no socorro, rompeu em gratidão: “O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio”. Nesse contexto, ouvimos as palavras do nosso Senhor, dizendo: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou, não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo. 14:27).

Conclusão: Esse Salmo de gratidão foi escrito para encorajar e fortalecer o povo de Deus em todas as suas variadas circunstâncias. Vimos a presença do Senhor nas Tribulações. Ele é o nosso socorro bem presente nas adversidades desta vida. Vimos a presença do Senhor no Santuário. Deus está presente em sua casa derramando um rio de bênçãos copiosas sobre todos os que se acham presentes nessa casa do Deus Altíssimo. E, finalmente, vimos a presença do Senhor nas Assolações. E, no meio delas, ouvimos a voz do Senhor, dizendo: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra”. Por causa dessa presença no meio das nossas circunstâncias, podemos exclamar confiantemente: “O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó (o Deus de pecadores arrependidos) é o nosso refúgio”. Que estas palavras nos fortaleçam para podermos viver a vida cristã para a glória de Deus!     



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