Leitura
Bíblica: Romanos 12: 3-8
Introdução:
Temos falado sobre as “misericórdias de Deus”, e, com a consciência delas em
nossa vida, devemos nos sentir constrangidos a entregar a nossa vida a Ele numa
consagração irrestrita, como uma manifestação de agradecimento. Sim, temos sido
enriquecidos em tudo. Mas devemos prosseguir. Consagração necessita que
tenhamos uma comunhão espiritual com Deus, pois “ a intimidade do Senhor é para
os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança” – a sua vontade,
(Sl. 25:14). E, para ter essa intimidade com Deus, é necessário que tenhamos
uma vida santa e irrepreensível, uma santidade que demonstra a realidade da
nossa vida cristã.
Mas,
como podemos entender o sentido dessa santidade de vida? Em primeiro lugar,
santidade é a renovação da imagem de Deus em nossa vida. O pecado desfigurou a
imagem na qual fomos criados, mas, agora, mediante a regeneração pela ação do
Espírito Santo, essa imagem está sendo remoldada em nós. Deus nos predestinou
para que sejamos “conformes à imagem de seu Filho” (Gl. 4:19). Em segundo lugar, santidade necessita de uma
obediência singular à prática consciente da vontade de Deus. Cristo confessou:
“Não procuro a minha vontade, e sim daquele que me enviou” (Jo. 5:30). E nós,
que somos os seus seguidores, não podemos ter uma disposição que entra em
choque com aquela do nosso Mestre. “Tudo quando fizerdes, fazei-o de todo o coração,
como para o Senhor e não para homens, cientes de que recebereis do Senhor a
recompensa da herança. A Cristo, o Senhor, é que estais servindo” (Cl.
3:23-24).
Por que
essa ênfase sobre a santidade em nossa vida? Porque vivemos no meio de pessoas
cujas vidas foram dotadas com diferentes capacidades. Alguns desses dons têm um
destaque maior do que outros, porém, todos têm a sua própria importância e
foram distribuídos pelo Espírito Santo
para o bem total da nossa sociedade. Portanto, como cristãos, o nosso dever é
respeitar os dons que outras pessoas têm. Esse respeito é uma das manifestações
da nossa santidade. Vamos examinar os princípios de respeito contidos no texto
da nossa leitura, e, ao mesmo tempo, sentir a importância de revelar uma vida santa e irrepreensível no meio dessa
diversidade de dons. “O amor é paciente, é benigno; o amor não se arde em
ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece; não se conduz inconvenientemente” no
meio de pessoas que têm dons superiores,
(1Co. 13:4-5).
1.
A Distribuição dos Dons Vs. 3-6a. O Espírito Santo é o autor dos dons que
cada pessoa tem, e foram distribuídos “ como lhe apraz, a cada um,
individualmente” (1Co. 12:11). Cada dom, apesar das diferenças, tem a sua
própria importância, portanto, devemos evitar todo tipo de comparação que tende
a exaltar um e a inferiorizar o outro. Nesse contexto, somos exortados: “Porque,
pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo
além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus
repartiu a cada um”. A exortação se refere a dois perigos insidiosos. Primeiro,
o orgulho humano. O meu dom é mais importante do que o seu, portanto, mereço
receber maior honra e destaque entre o povo. Tal pessoa está se esquecendo de
que a sua capacidade é um dom que foi
concedido pela graça de Deus, e, portanto, pode ser revogado. “Pois quem é que
te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste,
por que te vanglorias como se o não tiveras recebido?” (1Co. 4:7). Sem o dom de
Deus, seríamos incógnitos e desprezados por causa da ausência de qualquer
capacidade específica. O Ap. Paulo confessou: “Mas pela graça de Deus, sou o
que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes,
trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus
comigo” (1Co. 15:10). Notemos como o Apóstolo deu todo o crédito à graça de
Deus, que operou eficazmente em sua vida. Assim, devemos pensar com moderação e
honestidade. O segundo perigo é igualmente insidioso, porque não procura
reconhecer a existência de um dom da parte de Deus. O que eu posso fazer é tão
insignificativo que não vale a pena ser reconhecido como algo útil. Essa pessoa é semelhante ao
servo mau e negligente, que escondeu o talento que recebera, (Mt. 25:24-27).
Novamente, temos que pensar com moderação e honestidade, lembrando que os dons
são distribuídos “ a cada um segundo a sua própria capacidade” (Mt. 25:15). A
frase: “segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um” tem este
pensamento: O cristão, ao contemplar o dom que o Espírito Santo lhe confiou,
pergunta: Como posso usar esse dom para
a glória de Deus? E, percebendo uma oportunidade que corresponde com o dom que
recebeu, ele logo age pela fé para que o propósito de Deus se cumpra mediante a
sua instrumentalidade.
Para
ilustrar a diversidade dos dons que cada pessoa recebe, pois ninguém ficou
esquecido na distribuição e desprovido de qualquer capacidade, o Apóstolo usou
o corpo humano que tem muitos membros, alguns visíveis e outros invisíveis,
alguns com uma importância e outros com menos valor, porém, todos têm o seu
lugar e utilidade no corpo; e se um membro estivesse faltando, mesmo sendo o
menor, o corpo seria incompleto e
incapaz de seu pleno potencial. “Porque assim como num só corpo temos muitos
membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, assim também nós,
conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros, tendo,
porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada”. Vamos lembrar que
nós, como membros da Igreja, somos “ membros uns dos outros”. Quando um membro
está faltando, todos sentem a sua ausência; “se um membro sofre, todos sofrem
com ele”. Mas, por outro lado, “se um deles é honrado, com ele todos se
regozijam” (1Co. 12:26). Portanto, na vida da Igreja, somos exortados: Consideremo-nos
também uns aos outros, para os estimularmos ao amor e às boas obras. Não
deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos
admoestações, e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hb. 10:24-25).
2
A Diversidade dos Dons, Vs. 6b-8. Aqui, o Apóstolo fala de apenas sete
dons. Existem muitos outros, porém, esses sete são suficientes para ilustrar a
diversidade dos dons que o Espírito Santo pode derramar sobre o seu povo, para
que “seja tudo feito para edificação” (1Co. 12:26). Vamos examinar,
ligeiramente, o sentido geral de cada um desses dons, lembrando que eles são
concedidos para serem usados para a glória de Deus.
1) “Se
profecia, seja segundo a proporção da fé”. Profecia, em seu sentido simples,
significa a declaração da Palavra de Deus, seja qual for o seu assunto. Somos
exortados: “Procurai com zelo, os melhores dons” (1Co. 12:31). A profecia, sem
dúvida alguma, é o melhor dom, porque, por seu intermédio, a Palavra de Deus
está sendo anunciada, e o Espírito Santo, usando-a, está atraindo os ouvintes
para congregarem-se aos pés de Jesus Cristo, de quem recebem o perdão de seus
pecados e o dom da vida eterna. Podemos exercer esse dom com a maior confiança,
porque o próprio Senhor garantiu: “Assim será a palavra que sair da minha boca:
não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para
que a designei” (Is. 55:11). Pregar, profetizar e anunciar são sinônimos que
descrevem a ordem de Cristo: “Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda
criatura” (Mc. 16:15). Esse é o melhor dom.
2) “Se
ministério, dediquemo-nos ao ministério”. A palavra é diaconia - serviço,
qualquer atividade prática e útil, tal como: “Para servir as mesas”,(At.6:2).
Ou, preparar uma refeição. Marta exercia esse dom, (Lc. 10:38-42). O diácono, como
oficial da igreja, é um homem chamado e encarregado para fazer qualquer serviço
prático dentro da igreja, a fim de manter a boa ordem nos cultos.
3) “O
que ensina, esmere-se no fazê-lo”. O Profeta recebia a sua mensagem diretamente
da boca do Senhor, sem qualquer esforço próprio. Jeremias recebeu esta
explicação do Senhor: “Eis que ponho na tua boca as minhas palavras” (Jr. 1:9).
Mas aquele que ensina, seja pastor ou professor da Escola Dominical, tem que
trabalhar a fim de receber a sua
mensagem, mediante o estudo cuidadoso da Bíblia e a pesquisa criteriosa de
livros apropriados. Esmerar-se significa esforçar-se por fazer as coisas com
perfeição. O Senhor nos deu esta palavra a fim de tirar de nós qualquer
indolência no preparo das nossas lições: “Maldito aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente” (Jr.
48:10). Em nosso ministério, devemos lembrar que estamos ensinando um povo
que está caminhando rumo à eternidade,
onde existem apenas dois destinos, ou o céu ou o inferno.
4) “O
que exorta, faça-o com dedicação”. O ensino é direcionado para o nosso entendimento,
enquanto que a exortação procura vivificar a consciência e os sentimentos. José,
querendo tranqüilizar os seus irmãos inquietos, deu-lhes promessas: “Assim, os
consolou e lhes falou ao coração” (Gn. 50:21). Alguns sabem ensinar e comunicar
os fatos com clareza, porém, nem sempre sabem como aplicá-los à consciência;
por isso a necessidade de exortadores dedicados a seu ministério, pessoas que
fazem os fatos chegarem ao coração do povo. “E o Deus da esperança vos encha de
todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do
Espírito Santo” (Rm. 15:13).
5) “O
que contribui, com liberalidade”. Alguns têm mais recursos financeiros do que
outros; contudo, todos podem dar alguma contribuição à necessidade dos pobres.
Mas a ênfase quanto às contribuições recai sobre a atitude do coração. Os
cristãos da Macedônia revelaram esta liberalidade. “Porque eles, testemunho eu,
na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários,
pedindo-nos com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos
santos” (2Co. 8:3-4). Mas, por outro lado, temos o caso de Ananias e Safira.
Sim, eles deram, mas não com liberalidade espontânea, porque reservaram parte
do valor prometido para si mesmos. E, para tentarem se justificar, mentiram ao
Espírito Santo, (At. 5:1-5). Qual deve ser a nossa atitude quanto à graça de
contribuir? “De graça recebestes, de graça dai” (Mt. 10:18). Veja como Cristo
ilustrou o sentido de liberalidade: “Dai, e dar-se-vos-á; boa medida, sacudida,
transbordante, generosamente vos darão” (Lc. 6:38).
6) “O
que preside, com diligência”. “O que preside” se refere especificamente aos
oficiais da Igreja, ao pastor e aos presbíteros. Eles têm que exercer o seu
ministério com diligência, imparcialidade e honestidade. O Ap. Pedro deu esta
interpretação: “Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero
como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo e ainda co-participante da
glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós,
não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida
ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados,
tornando-vos modelos do rebanho” (1Pe. 5:1-3). Os que presidem dessa maneira
merecem nosso respeito. E honrai sempre homens que presidem com diligência (Fp.
2:29).
7) “Quem
exerce misericórdia, com alegria”. Todos os cristãos, como um ato de amor,
devem exercer a misericórdia aos que precisam, contudo, é o diácono que tem
esse ministério. Ele dedica-se “ao cuidado dos pobres, doentes e inválidos, com
ações de conforto, como orienta a Constituição da nossa Igreja. Esse ato de
amor tem valor especial quando exercido com alegria e boa vontade. “Tudo quanto
fizerdes, faze-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens, cientes de que recebeis do Senhor a
recompensa da herança. A Cristo, o Senhor, é que estais servindo” (Cl.
3:23-24). Nesse contexto, Provérbios 15:30 tem uma palavra oportuna: “O olhar
de amigo alegra o coração; as boas-novas fortalecem até os ossos”.
Notemos
que cada um desses sete dons tem uma palavra que ensina como eles devem ser
praticados. “Quem exerce misericórdia, com alegria”, etc. Em cada parte do
nosso culto, Deus pede a totalidade do nosso ser, sem qualquer reserva. “Agora, pois, ó Israel, que é que o Senhor
requer de ti? Não é que temas ao Senhor, teu Deus, e andes em todos os seus
caminhos, e o ames e sirvas ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e de
toda a tua alma, para guardardes os mandamentos do Senhor e os seus estatutos que hoje te ordeno, para o teu
bem?” (Dt. 10:12-13). E, para podermos agir dessa maneira, temos que cultivar
uma vida santa e irrepreensível; lembrando sempre que consagração a Deus
necessita de uma comunhão, uma intimidade com Deus, e o resultado não pode ser
outro senão uma verdadeira santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor.
Conclusão:
Começamos esta mensagem mencionando a tríplice unidade, são três realidades
inseparáveis na vida cristã. Consagração a Deus necessita que tenhamos comunhão
espiritual com Ele; e essa intimidade sempre se manifesta através de uma vida
santa e irrepreensível, uma santidade que pode ser reconhecida por todos.
Santidade está unida inseparavelmente à pratica
do amor. “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque
amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte” – separado de Deus
(1Jo. 3:14). A prática do amor fraternal significa que respeitamos os dons que
o irmão tem. Talvez eu não possa profetizar como convém, porém, reconheço que o
meu irmão tem esse dom, por isso, fico grato a Deus, porque a Palavra de Deus
está sendo proclamada e o seu Nome está sendo conhecido e glorificado. Mas, por
lado, reconheço que Deus tem me dado um dom de acordo com a minha capacidade.
Talvez não se sobressaia tanto quanto a profecia, contudo, é o dom que posso
usar livremente e também glorificar a Deus.
Nos
dias do Ap. Paulo, existia uma certa rivalidade quanto ao uso dos dons. Mas,
qual foi a atitude desse nobre servo de
Deus? Ele escreveu: “Alguns, efetivamente, proclamam a Cristo por inveja e porfia; outros, porém, o fazem de
boa vontade; estes, por amor, sabendo que estou incumbido da defesa do
evangelho; aqueles, contudo, pregam Cristo por discórdia, insinceramente,
julgando suscitar tribulação às minhas cadeias. Todavia, que importa? Uma vez
que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por
verdade, também com isto me regozijo, sim, sempre me regozijarei” (Fp.
1:15-18). Irmãos, vamos sempre lembrar: “O amor não pratica o mal contra o
próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm. 13:10). Que cada um
de nós possamos usar o nosso próprio dom, sem qualquer inveja, com a devida
diligência, como para o Senhor, sempre respeitando os dons que os demais
membros da Igreja receberam do Senhor. “A Cristo, o Senhor, é que estais
servindo” (Cl. 3:24).
Rev. Ivan G. G. Ross
Uma bênção.Umn apredizado para avida. Obrigada Rev. Ivan.
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