Vasos de Honra

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

O PROMETIDO FILHO



Leitura Bíblica: Isaias 9:1-7.

Introdução: O versículo 22 do capítulo anterior nos dá um relance da angústia que reinava sobre a terra naqueles dias: “Olharão para a terra e eis aí angústia, escuridão e sombras de ansiedade, e serão lançados para densas trevas”. Neste contexto, o povo recebeu duas grandes promessas. A primeira é de uma grande luz. Essa luz não seria uma esperança distante, antes, ela resplandeceria sobre o povo de uma maneira visível, (V2). A segunda é de uma alegria, porque o Senhor quebraria o jugo que pesava sobre o povo, (Vs. 3-5).

Mas existe uma pergunta implícita: Como, e quando se cumpriram essas promessas? A resposta está no V.6. “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”. Essas palavras se referem a Jesus Cristo. Ele é a prometida Luz. Ele é o prometido Libertador e o motivo da nossa alegria e paz.

Notemos como o texto apresenta esta promessa: “Um menino nos nasceu, um filho se nos deu”. O  Ap. Paulo explica: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei; a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl. 4:4-5). Aquele que nos nasceu é o  “Deus Forte” que  “foi manifestado em carne” (1Tm.3:16). Este é o Filho que Deus nos deu, a fim de ser o nosso Salvador, “no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef. 1:7). E, a fim de nos dar esse livramento, Ele veio já investido  de uma autoridade absoluta sobre todas as coisas, pois, “o governo está sobre os seus ombros”. E o escritor aos Hebreus esclareceu: “Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (Hb. 2:18).

Antes de comentar sobre o versículo 6, é necessário observar que estes quatro nomes são ilustrativos, porque eles são descrições da Divindade absoluta de Jesus Cristo em toda a sua glória.

1. Ele  é o Maravilhoso Conselheiro. “Ele é maravilhoso em conselho e grande em sabedoria” (Is. 28:29). Podemos confiar irrestritamente nos conselhos daquele que declarou: “Eu, porém, vos digo” (Mt. 5:22). Ele tem uma outra orientação  para cada um de nós. A base desta confiança está naquilo que a Bíblia diz a respeito da Pessoa de Jesus Cristo: “Em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos” (Cl. 2:3).

Este conhecimento que Cristo tem é comunicado aos homens mediante a pregação do evangelho. O Ap. Paulo testemunhou: “A mim, o menor de todos os santos, me foi dado esta graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo” (Ef. 3:8). Isto é: “A sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus” (Fl. 3:8). Qual seria o resumo dessa riqueza de Cristo? Ao entrar em Corinto, o Apóstolo deu este resumo da sua mensagem: “Decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1Co. 2:2). A pregação dessa mensagem pode ser escândalo para os judeus e loucura para os demais povos, contudo, “aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação” (1Co. 1:21). Deus não tem nenhum outro meio para comunicar a sua mensagem de salvação, senão pela pregação do evangelho.

À luz dessas verdades, quais são os conselhos de Cristo, conselhos que são maravilhosos, porque satisfazem as necessidades mais profundas do ser humano? Esses conselhos de Cristo, muitas vezes vêm a nós em forma de convites. Para aqueles que estão cansados e sobrecarregados com o peso do pecado não perdoado, Jesus lhes convida: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomais sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mt. 11:28-30). O processo de alcançar esse descanso espiritual é aproximar-se, confiantemente, de Jesus Cristo; assumir uma vida de comunhão espiritual com Ele e pôr em prática os seus conselhos. E, para aqueles que têm uma verdadeira sede espiritual, um anseio para alcançar a piedade convincente, Cristo convida: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba”, receba e pratique os meus conselhos. E qual será o resultado? “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”, pois terá o ministério do Espírito Santo atuando eficazmente em sua vida, (Jo.7:37-39). Sim, Cristo é o Maravilhoso Conselheiro, e quem recebe as suas palavras, se tornará sábio para a salvação eterna.   

2. Ele é o Deus Forte. Podemos acreditar que Cristo é o Deus Forte, “Porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl. 2:9). Por ser o Deus Forte, Ele demonstrou a seus discípulos o seu controle absoluto sobre os elementos da natureza, pois “os ventos e o mar lhe obedecem” (Mt. 8:27). As últimas palavras de Cristo, antes de subir para o céu, foram: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt. 28:18). Mediante as suas palavras e os seus sinais de poder celestial, Jesus está dizendo a seu povo: Ponha a sua fé na minha pessoa e não se atemorize; eu tenho o poder para te auxiliar em todas as suas dificuldades.

Em 1 Coríntios 2:8, Cristo é chamado “o Senhor da glória”, e em Salmo 24, Ele é “o Rei da glória, o Senhor forte e poderoso, o Senhor, poderoso nas batalhas” (V8). Cristo demonstrou o seu poder na batalha contra o pecado. Ele veio para “destruir as obras do diabo” (1Jo. 3:8). O combate foi sangrento e custou-lhe a sua própria vida. Mas a sua morte não foi uma derrota, antes, foi uma parte inseparável no plano para salvar pecadores; Ele morreu em nosso lugar. E a eficácia desse sacrifício foi provada mediante a sua ressurreição dentre os mortos, a evidência inconfundível da sua vitória sobre o poder do pecado. E, para nós que estávamos mortos em nossas transgressões, “nos deu vida juntamente com Cristo, perdoando os nossos delitos”. Como? “Tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, cravando-o na cruz; e despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz” (Cl. 2:13-15). Somente Cristo, o Deus Forte, o Senhor poderoso nas batalhas, teve o poder para enfrentar os horrores do  pecado e vencê-los triunfantemente.

Mas, por sermos pecadores, os portais do céu foram fechados contra nós. Como a Bíblia declara: “Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e  o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que  não vos ouça” (Is. 59:2). Mas, Cristo, mediante a sua morte, nos deu redenção e perdão dos pecados; e, na sua ascensão, ao encontrar os portais do céu fechados, ouve-se a ordem: “Levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da  Glória” (Sl. 24:9). Cristo, como o nosso Precursor, entrou pelos portais, agora abertos, por nós, (Hb. 6:19-20). Assim, quando estamos em Cristo Jesus, temos o direito para entrar pelos “portais eternos” do céu, onde desfrutaremos da vida eterna. Como é consolador sabermos que temos, encarnado em Cristo, o Deus Forte, o Senhor, poderoso nas batalhas, pronto para nos auxiliar!

3. Ele é o Pai da Eternidade. Como Pai, Ele é o  Dono da Eternidade. Tudo o que existe, em termos de origem, pertence a Ele. Como podemos definir a eternidade? Falando do rei de Salém, o representante da eternidade, a Bíblia diz que ele era “sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias, nem fim de existência” (Hb. 7:3). Não precisamos de uma explicação maior. Jesus Cristo, como Pai da Eternidade, está no centro dela, e, por necessidade, possui os atributos de Onipotência, Ele tem o poder absoluto sobre tudo; Onisciência, Ele é conhecedor infalível de tudo o que acontece neste mundo, inclusive as palavras, pensamentos e o procedimento de cada pessoa, desde a fundação do mundo; Onipresença, Ele está em todos os lugares deste universo, por isso, Cristo podia dizer: “E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século” (Mt. 28:20).

O Salmo 139 nos dá um relance das possibilidades desses três atributos de Jesus Cristo. São revelações para nos encorajar e fortalecer em cada uma das nossas circunstâncias. Vamos observar como Ele atua.

a)      Cristo é Onisciente, (Vs. 1-6). Vamos sentir a abrangência desse atributo: “Senhor, tu me sondas e me conheces”,(V.1). Sabe das nossas andanças, dos nossos pensamentos e das nossas palavras. “Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” (Ec. 12:14). Por acaso essas verdades oprimiam o Salmista? Veja como ele responde: “Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim; é sobremodo elevado, não o posso atingir” (V6).
b)      Cristo é Onipresente, (Vs. 7-12). “Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face?” (V.7). O Salmista imagina lugares de fuga: os céus, o abismo, a alvorada e os mares, nem as trevas o podem encobrir, porque “trevas e a luz são a mesma cousa” (V.12). Por acaso o Salmista se sentia perseguido por causa dessa onipresença de seu Senhor? Veja como ele responde: Seja qual for o lugar, “ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá” (V.10), Ah, se pudéssemos acreditar nessa conclusão!
c)       Cristo é Onipotente (Vs. 13-18). O Salmista reconheceu o poder de Deus na formação de seu corpo no “seio de sua mãe” (V. 13). Por isso, exclamou: “Graças te dou, visto que por modo assombrosamente me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem” (V.14). Mesmo antes de nascer, a vida inteira já era visível aos olhos do Senhor, (V.16). Novamente, perguntamos: Essa onipotência intimidava o Salmista? Veja como ele responde: “Que preciosos para mim, ó Deus, são os teus pensamentos! E como é grande a soma deles! Se os contasse excedem os grãos de areia. Contaria, contaria, sem jamais chegar ao fim” Vs. 17-18.

O salmista termina a sua reflexão, verbalizando o seu desejo para que esses três atributos sejam usados em seu favor: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno”. (Vs. 23-24).

E, para o nosso consolo e encorajamento, dentro da eternidade, o povo de Deus, um por um, será conhecido particularmente, porque: “ Assim como ele nos escolheu nele (em Cristo), antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele” (Ef. 1:4). O atributo da onisciência  de Cristo deve nos incentivar a seguir “a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb. 12:14).

4. Ele é o Príncipe da Paz. Em nossos dias, temos muitos proclamadores de paz, porque essa é a palavra que o povo quer ouvir. Mas o Senhor disse: “Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz” (Jr. 8:11). O Ap. Paulo comentou sobre esse assunto, afirmando: “Quando andares dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição” (1Ts. 5:3). A verdadeira paz vem a nós por meio de um só, Jesus Cristo, o Príncipe da Paz. Ele é o Autor e o Distribuidor dessa paz que guardará o nosso coração e a nossa mente com toda a segurança. Ele mesmo prometeu: “ Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo. 14:27).

Devemos lembrar que, como pecadores, éramos inimigos de Deus, pessoas que não obedeciam às normas que Ele prescrevera para toda a humanidade, (Tg. 4:4). A reconciliação remove este óbice (impedimento). “Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo sangue de Cristo, seremos por ele salvos da ira, porque se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte de seu Filho, muito mais, estando reconciliados, seremos salvos por sua vida” (Rm. 5:9-10). Essa reconciliação é possível somente quando somos unidos com Jesus Cristo.

Portanto, temos que saber como podemos tomar posse dessa dádiva de Deus. Reconciliação entende a existência de uma inimizade entre duas ou mais pessoas. Para efetuar essa reconciliação, a causa da inimizade tem que ser resolvida. Deus operou  este efeito quando enviou o seu único Filho para remover os nossos pecados, a causa da nossa inimizade com Deus. “Sabemos também que Cristo se manifestou para tirar os pecados” (1Jo.3:5). Ele conseguiu fazer isto, “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados” (1Pe. 2:24). Ou, como Isaías disse: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele (Jesus Cristo) a iniqüidade de nós todos” (Is. 53:6). Por isso, a Bíblia  enfatiza que fomos “reconciliados com Deus, mediante a morte de seu Filho” (Rm. 5:10). Tomamos posse dessa benção pela fé em tudo o que Cristo fez por nós mediante a sua morte substitutiva na cruz do Calvário. “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna (está reconciliado com Deus); o que, todavia, se mantêm rebelde contra o Filho não verá a  vida (não está reconciliado), mas sobre ele permanece a ira de Deus” (Jo. 3:36). “Sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira” (Rm. 5:9). Somos felizes quando podemos testificar: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”, o Príncipe da Paz” (Rm. 5:1).

Conclusão: No Antigo Testamento, encontram-se muitas referências ao prometido Messias que foram dadas para que o povo pudesse reconhecê-lo. Essas profecias foram tão eficazes que o povo logo começou a perguntar: “Será este, porventura, o Cristo?” (Jo. 4:29). Ou, “Eis que ele fala abertamente, e nada lhe dizem. Porventura, reconhecem verdadeiramente as autoridades que este é, de fato, o Cristo?” (Jo. 7:26). O Apóstolo comentou: “Estes (sinais), porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo. 20:31).

O nosso texto apresenta a pessoa de Jesus Cristo como Emanuel, Deus conosco. Ele é o Maravilhoso Conselheiro, aquele que nos convida: “Vinde a mim (...) e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mt. 11:28-29). Ele é Deus Forte, e o governo do mundo inteiro está sobre seus ombros; por isso, Ele é poderoso para salvar pecadores e conduzi-los à vida eterna. Ele é o Pai da Eternidade, aquele que  é Onisciente, Onipresente e Onipotente, por isso, podemos lhe pedir: “Vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno”. Ele é o Príncipe da Paz, aquele que nos dá uma paz que excede todo o entendimento; uma paz que guarda o nosso coração e a nossa mente em toda segurança. Que cada um de nós possamos crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.  



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