Leitura Bíblica: Salmo 91:1-16
Introdução; De modo geral, nos versículos 1-13,
o Salmista está citando as promessas que aqueles que confiam no Senhor podem
experimentar em sua vida diária. Mas, nos versículos 14-16, é o próprio Senhor
quem fala. Ele está examinando os hábitos dos homens aqui na terra. E, nessa
perscrutação, Ele menciona as pessoas que têm as marcas de uma verdadeira
piedade. Elas são reconhecidas por causa do seu amor a Deus, do seu
conhecimento do nome do Senhor e da sua vida de oração. Embora haja outras
marcas da piedade, elas estão todas implícitas nesses três itens. E, o que
desperta o nosso interesse, é o que o Senhor promete fazer para aqueles que têm
essas três marcas. Ele é sempre “Galardoador
dos que o buscam” Hb 11:6. Pois, a promessa é esta: “Todo aquele que crê não será confundido.” – não será envergonhado
diante de seus colegas por causa de uma confiança bíblica que não deu certo. Vamos
observar essa reciprocidade entre Deus e o seu povo. O piedoso faz algo que
desperta o reconhecimento de Deus e como Ele reage diante desses atos de
devoção.
1) Em primeiro lugar: Como o piedoso é reconhecido. Ele
ama a Deus. Diz o Senhor: “Porque a mim
se apegou com amor.” O amor é mais do que uma mera emoção, é uma ação benéfica
em favor do amado. O Ap. João nos exorta: “Filhinhos,
não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade.” I Jo 3:18.
E, quando amamos a Cristo, eis a evidência: “Se
me amais, guardareis os meus mandamentos.” Jo 14:15. Portanto, o verdadeiro
amor é praticado através da obediência aos preceitos que se referem à prática
do amor. “O amor não pratica o mal contra
o seu próximo: de sorte que o cumprimento da lei é o amor.” Rm 13:10.
Estamos amando a Deus quando obedecemos aos primeiros quatro mandamentos do
decálogo; e, semelhantemente, estamos amando o nosso próximo quando obedecemos
aos demais seis mandamentos do decálogo, Ex 20:1-17. Quando o Senhor viu que o
piedoso se apegou com amor a Ele, Ele viu um homem que o amava de todo o seu
coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu
entendimento, Lc 10:27. Os seus atos visíveis revelaram a intensidade de seu
amor. “E o amor é este: que andemos
segundo os seus mandamentos.” II Jo
6.
Agora, vamos ver como Deus abençoa aqueles
que se apegam a Ele com amor. Ele mesmo promete: “Eu o livrarei.” Subtende-se que o Salmista enfrentava diversas
formas de perigo: terror noturno, setas que voavam de dia, a peste que se
propagava nas trevas, a mortandade, versículos 6-7. Seja qual for a natureza
específica desses quatro males, cremos que o Senhor tem controle absoluto sobre
cada um. Esse livramento nem sempre é literal nesta vida; às vezes, ele vem
através da morte, quando somos retirados do combate para estarmos para sempre
com o Senhor. Assim, seja qual for o final, podemos cantar: “Graças a Deus, que nos dá a vitória por
intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo”. I Co 15:57.
2) Em Segundo Lugar: Como o piedoso é reconhecido. Ele conhece a natureza de
Deus. Diz o Senhor: “Porque conhece o meu
nome.” Na Bíblia, um “Nome” representa a totalidade da pessoa indicada, a
sua natureza moral e a vocação que exerce. Jesus recebeu o seu nome, porque
significa “Salvador.” Ele salva o seu povo dos pecados deles, Mt 1:21. Quando
Moisés quis conhecer melhor o seu Deus, ele recebeu esta revelação: “Tendo o SENHOR descido na nuvem, ali esteve junto dele (Moisés) e proclamou o nome do SENHOR. E passando o SENHOR por diante dele (Moisés) clamou: SENHOR, SENHOR, Deus
compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; que
guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniquidade, as
transgressões e o pecado, ainda que não inocenta o culpado, e visita a
iniquidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos, até a terceira e quarta geração.” Ex 34:5-7. Nessa revelação, o nome do SENHOR
foi anunciado enumerando alguns de seus atributos. Por natureza, o nosso Deus é
conhecido por causa de suas virtudes. “O
que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles (os homens), porque Deus
lhes manifestou.” Rm 1:19. Em nosso contato com Ele, descobrimos que Ele é
compassivo, clemente, longânimo, misericordioso, fiel, perdoador e justo. É
exatamente por causa do reconhecimento desses atributos em nosso Deus que somos
atraídos a Ele e encorajados a entregar a nossa vida aos cuidados dele. O homem
piedoso do nosso Salmo conheceu o Senhor por causa da auto-revelação dos
atributos divinos atuando em sua vida. Crer em Deus e honrar o seu nome
significa acreditar que Ele é acessível aos pecadores arrependidos por causa
desses atributos de acessibilidade.
Agora, vamos ver como Deus abençoa aqueles que
conhecem o seu nome. Ele mesmo promete: “Pô-lo-ei
a salvo”. O pensamento é “elevar em
segurança” Sl 20:1; ou “por cima do
alcance dos adversários.” Sl 59:1. Aqueles que têm as marcas indeléveis da
verdadeira piedade podem confiar na fidelidade de Deus. De uma ou de outra
forma, Ele coloca o seu povo “por cima do
alcance de seus adversários”. Com essa mesma confiança, o Apóstolo faz a
pergunta retórica: “Quem nos separará do
amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia ou perseguição, ou fome, ou nudez,
ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à
morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas
cousas, porém, somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou”- Jesus
Cristo, Rm 8:35-37. Sim, a prometida proteção que o piedoso recebe em sua
vida espiritual é motivo de louvor e gratidão para sempre.
3) Em terceiro lugar: Como o piedoso é reconhecido. Ele é homem de oração.
O Senhor testificou: “Ele me invocará.”
O ato de invocar o nome do Senhor tem um tríplice sentido: a) É uma maneira de
confessar, publicamente: Eu pertenço ao Senhor. Em contraste com os filhos de
Caim, os filhos de Sete “Começaram a
invocar o nome do Senhor.” Gn 4:26. Eles se separaram dos filhos de Caim, a
fim de estarem livres para pertencer e servir ao Senhor. Abraão, ao entrar na
terra de Canaã, “edificou um altar e
invocou o nome do Senhor”. Gn 12:8. Desde o início, Abraão anunciou aos
cananeus que pertencia e servia ao Deus vivo e verdadeiro. b) Invocar o nome do
Senhor é também um ato de culto público. “Vinde,
cantemos ao Senhor, com júbilo, celebremos o rochedo da nossa salvação. Saiamos
ao seu encontro, com ações de graças, vitoriemo-lo com salmos. Porque o Senhor
é o Deus supremo e o grande Rei acima de todos os deuses”. Sl 95:1-3. c) É
o momento quando confessamos a nossa total dependência das providências do
Senhor. “Não andeis ansiosos de cousa
alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições,
pela oração e pela súplica, com ações de graças”. Fl 4:6. Ou, como o Ap.
Pedro disse: “Lançando sobre ele (Senhor) toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós.” I Pe 5: 7.
Senhor, ensina-nos a invocar o teu nome como convém!
Agora, vamos ver como Deus abençoa
aqueles que invocam o seu nome. O salmista fala de cinco dádivas que o Senhor
promete lhes dar:
1°) “E eu lhe responderei.” As respostas estão sempre condicionadas à
vontade de Deus. Ele não promete responder todo e qualquer tipo de oração. Os
nossos pedidos têm que estar de acordo com as promessas das Escrituras
Sagradas. Por isso, o Ap. João concluiu: “E
esta é a confiança que temos para com ele: que se pedirmos alguma coisa segundo
a sua vontade, Ele nos ouve. E, se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe
pedimos, estamos certos de que obtivemos os pedidos que lhe temos feito”. I
Jo 5: 14-15.
2°) “Na sua angústia eu estarei com ele”. Uma das últimas palavras de
Cristo a seus discípulos foi: “E eis que
estou convosco todos os dias até a consumação do século” Mt 28:20. E o
salmista testemunhou: “Ainda que eu ande
pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o
teu bordão e o teu cajado me consolam” Sl 23:4.
3°) “Livrá-lo-ei e o glorificarei”. Davi foi cruelmente perseguido pelo
rei Saul, mas o Senhor “o livrou de todas
as suas tribulações.” Sl 34:6 E, não apenas isso, ele foi glorificado,
sendo feito rei sobre Israel. Mas, o cristão é mais feliz ainda, porque, além
de ser libertado de todas as suas tribulações, ele é glorificado e habitará na
presença do Senhor para todo sempre. O Ap. Paulo, meditando sobre essa
esperança, disse: “Sabemos que todas as
cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados
segundo o seu propósito. Porquanto
aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à
imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E
aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também
justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.” Rm 8:28-31.
4°)”Saciá-lo-ei com longevidade.” Sabemos que ninguém pode garantir a
sua longevidade, porque a morte não se limita a trabalhar somente entre os
idosos. Ela ceifa as suas vítimas a partir dos recém nascidos. Então, o que
significa essa longevidade?” Para aquele que é salvo por Cristo Jesus, ele já
tem a vida eterna, Jo 3:36. Seja qual for a sua idade na hora da morte, a vida
continua, não mais aqui na terra, mas, sim, para todo o sempre, na presença
daquele que nos amou e a si mesmo se entregou por nós. Essa é a longevidade em
toda a sua ininterrupta plenitude.
5°) ”Eu lhe mostrarei a minha salvação.” Tendo alcançado a verdadeira
longevidade, e já estando no céu, descobriremos o verdadeiro sentido da
salvação que temos pela fé em Jesus Cristo. No momento: “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração
humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam”. I Co 2:9. Mas, no
céu, ao contemplar “a face” do Autor dessa salvação, cremos que seremos
plenamente saciados, porque nele estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e
do conhecimento. Cl 2:3 “Eis que Deus é a
minha salvação; confiarei e não temerei; porque o Senhor Deus é a minha força e
o meu cântico; ele se tornou a minha salvação. Vós com alegria tirareis água
das fontes da salvação.” Is 12:2-3
Conclusão: A Bíblia registra: “Do
céu olha Deus para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há
quem busque a Deus.” Sl 53:2. E, quando vê um homem que se apegou a Ele com
amor, que já o conhece por experiência própria, e que o invoca com assiduidade,
podemos imaginar a sua alegria. Como o Senhor demonstra essa alegria? Ele
reage, garantindo ao piedoso uma profusão de promessas valiosas. O Ap.Pedro
fala das “preciosas e mui grandes
promessas,” cada uma é dada para nos fortalecer e nos encorajar em nossa
perseverança. Que possamos aprender a tomar posse dessas promessas e a crescer
na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Rev.
Ivan G. G. Ross
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