Vasos de Honra

terça-feira, 6 de setembro de 2016

CONSAGRAÇÃO A DEUS




Leitura Bíblica: Romanos  12:1-2.

Introdução: No início da Carta aos Romanos, o Apóstolo confessou: “Pois sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes; por isso, quanto está em mim, estou pronto a anunciar o evangelho também a vós outros, em Roma” (Rm. 1:14-15). Em outro lugar, ele explicou esse sentimento: “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar; pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho” (1Co. 9:16). O evangelho é o tema principal dessa Carta, uma mensagem que fala das misericórdias que Deus tem derramado tão liberalmente sobre o seu povo. Nos capítulos 1 a 11, podemos achar algumas dessas dádivas, por exemplo: bondade, um atributo que desperta em nós anseios espirituais, tais como “arrependimento”, 2:4. Paciência, Ele “suportou com muita longanimidade” os pecadores, 9:22. Amor, “o amor de Deus foi derramando em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado”, 5:5. Graça, o dom gratuito de Deus. “ No tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça”, 11:5. Justificação, “Justificados, pois (declarados inocentes porque fomos encontrados vestidos das virtudes do Filho de Deus), temos paz com Deus por meio do nosso Senhor Jesus Cristo”, 5:1.

Agora, tendo ouvido sobre algumas das misericórdias, estamos prontos para entender como o Apóstolo aplica essas dádivas à nossa vida, visando uma consagração total da nossa vida a Deus, como uma manifestação  da nossa gratidão a Ele. 

1. A Instigação (incentivo) que Promove a Consagração. O Apóstolo dá início a esta parte, fazendo um apelo forte: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus”. O fato de termos recebido da mão de Deus tantas manifestações da sua misericórdia, sentimos que somos os seus devedores. O Salmista experimentou esse mesmo sentimento, e exclamou: “Que darei ao Senhor por todos os seus benefícios para comigo?” Jamais conseguiremos pagar a Deus tudo o que Ele nos dá, contudo, podemos oferecer-lhe o nosso culto em atos públicos e particulares. Por isso, o Salmista prometeu: “Cumprirei os meus votos ao Senhor na presença de todo o seu povo” (Sl. 116:12-14). A única retribuição que Deus aceita de nós, é o nosso culto racional, um ato planejado e realizado “em espírito e em verdade” (Jo. 4:23-24). Quando os tessalonicenses se converteram, eles abandonaram o seu antigo modo de agir, a fim de servirem o Deus vivo e verdadeiro, (1Ts. 1:9). A conversão e o recebimento do perdão de todos os nossos pecados deve nos conduzir à consagração e a uma vida de obediência. É como Cristo disse: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo. 14:15). E Ele acrescentou: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei; que também vos ameis uns aos outros” (Jo. 13:34).

E, para nos instigar ainda mais para consagrar a nossa vida a Deus, o Apóstolo nos mostra como Deus o Pai tem nos “abençoado com toda sorte de benção espiritual nas regiões celestiais em Cristo”. Quais são essas bênçãos que conduzem a nossa vida a uma consagração total? Eleição: “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante o nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós”. ( 1Ts. 5:9-10). Adoção: Fomos resgatados da lei, que nos condenou à morte, “a fim de que recebêssemos a  adoção de filhos” (Gl.4:5). Redenção: Fomos tirados do império das trevas e transportados para o reino de Cristo, (Cl. 1:13). Remissão:  O perdão de todos os nossos pecados. “Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões” (Sl. 103:12). Salvação:  “Entretanto,  devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação” – a vida eterna na  presença consoladora de Deus, (2Ts. 2:13). O Selo do Espírito Santo:  Ele é “o penhor (a garantia) da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em  louvor da sua glória” (Ef. 1:14). “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”. (Rm. 8:16). Por essas e tantas outras bênçãos que Deus  tem nos dado gratuitamente, o Apóstolo fez este apelo: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que vos apresenteis o vosso corpo” a Deus em total consagração.

2. A Instauração (começo) que Promove a Consagração. O Apóstolo estava consciente da sua vida anterior, mas,  apesar de tanta insolência, ele podia confessar: “Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade” (1Tm. 1:13). Agora, ele exorta os seus leitores: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus (aquela misericórdia por ter sido perdoado), que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”.  Quando alguém nasce de novo, quando está sentindo a alegria de entender que todos os seus pecados foram graciosamente perdoados, nasce no coração dele a necessidade de oferecer a totalidade da sua vida ao seu Salvador, dizendo: “Eis aqui estou  para fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb. 10:9). Consagração, portanto, é um ato espontâneo e a primeira manifestação do amor e gratidão que sentimos em favor de Deus. “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e  andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou  a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave” (Ef. 5:1-2).

 Consagração é possível somente depois de um verdadeiro encontro salvador com Jesus Cristo. Existem  membros  em nossas Igrejas que nunca foram convencidos de seus pecados e nem da necessidade de serem nascidos de novo, porque, como dizem: sempre fomos cristãos. Essas pessoas não gostam de serem exortadas a uma vida consagrada a Deus. Estão plenamente satisfeitas com sua vida descomprometida, e não querem nada diferente. O jovem se desculpa, dizendo: Vou pensar sobre esse assunto mais tarde; preciso aproveitar a minha mocidade! Mas o tempo passa e ele continua adiando uma decisão. Com certeza, o seu  fim será semelhante ao das cinco virgens néscias, que resolveram agir quando a porta já estava fechada, (Mt. 25:1-13). Ou, o homem mais maduro, que promete: quando eu me aposentar da minha profissão secular, consagrarei a minha vida ao serviço de Deus. Mas, com esta idade, o corpo está cansado e a saúde debilitada; além disso, seus costumes já estão profundamente estabelecidos e não aceitarão a mudança que a consagração exige. Deus pede de nós um corpo vivo, cheio de disposição e pronto para qualquer serviço. Esse é o nosso culto racional e agradável a Deus. Não podemos procrastinar, aguardando um tempo mais oportuno. Na vida da Igreja sempre existem oportunidades para servir a Deus. Podemos pensar no presbiterato e no diaconato, professores para a Escola Dominical, sem esquecer das atividades que as sociedades internas oferecem. Mas alguém reclama: Eu não tenho dom para nada dessas coisas! Contudo, serviço a Deus não depende exatamente das nossas próprias capacidades. A nossa suficiência vem de Deus. Cristo nos deu esta promessa: “Mas recebereis poder, e sereis as minhas testemunhas” (At. 1:8). A nossa parte é apresentar o nosso corpo e todas as suas capacidades a Deus, e Ele nos dará a devida oportunidade. Importa que tenhamos vidas consagradas a Deus e uma disposição para servir.

3. A Instância (súplica) que Promove a Consagração. E, para que a nossa consagração seja autêntica, somos exortados: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente”. De modo geral, a “mente”  deste século  é o anseio de satisfazer todos os desejos do próprio egoísmo, a qualquer custo, mesmo que sejam uma transgressão da lei de Deus. Essa mentalidade mundana é perigosamente contagiante, por isso, a advertência: “E não vos conformeis com este século”. Temos que ser firmes, resistindo às ciladas sutis deste mundo.

Consagração envolve a respeitosa obediência aos Dez Mandamentos. O mundo ensina, e o nosso próprio coração também, que estes não são relevantes para o homem moderno, oferecendo uma infinidade de oportunidades que procuram  subverter a seriedade da lei de Deus. Esse desprezo do Mandamento é  visto especificamente na transgressão do Quarto Mandamento. O mundo ensina, e o nosso próprio coração também, que o Domingo não é do Senhor, como a Bíblia ensina, antes, é do  homem, e deve ser usado para satisfazer os seus próprios interesses: viagens, esportes, divertimentos, ociosidade, etc. Eis aqui como o Dia deve ser observado, juntamente com uma promessa encorajadora: “Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no meu santo dia; e chamares ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor, digno de honra e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs (palavras não edificantes), então, te deleitarás no Senhor. Eu te farei cavalgar sobre os altos da terra (fora do alcance de perigo - Dt. 33:16) e te sustentarei com a herança de Jacó, teu pai, porque a boca do Senhor o disse” (Is. 58:13-14). Sim, Deus abençoou e santificou o Seu Dia; e no guardá-lo, há uma promessa de sustento diferenciado.

Mas, como podemos guardar os Mandamentos, e, especificamente, o Quarto? Temos que nos submeter à transformação pela renovação da nossa mente. A mente humana é o centro do nosso raciocínio, dela procedem todas as nossas determinações, seja qual for a natureza delas. O Salmista confessou: “Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti” (Sl. 119:11). E, para colocar essas palavras no coração, temos que ler a Bíblia atenciosamente todos os dias, memorizando as palavras chaves para que elas habitem em nosso coração. Dessa maneira, estaremos crescendo na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, estaremos experimentando uma transformação em nossa mente que nos conduzirá a uma verdadeira consagração pessoal a Deus. “E todos nós, com rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em  glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito” (2Co. 3:18). Consagração, ou seja, dedicação  à prática da vontade de Deus, deve ser o  grande anseio de cada cristão.

4. A Instrução (convite) que Promove a Consagração. Qual é o propósito dessa transformação pela renovação da nossa mente? Eis a resposta: “Para que experimenteis qual seja  a boa, agradável e  perfeita vontade de Deus”.  É possível dar a essas três  palavras descritíveis este sentido: Tudo o que é bom, tudo que é agradável, e tudo o que é perfeito, encontra-se somente no conhecimento e na prática da vontade revelada de Deus. O mundo se esforça para oferecer substitutos para despertar a imaginação vaidosa do homem, porém, eles sempre decepcionam. O pregador experimentou esses atrativos fictícios, porém, teve que concluir: “Pelo que aborreci a vida, pois me foi penosa a obra que se faz debaixo do sol; sim, tudo é vaidade e correr atrás do vento” (Ec. 2:17).  Deus coloca diante de nós  muitas opções: vida e morte, benção e maldição, para depois nos desafiar: “Escolhe, pois, a vida, para que vivas” (Dt. 30:19). Mas o pecador, em sua cegueira espiritual, não quer reconhecer a diferença ente a vida e a morte, entre a benção e a maldição. Seu único interesse é satisfazer os seus desejos do momento, porque ama “mais as trevas do que a luz” (Jo. 3:19). A nossa oração deve ser: “Ensina-me a fazer a tua vontade, pois tu és o meu Deus; guie-me o teu bom Espírito por terreno plano” (Sl. 143:10). Essa oração é necessária “para que vos conserveis perfeitos e plenamente convictos em toda a vontade de Deus” (Cl. 4:12).

A vontade de Deus deve ser o objetivo principal na vida do cristão, porque ela é boa, agradável e perfeita, e digna de ser praticada. Ela é a lei de Deus para a santificação do homem, pois “ é santa, justa e boa” (Rm. 7:12). Devemos confiar na sabedoria de Deus, pois Ele sabe o que o homem mais precisa. Veja como o Salmista interpretava essa norma: “A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos simples. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento de Senhor é puro e ilumina os olhos. O temor do Senhor é límpido e permanece para sempre; os juízos do Senhor são verdadeiros, e todos igualmente justos”. E qual foi o efeito desse juízo sobre a sua mente renovada? Ele confessou: “são mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos. Além disso, por eles se admoesta o teu servo; em os guardar há grande recompensa” (Sl. 19:7-11). Por que estamos falando dessa maneira? Para que a  prática da vontade de Deus seja o anseio ardente do nosso coração.
     

 Conclusão: Nós, que temos sido abençoados “com toda sorte de benção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (Ef. 1:3), devemos nos sentir constrangidos  a retribuir a Deus, dando-lhe a nossa vida em total consagração a seus interesses. “Ou desprezas a riqueza da bondade, e da tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz” à transformação do seu modo de agir e uma atitude mais decisiva que engrandece o nome de seu Deus. Essa consagração é o nosso “culto racional”, uma devoção  que dá honra a Deus. Mas, para a que a nossa consagração seja verdadeira, o texto instrui: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente” por meio da leitura diária das Escrituras Sagradas. E, com a nossa mente agora renovada, estamos dispostos para ouvir e entender os conselhos do Senhor e experimentar que, de fato, a vontade de Deus para a nossa vida é boa, agradável e perfeita, própria para a nossa total felicidade. Consagração a Deus sempre precede qualquer serviço que possamos oferecer a Ele. “Ora, o Deus da paz que tornou a trazer dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança, vos aperfeiçoe  em todo  o bem, para cumprirdes  a sua vontade, operando em vós o que é agradável diante dele, por Jesus Cristo, a quem seja a glória para todo o sempre. Amém” (Hb. 13:20-21).      

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