Vasos de Honra

terça-feira, 14 de junho de 2016

CRISTO – O NOSSO MEDIADOR


Rev. Ivan G. G. Ross

Leitura Bíblica: Hebreus 4:14-16

Introdução: Um mediador é aquele que se interpõe entre dois inimigos, buscando uma reconciliação entre os dois. E, no uso bíblico, o mediador é aquele que se interpõe entre o Deus santo e o homem pecador. Deus é “tão puro de olhos, que não pode ver o mal e a opressão não pode contemplar” (Hc 1:13). Em outras palavras, o homem, vivendo em seus pecados, não tem nenhum acesso à presença de Deus, sem a intercessão de um mediador. Graças a Deus, em Cristo Jesus, temos um Mediador, que nos dá acesso ao trono da graça. “Porquanto, há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Tm. 2:5). O mediador não pode ser um homem qualquer, vivo ou morto, porque todos são pecadores e, por isso, barrados da presença de Deus. Tinha que ser um homem sem qualquer pecado. E existe um só, que jamais transgrediu a santa lei de Deus, Jesus Cristo; “tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hb.4:15).

As obras do pecador, bem como as suas orações, não são reconhecidas por Deus, sem a interposição do Mediador, Jesus Cristo. Quando oramos, sempre o fazemos em Nome de Jesus Cristo, porque, sem o seu intermédio, jamais seríamos ouvidos. E, semelhantemente, o nosso serviço, seja qual for a área, por ser uma atividade maculada por nossa natureza pecaminosa, mesmo sendo a nossa oferta melhor, por si só, não pode ser aceitável pela santidade de Deus. Somos totalmente dependentes da intercessão de Jesus Cristo. É Ele que purifica as nossas ofertas, fazendo-as aceitáveis na presença do Pai. O Ap. Paulo expressou essa verdade, dizendo: “E tudo o que fizerdes, seja em palavras, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai” (Cl. 3:17). Foi o próprio Cristo que estabeleceu a necessidade de depender da virtude de seu Nome a fim  de sermos atendidos pelo Pai: “E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho” (Jo. 14:13). Confiando na obra mediana de Jesus Cristo, teremos coragem para tomar posse desta preciosa promessa: “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb. 4:16). Vamos examinar, mais de perto, esta verdade: Cristo, o  nosso Mediador.

1. A Prontidão do Mediador. Quando o homem caiu no pecado, ele perdeu todos os seus direitos de ter livre acesso à presença de Deus. Como o profeta Isaías disse: “Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça” (Is. 59:2). Mas Deus é misericordioso e não quis abandonar a sua criatura rebelde e desviada. Por isso, Ele, em toda a sua plenitude, Pai, Filho e Espírito Santo, elaborou um meio, pelo qual um número predeterminado de pessoas seria redimido do meio de todas as nações, povos e línguas. E, para realizar esse plano, o Pai escolheria as pessoas a serem favorecidas; o Filho seria o Mediador, investido com as atribuições de Profeta, Sacerdote e Rei; e o Espírito Santos aplicaria as obras medianas de Cristo ao povo escolhido, para que recebesse a salvação. Observemos que cada uma das Pessoas da Divindade tem uma parte ativa na salvação de pecadores.

Vamos limitar a nossa mensagem às atribuições da Pessoa de Jesus Cristo. Ele, como o escolhido pelo Pai para ser o Mediador, tem a autoridade para representar e preparar o seu povo para que seja aceito na presença do Pai. E, para isso, Cristo exerce os ofícios de Profeta, Sacerdote e Rei. Como Profeta: Ele veio para revelar a natureza e os propósitos do Pai. “Ninguém jamais viu a Deus, o Deus unigênito (Jesus Cristo), que está no seio do Pai, é quem o revelou” (Jo. 1:18). Pelo ministério profético de Cristo, conhecemos quem é o nosso Deus. “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo. 17:3). Como Sacerdote: Este ministério é semelhante ao do sumo sacerdote do Antigo Testamento, a saber: oferecer sacrifícios pelo povo e interceder por ele. Quanto ao sacrifício de “Cristo, tendo se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação”  (Hb. 9:28). E a Bíblia acrescenta: “Por isso (em virtude da eficácia do sacrifício de si mesmo) também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb. 7:25). Como Rei:  Cristo tem domínio absoluto sobre todas as atividades deste mundo; uma soberania que é usada para arrebanhar o seu povo para a salvação eterna de cada um. Por isso, ao entrar em Jerusalém, o povo cantava: “Bendito é o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas maiores alturas!” (Lc. 19:38). Graças  a Deus, temos um Mediador que exerce os ofícios de Profeta, Sacerdote e Rei, perfeito em todas as suas atribuições!

2. A Prole do Mediador. Devemos fazer uma pergunta importante: Qual é a condição espiritual do homem em seu estado natural, antes de seu encontro salvador com Cristo? Sim, ele é morto em seus delitos e pecados, (Ef. 2:1). Mas, qual é o efeito dessa condição sobre a sua disposição espiritual? Ele se tornou um ateu prático. Uma declaração formal não é necessária para descobrir o porquê do procedimento do homem. A Bíblia esclarece: “Diz o insensato em seu coração: Não há Deus!”. Ele não disse publicamente: Eu não acredito na existência de Deus. Mas o seu modo de viver sempre revela o que está no coração. O texto continua a descrever esses ateus disfarçados: “Corrompem-se e praticam abominações; já não há quem faça o bem”. Agora, como é que Deus toma conhecimento do que está acontecendo aqui na Terra? “Do céu olha o Senhor para os filhos dos homens, para  ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus”. E qual foi a conclusão dessa pesquisa? “Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (Sl. 14:1-3).

Em Romanos 3:10-12, lemos: “Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer”. Agora, fazemos mais uma pergunta: Se não há quem busque a Deus, como pode o pecador ser salvo? Cristo responde: “Isto é impossível aos homens, mas para Deus tudo é possível” (Mt. 19:25-26).

Qual foi a resposta de Deus diante dessa corrupção moral e espiritual? Ele usou a sua soberania para eleger uma prole, que seria entregue a seu Filho, a fim de que Ele a redimisse e purificasse. “Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor. Porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade, para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para alcançardes a glória do nosso Senhor Jesus Cristo” (2Ts. 2:13-14). A verdade da eleição é motivo de muitas graças a Deus. “Assim, pois, também agora, no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça” (Rm. 11:5). Agora, mais uma pergunta: Como podemos identificar esses eleitos? Cristo responde: “As minhas ovelhas (o povo que o Pai me deu) ouvem a minha voz; eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” (Jo. 10:27-28). Reconhecemos a nossa eleição mediante o nosso apego a Jesus Cristo, conformando-nos a Ele.

3. A Proficiência do Mediador. Deus, o Pai, escolheu, desde toda a eternidade, uma prole, para que, no devido tempo, fosse, por seu Filho Jesus Cristo, remida, chamada, justificada, santificada e glorificada. Cada um desses itens são partes essenciais e insubstituíveis para que sejamos salvos de verdade. Vamos explicar, separadamente, cada um desses itens:

a)      Remido. Por ser um pecador, o homem está numa prisão fechada, condenado à morte eterna e sem esperança de livramento. E, para sair desse reino de trevas e entrar no reino celestial, alguém de fora, que tem uma autoridade soberana, teria que intervir. Além disso, esse alguém teria que assumir as atribuições de um fiador, pagando a dívida que o favorecido tem perante a lei; isto é: uma obediência perfeita e a pena de morte. Reconhecemos que não existe homem algum que possa pagar essa dívida e, ao mesmo tempo, vencer com vida. Por isso, todos nós somos dependentes da misericórdia e graça de Deus, que nos amou e deu o seu próprio Filho como o necessário Fiador. Mediante a sua obediência imaculada e a sua morte substitutiva, Cristo pagou plenamente a nossa dívida; não devemos mais nada; estamos, agora, livres para servir o Deus vivo e verdadeiro com vidas purificadas. Essa obra redentora e justificadora é imputada a todos que nela crêem, fazendo com que sejamos aceitos irrestritamente pelo Pai..
b)      Chamado. Cristo nos chama mediante a pregação do evangelho e pela obra do Espírito Santo que o aplica eficazmente à vida de seu povo. “Porque o nosso evangelho não chegou até vós tão somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção” (1Ts. 1:9). Sejamos ouvintes prudentes, construindo a nossa esperança espiritual sobre a palavra da verdade, assim, jamais seremos confundidos, (Mt. 7:24-27).
c)      Justificado. Passamos a ser justificados quando Deus nos vê vestidos com as virtudes de Jesus Cristo, que Ele adquiriu por nós, mediante a sua obediência imaculada e a sua morte substitutiva na cruz do Calvário. “Justificados, pois, mediante a fé (na suficiência da obra redentora de Jesus Cristo), temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm. 5:1).
d)       Santificado. Cristo nos santifica mediante a nossa união espiritual com Ele. Assim, como Cristo morreu para o pecado, nós, unidos com Ele, também morremos para o pecado. O poder do pecado em nossa vida recebeu um golpe mortífero. E, semelhantemente, unidos com Cristo em sua ressurreição, ressuscitaremos (fomos regenerados) para andar em novidade de vida. Com base na nossa união com Cristo, o Apóstolo declarou confiantemente: “O pecado não terá domínio sobre nós”, porque temos outro poder direcionando a nossa vida: a graça de Deus, mediante o Espírito Santo que habita em nosso coração” (Rm. 6:14). “Digo porém, andai no Espírito (obedecendo-o) e jamais satisfareis à concupiscência da carne” (Gl. 5:16).
e)      Glorificado. O ápice da nossa glorificação é o dom da vida eterna, quando estaremos para sempre com o Senhor que nos amou e a si mesmo se entregou à morte substitutiva, a fim de nos salvar. Como o Apóstolo comentou: “Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofrermos, também com ele seremos glorificados” (Rm. 8:17).

Conclusão: Cristo, como nosso mediador, não apenas permite que tenhamos acesso à presença de Deus, mas, também, transformou a nossa vida de tal forma que fomos feitos dignos de sermos apresentados à presença do Pai. A nossa Confissão de Fé nos oferece um bom resumo da obra mediana de Jesus Cristo:

“Cristo, com toda certeza, e de forma eficaz, aplica e comunica a salvação a todos aqueles para quem a adquiriu. Isto ele consegue, fazendo intercessão por eles e revelando-lhes na Palavra e pela Palavra os mistérios da salvação, persuadindo-os eficazmente, pelo seu Espírito, a crer e a obedecer, governando os corações deles pela sua Palavra e pelo seu Espírito; subjugando todos os seus inimigos, por meio da sua onipotência e sabedoria, da maneira e pelos meios condizentes com a sua admirável e inescrutável dispensação”  (Cap. 8:8).


  

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