Leitura Bíblica: Isaias 9:1-7.
Introdução: O
versículo 22 do capítulo anterior nos dá um relance da angústia que reinava
sobre a terra naqueles dias: “Olharão para a terra e eis aí angústia, escuridão
e sombras de ansiedade, e serão lançados para densas trevas”. Neste contexto, o
povo recebeu duas grandes promessas. A primeira é de uma grande luz. Essa luz
não seria uma esperança distante, antes, ela resplandeceria sobre o povo de uma
maneira visível, (V2). A segunda é de uma alegria, porque o Senhor quebraria o
jugo que pesava sobre o povo, (Vs. 3-5).
Mas existe uma pergunta implícita: Como, e quando se
cumpriram essas promessas? A resposta está no V.6. “Porque um menino nos
nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome
será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”.
Essas palavras se referem a Jesus Cristo. Ele é a prometida Luz. Ele é o
prometido Libertador e o motivo da nossa alegria e paz.
Notemos como o texto apresenta esta promessa: “Um menino
nos nasceu, um filho se nos deu”. O Ap.
Paulo explica: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho,
nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei; a
fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl. 4:4-5). Aquele que nos nasceu
é o “Deus Forte” que “foi manifestado em carne” (1Tm.3:16). Este é
o Filho que Deus nos deu, a fim de ser o nosso Salvador, “no qual temos a
redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua
graça” (Ef. 1:7). E, a fim de nos dar esse livramento, Ele veio já
investido de uma autoridade absoluta
sobre todas as coisas, pois, “o governo está sobre os seus ombros”. E o
escritor aos Hebreus esclareceu: “Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo
sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (Hb. 2:18).
Antes de comentar sobre o versículo 6, é necessário
observar que estes quatro nomes são ilustrativos, porque eles são descrições da
Divindade absoluta de Jesus Cristo em toda a sua glória.
1. Ele é o
Maravilhoso Conselheiro. “Ele é
maravilhoso em conselho e grande em sabedoria” (Is. 28:29). Podemos confiar
irrestritamente nos conselhos daquele que declarou: “Eu, porém, vos digo” (Mt.
5:22). Ele tem uma outra orientação para
cada um de nós. A base desta confiança está naquilo que a Bíblia diz a respeito
da Pessoa de Jesus Cristo: “Em quem todos os tesouros da sabedoria e do
conhecimento estão ocultos” (Cl. 2:3).
Este conhecimento que Cristo tem é comunicado aos homens
mediante a pregação do evangelho. O Ap. Paulo testemunhou: “A mim, o menor de
todos os santos, me foi dado esta graça de pregar aos gentios o evangelho das
insondáveis riquezas de Cristo” (Ef. 3:8). Isto é: “A sublimidade do
conhecimento de Cristo Jesus” (Fl. 3:8). Qual seria o resumo dessa riqueza de
Cristo? Ao entrar em Corinto, o Apóstolo deu este resumo da sua mensagem: “Decidi
nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1Co. 2:2). A
pregação dessa mensagem pode ser escândalo para os judeus e loucura para os
demais povos, contudo, “aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da
pregação” (1Co. 1:21). Deus não tem nenhum outro meio para comunicar a sua
mensagem de salvação, senão pela pregação do evangelho.
À luz dessas verdades, quais são os conselhos de Cristo,
conselhos que são maravilhosos, porque satisfazem as necessidades mais
profundas do ser humano? Esses conselhos de Cristo, muitas vezes vêm a nós em
forma de convites. Para aqueles que estão cansados e sobrecarregados com o peso
do pecado não perdoado, Jesus lhes convida: “Vinde a mim, todos os que estais
cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomais sobre vós o meu jugo e
aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso
para vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mt.
11:28-30). O processo de alcançar esse descanso espiritual é aproximar-se,
confiantemente, de Jesus Cristo; assumir uma vida de comunhão espiritual com
Ele e pôr em prática os seus conselhos. E, para aqueles que têm uma verdadeira
sede espiritual, um anseio para alcançar a piedade convincente, Cristo convida:
“Se alguém tem sede, venha a mim e beba”, receba e pratique os meus conselhos.
E qual será o resultado? “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior
fluirão rios de água viva”, pois terá o ministério do Espírito Santo atuando
eficazmente em sua vida, (Jo.7:37-39). Sim, Cristo é o Maravilhoso Conselheiro,
e quem recebe as suas palavras, se tornará sábio para a salvação eterna.
2. Ele é o Deus Forte.
Podemos acreditar que Cristo é o Deus Forte, “Porquanto, nele, habita, corporalmente,
toda a plenitude da Divindade” (Cl. 2:9). Por ser o Deus Forte, Ele demonstrou
a seus discípulos o seu controle absoluto sobre os elementos da natureza, pois
“os ventos e o mar lhe obedecem” (Mt. 8:27). As últimas palavras de Cristo,
antes de subir para o céu, foram: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na
terra” (Mt. 28:18). Mediante as suas palavras e os seus sinais de poder
celestial, Jesus está dizendo a seu povo: Ponha a sua fé na minha pessoa e não
se atemorize; eu tenho o poder para te auxiliar em todas as suas dificuldades.
Em 1 Coríntios 2:8, Cristo é chamado “o Senhor da glória”,
e em Salmo 24, Ele é “o Rei da glória, o Senhor forte e poderoso, o Senhor,
poderoso nas batalhas” (V8). Cristo demonstrou o seu poder na batalha contra o
pecado. Ele veio para “destruir as obras do diabo” (1Jo. 3:8). O combate foi
sangrento e custou-lhe a sua própria vida. Mas a sua morte não foi uma derrota,
antes, foi uma parte inseparável no plano para salvar pecadores; Ele morreu em
nosso lugar. E a eficácia desse sacrifício foi provada mediante a sua
ressurreição dentre os mortos, a evidência inconfundível da sua vitória sobre o
poder do pecado. E, para nós que estávamos mortos em nossas transgressões, “nos
deu vida juntamente com Cristo, perdoando os nossos delitos”. Como? “Tendo
cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças,
o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, cravando-o na cruz; e
despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo,
triunfando deles na cruz” (Cl. 2:13-15). Somente Cristo, o Deus Forte, o Senhor
poderoso nas batalhas, teve o poder para enfrentar os horrores do pecado e vencê-los triunfantemente.
Mas, por sermos pecadores, os portais do céu foram fechados
contra nós. Como a Bíblia declara: “Mas as vossas iniqüidades fazem separação
entre vós e o vosso Deus; e os vossos
pecados encobrem o seu rosto de vós, para que
não vos ouça” (Is. 59:2). Mas, Cristo, mediante a sua morte, nos deu
redenção e perdão dos pecados; e, na sua ascensão, ao encontrar os portais do
céu fechados, ouve-se a ordem: “Levantai-vos, ó portais eternos, para que entre
o Rei da Glória” (Sl. 24:9). Cristo,
como o nosso Precursor, entrou pelos portais, agora abertos, por nós, (Hb.
6:19-20). Assim, quando estamos em Cristo Jesus, temos o direito para entrar
pelos “portais eternos” do céu, onde desfrutaremos da vida eterna. Como é
consolador sabermos que temos, encarnado em Cristo, o Deus Forte, o Senhor,
poderoso nas batalhas, pronto para nos auxiliar!
3. Ele é o Pai da Eternidade. Como Pai, Ele é o
Dono da Eternidade. Tudo o que existe, em termos de origem, pertence a
Ele. Como podemos definir a eternidade? Falando do rei de Salém, o
representante da eternidade, a Bíblia diz que ele era “sem pai, sem mãe, sem
genealogia; que não teve princípio de dias, nem fim de existência” (Hb. 7:3).
Não precisamos de uma explicação maior. Jesus Cristo, como Pai da Eternidade,
está no centro dela, e, por necessidade, possui os atributos de Onipotência,
Ele tem o poder absoluto sobre tudo; Onisciência, Ele é conhecedor infalível de
tudo o que acontece neste mundo, inclusive as palavras, pensamentos e o
procedimento de cada pessoa, desde a fundação do mundo; Onipresença, Ele está
em todos os lugares deste universo, por isso, Cristo podia dizer: “E eis que
estou convosco todos os dias até a consumação do século” (Mt. 28:20).
O Salmo 139 nos dá um relance das possibilidades desses
três atributos de Jesus Cristo. São revelações para nos encorajar e fortalecer
em cada uma das nossas circunstâncias. Vamos observar como Ele atua.
a)
Cristo é Onisciente,
(Vs. 1-6). Vamos sentir a abrangência desse atributo: “Senhor, tu me sondas e
me conheces”,(V.1). Sabe das nossas andanças, dos nossos pensamentos e das
nossas palavras. “Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que
estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” (Ec. 12:14). Por acaso essas
verdades oprimiam o Salmista? Veja como ele responde: “Tal conhecimento é
maravilhoso demais para mim; é sobremodo elevado, não o posso atingir” (V6).
b)
Cristo é Onipresente,
(Vs. 7-12). “Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua
face?” (V.7). O Salmista imagina lugares de fuga: os céus, o abismo, a alvorada
e os mares, nem as trevas o podem encobrir, porque “trevas e a luz são a mesma
cousa” (V.12). Por acaso o Salmista se sentia perseguido por causa dessa
onipresença de seu Senhor? Veja como ele responde: Seja qual for o lugar,
“ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá” (V.10), Ah,
se pudéssemos acreditar nessa conclusão!
c)
Cristo é Onipotente (Vs. 13-18). O Salmista
reconheceu o poder de Deus na formação de seu corpo no “seio de sua mãe” (V.
13). Por isso, exclamou: “Graças te dou, visto que por modo assombrosamente me
formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem”
(V.14). Mesmo antes de nascer, a vida inteira já era visível aos olhos do
Senhor, (V.16). Novamente, perguntamos: Essa onipotência intimidava o Salmista?
Veja como ele responde: “Que preciosos para mim, ó Deus, são os teus
pensamentos! E como é grande a soma deles! Se os contasse excedem os grãos de
areia. Contaria, contaria, sem jamais chegar ao fim” Vs. 17-18.
O salmista termina a sua reflexão, verbalizando o seu
desejo para que esses três atributos sejam usados em seu favor: “Sonda-me, ó
Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há
em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno”. (Vs. 23-24).
E, para o nosso consolo e encorajamento, dentro da
eternidade, o povo de Deus, um por um, será conhecido particularmente, porque:
“ Assim como ele nos escolheu nele (em Cristo), antes da fundação do mundo,
para sermos santos e irrepreensíveis perante ele” (Ef. 1:4). O atributo da
onisciência de Cristo deve nos
incentivar a seguir “a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá
o Senhor” (Hb. 12:14).
4. Ele é o Príncipe da Paz. Em nossos dias, temos muitos proclamadores de paz, porque
essa é a palavra que o povo quer ouvir. Mas o Senhor disse: “Curam
superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz”
(Jr. 8:11). O Ap. Paulo comentou sobre esse assunto, afirmando: “Quando andares
dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição” (1Ts.
5:3). A verdadeira paz vem a nós por meio de um só, Jesus Cristo, o Príncipe da
Paz. Ele é o Autor e o Distribuidor dessa paz que guardará o nosso coração e a
nossa mente com toda a segurança. Ele mesmo prometeu: “ Deixo-vos a paz, a
minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso
coração, nem se atemorize” (Jo. 14:27).
Devemos lembrar que, como pecadores, éramos inimigos de Deus,
pessoas que não obedeciam às normas que Ele prescrevera para toda a humanidade,
(Tg. 4:4). A reconciliação remove este óbice (impedimento). “Logo, muito mais
agora, sendo justificados pelo sangue de Cristo, seremos por ele salvos da ira,
porque se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte
de seu Filho, muito mais, estando reconciliados, seremos salvos por sua vida”
(Rm. 5:9-10). Essa reconciliação é possível somente quando somos unidos com
Jesus Cristo.
Portanto, temos que saber como podemos tomar posse dessa
dádiva de Deus. Reconciliação entende a existência de uma inimizade entre duas
ou mais pessoas. Para efetuar essa reconciliação, a causa da inimizade tem que
ser resolvida. Deus operou este efeito
quando enviou o seu único Filho para remover os nossos pecados, a causa da
nossa inimizade com Deus. “Sabemos também que Cristo se manifestou para tirar
os pecados” (1Jo.3:5). Ele conseguiu fazer isto, “carregando ele mesmo em seu
corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados” (1Pe. 2:24). Ou, como Isaías disse:
“Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo
caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele (Jesus Cristo) a iniqüidade de nós
todos” (Is. 53:6). Por isso, a Bíblia
enfatiza que fomos “reconciliados com Deus, mediante a morte de seu
Filho” (Rm. 5:10). Tomamos posse dessa benção pela fé em tudo o que Cristo fez
por nós mediante a sua morte substitutiva na cruz do Calvário. “Por isso, quem
crê no Filho tem a vida eterna (está reconciliado com Deus); o que, todavia, se
mantêm rebelde contra o Filho não verá a
vida (não está reconciliado), mas sobre ele permanece a ira de Deus”
(Jo. 3:36). “Sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira”
(Rm. 5:9). Somos felizes quando podemos testificar: “Justificados, pois,
mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”, o
Príncipe da Paz” (Rm. 5:1).
Conclusão: No Antigo
Testamento, encontram-se muitas referências ao prometido Messias que foram
dadas para que o povo pudesse reconhecê-lo. Essas profecias foram tão eficazes
que o povo logo começou a perguntar: “Será este, porventura, o Cristo?” (Jo.
4:29). Ou, “Eis que ele fala abertamente, e nada lhe dizem. Porventura,
reconhecem verdadeiramente as autoridades que este é, de fato, o Cristo?” (Jo.
7:26). O Apóstolo comentou: “Estes (sinais), porém, foram registrados para que
creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida
em seu nome” (Jo. 20:31).
O nosso texto apresenta a pessoa de Jesus Cristo como
Emanuel, Deus conosco. Ele é o Maravilhoso Conselheiro, aquele que nos convida:
“Vinde a mim (...) e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e
achareis descanso para a vossa alma” (Mt. 11:28-29). Ele é Deus Forte, e o
governo do mundo inteiro está sobre seus ombros; por isso, Ele é poderoso para
salvar pecadores e conduzi-los à vida eterna. Ele é o Pai da Eternidade, aquele
que é Onisciente, Onipresente e
Onipotente, por isso, podemos lhe pedir: “Vê se há em mim algum caminho mau e
guia-me pelo caminho eterno”. Ele é o Príncipe da Paz, aquele que nos dá uma
paz que excede todo o entendimento; uma paz que guarda o nosso coração e a
nossa mente em toda segurança. Que cada um de nós possamos crescer na graça e
no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
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