“Bem-aventurado os perseguidos
por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois
quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo,
disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso
galardão nos céus: pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de
vós” (Mateus 5:10-12).
INTRODUÇÃO: A oitava é a última
bem-aventurança no sermão do monte, e, até certo ponto, é diferente das demais. As
primeiras sete bem-aventuranças anunciam as virtudes que caracterizam a vida de
todos os filhos de Deus. Mas, a oitava bem-aventurança fala da reação que essas
perfeições provocam nos ímpios. Eles odeiam essas virtudes e perseguem os seus
possuidores, a fim de desacreditar e destruir o seu testemunho.
1. A Causa da Perseguição:
Cristo explicou: “ Por causa da justiça,” por causa de uma vida santa e irrepreensível. Aqui percebemos um paradoxo. Por um lado, todo mundo elogia a prática de boas
obras e de uma vida correta, porém, quando alguém está praticando essas
excelências em nome de Cristo, é zombado e perseguido. Por que essa
oposição? Quando o ímpio vê alguém praticando a justiça, a sua consciência o acusa da sua omissão. Mas, em vez de
arrepender-se e começar a praticar a vontade de Deus, ele fica irritado com o
bom testemunho do piedoso, porque a sua consciência foi despertada para o
condenar. Para livrar-se dessas acusações em seu homem interior, ele se
levanta contra o causador dessas inquietações para o destruir. “Pois assim
perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.”
2. A Natureza dessa
Perseguição: A perseguição religiosa sempre teve duas manifestações. Na
igreja primitiva, a perseguição infligia os cristãos com toda sorte de
sofrimento físico, prisões, e até morte cruenta. Contudo, acredito que a
perseguição mais comum em nossos dias é o uso de uma língua venenosa. Quando, por causa de Cristo “vos injuriarem e vos perseguirem, e, mentindo, disserem
todo mal contra vós”. Por que Deus permite a perseguição de seus filhos? Embora
não tenhamos uma resposta completa, sabemos que todas as cousas (inclusive perseguição)
cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo
o seu propósito” (Rm. 8:28). Um desses benefícios é a confirmação da veracidade
da nossa fé em Cristo. “Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo,
se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez
confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível,
mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus
Cristo” (1 Pe. 1:6-7). Nesse dia, Cristo receberá todo " o louvor, glória e
honra", porque, mesmo em meio ao sofrimento, seu povo há de engrandecê-lo através da maneira pela qual foi conduzido à vida eterna.
3. A Reação à Perseguição.
Devemos lembrar que, como cidadãos do reino de Deus, já temos uma vida
bem-aventurada acalmando o nosso coração em meio a diversas experiências
desta vida. E, agora, diante das angústias da
perseguição, qual é a nossa reação? Jesus Cristo recomendou:
“Regozijai-vos e exultai”. O Ap. Tiago acrescentou: “Meus irmãos, tende por
motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação
da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança” (Tg. 1:2-3). A
perseverança ao prosseguir algo subentende uma convicção de que todas as
adversidades são um nada a fim de alcançar o propósito da nossa fé: a salvação
da nossa alma. O Ap. Paulo podia declarar: “Ora, se somos filhos, somos também
herdeiros de Deus e: co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com
ele seremos glorificados” (Rm. 8:17). Esta foi a esperança dos apóstolos quando
foram açoitados: “E eles se retiraram do Sinédrio, regozijando-se por terem
sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome” (At. 5:41). Vamos
cultivar a mesma convicção do Ap. Paulo:
“Porque para mim, tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não
podem ser compadrados com a glória a ser
revelada em nós” (Rm. 8:18).
4. A Recompensa da
Perseguição. Aceitamos muitas coisas
do presente quando temos certeza quanto ao bem que teremos no futuro. Assim,
suportamos a perseguição do presente momento porque temos plena confiança na
veracidade da promessa de Cristo: “Grande é o vosso galardão nos céus”. Esta
foi a esperança que alimentava os heróis de Hebreus 11: “Pela fé, Moisés quando
já homem feito, recusou ser chamado filho da filha de faraó, preferindo ser
maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado,
porquanto considerou o opróbrio de
Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito, porque contemplava o
galardão” (Hb. 11:24-26). Cristo também sofreu tudo alegremente, porque
contemplava o galardão: “o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta,
suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do
trono de Deus” (Hb. 12:2). O galardão que Cristo recebeu foi a vitória sobre o
pecado, podendo, agora, perdoar os pecados de todos os crêem. E o galardão que aguarda os que são
perseguidos por causa de Cristo é a bem-aventurança de serem herdeiros “ do
reino dos céus” e habitar com Cristo, que é incomparavelmente melhor do que
qualquer momento de prazer nesta vida.
CONCLUSÃO: Devemos sentir a
repetida ênfase sobre a bem-aventurança dos herdeiros do “reino dos céus”. Eles
possuem “uma alegria indizível e cheia de glória”. Por quê? Porque sabem que
Deus começou uma obra espiritual em sua
vida, dotando-os com virtudes que os distinguem como “o sal da terra” e “ a luz
do mundo”. Seu prazer maior é guardar os mandamentos de seu Salvador e fazer
diante dele o que lhe é agradável. Assim, eles “brilham”, deixando os homens verem a realidade dos valores espirituais; isto é: Cristo em sua vida, a esperança de
glória.
Rev. Ivan G.G. Ross
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