Leitura Bíblica: Romanos 6:12-23
Introdução; No quinto capítulo
da Carta aos Romanos, vemos o contraste entre a representatividade de Adão e
Cristo. “Porque como, pela desobediência
de um só homem (Adão), muitos se tornaram pecadores, assim
também, por meio da obediência de um só (Cristo), muitos se
tornarão justos.” Rm 5:19. Vemos, resumidamente, como o pecado entrou no
mundo pela desobediência do nosso primeiro representante; e, como o pecador
pode ser justificado, mediante a imputação da perfeita obediência do segundo
representante. No sexto capítulo, essa justiça é comunicada ao pecador mediante
uma união vital com Cristo, vs. 5-7. Em virtude dessa união, recebemos não apenas
o perdão dos pecados, mas também, o domínio do pecado sobre o nosso corpo
mortal.
Agora, nos vs.12-14, somos exortados a viver “em novidade de vida”, v. 4. Continuamos
a sentir a realidade da nossa natureza pecaminosa, que se esforça para retomar
o seu antigo domínio sobre nós, contudo, temos que resistir essas tentações. “Não reine, portanto o pecado no vosso
corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões, nem ofereçais cada um
os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas
oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros a
Deus como instrumentos de justiça.” O pecado se expressa mediante os
membros do nosso corpo: mãos, pés, olhos, língua; e também mediante a nossa
capacidade intelectual: pensamentos e determinações. Observe o contraste que o
Apóstolo estabelece: em vez de apresentar os membros do nosso corpo para
praticar a iniquidade, devemos dedicar cada membro ao serviço de Deus, dizendo:
“Eis aqui estou (todos os membros do meu corpo), para fazer, ó Deus, a tua vontade”. Hb
10:9. E, para nos encorajar, o Apóstolo afirma: “Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da
lei (que não nos oferece nenhum auxílio na prática da verdadeira santidade)
e sim da graça (que nos oferece todos
os recursos necessários para que possamos resistir o assédio do pecado).” Mas,
por causa da insistência do pecado para retomar seu antigo domínio sobre nós, o
Apóstolo nos dá a chave para vencer esse assédio. Tudo se resume nesta
pergunta: Nós vamos oferecer os membros do nosso corpo para servirem a quem? Ou
ao pecado, ou a Deus que nos criou?
1) A
Constância do Oferecimento; vs 15-18 Os membros do nosso
corpo estão sempre envolvidos em alguma atividade, ou o bem ou o mal. No v. 15
o Apóstolo faz uma referência ao antinomianismo, uma doutrina perversa que
ensina que a lei moral (os dez mandamentos, por exemplo) foi revogada na vida daqueles que são justificados pela fé
em Jesus Cristo e, por consequência, o pecado que é cometido não está sujeito à
punição. A essa hipótese, o Apóstolo responde: “E daí? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei e sim da
graça?” Ele nos responde com um enfático: “De modo nenhum!” Em seguida, o Apóstolo explica por que não podemos
continuar na prática desimpedida do pecado: “Como
viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos”? v.2.
Por estarmos mortos para o pecado, ele não tem nenhuma atração para nós,
pelo contrário, nós o odiamos e fugimos dele. Observemos o raciocínio do Apóstolo:
a) A questão do oferecimento dos
nossos membros para realizar um serviço, v 16.. Aquele a quem
obedecemos, esse é o nosso mestre, aquele que controla a nossa vida. Quando obedecemos
aos ditames do pecado, ele é o nosso mestre. E, semelhantemente, quando
obedecemos às normas da justiça, ela é o nosso mestre. Veja o contraste entre
esses dois tipos de serviço: o pecado conduz
à morte, ou seja, à separação de Deus; a obediência às normas
estabelecidas por Deus, por sua vez, conduz à justiça, ou seja, à plena
aceitação diante de Deus.
b) O contraste entre o outrora, o tempo
sem Cristo em nossa vida, e o agora, quando Cristo passou a direcionar a nossa
vida v. 17:
Outrora éramos “escravos do pecado”,
mas, agora, graças a Deus, viemos a obedecer, não involuntariamente, antes,
espontaneamente, e de coração, à forma de doutrina ensinada nas Escrituras
Sagradas. Essa doutrina é “todo o desígnio de Deus”, a sua soberania e
seu direito para reger sobre a nossa vida e determinar o que Ele requer de
todas as pessoas, At 20:27.
c) O resultado dessa disposição, v.
18.
“E, uma vez libertados do pecado, fostes
feitos servos da justiça.” Notemos a clareza do pensamento: enquanto
continuarmos sob o domínio do pecado, é impossível render a Deus qualquer ato
de justiça que O agrada. “Os que estão na
carne (em seu estado natural e sem a tão necessária regeneração) não podem agradar a Deus.“ Rm 8:8.
Mas, por outro lado, depois de termos nascido
de novo, fomos feitos “servos da justiça”.
Em virtude dessa obra regeneradora em nossa vida, Deus nos considera aptos e
fiéis para o seu serviço, e essa verdade deve encher o nosso coração com
gratidão incessante, I Tm 1:12.
2) A
Consciência do Oferecimento vs 19-20: O Apóstolo faz outra
comparação. Dessa vez, entre o homem natural e o espiritual. Veja a diferença
inconfundível.
a) Os membros do homem natural são
oferecidos “para a escravidão da impureza
(perversões sexuais, Rm1:26-27) e da
maldade para a maldade”. O Apóstolo descreve a manifestação dessa maldade
para a maldade em Tito 3:3: “Pois também
outrora (antes de sermos regenerados e renovados), éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de
paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos
outros.” Dentro do contexto dessa corrupção moral, ficamos maravilhados com
a paciência e o amor de Deus: “Mas Deus
prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós,
sendo nós ainda pecadores.” Rm 5:8. Realçamos a situação na qual esse amor
atuou: “Sendo nós ainda pecadores”,
ainda na plena prática de todo tipo de corrupção moral e espiritual. Por causa
desse estado, estávamos “isentos (sem
liberdade) em relação à justiça”.
Nesse contexto, é impossível descobrir qual ato poderia nos fazer merecedores
da graça de Deus. Por isso devemos sentir a necessidade indispensável da
misericórdia divina para sermos salvos.
b) Os membros do homem espiritual são
oferecidos “para servirem a justiça, para
santificação.”
Como podemos explicar essa mudança radical nas disposições? O Apóstolo continua,
dando-nos a explicação: “Quando, porém,
se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com
todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua
misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do
Espírito Santo.” Tt 3:4 Eis aqui a causa dessa mudança: fomos regenerados e
renovados pelo poder do Espirito Santo. Sim, agora podemos caminhar “para servir a justiça. Para santificação.”
Como podemos saber se nós somos realmente regenerados e renovados? Pela mudança
visível em nossas atitudes: “Todo aquele que
é nascido de Deus não vive na prática do pecado; pois o que permanece nele é a
divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido
(regenerado) de Deus” I Jo3:9
3) A
consequência do Oferecimento, vs 21-23: Depois de ter oferecido os membros do
nosso corpo como servos do pecado, o Apóstolo faz uma pergunta: “Naquele tempo (praticando toda sorte de
paixões e prazeres), que resultados
colhestes?” A resposta é negativa:
“Somente as cousas que, agora (como servos de Deus), vos envergonhais; porque o fim delas é a morte” A lembrança do
nosso procedimento anterior e o desprezo da realidade da morte faz-nos corar de
vergonha. O passado não pode ser totalmente obliterado, contudo, podemos
assumir a atitude certa: “Mas uma cousa
faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que
diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de
Deus em Cristo Jesus” Fp 3:13-14. Devemos recusar todas as ocasiões para
rememorar ou reviver os pecados de outrora. Repetimos a pergunta anterior:
Agora, em Cristo Jesus, “Que resultados
colhestes?” Dessa vez a resposta é positiva: “Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus,
tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna” v. 22.
Devemos meditar demoradamente sobre a preciosidade dessas quatro frases:
a) “Agora,
porém, libertados do pecado.” Em plena vida, estávamos experimentando
os terrores do Juízo Final. Mas, agora, somos redimidos pelo sangue de Cristo,
libertados do domínio do pecado e da sentença da morte eterna. Agora temos “a liberdade da glória dos Filhos de Deus”
Rm 8:21.
b) “Transformados
em servos de Deus”. Outrora “servimos
o pecado como escravos”, uma servidão cruel, porque o fim é banimento da
presença abençoadora de Deus. Mas, agora, servimos um novo Senhor, Jesus
Cristo, que é “manso e humilde de
coração”, e Nele achamos “descanso
para a nossa alma” Mt 11:29.
c) “Tendes
o vosso fruto para a santificação”. Esse novo serviço resulta em santificação e
uma “vida aceitável e aprazível a Deus”
Fp 4:18.
d)
“E, por fim, a vida eterna.” Sentimos o contraste entre esses dois tipos
de serviço. Aquele que oferece os seus membros para servir o pecado caminha
para a morte, porém, aquele que oferece os membros do seu corpo para servir a
Deus, caminha para a vida eterna e a paz para sempre. Que fim glorioso!
Conclusão: Depois desta vida
existem apenas dois lugares na eternidade, ou o céu ou o inferno, por isso, o
assunto sobre oferecimento dos membros do nosso corpo se encerra com esta
palavra solene: “Porque o salário do
pecado (o que o pecado paga) é a
morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida Eterna em Cristo Jesus nosso
Senhor.” Portanto, a exortação é esta: “Escolhe,
pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência.” Dt 30:19
Nenhum comentário:
Postar um comentário