Leitura
Bíblica: I Pedro 2:6-10
Introdução: No estudo anterior,
estudamos a prática da santidade. Tudo começa com a obra sobrenatural da
regeneração. A santificação se realiza em nós em virtude da nossa união vital
com a morte e ressurreição de Jesus Cristo. Por causa dessa união, o pecado
perde o seu domínio tirânico sobre nós e somos vivificados e fortalecidos em
todas as graças salvadoras para a prática da verdadeira santificação, sem a
qual ninguém verá o Senhor. Portanto, falamos sobre a Exigência da
Santificação. O pecado tem que ser despojado. Em seguida, falamos sobre a
Experiência da Santidade. Depois de despojar do pecado que habita em nós, temos
que nos vestir do novo homem e alimentar-nos do “genuíno leite espiritual”. E, terminamos falando sobre a Excelência
da Santidade. Cristo, a causa dela, é “eleito
e precioso” diante dos olhos do Pai. Portanto, o que é tão estimado pelo
Pai, deve ter igual preciosidade diante dos nossos olhos.
Agora, vamos progredir para o próximo estudo,
a Preeminência por Cristo. Temos que cultivar o mesmo sentimento que
caracterizava a vida do Ap. Paulo: “Será
Cristo engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte.” Vivamos
“acima de tudo, por modo digno do
evangelho de Cristo.” Fp 1:20,27.
1) A Predileção por Cristo, V. 6: Podemos salientar
quatro pontos que justificam a nossa predileção por Cristo. Ele é a dádiva de
Deus Pai para a nossa total salvação.
a) “Pois
isso está na Escritura.” O tema central das Escrituras é Cristo e o que
Ele faria, e fez, a fim de buscar e salvar pecadores. Como é que Cristo
apresentou esse tema aos discípulos no caminho de Emaús? “E, começando por Moisés (os primeiros livros da Bíblia), discorrendo por todos os profetas (os
demais Livros da Bíblia), expunha-lhes o
que a seu respeito está em todas as Escrituras”. Lc 24:27. A partir de
Gênesis, temos a promessa de alguém que feriria a cabeça de Satanás, Gn 3:15
com Rm 16:20. A primeira alusão à necessidade de sacrifícios a fim de vestir o
homem, dando-lhe as condições necessárias para ter acesso à presença de Deus,
está em Gn 3:21 com Rm 13:14. Esse tema continua em todas as partes das
Escrituras, e é resumido nestas palavras: “Porventura,
não convinha que o Cristo padecesse (e
ressuscitasse dentre os mortos ao terceiro dia) e entrasse na sua glória?”
Lc 24:26,46.
b) “Eis
que eu ponho em Sião uma pedra angular”: Essa “Pedra Angular” sempre se
refere a Jesus Cristo. A igreja é composta de “pedras que vivem”, v.5,
mas Cristo é a “Pedra que vive,
rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa.” V.4; “Essa veio a ser a principal pedra angular.”
V.7. Ele mesmo declarou: “Sobre esta
pedra edificarei a minha igreja.” Mt 16:18. Cristo, como “a pedra
angular”, suporta e sustenta a Igreja toda; “Ele é a cabeça do corpo, da Igreja,” Cl 1:18; por Ele, a Igreja “cresce o crescimento que procede de Deus” Cl
2:19. Devemos dar o devido valor àquele que “amou
a igreja e a si mesmo se entregou por ela”. Ef 5:25.
Quando o texto diz: “Ponho em Sião,”
está anunciando que o evangelho de Cristo, este crucificado e ressuscitado,
seria proclamado primeiramente em Jerusalém, como efetivamente aconteceu no dia
de Pentecostes, At 2:14-36. A ordem que os discípulos receberam foi: “Sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém
como em toda Judéia e Samaria e até aos confins da terra”. At 1:8.
c) Cristo como a “Pedra Angular, eleita e
preciosa” , é o servo de Deus para buscar e salvar pecadores. Ele é
eleito, aquele que o Pai escolheu para realizar a redenção do homem, livrando-o
dos laços do diabo, tendo sido feito cativo por ele, II Tm 2:26. Por isso, o
Ap. Pedro afirmou categoricamente: “E não
há salvação em nenhum outro, porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome,
dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.” At 4:12.
Cristo é singularmente precioso aos olhos do Pai, porque Ele não somente
obedeceu a sua vontade em todos os detalhes do plano da salvação de pecadores,
mas continuou até ao ponto extremo, a “si
mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz.” Fl
2:8. Nós devemos valorizar o que Deus valoriza: “O Pai ama ao Filho, e todas as coisas tem confiado às suas mãos.”
Jo 3:35. Nós também O amamos e, sabendo que todas as coisas estão em suas mãos,
chegamos a Ele confiadamente, “a fim de
recebermos misericórdia e acharmos socorro em ocasião oportuna”. Hb 4:16.
d)
“E quem nela (Cristo, a pedra que vive) crer não será, de modo algum, envergonhado.” Eis o motivo da
nossa predileção por Cristo. Cremos que Ele é poderoso, “por isso também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a
Deus, vivendo sempre para interceder por eles.” Hb 7:25. Possivelmente,
essa frase nos coloca diante do tribunal de Deus, “que retribuirá a cada
um segundo o seu procedimento.” Rm 2:6. Talvez, tenhamos medo por causa do
pecado que tenazmente nos assedia. Mas não temos motivo de ter receio, pois, a
verdade é esta: “Se, todavia, alguém
pecar, temos advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a
propiciação pelos nossos pecados.” – que os encobre, I Jo 2:1-2. Ou, talvez,
tenhamos medo de não sermos reconhecidos naquele Dia. Novamente, a verdade é
esta: O que crê em Cristo, “não será de
modo algum, envergonhado.” Jamais seremos decepcionados. Com toda certeza,
ouviremos o convite: “Vinde, benditos de
meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do
mundo”. Mt 25:34.
2) A Premonição por Cristo. Vs. 7-8: Nesses dois versículos, a premonição, ou, uma
sensação de advertência, está presente. Deus amou ao mundo de tal maneira que
deu o seu Filho unigênito para buscar e salvar o perdido. Portanto, a rejeição
de Cristo é um desprezo ao amor de Deus e à sua providência para a salvação de
pecadores.
a) Primeiro, uma palavra positiva: “Para vós outros, portanto, os que credes, é a preciosidade.” A
palavra “preciosidade” poderia ser traduzida como “honorabilidade”. Esse
sentido se refere às palavras anteriores: “E
quem nela crer, não será, de modo algum, envergonhado” – por ter sido
enganado. Cristo é honrável, Ele é fiel, e os que confiam nele nunca terão
motivo de se sentirem iludidos, ou postos de lado, especialmente no dia do Juízo
Final. Os crentes serão reconhecidos como servos e servas do Senhor Todo
Poderoso, II Co 6:18; e ouvirão com honrarias: “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te
colocarei; entra no gozo do teu senhor”. Mt 25:21.
Mas, o sentido de “preciosidade” é igualmente
válido. Cristo é indizivelmente precioso para o seu povo. Ele é a pérola de
grande valor, Mt 13: 46. Dele temos recebido toda sorte de benção espiritual.
Por causa de tantos benefícios recebidos, temos a mesma disposição do Ap.
Paulo: “Pois estou pronto não só pra ser
preso, mas até morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus.” At 21:13. E
os primeiros cristãos demonstravam a preciosidade de Cristo para as suas vidas,
“mesmo em face da morte, não amaram a
própria vida”. Ap 12:13. Cristo, por ser tão precioso, merece a totalidade
da nossa dedicação. Olhamos para Ele em sua forma humana e confessamos: “Tu és o mais formoso dos filhos dos homens,
nos teus lábios extravasou a graça; por isso, Deus te abençoou para sempre”.
Sl 45:2. E acrescentamos: “Eis aqui estou
para fazer, ó Deus, a tua vontade.” Hb 10:9.
b) Agora, a parte negativa: “Mas, para os
descrentes”. Por que alguns crêem em Jesus Cristo, enquanto outros
endurecem o seu coração contra Ele e praticam todo tipo de desobediência?
Talvez o problema não seja propriamente a incredulidade, no sentido de não crer
em Deus ou não acreditar em uma lei que é superior à própria consciência. Todas
as pessoas têm um conhecimento básico da existência de Deus e da sua vontade
para o seu procedimento. Nesse sentido, o texto de Romanos 2:14:16 é
inconfundível. Todos têm um conhecimento suficiente dessas verdades, por isso,
Deus pode julgar a cada um segundo a lei que está gravada no seu coração, sem
qualquer exceção. Portanto, o problema principal é uma insubmissão, uma falta
de querer. Cristo lamentou: “E vós não o
quisestes!” Por isso, somos advertidos: “Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós o
perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo.” Hb 3:12.
Como podemos vencer essa falta de querer? Somos dependentes de uma intervenção
soberana da graça de Deus. “Porque Deus é
quem efetua em vós tanto o querer, como o realizar, segundo a sua boa vontade.”
Hb 2:13. Portanto, em nossa perplexidade, clamamos a Cristo: “Salva-me, Senhor!” Mt 14:30. Ele é o
único que pode nos socorrer.
c) As consequências dessa rebelião: “A pedra (Jesus Cristo) que
os construtores (a liderança religiosa) rejeitaram,
essa veio a ser a principal pedra, angular e: pedra de tropeço e rocha de
ofensa.” O Ap. Pedro citou essa profecia perante o Sinédrio em Jerusalém,
na esperança de amolecer a consciência empedernida dessa liderança. E, para
enfatizar a unicidade de Jesus Cristo, acrescentou: “E não há salvação em nenhum outro: porque abaixo do céu não existe
nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”.
At 4:11-12. De fato, Cristo se tornou “a principal pedra”.
Por que essa rejeição? Por que Jesus se
tornou “pedra de tropeço e rocha de ofensa” para tantas pessoas? Porque
Cristo, o enviado por Deus, anulava o valor dos esforços orgulhosos para
merecer a própria salvação. Como podemos descrever esse plano para merecer a
salvação? O Ap. Paulo responde: “Porquanto
(os judeus e toda a humanidade) desconhecendo
a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à
que vem de Deus”. Rm 10:3. Eles não conhecem a justiça que vem de Deus
porque não querem obedecer ao claro ensino das Escrituras Sagradas. Estevão
acusou os membros do Sinédrio, dizendo: “Homens
de dura cerviz e incircuncisos de coração, vós sempre resistis ao Espírito
Santo; assim como fizeram os vossos pais, também vós fazeis". At 7:51.
A justiça que vem de Deus foi adquirida
mediante a perfeita obediência de Jesus Cristo e a sua morte substitutiva para
levar para longe o nosso pecado. Essa justiça é tomada e imputada a todos os
que crêem em Jesus Cristo, sem qualquer ato merecedor. Para receber essa
justiça, o pecador tem que se humilhar e desprezar todas as suas boas obras,
porque ninguém será justificado pelas obras da lei, Rm 3:20. É nesse ponto que
tantas pessoas tropeçam. É difícil demais se humilhar e receber, gratuitamente,
a justiça que Deus lhe oferece. O orgulho e a auto-suficiência são fortes
demais. “São estes os que tropeçam na
palavra, sendo desobedientes, para o que também foram postos”.
3) A Preocupação por Cristo: Apesar de Cristo ser
“pedra de tropeço” para muitos, para nós, que somos salvos, “poder de
Deus”. I Co 1:18. Assim, devemos cultivar uma preocupação por Cristo, um zelo
pela santidade de seu nome. Vamos viver de acordo com a nossa elevação
espiritual.
a) A nossa vocação: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio
real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus”. Somos um povo à
parte, eleitos por Deus. Por isso, somos exortados: “procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e
eleição”. II Pe 1:10. Confirmamos a nossa eleição quando evidenciamos o
poder transformador do evangelho em nosso procedimento diário. Somos “sacerdócio
real”, separados do mundo para servir a Deus em santidade. Somos uma “nação
santa”, propriedade exclusiva de Deus, um povo que obedece ao seu Redentor. “Porque fostes comprados por preço. Agora,
pois, glorificai a Deus no vosso corpo.” I Co 6:20.
b) A nossa missão: “A fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas
para a sua maravilhosa luz.” Glorificamos a Deus quando anunciamos os seus
grandes feitos em favor do seu povo, e, especificamente, a obra para a salvação
de pecadores: “Mas Deus prova o seu
grande amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós
ainda pecadores.” Rm 5:8. “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos
amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos
nossos pecados”. I Jo 4:10. Essas são as virtudes que temos de proclamar.
c) A nossa experiência: Não apenas ouvimos acerca
das virtudes de Deus, mas, também, podemos experimentar a atuação delas em
nossa própria vida. Veja como o versículo 10 corrobora com esta realidade: “Vós, sim, que antes, não éreis povo, mas,
agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora,
alcançastes misericórdia.” Observemos as duas comparações: o que éramos em
nosso estado natural, e, agora, o que somos por causa da intervenção soberana
da graça de Deus em nossa vida.
Éramos um povo sem Deus e sem esperança, “como meninos agitados de um lado para o outro
e levados ao redor por todo vento de doutrina (filosofias humanas), pela artimanha dos homens, pela astúcia com
que induzem ao erro.” Ef 2:12; 4:14. Mas, agora, tudo é diferente, pois,
pela fé em Jesus Cristo, obtivemos uma identidade, somos filhos e filhas do
Deus Todo Poderoso, II Co 6:18. Que maravilha! Que motivo de gratidão!
Desconhecíamos a misericórdia, e, perante a
santa lei de Deus, éramos filhos da ira e merecedores do castigo eterno, por
causa do nosso pecado. Mas, pela atuação soberana do Espírito Santo, fomos conduzidos
a Jesus Cristo, e, nele, pela fé, alcançamos a misericórdia de Deus. “A ele, pois, a glória eternamente”. Rm
11:36.
Conclusão: Nós, os que cremos
em Cristo Jesus, temos alcançado inúmeras bênçãos espirituais, enquanto outros
permanecem nas trevas de seus pecados. Portanto, sejamos testemunhas fiéis, “a fim de vivermos de modo digno do Senhor,
para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno
conhecimento de Deus.” Cl 1:10.
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